O anticoagulante é amplamente utilizado para prevenir eventos tromboembólicos em doenças cardiovasculares. Para os pacientes que passam por cirurgia de implante de válvula cardíaca, é prescrito para impedir a formação de coágulos (trombos) na prótese. Neste post, escrito pelo médico Hematologista Dr. Guilherme Genovez (CRM-SC 3798 RQE 8599), você saberá mais sobre o tema.

Anticoagulante e o Tipo de Prótese

Existem dois grandes grupos de próteses valvares: mecânicas e biológicas. A decisão de usar um ou outro tipo de prótese valvar depende das características e hábitos de vida de cada paciente.

As próteses valvares biológicas são menos trombogênicas. Ainda assim, nos primeiros três meses após o implante, é indicado o uso de medicação anticoagulante. Em geral, depois desse tempo o organismo já se adaptou à prótese e não há mais necessidade de manter a prescrição.

Já as próteses mecânicas, embora ofereçam maior durabilidade, demandam o uso contínuo do anticoagulante. Na ausência do medicamento, este tipo de prótese valvar cardíaca expõe os pacientes a riscos elevados de  tromboembolismo. Na posição mitral, o risco de formação de trombos (coágulos) dobra em relação à posição aórtica.  

Por isso, pacientes com próteses mecânicas, independente se em posição mitral ou aórtica, precisam do anticoagulante. A adesão ao tratamento é fundamental, assim como a disciplina do paciente em tomar o medicamento corretamente.

Efeitos Colaterais

Apesar do importante papel na prevenção da formação de trombos, o anticoagulante possui efeitos colaterais. A principal complicação associada o medicamento é o sangramento excessivo ou hemorragia em qualquer parte do corpo.

Por isso, é imprescindível que o médico seja comunicado sempre que houver alguma intercorrência. A exemplo: quedas, acidentes, “manchas roxas” em grande quantidade ou tamanho, sangramentos na boca e narinas.

Controle Mensal do Nível de Coagulação Sanguínea

Além de tomar o anticoagulante corretamente, os pacientes portadores de válvulas mecânicas precisam realizar exames laboratoriais periódicos de controle. A avaliação inclui o  tempo de atividade da protrombina (TAP) e a conversão dos resultados obtidos em INR (International Normalized Ratio) ou RNI.

Com esses dados, é possível determinar a dose adequada de anticoagulante oral, que varia de pessoa para pessoa.

Atenção à Dieta

A ação terapêutica dos anticoagulantes pode ser influenciada por diversas condições que alteram a sua absorção e metabolismo. Alguns alimentos e suplementos podem interferir na eficácia dos anticoagulantes.

Após a prescrição da dose do anticoagulante, é recomendado consultar o médico antes de fazer importantes alterações na dieta alimentar. Isso porque alguns alimentos podem alterar o processo de coagulação, sendo necessário reavaliar a dose do anticoagulante.

A vitamina K é um exemplo desta interação. Ela colabora com o processo de coagulação sanguínea. Por isso, o consumo de alimentos ricos em vitamina K deve ser acompanhado. Não é necessário restringir o seu consumo, mas sim manter a mesma quantidade ingerida todos os dias. Dessa forma, a interação com o anticoagulante será sempre a mesma, e a dose prescrita pelo médico deve considerar esse consumo.

Entre os exemplos de alimentos ricos em vitamina K estão: folhas verdes (couve, brócolis, espinafre, alface, couve de bruxelas, repolho), chá verde, fígado, miúdos de frango (fígado, moela, coração) e alguns óleos vegetais.

Interação Medicamentosa

Alguns medicamentos também interferem na ação do anticoagulante. Podem aumentar ou reduzir o seu efeito. Exemplos clássicos que aumentam bastante o efeito do anticoagulante são a Aspirina e os agentes anti-inflamatórios, como a Dipirona. Elevam, assim, o risco de hemorragia.

Por isso, sempre que uma nova medicação foi prescrita, deve ser comunicada ao Cardiologista ou ao médico Hematologista que acompanha o paciente. É fundamental que o profissional tome conhecimento da nova prescrição para poder ajustar a dose do anticoagulante, se necessário.

*Dr. Guilherme Genovez (CRM-SC 3798 RQE 8599) é Hematologista com forte atuação e projeção em Santa Catarina. Atua no Centro de Hemoterapia e Hematologia de Santa Catarina (HEMOSC), no Hospital Governador Celso Ramos, no Hospital de Caridade Nosso Senhor dos Passos, é Assessor Médico do Laboratório Santa Luzia, Médico Hematologista da Clínica SOS Cardio e Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina.

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Equipe Seu Cardio
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