12 Dúvidas comuns no pós-operatório de cirurgia cardíaca

12 Dúvidas comuns no pós-operatório de cirurgia cardíaca

Cirurgias cardíacas são eventos importantes na vida de qualquer pessoa. Exigem preparação, cuidados e recursos especializados.  No entanto, para obter sucesso, o pós-operatório é fundamental. E é nessa fase que os pacientes costumam apresentar o maior número de dúvidas – especialmente com relação aos procedimentos básicos do dia a dia.

Para ajudar você a retornar à vida normal de forma tranquila e segura, selecionamos algumas das principais dúvidas dos pacientes no pós-operatório da cirurgia cardíaca. São informações relevantes, que podem lhe orientar nessa fase crucial, mas que não substituem a orientação do seu próprio médico.     

 

1 – Por que sinto dor no meu pós-operatório?

As cirurgias cardíacas costumam ser de grande porte e longa duração. Devido à incisão da pele, abertura do osso esterno e colocação de drenos, os músculos da região torácica ficam bastante sensíveis. Por isso, no pós-operatório, é importante que o paciente relate as dores que sente, para que sejam avaliadas o quanto antes. Assim, a sua recuperação pode ser mais tranquila. A fisioterapia respiratória e motora bem executada nessa fase é fundamental, além do uso de analgésicos.

 

2 – Por que minhas pernas ficam inchadas depois da cirurgia?

Trata-se de um sintoma bastante comum. Acontece principalmente nos pacientes que se submetem à revascularização miocárdica com a utilização de veia safena. O inchaço nas pernas costuma ser provocado pela manipulação de vasos linfáticos durante o procedimento. Por isso, orientamos os pacientes para a movimentação precoce e, quando estiverem sentados, para manter as pernas elevadas. Esse edema pode perdurar por mais de um mês. Ressalta-se que o acompanhamento clínico é importante. O uso de meias elásticas também pode ajudar na diminuição do inchaço.

 

3- Por que não posso dormir de lado após a cirurgia cardíaca?

Na maior parte das vezes, a cirurgia cardíaca é feita por esternotomia (“abertura do peito”) mediana. São utilizados fios de aço para fechamento / aproximação do osso Esterno. Assim, recomenda-se que, no pós-operatório, o paciente durma “de barriga para cima” por, aproximadamente, 60 dias. Esse é o tempo necessário para que haja a formação do calo ósseo. Dormindo de lado, o paciente corre o risco de sofrer com o que chamamos de cavalgadura do osso, que poderá ocasionar dor e desconforto.

 

4 – Posso fazer as unhas e pintar o cabelo logo após a alta hospitalar?

Recomende-se que os pacientes esperem 15 dias após a cirurgia cardíaca para pintar/tonalizar os cabelos e fazer a retirada das cutículas das unhas. No entanto, é fundamental utilizar os seus próprios materiais (alicates, tesouras, lixas, etc). Vale ressaltar que eles devem estar devidamente esterilizados, para evitar infecções no pós-operatório. No caso das unhas em gel, além de utilizar material devidamente esterilizado, é imprescindível que as unhas estejam sem processo inflamatório (infeccioso) ou com fungos.

 

5- Posso usar filtro solar na cicatriz?

Os pacientes devem evitar a exposição ao sol nos primeiros 90 dias após a cirurgia. Se a cicatriz evoluir bem, sem nenhum sinal de infecção na ferida operatória (incisão), é possível usar protetor solar após 30 dias.

 

6- Quando posso voltar a subir escadas, limpar a casa ou cuidar do jardim?

As primeiras atividades físicas já começam a ser feitas no pós-operatório imediato, ainda na UTI, quando o fisioterapeuta inicia a reabilitação respiratória e motora. Após a alta da UTI, andar/caminhar é muito importante para evitar complicações, como o tromboembolismo e os problemas respiratórios. Esse tipo de atividade também auxilia na recuperação do trânsito intestinal. As caminhadas progressivas são recomendadas e o incremento de tempo deve ser individualizado.

