Tamponamento cardíaco: o que é, causas, diagnóstico e tratamento

Tamponamento cardíaco: o que é, causas, diagnóstico e tratamento

O tamponamento cardíaco é uma emergência cardiológica que pode ter consequências drásticas – inclusive a morte. Por isso, é importante ser diagnosticada e tratada rapidamente. Essa condição pode ser resultado de diversas patologias. E, como exerce uma pressão no coração, impedindo seu correto funcionamento, é grave.

O que é e como ocorre o tamponamento cardíaco?

O coração se encontra dentro de um espaço chamado pericárdio, envolto pelo saco pericárdico. Esse espaço é completamente fechado. Como o coração é um órgão muscular, ele se estende e se contrai para gerar o batimento cardíaco. E, para não gerar atrito, há uma quantidade pequena de líquido dentro do pericárdio.

Se, eventualmente, existir um acúmulo de líquido ao redor do coração – ou seja, no pericárdio – e o saco pericárdico não conseguir mais se expandir, o órgão começa a ser comprimido. Consequentemente, deixa de bater da forma ideal. Isso é o que ocorre no tamponamento cardíaco.

Sempre que há aumento de líquido, o tamponamento cardíaco acontece?

O derrame pericárdico ocorre quando há acúmulo de líquido em volta do coração. Se a quantidade de líquido for pequena, ou a doença for de lenta evolução – ou seja, nos casos em que o pericárdio consiga se adaptar e expandir –, o derrame pode ocorrer sem compressão importante do coração.

Entretanto, mesmo com um acúmulo de líquido ainda pequeno, é imprescindível identificar a causa do derrame. Dessa forma, é possível evitar o tamponamento cardíaco – quando a contratilidade do coração começa a ser afetada.

São causas comuns de derrame pericárdico:

  • As viroses (causa mais comum de derrame pericárdico de curso benigno);
  • Tuberculose;
  • Tumores com metástase no pericárdio.

Quando é preciso ter mais atenção?

Geralmente, a presença de alguns sintomas alerta para a necessidade de uma intervenção médica. Eles indicam um acúmulo de líquido mais grave, que pode comprimir o coração:

Assim, é preciso prestar atenção nos seguintes sintomas,

  • Fraqueza;
  • Angústia;
  • Sensação de aperto no peito.


Quando os sintomas que indicam gravidade estão presentes, o quadro pode evoluir para falência cardíaca em horas. Por isso, o médico deve agir rapidamente para fazer o diagnóstico e a intervenção.

Diagnóstico e tratamento

A identificação de um derrame pericárdico e da quantidade de líquido acumulada pode ser feita através do ecocardiograma. Este é um exame não invasivo do coração. Através dele, o médico visualiza se o órgão está conseguindo se expandir corretamente.

Se o ecocardiograma mostrar uma grande quantidade de líquido no pericárdio, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. No entanto, a cirurgia costuma ser relativamente simples. Normalmente, é feita uma incisão de até 5 centímetros no tórax, abaixo do osso esterno. Através dela, é possível drenar o líquido acumulado. Em geral, o paciente fica 24 horas com um dreno e o tamponamento cardíaco é revertido. Ainda assim, é necessário investigar qual foi a causa do derrame pericárdico, para também tratá-la corretamente.

É importante destacar que nem todo derrame pericárdico leva ao tamponamento cardíaco e que nem todo derrame pericárdico precisa ser drenado. Inclusive, muitos pacientes convivem com essa condição cronicamente. Porém, é fundamental um acompanhamento médico de qualidade, que investigue e controle a doença de base, prevenindo complicações.

A equipe Seu Cardio realiza procedimentos de Cirurgia Cardiovascular no Hospital SOS Cárdio. Entre em contato conosco e saiba mais.

Como é a vida depois da cirurgia cardíaca?

Como é a vida depois da cirurgia cardíaca?

Geralmente, diante da necessidade de se operar o coração, os pacientes passam por uma diversidade de sentimentos. Tanto a ansiedade quanto o medo costumam estar presentes. Além disso, o receio de como será a vida depois da cirurgia cardíaca. 

Essa reação comum está muito relacionada ao fato de que a cirurgia representa um risco com hora marcada. Porém, é importante ressaltar que, com a doença, o risco pode ser diário e, até mesmo, maior. 

