Por Dra. Adriana Ferraz Martins (CRM-SC 11909 RQE 5634 e 4895), Cardiologista e Ecocardiografista.

O ecocardiograma é uma ferramenta diagnóstica disponível na prática clínica há mais de 30 anos, baseada na ultrassonografia. No decorrer desse tempo, vários avanços tornaram o método mais eficiente e amplamente disponível. O exame destina-se ao diagnóstico e à quantificação das lesões cardíacas, com avaliação da presença, da gravidade e do prognóstico destes problemas.

Entre suas evoluções, o Ecocardiograma Tridimensional é a mais recente. A sua utilização traz um ganho muito grande no detalhamento da anatomia cardíaca e de suas lesões, principalmente daqueles pacientes que são submetidos à cirurgia cardíaca. A emissão do ultrassom e construção da imagem, nesse caso, é volumétrica e não bidimensional.

Além do ecocardiograma transtorácico, realizado externamente sobre a região anterior do tórax do paciente, há o exame transesofágico. Neste, a sonda que transmite o ultrassom é introduzida pela boca e posicionada no esôfago, como uma endoscopia digestiva alta. Por estar bem próxima ao coração, produz-se uma qualidade de imagem significativamente melhor. O Ecocardiograma Tridimensional existe em ambos, mas é no transesofágico que proporciona um incremento muito importante em termos de imagem. 

Por isso, em relação à cirurgia cardíaca, o Ecocardiograma Transesofágico Tridimensional ajuda muito o cirurgião no planejamento cirúrgico. Auxilia na análise de detalhes da anatomia e na escolha de estratégias cirúrgicas. Como por exemplo, em alguns casos, a possibilidade de se optar por uma plastia (correção) de uma válvula ao invés de sua substituição por uma prótese valvar. A estratégia adotada pode trazer, em casos selecionados, benefício em prognóstico e qualidade de vida para o paciente. O exame simula exatamente a imagem que o cirurgião terá no momento da cirurgia, em movimento e em tempo real.

O Ecocardiograma Tridimensional também é indicado na avaliação no pós-operatório. Nesses casos, é utilizado para ver se tudo ocorreu como o planejado na cirurgia cardíaca. 

Indicação de Ecocardiograma Tridimensional

Geralmente, o ecocardiograma transtorácico bidimensional é o mais comumente solicitado na avaliação cardiológica clínica. Contudo, este exame pode ser complementado com o ecocardiograma transesofágico e o tridimensional, caso se perceba a necessidade de melhor detalhamento.

As principais doenças em que o tridimensional acrescenta bastante em diagnóstico e planejamento são as da válvula mitral, pela complexidade da sua estrutura. Este exame também trouxe avanços significativos no diagnóstico e na abordagem das cardiopatias congênitas, sobretudo as mais complexas.

Ecocardiograma Transoperatório

Em algumas cirurgias cardíacas é realizado o Ecocardiograma Transoperatório. Este exame é realizado durante o procedimento, avaliando o resultado da técnica aplicada, em tempo real. 

O ecocardiograma transesofágico tem sido mais adotado nas minitoracotomias, em que a incisão é pequena. Além dos casos de plastias mitrais, tem sido bastante utilizado também em cirurgias de válvulas de implante rápido, como as válvulas aórticas Intuity. Nesses casos, é realizado para avaliar o posicionamento e o orifício valvar após a colocação da prótese. Oferece uma segurança adicional ao paciente, trazendo também informações muito úteis para o anestesista, como necessidade de reposição volêmica e da função contrátil do ventrículo esquerdo. Desta forma, há uma tendência no sentido da progressiva maior utilização deste método.

Como é o Ecocardiograma Transesofágico

No exame eletivo, ou seja, quando é agendado, o paciente precisa estar em jejum completo de seis horas (sólidos e líquidos). É realizada uma sedação leve para que a passagem da sonda pelo esôfago não cause incômodo. O exame dura cerca de 30 minutos e é indolor. 

Em pacientes muito instáveis, com déficit cognitivo ou com agitação exacerbada, pode ser feita uma sedação mais profunda, com supervisão do anestesista. 

As contraindicações para este exame são a existência de doenças do esôfago, como obstruções ou divertículos deste órgão. É contraindicado também nos casos de alterações hematológicas graves com risco de sangramento (em que os pacientes nem seriam encaminhados à cirurgia cardíaca). Se a pessoa tem alguma dificuldade de deglutição de alimentos sólidos, recomenda-se que antes seja solicitada uma endoscopia digestiva alta para o correto diagnóstico de algum problema mecânico que possa contraindicar o exame.

*Dra. Adriana Ferraz Martins (CRM-SC 11909 RQE 5634 e 4895) é Cardiologista e Ecocardiografista. Atua na clínica Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, ambos em Florianópolis/SC.

 

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