Em geral, no retorno para casa após a cirurgia cardíaca você já pode subir escadas. Apenas cuide para não fazer demasiado esforço. Com relação às demais atividades cotidianas, como limpar a casa e cuidar do jardim, é recomendado que sejam retomadas apenas após 30 dias da sua cirurgia, sempre gradativamente.

 

7- Em quanto tempo posso voltar a fazer atividade física?

Para os praticantes de esportes, em geral, é possível retomar gradativamente a prática esportiva a partir de 2 meses. No entanto, é fundamental perguntar ao seu Cardiologista Clínico sobre a recomendação específica para o seu caso.

 

8- Constipação após a cirurgia cardíaca é normal?

Sim, essa é uma queixa bastante comum e vários fatores podem levar à constipação intestinal. O jejum para a cirurgia, a anestesia e o fato de o paciente ficar um tempo maior deitado no pós-operatório são alguns exemplos. Para isso, recomenda-se andar/caminhar (já falamos acima), bem como uma dieta rica em fibras e líquidos. Vale salientar que o profissional nutricionista também faz parte da equipe multidisciplinar da cirurgia cardíaca e sua orientação é bem importante.

 

9- A partir de quando posso voltar a ter relações sexuais?

Geralmente, os pacientes que conseguem subir pelo menos 2 lances de escadas sem dificuldades já possuem condições de retomar a atividade sexual após a cirurgia cardíaca, mas de forma leve a moderada. Em média, são necessárias de 6 a 8 semanas para que isso aconteça. No entanto, pacientes que fazem reabilitação física tendem a ser liberados antes. Para evitar problemas com a cicatriz, o ideal é que o paciente adote uma postura mais passiva e evitar movimentos bruscos e excessivos com os braços e com o tórax. Saiba mais neste post aqui.

 

10- A ponte de safena tem validade?

A validade da “ponte de safena”, seja com uso de artéria mamária, radial ou veia safena, está diretamente relacionada aos hábitos do paciente. Afinal, a necessidade da cirurgia de revascularização do miocárdio é gerada pela doença ateromatosa, que precisa de tratamento a longo prazo. Assim, a adoção de hábitos saudáveis pode aumentar a longevidade das pontes. Entre eles, o controle adequado dos níveis de colesterol, de glicemia (principalmente nos pacientes diabéticos) e parar de fumar (para os pacientes que fumavam antes da cirurgia). Saiba mais neste post.

 

11- Depois de quantos dias da cirurgia cardíaca posso voltar a dirigir?

Na maioria das cirurgias cardiovasculares é realizada uma incisão no osso Esterno, que fica na região central do tórax. Assim, após a cirurgia, o Esterno ainda está em cicatrização e movimentos bruscos podem causar uma dor importante. Por reflexo, uma dor forte pode fazer você largar as mãos do volante e bater o carro. Além disso, seus reflexos podem estar prejudicados pela medicação. Assim, recomenda-se voltar a dirigir apenas 2 meses após a sua cirurgia cardíaca.

 

12- Depois da cirurgia cardíaca posso voltar a beber vinho, cerveja e/ou destilados?

Normalmente, recomenda-se que a ingestão de bebidas alcoólicas não seja realizada nos primeiros 15 dias após a alta hospitalar. Após este período, converse com seu Cardiologista Clínico para que ele lhe oriente sobre a frequência e quantidade de bebidas alcoólicas que você poderá ingerir sem causar impacto nas medicações que está usando.

 

Para saber mais sobre o pós-operatório da cirurgia cardíaca, acesse a cartilha gratuita aqui.

 

*Post originalmente publicado em set/2018 e atualizado em set/2021.

