Vinho faz bem ao coração? – Por *Dr. Mário Luiz L. Bressan (CRM/SC 5237)

É comum ouvirmos que vinho faz bem ao coração. Muitas pessoas aderiram ao hábito do consumo de uma taça de vinho ao dia com este propósito. Isso surgiu na década de 70, por um estudo científico que indicava os benefícios do Resveratrol e das propriedades antioxidantes da bebida.

Estudos posteriores mostraram que o efeito benéfico é, na verdade, proveniente do álcool. Isso quer dizer que as propriedades benéficas ao sistema cardiovascular não são exclusivas do vinho. Qualquer bebida alcóolica, desde que em quantidade moderada, tem a mesma propriedade.

Embora ainda não completamente definido, aceita-se como uma explicação o fato do álcool funcionar como antioxidante no organismo. Dessa forma, produz efeitos positivos e protetores, como a redução do risco de infartos. Mas, qual a quantidade ideal?

Benefícios e Prejuízos do Vinho

O consumo moderado e diário de vinho pode sim trazer benefícios. Entre eles, a proteção das artérias e leve diminuição da pressão arterial. Em contrapartida, o consumo de vinho em doses altas traz prejuízos à saúde. Eleva os níveis tensionais (aumento da pressão arterial) aumentando risco de derrames cerebrais (AVC).

Entende-se por dose moderada o equivalente a 250ml de vinho, por dia. Essa medida se aplica tanto para homens como para mulheres. Lembrando que é uma medida diária. Ou seja, o mesmo benefício não se obteria se o consumo fosse esporádico.

Então a bebida alcoólica faz bem?

Apesar das bebidas alcoólicas, em doses moderadas poderem proporcionar benefícios para a saúde, seu consumo não deve ser estimulado. Há pessoas que não devem ingerir quantidade alguma de álcool, pois os prejuízos são muito maiores do que os benefícios. Entre os exemplos, estão:

  • Portadores e arritmias cardíacas: (a bebida afeta o ritmo dos batimentos cardíacos, o que pode desencadear as arritmias ou agravá-las).
  • Cirrose hepática: o álcool pode danificar as células do fígado, podendo causar ou agravar a cirrose hepática.
  • Diabetes: apesar de possuir pouca quantidade de açúcar, o consumo de vinho por diabéticos deve ser acompanhado pelo médico. A quantidade permitida irá depender do grau do problema, dos remédios e do organismo da pessoa. Essa recomendação se aplica a qualquer bebida alcoólica.
  • Gastrite: quem sofre com gastrite ou outras doenças relacionadas deve tomar cuidado com a quantidade de álcool ingerida. Em geral, é permitido o baixo consumo, mas sempre com orientação médica.
  • Gravidez: é comum a descoberta da gravidez próximo ao terceiro mês de gestação. No entanto, o consumo de bebida alcoólica na gestação pode provocar má formação do feto. Por isso, quem estiver programando engravidar já deve parar o consumo de álcool.
  • Histórico de alcoolismo: quando há casos de alcoolismo na família, é necessário evitar o álcool. Em momento algum deve-se encorajar o uso da bebida por objetivos benéficos à saúde.
  • Triglicérides alto: o nível sanguíneo dos triglicerídeos tem relação direta com o consumo de bebidas alcoólicas . Por isso, o consumo de bebida alcoólica pode elevar os índices de triglicerídeos.

Afinal, vinho faz bem ao coração?

Como vimos, o vinho faz bem ao coração somente se ingerido em doses certas e constantes. Além disso, os mesmos benefícios podem ser obtidos com qualquer bebida alcóolica. No entanto, nem sempre a ingestão do álcool pode ser benéfica. Ao tempo que as doses moderadas protegem o sistema cardiovascular, podem agravar outros problemas. Doenças associadas, histórico familiar e estilo de vida devem ser considerados. Somente assim, a saúde como um todo pode ser alcançada. Em caso de dúvidas, consulte seu cardiologista.

*Dr. Mário Luiz L. Bressan (CRM/SC 5237) é Cardiologista da Clínica Bressan Medicina Preventiva, em Florianópolis – 48 3012-4748.

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