Medicina, economia e humanismo – * Por Dr. Murillo Capella, Cirurgião Pediátrico – CRM-SC 425

Há mais de 50 anos atuando como médico em Florianópolis, acompanhei a evolução da Medicina. Certa vez, assisti a uma palestra do Presidente da Associação Médica Americana, pronunciada no Senado Federal, que relacionava a saúde com a economia. Chamou a atenção quando ele afirmou que é preciso adequar a oferta de serviços de saúde à disponibilidade econômico-financeira das instituições e do país. Exemplificou dizendo que um determinado hospital deverá dispor de equipamentos e de profissionais conforme o seu orçamento. Em paralelo, deverá realizar esforços buscando aumentar esse orçamento para acompanhar a evolução tecnológica da medicina. Assim, em resumo, sem dinheiro e sem boa gestão não existe saúde.  

Desenvolvimento sustentável significa o equilíbrio entre ecologia e economia. Apesar da manutenção do meio ambiente ser importante para a saúde, por outro lado a construção civil, por exemplo, que ativa a economia, também é necessária. Quando analisamos o setor da saúde, a lógica é a mesma. É preciso haver um equilíbrio entre as necessidades da população e o que o governo e a área privada podem oferecer, de acordo com os seus orçamentos.

Parceria Público-privada

Um dos caminhos para este equilíbrio é o investimento público-privado. Através de parcerias com a comunidade, empresários e indústrias, o Estado pode promover o atendimento a toda a população. É o que acontece em países do primeiro mundo.

É importante ressaltar que se o país tiver uma boa economia, logo terá uma boa saúde. Com mais empregos e maior estabilidade econômica, melhores são as condições para o crescimento e para adesão aos planos de saúde, por exemplo. Melhores são também as condições para investimentos da iniciativa privada em clínicas, hospitais e centros de diagnóstico. Como consequência, haverá mais e melhores opções de assistência à saúde para população em geral.

O contexto econômico positivo se reflete também na área da alta tecnologia. Com juros mais baixos, inflação controlada e dólar mais baixo, é possível importar equipamentos a um custo menor, havendo maior incentivo à atualização tecnológica de empreendimentos da área da saúde, sejam públicos ou privados.

Empreendedorismo e Economia na Área da Saúde

Se analisarmos somente a cidade de Florianópolis, como seria a assistência médica, tanto adulta como infantil, sem clínicas e hospitais privados? A atuação dos empreendedores que atuam na área da saúde deve ser constantemente valorizada. E, para que investimentos como estes possam continuar a acontecer, a economia precisa estar favorável.

Apesar do Estado de Santa Catarina administrar 13 hospitais públicos, não deixa de contratar determinados serviços da área privada. Temos contratos com clínicas particulares para realizar exames de ressonância magnética em crianças, por exemplo. Essas parcerias são fundamentais para oferecer à população recursos com atendimento 24h, como no caso citado. Esta é uma prática que precisa evoluir, em benefício da população.

Humanismo em Primeiro Lugar

Os avanços tecnológicos na área da saúde são fundamentais. São recursos que contribuem sobremaneira para atendimentos mais eficazes e mais ágeis. No entanto, um bom profissional médico não pode focar apenas na tecnologia. Uma boa anamnese e um bom exame físico são fundamentais, inclusive para direcionar o diagnóstico com o auxílio de recursos tecnológicos. Essa interação entre o médico e o paciente é um diferencial de muitos bons profissionais.

Temos que trazer de volta a valorização e a humanização do atendimento ao paciente. Assim como há o equilíbrio entre ecologia e economia para o desenvolvimento sustentável, na medicina deve haver o equilíbrio entre tecnologia e humanismo; afinal, a prática médica humanizada deve ser soberana.

Dr. Murillo Capella (CRM-SC 425) é Cirurgião Pediátrico, atual secretário adjunto da Saúde de Santa Catarina, vice-presidente da cooperativa Unicred de Florianópolis e professor do curso de Medicina da Unisul. Foi responsável pela estruturação do Programa de Residência Médica em Cirurgia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão, do qual foi Diretor por duas vezes. Foi também presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) para a Região Sul, conselheiro do Conselho Regional de Medicina (CREMESC) e presidente da Academia de Medicina de Santa Catarina (ACAMESC). É, sem dúvida, um dos principais destaques da Medicina Catarinense e um exemplo para diversas gerações.

Para saber quais são as principais orientações sobre cirurgias cardíacas, faça o download da nossa cartilha Pré e Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca:

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Equipe Seu Cardio
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