É importante esclarecer que a vida do paciente tem limitações antes do procedimento, impostas por seu problema cardíaco. Assim, um dos objetivos da cirurgia é reduzir essas limitações. Dessa forma, geralmente, a vida depois de se operar o coração não é limitada pelo procedimento em si, mas pela própria doença que levou a pessoa a passar pela cirurgia.

Após a cirurgia, como ficam os sintomas e o risco?

No paciente que tem doença de válvula cardíaca, uma das queixas mais comuns é a falta de ar. O desconforto pode surgir ao realizar atividades muito básicas, como subir um lance de escadas ou varrer a casa. Atividades diárias que antes não causavam cansaço, passam a ficar difíceis. Essa é uma limitação de vida muito grande que, com a correção cirúrgica, na maioria dos casos, desaparece por completo.  

No paciente que possui doença coronariana e risco de infarto, a indicação cirúrgica ocorre quando as lesões no coração representam risco elevado de complicações ou, até mesmo, morte. Na maioria dos casos, o tratamento cirúrgico alivia por completo os sintomas e diminui substancialmente o risco. 

Restrições depois da cirurgia cardíaca

É comum o medo de restrições na vida depois da cirurgia cardíaca. Com ele, surgem muitas dúvidas e questionamentos sobre a lista de proibições. 

Esta lista com certeza possui um item: não fumar.  Não fumar é essencial para a manutenção do tratamento do paciente, e isso não está relacionado com o procedimento cirúrgico em si somente, mas sim com a doença que levou o paciente a ser operado. Evidentemente, podem haver outras restrições. No entanto, elas são particularizadas caso a caso.

As recomendações do pós-operatório de cirurgia cardíaca são essenciais para uma vida mais saudável. Quando o paciente tem alguma doença, existem recomendações específicas acerca da sua condição de saúde. Assim, é recomendado controlar os fatores de risco para evitar uma nova cirurgia no futuro. 

Alguns exemplos:

  • O paciente hipertenso deve controlar a ingestão de sal;
  • Diabéticos não devem abusar do açúcar na dieta;
  • Os obesos devem ter mais atenção à alimentação e à prática de atividades físicas.

A prevenção é igual para todos 

Se o paciente operado não possui nenhum dos fatores de risco, as recomendações para ele no pós-operatório são as mesmas daqueles que nunca operaram o coração, ou seja, hábitos saudáveis de vida. O que varia é aquilo que na medicina chamamos de nível de prevenção.

  • Prevenção Primária: hábitos saudáveis aplicados por uma pessoa que não tem a doença, mas deseja se prevenir. É o caso de pessoas que nunca passaram por uma cirurgia cardíaca;
  • Prevenção Secundária: quando a implementação desses mesmos hábitos objetiva prevenir que a doença evolua. É o caso do paciente que tem uma doença cardíaca e passou por um procedimento cirúrgico.

Assim, os hábitos são os mesmos, seja para a pessoa que está se prevenindo do aparecimento da doença, ou para a que se previne da evolução do seu problema de saúde. As recomendações preventivas são iguais, tendo o paciente realizado uma cirurgia cardiovascular ou não.

O objetivo é a qualidade de vida

A cirurgia não impõe uma restrição à vida do paciente. É um tratamento que visa melhorar o bem-estar, a saúde e a longevidade.

Alguns hábitos, como atividades físicas, devem ser retomados gradualmente, com auxílio do cardiologista clínico. No pós operatório imediato, o paciente deve priorizar as orientações recebidas do cirurgião cardiovascular e iniciar os chamados exercícios leves. A caminhada diária de pequenas distâncias é o ideal. Com o tempo, a intensidade do exercício pode ir aumentando, até que se chegue no que era realizado previamente. 

No entanto, é fundamental o acompanhamento clínico periódico pelo paciente depois da cirurgia cardíaca. Essa graduação dos hábitos de vida, até que se alcance uma vida absolutamente normal, varia de acordo com cada paciente, corpo e coração, e, portanto, requer acompanhamento de um cardiologista. 

Como visto, a vida depois da cirurgia cardíaca pode ser retomada sem grandes mudanças. A qualidade de vida dependerá muito mais da doença que levou o paciente a operar o coração, do que do procedimento em si. Portanto, o acompanhamento com seu cardiologista clínico depois da cirurgia cardíaca é essencial.