 

Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca

Cicatrização da Ferida Operatória após Cirurgia Cardíaca

Cicatrização da Ferida Operatória após Cirurgia Cardíaca

Muitos pacientes ficam preocupados diante da vermelhidão nos pontos da cirurgia cardíaca. Essa condição pode acontecer no processo de cicatrização da ferida operatória. Já falamos aqui no blog da equipe Seu Cardio sobre a importância da correta higienização da ferida. Agora, vamos explicar como é o processo de cicatrização e sinais que podem indicar atenção.

Processo de Cicatrização da Ferida Operatória

As incisões realizadas na sua cirurgia passarão por diversos estágios de cicatrização. Depois da leve dor inicial no local, a ferida poderá formigar, coçar ou ficar dormente, na medida em que a cicatrização progredir. É comum sentir dormência no lado do tórax, sobre a região mamária, se você foi submetido a uma cirurgia de revascularização do miocárdio com utilização das artérias mamárias. Esta dormência tem durabilidade e intensidade variáveis, mas costuma desaparecer logo.

As lesões operatórias devem ser mantidas sem curativo. A fim de contribuir para a cicatrização, a higiene da pele e das incisões cirúrgicas deverá ser realizada diariamente, com água e sabonete antisséptico. Não retire qualquer crosta, porque ela protege os novos e delicados tecidos em crescimento.

Em linhas gerais, o processo de cicatrização da ferida operatória pode ser divido em três fases. São elas:

1. Fase inflamatória:

É caracterizada pela presença de secreção. Esta fase pode durar de 1 a 4 dias, a depender da extensão da área a ser cicatrizada e da natureza da lesão. Neste período, a ferida pode apresentar edema (inchaço), dor e vermelhidão.

2. Fase proliferativa – regenerativa:

Esta etapa da cicatrização da ferida operatória pode durar entre 5 e 20 dias. Caracteriza-se pela proliferação de fibroblastos, sob a ação de citocinas, dando origem a um processo chamado de fibroplasia. Ao mesmo tempo, ocorre a proliferação de células endoteliais, com formação de rica vascularização (angiogênese), infiltração de macrófagos, formando o tecido de granulação.

3. Fase de reparo:

É a fase de maturação, iniciando-se no 21o dia e podendo durar meses. Nesta fase, há uma maturação das fibras colágenas e uma remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. Além disso, há um aumento da resistência do tecido, diminuindo-se a espessura da cicatriz e reduzindo-se a sua deformidade. Durante este período, a cicatriz, progressivamente, altera a sua tonalidade, passando do vermelho escuro à rosa claro.

Fatores que interferem na cicatrização

O processo de cicatrização da ferida operatória pode variar bastante de uma pessoa para outra. Em geral, essa variação decorre de fatores locais, referentes às características da própria ferida, e sistêmicos, referentes às condições de saúde de cada um. Veja abaixo:

Fatores relacionados diretamente à ferida:

  • Características: dimensão e profundidade da lesão; presença de secreção, hematomas, edemas e corpos estranhos.
  • Cuidados adotados: higienização da ferida, material e curativos utilizados.
  • Isquemia tecidual: falta de oxigenação local, que dificulta a chegada de células inflamatórias à zona lesada, diminuindo-se a proliferação dos fibroblastos e a síntese de colágeno.
  • Infecção local: quando o processo de cicatrização é retardado por conta de contaminação bacteriana.

Fatores sistêmicos:

  • Idade: a idade avançada diminui a resposta inflamatória.
  • Estado nutricional: interfere em todas as fases da cicatrização, resultando na sua demora e podendo levar a deiscência de suturas.
  • Doenças crônicas: doenças metabólicas sistêmicas, diabetes mellitus.
  • Tratamento tópico inadequado.

Como acelerar a cicatrização da ferida operatória?

Em linhas gerais, algumas ações podem contribuir para acelerar o processo de cicatrização da ferida operatória. Entre eles, podemos citar: realizar a correta higienização da ferida, manter o organismo bem hidratado e uma dieta equilibrada, com adequada quantidade de proteínas, gorduras e carboidratos. 

