Curativos e Infecções em Cirurgia Cardíaca
As práticas de Medicina e de Enfermagem vem evoluindo muito na prevenção e no controle de infecção hospitalar, assim como em curativos, contribuindo significativamente para a redução dos índices de infecção em cirurgia cardíaca.
Além da prevenção, os avanços são visíveis também no tratamento das infecções, com novas opções de abordagem e curativos para os casos de infecção em cirurgia cardíaca, diminuindo a morbidade e a mortalidade de infecções graves. As abordagens agressivas e precoces das feridas infectadas, associadas ao uso de antibióticos, representam importantes formas de tratamento utilizadas atualmente.
Apesar de ser uma cirurgia classificada como “limpa”, ou seja, onde não há contato com partes contaminadas do corpo, a cirurgia cardíaca é um procedimento complexo, demorado e que utiliza frequentemente materiais protéticos. Essas características demandam o uso de antibiótico de forma preventiva.
Na cirurgia cardíaca, a pele do paciente é a principal fonte de contaminação endógena (ocasionada por bactérias da própria pessoa) da ferida operatória. Por isso, é aplicada uma solução antisséptica na pele do paciente, antes e após a cirurgia. Recomenda-se também o uso de antibiótico desde um pouco antes da cirurgia cardíaca e até as 24 horas subsequentes. Este antibiótico não tem função curativa, mas profilática, de evitar a infecção. Essas medidas diminuem a incidência de infecções nas feridas operatórias das cirurgias do coração.
Nas cirurgias cardíacas, a infecção da ferida operatória é uma das complicações cirúrgicas mais frequentes. Vários fatores podem influenciar o estabelecimento e a gravidade do processo infeccioso, tais como: diabetes, obesidade, desnutrição, extremos de idade e tabagismo.
Principais infecções e curativos em cirurgia cardíaca:
Infecção na Incisão da safena
Nos casos de cirurgia de ponte de safena (revascularização do miocárdio), a incisão na perna para a retirada da veia safena é um dos locais que podem apresentar infecção, se não forem tomados os cuidados adequados.
As infecções nesse local são identificadas mediante sintomas como dor, eritema (mancha vermelha), calor, secreções, endurecimento da incisão e febre, que se iniciam no terceiro ou quarto dia de pós-operatório.
O tratamento consiste na retirada de tecidos necróticos e fios cirúrgicos, além do uso de antibióticos. Quando há secreções, o tratamento requer também a abertura da incisão cirúrgica e a drenagem das secreções. São feitos curativos diários, promovendo a limpeza de ferida, utilizando produtos para tal fim e levando em consideração se a ferida é seca, com pouco exsudação ou muita exsudação (secreção).
Em feridas abertas, o tratamento depende de avaliações sistematizadas e de prescrições distintas em relação à frequência e ao tipo de curativo, de acordo com cada momento da evolução da cicatrização.
Mediastinite
A mediastinite é uma complicação infecciosa pouco frequente e acontece em cerca de 1% das cirurgias cardíacas. No entanto, é uma complicação grave, que envolve o espaço mediastinal e o esterno.
Apesar de baixo, o risco de desenvolvimento de mediastinite aumenta com a idade e é maior também nos pacientes do sexo masculino, provavelmente pela maior tensão do local. O mesmo acontece com pessoas obesas, que apresentam maior risco em razão da presença de maior quantidade de tecido adiposo na região.
Outros fatores aumentam o risco de mediastinite após a cirurgia cardíaca, como o tabagismo crônico, pois causa problemas ventilatórios e leva à instabilidade do esterno. Pacientes diabéticos também são mais propensos a desenvolver uma mediastinite, pois apresentam alterações na microcirculação e na cicatrização.
Habitualmente, nos casos de mediastinite, os pacientes apresentam febre persistente após o quarto dia de pós-operatório, toxemia (queda do estado geral), exames de sangue que mostram leucocitose com desvio à esquerda e drenagem de secreção pela ferida operatória.
Com relação ao procedimento cirúrgico em si, a necessidade de utilização de duas artérias mamárias, em cirurgias de revascularização do miocárdio, e as reoperações, também aumentam o risco de mediastinite.
O tratamento da mediastinite varia desde a simples terapia com antibióticos até a completa esternectomia e procedimentos plásticos reconstrutivos da parede torácica – em casos extremos. Vale salientar que a prevenção, com a adoção dos cuidados pós-operatórios adequados, é fundamental para se evitar o risco de desenvolvimento deste tipo de infecção.