Circunferência Abdominal e Prevenção de Doenças Cardíacas

Circunferência Abdominal e Prevenção de Doenças Cardíacas

Mais de 1100 mortes por dia. O número é chocante, mas traduz uma realidade que precisa da nossa atenção. As doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação sanguínea são a principal causa de morte no Brasil e no Mundo. E isso pode estar diretamente relacionado aos hábitos de vida e à medida da circunferência abdominal dos pacientes.

“São cerca de 400 mil mortes por ano. E grande parte desses óbitos poderiam ser evitados ou postergados com medidas preventivas e terapêuticas. Mas, infelizmente, muitas pessoas só percebem a gravidade da situação após um evento cardíaco grave.” – Dra. Ana Teresa Glaser Carvalho, Médica Cardiologista (CRM 12083 | RQE 14741 | RQE 14740).

O sobrepeso e a obesidade estão entre os principais fatores de risco para a ocorrência de problemas cardíacos. Eles estão relacionados não só à características genéticas, mas também ao estilo de vida das pessoas.

Síndrome Metabólica

Para entender o risco que o aumento da circunferência abdominal representa para o nosso coração, é preciso conhecer a Síndrome Metabólica. Ela consiste em um conjunto de fatores de risco que se manifestam em um indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes.  

A síndrome metabólica envolve a presença de 3 ou mais dos seguintes critérios:

  • Aumento da circunferência abdominal ( > 94 cm em homens e > 80 cm em mulheres);
  • Glicemias > 100 mg/dl ou diabetes em tratamento;
  • Pressão arterial > 130/85 mmHg ou hipertensão em tratamento;
  • Triglicerídeos > 150 mg/dl;
  • HDL- colesterol < 40 em homens e < 50 em mulheres.

“O excesso de células de gordura provoca uma série de reações metabólicas inflamatórias que se espalham por todo o corpo. Isso prejudica o funcionamento dos órgãos e sistemas. Por isso a obesidade é considerada uma doença crônica e grave.” – Dra. Ana Teresa Glaser Carvalho, Médica Cardiologista (CRM 12083 | RQE 14741 | RQE 14740).

Circunferência Abdominal

Um dos principais sinais de que precisamos prestar mais atenção à nossa saúde é o aumento da circunferência abdominal. Ele significa uma maior quantidade de tecido adiposo (gordura) acumulada em nosso corpo. Especialmente aquela localizada no abdome, entre os órgãos. A chamada gordura visceral.

“É muito importante que as pessoas façam acompanhamento regular com o médico cardiologista. Nessa oportunidade, além de uma série de outros exames, o profissional poderá medir a circunferência abdominal do paciente.” – Dra. Ana Teresa Glaser Carvalho, Médica Cardiologista (CRM 12083 | RQE 14741 | RQE 14740).

Como prevenir doenças cardiovasculares 

O tratamento da síndrome metabólica e a prevenção das doenças cardíacas passa por uma mudança ampla no estilo de vida das pessoas. E, entre os objetivos, está a redução da circunferência abdominal.

Para tanto, é necessário adotar as seguintes medidas:

Consultar o médico cardiologista periodicamente: 

Muitas doenças, como a hipertensão, não apresentam sintomas, devendo ser rastreadas.  Além disso, possuímos predisposições genéticas que podem se manifestar ao longo dos anos. Reconhecê-las precocemente é fundamental para que possamos atuar na prevenção. 

Terapias como o uso de medicamentos para o controle da hipertensão arterial e do diabetes, assim como para o controle do colesterol e dos triglicerídeos, são extremamente importantes para evitar agravos à saúde.

Praticar exercícios físicos: 

Com orientação profissional, o exercício físico auxilia de forma segura na perda de peso e na redução da circunferência abdominal. Além disso, a ciência comprova que a prática regular de exercícios físicos traz inúmeros benefícios para a saúde, como: 

  • Redução da pressão arterial sistêmica; 
  • Redução do estresse;
  • Fortalecimento dos ossos e músculos; 
  • Maior sensibilidade à insulina e maior tolerância à glicose (prevenção e tratamento do diabetes);
  • Maior concentração de HDL (colesterol bom) e menor concentração de triglicerídeos e LDL (colesterol ruim);
  • Melhora a atividade sexual. 