Por isso, recomenda-se que os pacientes que passam por uma cirurgia cardíaca sejam acompanhados por uma equipe multidisciplinar. O cuidado integrado e global auxilia na orientação e acelera a recuperação dos pacientes.

Quando o paciente apresenta secreção purulenta, febre ou outros sinais diferentes do que os apresentados acima, é importante consultar o cirurgião para orientação médica.

 

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Pré e Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca: orientações aos pacientes

Pré e Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca: orientações aos pacientes

Em nossa vivência, acompanhamos a ansiedade e a angústia que a maioria dos pacientes sente diante da indicação de um cirurgia cardíaca. Não apenas os pacientes, mas também seus familiares. Pensando nisso, elaboramos uma cartilha de orientações sobre pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca. Nela, compilamos todas as informações necessárias para enfrentar uma cirurgia cardíaca com maior tranquilidade e segurança.

Cartilha Pré e Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca

Esse material fornece informações sobre todas as etapas relacionadas à cirurgia cardíaca, em formato pronto para impressão. Você encontrará orientações sobre:

  • O que é importante fazer antes da Internação hospitalar
  • O que irá acontecer no dia da Internação 
  • Como será o dia da cirurgia cardíaca
  • O que acontece no período pós-operatório na UTI
  • O que esperar na volta para o quarto do hospital
  • Orientações e cuidados no retorno para casa, após a alta hospitalar
  • Respostas às perguntas frequentes de pacientes e familiares
  • Espaço para anotações de dúvidas e registro das consultas

Para fazer o download gratuito da cartilha de orientações para pacientes e familiares, clique no botão abaixo:

CTA Download Seu Cardio ebook doenças valvares mitral e aórtica

Essa cartilha de orientações sobre o pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca contempla informações que independem do tipo de cirurgia cardíaca a ser realizada: revascularização do miocárdio, cirurgias de implante ou troca de válvula, cirurgias da aorta e cirurgias de correção de cardiopatias congênitas. Caso haja alguma peculiaridade relativa à uma técnica específica, estará ressaltada no texto.

A cirurgia cardíaca é sempre um momento delicado e que mexe com as nossas emoções. Isso é normal e procuramos oferecer suporte aos nossos pacientes e à comunidade em geral, para que encontre respostas às suas ansiedades e dúvidas. Afinal, estamos lidando com o coração, um órgão diretamente relacionado à nossa vida e nossos sentimentos.

Esperamos que você aproveite o material. Ele foi elaborado pelos cirurgiões cardiovasculares da Equipe Seu Cardio. Caso ainda tenha alguma dúvida, não hesite em entrar em contato conosco! Teremos grande satisfação em ajudar você!

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*Conteúdo publicado em agosto/2016 e atualizado em fevereiro/2020.

Cardiopatias Congênitas no Adulto

Cardiopatias Congênitas no Adulto

As cardiopatias congênitas no adulto são cada vez mais comuns. O problema é caracterizado por toda e qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração, que surge nas primeiras oito semanas de gestação. O Ministério da Saúde estima que no Brasil nascem 30 mil crianças com problemas cardíacos por ano, sendo dez casos a cada mil bebês nascidos vivos

Atualmente, 85% das crianças que têm cardiopatias congênitas chegam à idade adulta devido aos novos tratamentos, cirurgias e medicamentos. Isso criou um índice maior de adultos com cardiopatias congênitas. Nos Estados Unidos, estima-se que este número chegue a um milhão. Hoje, já contabiliza-se mais adultos que crianças com cardiopatias congênitas. 

“Essa população é formada por crianças que foram tratadas e cresceram, mas também por adultos que têm problemas congênitos leves, diagnosticados com idade mais avançada”, esclarece Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).

Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas em Crianças

No caso das crianças, na maioria das vezes, o diagnóstico de uma cardiopatia congênita pode ser feito no pré-natal, através de ultrassom. Em alguns casos, é realizado no primeiro mês de vida, diante de sintomas. Entre eles, quando a criança apresenta a ponta dos dedos e lábios roxos, sudorese, cansaço excessivos durante as mamadas e dificuldade de ganhar peso. Nesta situação, o diagnóstico é feito também pelo ultrassom. 

Das crianças que têm cardiopatias congênitas, 50% devem ser tratadas no primeiro ano de vida. Dependendo do caso, inclusive com algum tipo de intervenção cirúrgica logo na primeira semana de vida.

Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas no Adulto

O diagnóstico das cardiopatias congênitas no adulto começa com uma avaliação feita pelo cardiologista. Depois, pode seguir com os exames. Entre eles, eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma e teste ergométrico (conhecido como teste de esforço ou esteira). 

Já exames como tomografia, ressonância magnética e o cateterismo cardíaco permitem não apenas diagnosticar, mas também apontar como deve ser a cirurgia corretiva. E isso é muito importante para planejar o tratamento da cardiopatia congênita.

Quem tratou quando criança, precisa de novas intervenções quando adulto?

Em alguns casos, sim, conforme explica o cirurgião cardiovascular Dr. Luis Portugal, da equipe Seu Cardio:

“O adulto diagnosticado com cardiopatia quando criança, na maioria das vezes foi tratado com uma cirurgia paliativa, justamente pela questão do crescimento. Mas, com o passar dos anos, as estruturas ampliadas podem ficar pequenas e as próteses valvares (geralmente biológicas) se deterioram com o tempo. Então, uma parte dessas pessoas precisa de acompanhamento. Muitas vezes, de novos procedimentos, por cirurgia aberta ou por cateterismo cardíaco”. – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389)

Adultos que recém são diagnosticados geralmente precisam ser tratados, mesmo que a lesão seja leve. Isso porque, pela quantidade de anos que ficou sem tratamento, quando começam os sintomas das cardiopatias congênitas no adulto, já pode haver uma deterioração do pulmão e de outros órgãos.

Quais são os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas? 

Os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas incluem:

  • alterações nas válvulas cardíacas, com estreitamentos ou vazamentos;
  • alterações nas paredes entre átrios e ventrículos, provocando a mistura do sangue; 
  • anormalidades no músculo, como má formação dos ventrículos. 

Além disso, pode haver também uma combinação destes problemas. Porém, entre as cardiopatias congênitas, a mais frequente é a Comunicação Interatrial. Trata-se de um defeito na parede que separa o átrio direito e átrio esquerdo. A CIA, como é popularmente conhecida, representa cerca de 40% dos casos tratados. Pode ser corrigida por cirurgia ou por via percutânea. Neste último, através de cateterismo e colocação de um dispositivo para corrigir o problema. 

Outro tipo frequente é a comunicação interventricular, ou seja, entre os ventrículos. Representa cerca de 15% das cardiopatias congênitas. Alguns casos podem ser tratados por cateterismo, mas o mais comum é que necessitem de cirurgia.

Já o estreitamento da aorta geralmente requer tratamento quando criança e, comumente, precisa de uma nova abordagem quando adulto. Atualmente, existem dispositivos que podem ser introduzidos via percutânea (por uma artéria da perna), sem necessidade de uma cirurgia cardíaca aberta. 

Os procedimentos mais realizados relacionados às cardiopatias congênitas no adulto são as trocas de valvas cardíacas. Com o passar dos anos e o crescimento do paciente, as próteses ficam pequenas ou se deterioram. Assim, demandam nova intervenção. 

“Outros procedimentos comuns são o fechamento de CIA ou CIV e a correção de problemas na saída do coração para os vasos da aorta ou para a artéria pulmonar. Seguindo o crescimento do paciente, a correção realizada quando criança pode começar a calcificar e estreitar, necessitando de nova abordagem. Além disso, algumas cardiopatias congênitas precisam ser corrigidas em etapas. Por isso, podem ser necessários procedimentos quando criança e, posteriormente, na vida adulta.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).

