O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de morte no Brasil, tanto entre homens quanto entre mulheres. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 100 mil brasileiros morrem, por ano, vítimas de derrame. Confira no artigo do neurologista Dr. Pedro Henrique de Campos Albino* (CRM/SC 15079 / RQE 9774) a relação entre AVC e o coração.
Basicamente, o AVC ocorre quando há falta de circulação sanguínea em determinada área do cérebro. Sem sangue, os neurônios na região afetada podem morrer pela falta de acesso a nutrientes e ao oxigênio. Em geral, sua gravidade varia de acordo com a localização e com a extensão da lesão. Por isso, a doença pode causar desde sintomas leves até sequelas definitivas ou mesmo o óbito.
Tipos e Causas do AVC – Acidente Vascular Cerebral
De modo geral, o AVC pode ser dividido em dois tipos: Isquêmico e Hemorrágico.
O AVC Isquêmico é o mais comum, correspondente a cerca de 80% dos casos. Decorre da obstrução de um vaso, impedindo que o sangue chegue a uma determinada região do cérebro – ou limitando bastante o fluxo sanguíneo para aquela região. Dessa forma, pacientes com obstruções de artérias coronárias (ou que já tenham sofrido infarto do miocárdio), podem também ter obstruções em artérias que levam o fluxo sanguíneo ao cérebro, aumentando a chance de um infarto cerebral.
Já o AVC Hemorrágico ocorre quando há rompimento de algum vaso cerebral, com extravasamento de sangue para o parênquima cerebral. Representa cerca de 20% dos casos. A hipertensão arterial não controlada é um dos principais fatores de risco. A presença de aneurismas cerebrais também favorece a ocorrência desse tipo de evento.
Sintomas do AVC
Nos dois tipos, os sintomas do AVC variam, dependendo da região afetada. Entre eles, é comum observarmos dificuldade para falar, dormência ou diminuição de força de um lado do corpo, dor de cabeça de forte intensidade, tontura, náusea, fraqueza, visão dupla, perda de consciência, desequilíbrio e crise convulsiva.
Diante de qualquer um desses sinais, é preciso procurar avaliação médica o mais rápido possível. Para confirmar o diagnóstico e o tipo de AVC, além do exame neurológico, o paciente é submetido a exames de imagem – ressonância magnética ou tomografia computadorizada de encéfalo.
Quanto mais rápido for estabelecido o diagnóstico e o início do tratamento de um AVC, melhor o prognóstico. O atendimento em até 4 horas e 30 min do início dos sintomas diminui consideravelmente a probabilidade de complicações e de sequelas, principalmente se houver indicação para uso de uma medicação que dissolve o coágulo que está interrompendo o fluxo sanguíneo de determinada região (no caso do AVC isquêmico). Após esse tempo, o risco para uso dessa medicação torna-se maior que o benefício, motivo pelo qual o atendimento deve ocorrer com urgência. O AVC Hemorrágico, por sua vez, tende a ter uma apresentação clínica mais grave, podendo demandar intervenção cirúrgica.
Fatores de Riscos para AVC
Os fatores de risco para o AVC – Acidente Vascular Cerebral, no geral, são os mesmos das doenças cardiovasculares. Entre eles: hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, dislipidemia, obesidade, tabagismo, etilismo, uso de drogas, história familiar de doenças cérebro-vasculares, entre outras. A idade também interfere no risco de AVC. A probabilidade de uma pessoa ter um derrame dobra a cada década depois dos 55 anos. Além disso, a etnia também influencia. Negros e orientais são mais predispostos à hipertensão, o que aumenta o risco de AVC.
Com relação ao sexo, há pouca diferença na ocorrência de AVC entre homens e mulheres. A doença afeta uma em cada cinco mulheres e um em cada seis homens. No entanto, mulheres diagnosticadas com enxaqueca com aura, e que fazem uso de anticoncepcionais orais com estrogênio, tem um risco de 4 a 6 vezes maior. Se forem tabagistas, esse risco ainda aumenta.
Prevenção do Acidente Vascular Cerebral
Conforme o Ministério da Saúde, 90% dos casos de AVCs Isquêmicos são associados a fatores de risco evitáveis. A maior parte deles é também responsável pelo desenvolvimento das doenças coronarianas e infarto. Ou seja, ao cuidar do seu coração, você também se previne do AVC.
Entre as medidas que podem diminuir as chances de um acidente vascular cerebral – e de um infarto, estão:
– Controle da hipertensão;
– Praticar atividade física regularmente;
– Ter uma alimentação saudável;
– Acompanhar as taxas de glicemia, colesterol e triglicérides periodicamente;
– Controlar o peso;
– Gerenciar o estresse com atividades relaxantes;
– Não fumar;
– Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
É importante ressaltar que, mesmo efetivas, as medidas de prevenção não são garantia da eliminação do risco de um AVC. No entanto, em pacientes com hábitos de vida saudáveis, a recuperação após um evento neurológico é muito mais rápida. Por isso, investir na prevenção e na qualidade de vida ainda é o melhor caminho.
*Dr. Pedro Henrique de Campos Albino (CRM/SC 15079 / RQE 9774) é Neurologista especialista em Cefaleia e em Bloqueio Neuromuscular com Toxina Botulínica. Atua na Clínica Dr. Pedro Albino, em Florianópolis – contato@pedroalbino.com.br. Fone (48) 991307557.