Alimentação saudável: 

Uma dieta saudável é fundamental para a redução da circunferência abdominal. A ciência comprova que os alimentos que consumimos podem ser decisivos tanto para causar, como para prevenir doenças. 

Consumir produtos naturais como legumes, frutas, verduras, grãos, proteínas e gorduras de boa qualidade está diretamente relacionado a uma redução dos processos inflamatórios (especialmente nas artérias e intestino). 

Já o consumo de produtos industrializados, que costumam possuir muito sódio, açúcar e farinhas brancas, pode levar à carência nutricional e, ao mesmo tempo, favorece a obesidade, o aumento da circunferência abdominal e ao desenvolvimento da síndrome metabólica.

Parar de fumar: 

A cada tragada, o fumante  absorve substâncias tóxicas e inflamatórias. Entre elas, está a nicotina. Tais substâncias são despejadas no sangue do paciente e têm um efeito inflamatório. Além de provocarem diversos tipos de câncer, elas causam lesão das camadas mais internas dos vasos sanguíneos. Tal efeito inflamatório pode levar à obstrução das artérias, ao infarto do coração e ao Acidente Vascular Cerebral.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta que o tabagismo é o maior risco controlável na prevenção de doenças cardiovasculares. Os tabagistas têm de 2 a 3 vezes mais risco de sofrer um derrame( AVC), um infarto do miocárdio e doença arterial periférica. Além disso, têm 12 a 13 vezes mais risco de ter doença pulmonar obstrutiva crônica. E quando os fumantes sofrem um infarto, eles morrem mais que os não fumantes. 

Combater o Alcoolismo: 

O consumo excessivo de álcool aumenta a pressão arterial e o risco de arritmias cardíacas, aumentando o risco cardiovascular. As bebidas alcoólicas também podem provocar danos ao Sistema Nervoso Central e acúmulo de gordura no fígado. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda moderação no consumo de álcool.

Viva mais e com melhor qualidade de vida. Consulte o Médico Cardiologista regularmente e fique atento à circunferência abdominal. Os médicos da Equipe Seu Cardio estão a sua disposição. 

Sobre a Autora:

Dra. Ana Teresa Glaser Carvalho é Médica Cardiologista (CRM 12083 | RQE 14741 | RQE 14740).

Especialidades:

– Cardiologia (14741);

– Clínica Médica (14740).

Formação acadêmica:

– Graduação em Medicina pela UFPR (1992 – 1998);

– Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Governador Celso Ramos (2013 – 2015);

– Residência Médica em Cardiologia no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (2015 – 2017);

– Estágio em Ecocardiografia no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina

(2017 – 2019);

– Título de Especialista em Cardiologia pela AMB e SBC (2017).

Problemas na Valva Mitral: quando e qual cirurgia fazer

Problemas na Valva Mitral: quando e qual cirurgia fazer

A cirurgia para o tratamento dos problemas na valva mitral consiste em dois tipos. Há as trocas valvares e a cirurgia de reparo da valva. Essa última, chamada plastia valvar, vem ganhando grande importância na área médica.

As doenças crônicas que acometem a valva mitral dividem-se em dois grandes grupos. Em um, estão  as doenças degenerativas da valva, cujo tratamento principal é a plastia. No outro, estão as doenças relacionadas às consequências das lesões causadas na valva pela  doença reumática.

A doença reumática, quando acomete as valvas cardíacas, costuma comprometer pacientes mais jovens. Normalmente, não é possível a realização da plastia nesses casos. Principalmente, devido à calcificação da valva, às vezes associada a severas retrações.  Por isso, para os problemas na valva mitral relacionados às doenças reumáticas, a indicação mais frequente é a troca valvar por uma prótese.

Por que a plastia mitral tem um resultado ruim nas sequelas da doença reumática? A seguir, Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893), cirurgião Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital SOS Cárdio, esclarece essa questão.

Plastia da Valva Mitral 

A plastia nada mais é do que um reparo na valva mitral que estava doente. Esse reparo pode ser feito de algumas maneiras. Uma opção é corrigir o tecido degenerado dessa valva. 