As cardiopatias congênitas no adulto limitam as atividades físicas?

Cardiopatias congênitas nos adultos, como as comunicações interatriais (CIA) e interventriculares (CIV), por exemplo, se tratadas precocemente, não trazem muitos problemas para se ter uma vida normal, com prática de exercícios físicos. 

O problema com o tratamento tardio é que o coração e os pulmões podem estar tão afetados que, mesmo tratada a cardiopatia, ainda persista uma limitação. Por isso, é importante acompanhar com o cardiologista periodicamente.

Avanços da Medicina para o Tratamento da Cardiopatia Congênita

Existem muitos avanços na Medicina para o tratamento das cardiopatias congênitas, Inclusive, novos medicamentos que melhoram a função do coração. Além disso, há os procedimentos endovasculares, que permitem o implante de próteses valvares no coração e stents nas artérias em procedimentos menos invasivos do que uma cirurgia cardiovascular aberta. 

“Nos últimos 10 anos, foi dado um salto muito grande nas técnicas cirúrgicas. Assim, próteses valvares que tinham uma vida útil de seis a oito anos, hoje duram de 25 a 30 anos. Além disso, existem próteses que podem ser inseridas por mini incisão e cujo tempo de colocação é mais rápido. Tudo isso colabora para uma rápida recuperação do paciente.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).

Há também um grupo crescente de pacientes que precisa de uma assistência à função do coração. Nesses casos, podem ser utilizadas bombas mecânicas externas ou internas. Esses dispositivos são conhecidos como assistência ventricular ou “coração artificial”. São um importante avanço da Medicina, principalmente para aqueles pacientes não elegíveis para transplante cardíaco.

A maioria desses tratamentos pode ser realizada por cirurgiões cardiovasculares. Inclusive, a assistência ventricular, tanto para o ventrículo direito quando para o esquerdo. Tudo isso resultou numa melhoria muito grande na qualidade de vida das pessoas com cardiopatias congênitas e no tratamento das cardiopatias congênitas no adulto.

Para saber mais sobre cardiopatias congênitas, listamos abaixo outros posts aqui do blog:

Esperamos que aproveite a leitura sobre cardiopatias congênitas!

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Síndrome de Marfan: o que é, causas e tratamentos

Síndrome de Marfan: o que é, causas e tratamentos

A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária rara do tecido conjuntivo. Ela atinge uma em cada 3 a 5 mil indivíduos. Os dados são da Associação Marfan Brasil, fundação criada para conscientização e estudos sobre a doença. No Brasil, estima-se cerca de 150 mil casos por ano. 

O coração, os olhos, os ossos e os vasos sanguíneos são os órgãos que podem ser acometidos pela síndrome. Também pode ocorrer envolvimento dos pulmões, pele e sistema nervoso central. Uma característica comum entre os portadores da doença é que todos são altos, magros, com braços, pernas e dedos dos pés e das mãos longos. 

O tecido conjuntivo é uma estrutura resistente e normalmente fibrosa, que une as estruturas e oferece sustentação e elasticidade ao corpo. Na Síndrome de Marfan, ocorre uma mutação na fibrilina, proteína que auxilia o tecido conjuntivo a manter a sua força. Origina-se, assim, o enfraquecimento do tecido conjuntivo. 

É comum que as pessoas com Síndrome de Marfan só venham a apresentar sintomas na vida adulta. Muitas delas, nunca percebem os sintomas, que podem variar de leves a graves. 

Problemas Cardiovasculares da Síndrome de Marfan 

 

A dilatação da raiz da aorta (início da aorta), levando à formação de aneurisma, dissecção e insuficiência da valva aórtica, é a principal causa de morbidade e mortalidade nesta síndrome. 

“Uma complicação muito grave é a dissecção aórtica. Se não for tratada de forma adequada, pode levar à morte em poucas horas.” – esclarece o cardiologista Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874).

