Por Dr. Evandro de Campos Albino CRM-SC 5478 RQE 3297 e Dr. Guilherme M. Monteiro CRM-SC 15796 RQE 11808*

A Ressonância Magnética (RM) é um exame de imagem não invasivo e sem a utilização de radiação ionizante. Através dela, é possível realizar avaliação de Doenças Cardíacas com alta acurácia diagnóstica. Essa precisão vem colaborando cada vez mais com a Cardiologia, no diagnóstico e na condução de pacientes com cardiopatias. E o mais importante é que o método tem demonstrado excelente valor prognóstico, ou seja, as informações adquiridas permitem determinar o risco futuro do paciente em estudo.

As imagens geradas pela Ressonância Magnética são naturais, formadas através da relação entre o magneto e as bobinas, que interagem com o corpo da pessoa, formando as imagens. As moléculas estimuladas são de hidrogênio, escolhidas por se encontrarem em grande abundância no nosso organismo. Considerado um exame altamente seguro, com o contraste utilizado sendo o Gadolíneo, que tem um perfil de segurança muito alto, com raríssimas reações adversas.

Na Cardiologia, inicialmente a Ressonância Magnética era mais utilizada nos casos de cardiopatias congênitas, doenças da aorta, tumores e doenças do pericárdio, em razão da precisão das informações anatômicas fornecidas pelas imagens de alta definição. Através do exame, é possível fazer uma avaliação completa do coração em qualquer plano, sem limitações.

Nos últimos anos, contudo, a Ressonância Magnética vem conquistando um espaço cada vez maior na Medicina. O desenvolvimento da tecnologia permitiu progressos importantes na qualidade da imagem, na sua aquisição e no tempo do exame.

Em especial  na Cardiologia, o progresso foi muito grande. Atualmente, a RM permite, além da avaliação anatômica, uma  avaliação funcional do coração, seja para pesquisa de  isquemia miocárdica, fibrose, inflamação e, até mesmo, metabolismo. São muitas informações valiosas em um único exame. Com esta preciosa avaliação tecidual, a Ressonância Magnética tem sido cada vez mais utilizada na avaliação da Doença Coronariana, aquela que mais prevalece e preocupa a Cardiologia nos dias atuais.   

Aplicações da Ressonância Magnética na Cardiologia

Isquemia

Em pessoas com dor torácica, com exame de esforço alterado ou que já tiveram algum infarto, a Ressonância Magnética consegue avaliar, com precisão e segurança, a presença de isquemia e fibrose. A acurácia é muito alta e os últimos estudos têm mostrado sua superioridade em relação a outros exames não invasivos. Um resultado que não aponte isquemia ou fibrose, por exemplo, tem um valor prognóstico muito grande, ou seja, o risco de a pessoa desenvolver a doença nos próximos cinco anos é inferior a 2%, aproximadamente. Também consegue avaliar e quantificar, em gramas, a área de infarto, o que tem valor prognóstico.

Infarto e fibrose

Vale destacar o uso fundamental da Ressonância na avaliação de viabilidade do músculo cardíaco nos casos de pós-infarto. Com o exame, o médico pode ver se o músculo ainda é viável após um infarto do miocárdio, uma avaliação importante na programação de uma Cirurgia Cardíaca de Revascularização do Miocárdio ou Angioplastia Coronária. A presença de fibrose ,identificada pela RM,é preditora de risco cardíaco aumentado e sua identificação tem sido ferramenta eficaz no planejamento do tratamento de Arritmias Cardíacas.

Miocardiopatias

Existem várias formas de Miocardiopatias, que são as doenças do músculo cardíaco. A Ressonância Magnética é um exame fundamental na identificação da causa dessas doenças como, por exemplo: doenças causadas por impregnação de ferro, Amiloidose, Sarcoidose, Displasia de Ventrículo Direito, Miocardiopatia Dilatada, Hipertrófica, dentre outras. No caso de suspeita de Miocardiopatia Hipertrófica, a Ressonância Magnética tem se mostrado fundamental, pois além de confirmar e avaliar a extensão da doença, pode avaliar em gramas a quantidade de fibrose que, após estudos recentes, se tornou fundamental para guiar a conduta do Cardiologista.

Miocardite

Quando há a suspeita de Miocardite, a RM se torna fundamental tanto para o diagnóstico como para o prognóstico. Através da avaliação tecidual do coração, o exame permite identificar edema e fibrose de origem inflamatória com alta acurácia. Possibilita, também, avaliar o comprometimento da função cardíaca.

Tumores Cardíacos

A avaliação tecidual da Ressonância Magnética também permite ver e diferenciar os diferentes tumores, sejam malignos ou benignos, e fazer o diagnóstico diferencial com possíveis trombos ou outras patologias. Um exemplo de tumor, o mixoma cardíaco, tem seu diagnóstico beneficiado pela ressonância magnética do coração.

Qualquer pessoa pode fazer Ressonância Magnética?

A Ressonância Magnética cardíaca leva em torno de 40 minutos. Em pessoas com claustrofobia (cerca de 10% dos casos), pode ser aplicada uma pequena sedação. As contraindicações são para pacientes com clips cerebrais, implantes cocleares e alguns tipos de marcapasso (geralmente os mais recentes são compatíveis). Pessoas com stents ou próteses valvares metálicas podem fazer o exame sem preocupação. No caso de crianças, se forem muito pequenas, pode ser necessário uma leve sedação, enquanto que em crianças maiores já não é mais necessário.

*Dr. Evandro de Campos Albino (CRM 5478 SC  RQE 3297) é Cardiologista e Responsável pelo Setor de Tomografia e Ressonância Magnética Cardíaca da Clínica Imagem, em Florianópolis. Dr. Guilherme Maia Monteiro (CRM 15796  RQE 11808) é Cardiologista e Médico do Setor de Tomografia e Ressonância Magnética Cardíaca da Clínica Imagem.

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ressonância magnética

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