“A valva mitral tem determinadas estruturas que se assemelham às cordas de paraquedas. Elas podem ser encurtadas, alongadas ou substituídas quando o problema da valva mitral se relaciona a um defeito dessas cordas”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Normalmente, na cirurgia de plastia, após a correção dos problemas da valva mitral, é colocado um anel em torno dela. O objetivo desse procedimento é elevar a durabilidade da plastia. Esse anel não deteriora, como ocorre com as próteses biológicas. Além disso, dispensa o uso de anticoagulantes após a cirurgia.

A plastia valvar é o principal tratamento para os casos de insuficiência mitral degenerativa. As técnicas aplicadas no procedimento cirúrgico são definidas de acordo com o problema que está comprometendo o bom funcionamento da valva mitral.

Neste post com vídeo aqui, Dr. Sergio aborda os aspectos cirúrgicos da plastia da valva mitral.

Prótese Valvar Mitral

Quando não é possível fazer a plastia para a correção dos problemas na valva mitral, a alternativa é realizar a colocação de uma prótese valvar. Essa prótese pode ser tanto biológica quanto mecância

Próteses Valvares Biológicas em Posição Mitral

A grande diferença das próteses biológicas para a troca da valva mitral em relação à troca da valva aórtica é a durabilidade. As próteses biológicas duram menos na posição mitral. Isso se deve ao fato de a valva mitral trabalhar com maior pressão do que a valva aórtica, no seu regime de fechamento. Em razão disso, o processo degenerativo, comum das próteses biológicas usadas na posição mitral, é mais acelerado.

No entanto, apesar da duração menor, as próteses biológicas em posição mitral obedecem ao padrão de funcionamento da valva em posição aórtica. Assim, quanto mais idoso o paciente, mais lento é o processo degenerativo. Por essa razão, o recomendado para pacientes de maior idade é a utilização de próteses biológicas em posição mitral.

Próteses Valvares Mecânicas em Posição Mitral

Já os pacientes para os quais é orientado o uso de próteses mecânicas em posição mitral é necessário um cuidado maior com a questão do uso de anticoagulante devido ao risco de trombose. O risco de trombose em posição mitral é maior que o risco em posição aórtica.

“Essas questões relacionados à troca de valva mitral, ou seja, uma durabilidade menor das próteses biológicas em posição mitral, quando comparadas com as próteses aórticas, e a exigência de um controle maior com anticoagulação para as próteses mecânicas, quando comparadas com a prótese aórtica, fazem da doença valvar mitral uma doença que requer muito mais critério na tentativa de se buscar a plastia e conservação da valva nativa do paciente. Por isso, as técnicas de plastia vem se desenvolvendo cada vez mais. Atualmente, há uma tentativa de se retardar ou evitar ao máximo a colocação de uma prótese mitral”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Os avanços da Medicina são necessários especialmente quando o paciente é jovem. A razão disso é outra questão abordada a seguir.

Problemas na Valva Mitral em Pacientes Jovens

Quanto mais jovem o paciente com doença valvar mitral, mais complexa é a questão. Afinal, caso necessite de uma prótese, a durabilidade não será longa se a prótese for biológica. Por outro lado, sendo a prótese mecânica, há a necessidade do uso do anticoagulante por toda a vida, que no caso específico do paciente jovem representa um longo período.

Conforme já foi mencionado anteriormente, o paciente jovem com problemas na valva mitral geralmente é o que apresenta doença reumática. Sendo assim, é o perfil de paciente em que a plastia dificilmente servirá para solucionar o problema.

Por esta razão, a indicação médica é para que seja feito o controle rigoroso das infecções de garganta nas crianças, já que essas infecções são os principais desencadeadores da doença reumática. 

“A sugestão para os pais é para que sempre discutam com os pediatras a respeito desse cuidado”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Também é importante que todo paciente que vai se submeter a uma cirurgia cardíaca receba as orientações adequadamente. Aqui em nosso site dispomos de muitos ebooks gratuitos. Especialmente no caso das cirurgias para tratamento de problemas na valva mitral e aórtica, recomendamos a leitura do ebook Valvas Cardíacas: tudo o que você precisa saber. Este e outros materiais estão disponíveis a todos os pacientes e seus familiares, gratuitamente.

 

CTA - Doenças Valvares

*Artigo produzido com base em entrevista com o cirurgião cardiovascular Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893) e publicado originalmente em https://soscardio.com.br/valva-mitral-plastia-troca/.