Aproximadamente 60-80% dos adultos com Síndrome de Marfan apresentam dilatação da raiz da aorta. 

Além disso, pode ocorrer também uma insuficiência da valva aórtica, que fica localizada na saída do coração. Ela se abre para o sangue sair do coração e se fecha para evitar que o sangue retorne. Com a aorta dilatada, o anel da válvula aórtica também se dilata. Assim,a válvula não consegue se fechar adequadamente. Isso pode levar a um refluxo de sangue da aorta para dentro do coração. 

“O tipo de tratamento depende da gravidade do problema que o portador da Síndrome de Marfan apresenta. Em geral, se o paciente tem uma dilatação da aorta que ainda não atingiu um limite importante, segue apenas acompanhando com seu cardiologista. Quando o aneurisma já passou de um determinado tamanho, precisa ser corrigido, porque o risco de romper é maior. Ou, se tem uma insuficiência da válvula aórtica e está voltando sangue em grande quantidade para o coração, também é necessária uma intervenção para a correção do problema.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista. 

Olhos, Pulmões e Ossos 

 

A Síndrome de Marfan também provoca uma alteração no cristalino do globo ocular. O deslocamento do cristalino causa uma miopia muito forte. Além disso, a retina também pode se deslocar. Essas duas situações, quando associadas, podem causar a perda da visão. 

Nos pulmões, pode surgir o aparecimento de cistos. Essas estruturas podem se romper e encher de ar os espaços em volta do pulmão, causando dor e falta de ar. 

No entanto, as alterações musculoesqueléticas da Síndrome de Marfan são as mais visíveis. São pessoas muito altas e magras, com os braços, pernas e dedos das mãos e dos pés longos. O esterno, osso do tórax, geralmente afunda ou se sobressai. Como as articulações são muito flexíveis, pode ocorrer uma curvatura na coluna vertebral (cifoescoliose), bem como o surgimento de hérnias. 

Convivendo com a Síndrome de Marfan 

 

A Síndrome de Marfan não tem cura, pois não existe ainda uma maneira de reparar as anomalias do tecido conjuntivo. Dessa forma, o principal objetivo do tratamento das doenças decorrentes da síndrome é prevenir e tratar o surgimento de complicações mais graves. Entre elas, estão os problemas cardiovasculares. Por isso, é importante estar atento aos sintomas e procurar ajuda médica. Em alguns pacientes há necessidade de cirurgia para corrigir os problemas que acometem a aorta. 

Informação de qualidade é de grande valia para os portadores da Síndrome de Marfan e seus familiares. Por se tratar de uma doença hereditária, buscar aconselhamento genético pode ajudar a esclarecer sobre sintomas, complicações e tratamentos. É importante avaliar se os demais parentes de primeiro grau são portadores desta síndrome para avaliar possíveis alterações que possam trazer complicações futuras. 

É muito importante manter a pressão arterial dentro de níveis da normalidade para tentar prevenir uma maior dilatação da aorta. Quanto às atividades físicas, é importante o aconselhamento médico para avaliar o tipo e intensidade indicados. 

Para as mulheres portadoras da Síndrome de Marfan que desejam engravidar, em algumas ocasiões, a cirurgia para correção dos problemas que envolvem a aorta é necessária. A medida visa evitar futuras complicações que podem ocorrer durante o período gestacional.

 

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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Sopro no coração: o que é?

Sopro no coração: o que é?

Em condições normais, o sangue flui em nosso corpo sem turbulências. No entanto, em certos casos, o fluxo sanguíneo pode sofrer alterações. Esse fenômeno, por sua vez, se traduz em uma resposta vibratória, que é percebida pela ausculta cardíaca como um sopro no coração.

“Em certos casos, é possível palpar a vibração do sangue. Essa manifestação tátil do sopro no coração é o que chamamos de frêmito” – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.

