Por Dr. Rafael Kuhnen (CRM-SC 6716 RQE 2959), Cardiologista Clínico e Maratonista

Da sensação de liberdade à prática em grupo, a corrida de rua ganha adeptos por todo o Brasil. Cada vez mais pessoas tem procurado essa prática prazeirosa e econômica. Afinal, pode ser realizada em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas, para começar, é preciso ter certos cuidados. Estar com a saúde em dia é fundamental para que os praticantes não sobrecarreguem o coração. Saiba como evitar um mal estar ou evento mais grave durante a realização dessa atividade.

Primeiros passos

De uma forma geral, pessoas jovens com idade até os 35 anos, que sabidamente não apresentem doenças cardíacas, algum sintoma ou outras comorbidades (diabetes, hipertensão e outras), estão aptas a praticar exercício físico. Isso inclui caminhadas e pequenas corridas de rua. Porém, sempre é preciso ficar atento a alguns sinais de alerta, como dor no peito, tontura ou desmaios, palpitações e falta de ar.

A partir dos 35 anos, para os praticantes de corrida de rua, recomenda-se cuidados adicionais. Nesta faixa, começa a aumentar a incidência de doenças coronarianas. Como angina de peito ou infarto do miocárdio, com maior risco de mal súbito ou mesmo evento mais grave. Portanto, para aqueles acima dos 35 anos que desejam participar de pequenas corridas de rua, existem alguns cuidados a serem tomados. Em provas rústicas de 5 Km, 10 Km ou maiores, a recomendação é consultar um cardiologista clínico ou médico do esporte antes de começar a correr. É importante fazer avaliação clínica detalhada e realizar exames complementares. Como o eletrocardiograma e outros, caso necessário, antes de iniciar a praticar deste exercício.

Quem tem doença cardíaca por correr?

A corrida, como um exercício bem programado, traz benefícios a todos. Aumenta a qualidade e a expectativa de vida e reduz a incidência de doenças cardiovasculares. Porém, sua frequência e intensidade devem ser avaliadas, principalmente em pessoas que apresentam doenças cardíacas.

Se, por exemplo, o paciente sofreu um infarto, a corrida pode ser benéfica, mas deve ser cuidadosamente programada. Ou seja, é imprescindível consultar o cardiologista, fazer avaliação clínica e exames periódicos. Assim poderá ser determinada uma faixa de segurança. Como de frequência cardíaca, e ser realizado o planejamento da intensidade e da distância adequadas à condição clínica individual.

Já aqueles com cardiopatia grave diagnosticada precisam de uma atenção maior. O acompanhamento médico é fundamental ainda antes de se iniciar a prática da corrida. Pois estão sujeitos a um risco maior de eventos, como parada cardíaca e morte súbita.

Maratonas

Diferente dos percursos mais curtos de corrida e das experiências em esteiras de academia, as provas de maratona (42,195 Km) são mais extenuantes e exigem cuidados especiais com o corpo e o coração.

Para os participantes, iniciantes ou mesmo os já experientes, é sempre importante fazer uma avaliação pré-participação. Percursos irregulares, com subidas e decidas e condições climáticas nem sempre favoráveis podem aumentar o risco de lesões osteo-musculares e de eventos cardiológicos mais graves. O estresse ao qual o corpo e o coração são submetidos durante a prova é muito grande e pode provocar problemas sérios.

Mesmo assim, sabemos que a ocorrência de parada cardíaca ou morte súbita durante maratonas é baixa – chegando a 1 em cada 100 mil participantes. Esses eventos mais graves ocorrem, geralmente, em indivíduos acima de 35 anos (faixa etária mais prevalente nessas corridas). Durante uma prova de maratona, geralmente estão associados com doença cardíaca adquirida (doença aterosclerótica) – podendo, muitas vezes, ser prevenido com uma avaliação pré-participação.

Além de uma avaliação clínica, recomenda-se realizar um programa de treinamento especifico. Assim como alimentação adequada, manter hábitos saudáveis (como não fumar) e a participação em provas menores. As maratonas são provas longas e extenuantes. Por vezes, o participante se expõe a condições climáticas desfavoráveis, fortes emoções e dificuldades durante o trajeto. Além disso, pode perder de quatro a cinco litros de líquidos e eletrólitos, podendo gerar desidratação. Isso, associado à sobrecarga do coração por um longo período, pode desencadear um mal súbito. Assim sendo, recomenda-se a adequada avaliação e o planejamento pré-participação esportiva. É fundamental também respeitar os limites do corpo e ficar atento aos sinais de alerta. Tais quais dor torácica, falta de ar, tonturas, desmaios e palpitações, para que possamos promover saúde e melhorar a nossa qualidade e expectativa de vida com as corridas.

Aproveite para assistir aos vídeos que preparamos sobre as principais Novidades em Cirurgia Cardiovascular. Para acessá-los, basta clicar no link a seguir:

novidades-cirurgia

Caso você tenha alguma dúvida, entre em contato conosco ou escreva abaixo, nos comentários.

Equipe Seu Cardio
Somos Cirurgiões Cardiovasculares interessados na saúde e no bem-estar de nossos pacientes. Aqui no Blog procuramos levar conhecimento à comunidade, pois acreditamos que a informação auxilia na prevenção, na adesão ao tratamento e na tranquilidade dos pacientes e seus familiares.