Risco de infarto em mulheres fumantes e que usam pílula 

Risco de infarto em mulheres fumantes e que usam pílula 

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres de 30 a 69 anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, sendo responsável por maior número de mortes do que o câncer. O infarto é segunda doença responsável por essas mortes e o acidente vascular cerebral é a primeira. Estima-se que o risco de morte por infarto em mulheres é 50% maior do que nos homens. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres adultas estão propensas a desenvolver doenças cardiovasculares. A combinação cigarro e uso da pílula é um dos fatores de risco que contribuem para esse dado alarmante. 

Risco maior de infarto em mulheres fumantes e que usam pílula 

O infarto do miocárdio ocorre quando há obstrução das artérias coronárias, impedindo que o sangue chegue até o músculo cardíaco. Os fatores de risco que podem levar à formação de placas e obstrução das artérias são: 

Nas mulheres, o risco de infarto é duas vezes maior quando a mulher é fumante e usa pílula anticoncepcional. A combinação cigarros e pílula aumenta significativamente o risco de formar coágulos no interior das artérias e veias. Da mesma forma, é importante lembrar que a fumante passiva também apresenta maior risco cardiovascular. 

O cardiologista Jamil Schneider alerta que essa combinação é muito perigosa, principalmente nas mulheres que já possuem um risco cardíaco pré-existente. 

“Mulheres hipertensas e diabéticas, por exemplo, já possuem condições que por si só já aumentam o risco de infarto. Esses dois fatores, quando associados ao cigarro e à pílula anticoncepcional. acabam aumentando ainda mais esse risco” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista em Florianópolis/SC.

De acordo com a OMS, o infarto do miocárdio é mais fatal nas mulheres do que nos homens. Além disso, os sintomas também são diferentes nas mulheres. Enquanto que nos homens prevalece uma forte dor no peito que irradia para os braços, elas costumam sentir náusea, fraqueza, dores gástricas e falta de ar. Sintomas que podem facilmente ser confundidos com outras doenças. 

Trombose, Embolia Pulmonar e AVC 

Além do risco de infarto em mulheres fumantes que usam anticoncepcional ser maior, são maiores também os riscos de outros graves problemas de saúde. 

A trombose venosa é um deles, que ocorre quando há formação de coágulos nas veias das pernas e do abdômen. Esse quadro pode evoluir para embolia pulmonar, quando o coágulo de desloca até os pulmões. Trata-se de uma condição de saúde que requer atendimento imediato. 

“A mulher fumante tem um risco maior de doenças nas artérias das pernas, que ficam mais propensas à formação de placas de gordura. Em última análise, levarão à obstrução dessas artérias, dificultando a chegada de sangue para os membros inferiores. Além disso, aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC).” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista em Florianópolis/SC. 

Prevenção é o melhor remédio 

De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Cultivar hábitos de vida saudáveis, com alimentação adequada, prática de atividades físicas regulares e, também, visitar o médico cardiologista regularmente, são atitudes que podem minimizar os riscos. 

Já para as mulheres em idade fértil que fazem uso da pílula como método contraceptivo – e ainda são fumantes – fica o alerta. Afinal, o risco de infarto em mulheres nessa situação é maior. Assim, uma conversa franca com o médico de confiança pode ser útil para decidir por qual caminho seguir. A recomendação é especialmente importante para as mulheres que já têm outros fatores de risco associados. Além disso, parar de fumar é sempre uma boa opção para a saúde. 

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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Síndrome de Marfan: o que é, causas e tratamentos

Síndrome de Marfan: o que é, causas e tratamentos

A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária rara do tecido conjuntivo. Ela atinge uma em cada 3 a 5 mil indivíduos. Os dados são da Associação Marfan Brasil, fundação criada para conscientização e estudos sobre a doença. No Brasil, estima-se cerca de 150 mil casos por ano. 

O coração, os olhos, os ossos e os vasos sanguíneos são os órgãos que podem ser acometidos pela síndrome. Também pode ocorrer envolvimento dos pulmões, pele e sistema nervoso central. Uma característica comum entre os portadores da doença é que todos são altos, magros, com braços, pernas e dedos dos pés e das mãos longos. 