Abaixo, o Dr. Antônio Silveira Sbissa (CRM 437), médico cardiologista com longa experiência, explica o que é o sopro no coração e como ele é provocado.

O que provoca o sopro no coração?

O sopro ouvido do precórdio, região do tórax relacionada com coração, significa uma turbulência no fluxo de sangue. E esse fenômeno pode ter inúmeras causas (tanto congênitas quanto adquiridas). As mais frequentes estão relacionadas com alterações estruturais no coração – ou em outras partes do sistema circulatório – que interferem no fluxo sanguíneo.

“Uma válvula cardíaca que não abre ou não se fecha da forma adequada pode alterar o fluxo sanguíneo e provocar a turbulência, que é auscultada pelo médico e avaliada através do sopro. A estenose da valvula aórtica, por exemplo, produz um sopro sistólico de ejeção no chamado foco aórtico, onde se auscultam os fenômenos localizados nessa estrutura” – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.

Outras causas

Além das estenoses e das insuficiências nas válvulas do coração, o sopro pode ser provocado por outros fatores. Entre eles, estão as doenças que fazem com que o sangue circule mais rápido pelos vasos sanguíneos, como o hipertireoidismo ou anemia (que faz com que o sangue fique de certa forma menos denso e passe pelas válvulas do coração de maneira turbulenta).

“É importante dizer que nas crianças, especialmente nos primeiros anos de vida, o sangue tende a circular naturalmente de forma que provoque turbulência.  Por isso é normal que os pequenos apresentem sopro no coração, sem que exista necessariamente um problema estrutural. É o que chamamos de “sopro inocente”, que costuma desaparecer na medida em que a criança cresce”  – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.

Doenças que ocorrem em indivíduos jovens também podem provocar alterações nas válvulas cardíacas e levar ao sopro no coração. É o caso da febre reumática, muito comum anos atrás. Até mesmo a sífilis pode gerar deformidades na estrutura da válvula aórtica e ocasionar sopro no coração.

O que fazer em caso de sopro no coração?

Qualquer médico pode identificar um sopro no coração. E, dependendo do tipo de sopro, já é possível ter uma boa ideia do que esse sinal  pode significar, ainda durante a ausculta.

Uma vez diagnosticado o sopro no coração, o segundo passo é realizar o raciocínio  clínico. Assim, o médico poderá relacionar as informações obtidas na ausculta do sopro com outros sintomas e informações de saúde do paciente.

Caso os dados obtidos, o médico pode ainda solicitar exames complementares, como o Ecocardiograma. Nele, pode-se visualizar o funcionamento das válvulas cardíacas e das estruturas do coração.

“Os pacientes com sopro no coração não precisam se assustar. Na maior parte das vezes, trata-se de um “sopro benigno”. Caso esse fenômeno seja provocado por alguma alteração na estrutura cardíaca, o paciente poderá ser acompanhado pelo médico cardiologista. Nos casos necessários, uma série de outros exames poderão ser solicitados. Os tratamentos cirúrgicos, como a correção das  válvulas, e os implantes com  próteses mecânicas ou biológicas estão cada vez mais avançados – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.

Sobre o autor: Dr. Antônio Silveira Sbissa (CRM 437) é Médico Cardiologista. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, em 1960, com Doutorado em Medicina, e com Curso de Aperfeiçoamento em Cardiologia pela Universidade de São Paulo e na Virginia Commowealth University. Professor Titular do Departamento de Clínica Médica do Curso de Medicina, Doutor em Ciências e Livre Docente, na Universidade Federal de Santa Catarina.  Professor do Curso de Medicina na Universidade do Vale do Itajaí e na Universidade do Sul de Santa Catarina. Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Foi Diretor Geral do Instituto de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde, Fundador e primeiro Presidente da Sociedade Catarinense de Cardiologia, Membro fundador e ocupante da Cadeira Vinte e Um da Academia Catarinense de Medicina, Presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina.

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