Estresse como Fator de Risco para o Coração – Por Dr. Jamil Cherem Schneider – CRM/SC 3151 RQE 2874*

Estresse é sinônimo de desequilíbrio. Ele acontece quando um indivíduo precisa suprir alguma demanda (física e / ou psicológica), acima da sua capacidade. Essa falha, e todo transtorno gerado por ela, pode ter consequências graves para o coração. Especialmente quando o estresse acontece de forma contínua.

O Mecanismo do Estresse

Imagine que você vive em uma floresta cercado de animais. No caso de algum ataque, você precisará reagir rápido. Em questão de segundos, o seu corpo deve sair do estado de tranquilidade e ficar pronto para lutar ou fugir. Este mecanismo de ativação para a sobrevivência, e que todos nós herdamos dos nossos antepassados, chama-se sistema nervoso simpático.

Para mandar mais sangue e oxigênio para os nossos músculos e para o cérebro (para que fiquem prontos para lutar ou fugir), o sistema nervoso simpático libera estímulos elétricos e hormonais (adrenalina e cortisol, por exemplo). Estes hormônios fazem a pressão arterial e a frequência cardíaca subirem. A ventilação pulmonar aumenta, as pupilas dilatam e o baço libera mais hemácias, para o transporte de oxigênio.

“Hoje, observamos que as cobranças do dia-a-dia das grandes cidades faz com que as pessoas estejam sempre estressadas. O estresse, que antigamente acontecia em momentos críticos, virou rotina. Por isso ele é hoje um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas”. (Dr. Jamil Cherem Schneider CRM-SC 3151 RQE 2874)

Risco do Estresse para Doenças Cardíacas

A exposição diária a situações de estresse faz com que ocorra liberação intensa de hormônios, como o cortisol e a adrenalina.

Em situações de constante estresse, a alta taxa de cortisol no sangue pode levar ao acúmulo de gordura no fígado, ao excesso de açúcares no sangue, ganho de peso, além da perda de massa óssea e muscular.

Além do cortisol, o estresse provoca uma liberação excessiva de adrenalina, que aumenta os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Em pacientes que já possuem problemas cardíacos, essa cadeia de reações, de forma contínua e ao longo de anos, pode culminar em eventos cardiovasculares como infarto.

“Estes são os efeitos diretos do estresse, relacionados à liberação descontrolada de  hormônios que, de maneira crônica, é prejudicial para a nossa saúde. Estes hormônios seriam para a nossa própria defesa, mas acabam por colocar em risco a nossa saúde como um todo quando liberados por longos períodos” (Dr. Jamil Cherem Schneider CRM-SC 3151 RQE 2874)

Outro fator que coloca em risco a saúde das pessoas são os hábitos da vida moderna. Entre eles, a alimentação inadequada, o sedentarismo e a falta de sono, cada vez mais comuns e poucos saudáveis.  

Alimentação, exercícios e sono

Pessoas estressadas tendem a comer mais e com menos qualidade. O cortisol pode aumenta a vontade de ingerir açúcar e gordura. A alimentação com produtos industrializados, ricos em gorduras trans, gorduras saturadas, açúcares e sal, reflete diretamente na saúde do coração.

Além de aumentar a pressão arterial e as chances de Diabetes, uma alimentação descontrolada favorece o acúmulo de colesterol e a formação de placas de gordura nas artérias. Uma condição favorável a um evento, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

As pessoas cronicamente estressadas também realizam menos exercícios físicos. O efeito cardioprotetor da atividade física sobre a incidência de doenças cardiovasculares e morte súbita é conhecido desde a década de 1950. O exercício melhora a sensibilidade à insulina, aumenta o catabolismo de lipídios, melhora complacência arterial e função endotelial, mantém a densidade mineral óssea e capacidade metabólica muscular com o envelhecimento. A Organização Mundial da Saúde recomenda, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada por semana.

O sono também tem um papel importante durante os episódios de estresse e depressão. Já está comprovado que pessoas que NÃO dormem bem, têm mais chances de sofrer com problemas do coração. Durante o sono, acontecem os seguintes fenômenos, de fundamental importância para a manutenção do nosso organismo:

  • Redução da pressão arterial,
  • Redução da frequência cardíaca;
  • Modulação hormonal.

“No momento em que a gente dorme, os hormônios, como o cortisol, sofrem uma regulação para baixo. Isso é importante para o nosso organismo não ficar cronicamente exposto a um hiperestímulo”. (Dr. Jamil Cherem Schneider CRM-SC 3151 RQE 2874)

Normalmente, uma hora antes de acordarmos, os níveis de cortisol e adrenalina já começam a subir no sangue. A pressão e a frequência cardíaca aumentam. É importante que o corpo esteja descansando para enfrentar todas as tarefas do dia-a-dia novamente e com qualidade.

Cuidar do coração pode envolver a necessidade de uma mudança de estilo de vida. Evite o estresse, adote hábitos saudáveis de vida, cuide da sua saúde como um todo, e viva melhor.

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Diretor do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC). Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atualmente atua na clínica Prevencordis, no Instituto de Cardiologia e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

Equipe Seu Cardio
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