O tecido conjuntivo é uma estrutura resistente e normalmente fibrosa, que une as estruturas e oferece sustentação e elasticidade ao corpo. Na Síndrome de Marfan, ocorre uma mutação na fibrilina, proteína que auxilia o tecido conjuntivo a manter a sua força. Origina-se, assim, o enfraquecimento do tecido conjuntivo. 

É comum que as pessoas com Síndrome de Marfan só venham a apresentar sintomas na vida adulta. Muitas delas, nunca percebem os sintomas, que podem variar de leves a graves. 

Problemas Cardiovasculares da Síndrome de Marfan 

 

A dilatação da raiz da aorta (início da aorta), levando à formação de aneurisma, dissecção e insuficiência da valva aórtica, é a principal causa de morbidade e mortalidade nesta síndrome. 

“Uma complicação muito grave é a dissecção aórtica. Se não for tratada de forma adequada, pode levar à morte em poucas horas.” – esclarece o cardiologista Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874).

Aproximadamente 60-80% dos adultos com Síndrome de Marfan apresentam dilatação da raiz da aorta. 

Além disso, pode ocorrer também uma insuficiência da valva aórtica, que fica localizada na saída do coração. Ela se abre para o sangue sair do coração e se fecha para evitar que o sangue retorne. Com a aorta dilatada, o anel da válvula aórtica também se dilata. Assim,a válvula não consegue se fechar adequadamente. Isso pode levar a um refluxo de sangue da aorta para dentro do coração. 

“O tipo de tratamento depende da gravidade do problema que o portador da Síndrome de Marfan apresenta. Em geral, se o paciente tem uma dilatação da aorta que ainda não atingiu um limite importante, segue apenas acompanhando com seu cardiologista. Quando o aneurisma já passou de um determinado tamanho, precisa ser corrigido, porque o risco de romper é maior. Ou, se tem uma insuficiência da válvula aórtica e está voltando sangue em grande quantidade para o coração, também é necessária uma intervenção para a correção do problema.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista. 

Olhos, Pulmões e Ossos 

 

A Síndrome de Marfan também provoca uma alteração no cristalino do globo ocular. O deslocamento do cristalino causa uma miopia muito forte. Além disso, a retina também pode se deslocar. Essas duas situações, quando associadas, podem causar a perda da visão. 

Nos pulmões, pode surgir o aparecimento de cistos. Essas estruturas podem se romper e encher de ar os espaços em volta do pulmão, causando dor e falta de ar. 

No entanto, as alterações musculoesqueléticas da Síndrome de Marfan são as mais visíveis. São pessoas muito altas e magras, com os braços, pernas e dedos das mãos e dos pés longos. O esterno, osso do tórax, geralmente afunda ou se sobressai. Como as articulações são muito flexíveis, pode ocorrer uma curvatura na coluna vertebral (cifoescoliose), bem como o surgimento de hérnias. 

Convivendo com a Síndrome de Marfan 

 

A Síndrome de Marfan não tem cura, pois não existe ainda uma maneira de reparar as anomalias do tecido conjuntivo. Dessa forma, o principal objetivo do tratamento das doenças decorrentes da síndrome é prevenir e tratar o surgimento de complicações mais graves. Entre elas, estão os problemas cardiovasculares. Por isso, é importante estar atento aos sintomas e procurar ajuda médica. Em alguns pacientes há necessidade de cirurgia para corrigir os problemas que acometem a aorta. 

Informação de qualidade é de grande valia para os portadores da Síndrome de Marfan e seus familiares. Por se tratar de uma doença hereditária, buscar aconselhamento genético pode ajudar a esclarecer sobre sintomas, complicações e tratamentos. É importante avaliar se os demais parentes de primeiro grau são portadores desta síndrome para avaliar possíveis alterações que possam trazer complicações futuras. 

É muito importante manter a pressão arterial dentro de níveis da normalidade para tentar prevenir uma maior dilatação da aorta. Quanto às atividades físicas, é importante o aconselhamento médico para avaliar o tipo e intensidade indicados. 

Para as mulheres portadoras da Síndrome de Marfan que desejam engravidar, em algumas ocasiões, a cirurgia para correção dos problemas que envolvem a aorta é necessária. A medida visa evitar futuras complicações que podem ocorrer durante o período gestacional.

 

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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