A Fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca é uma recomendação importante e adotada por muitos hospitais. A mobilização precoce do paciente contribui sobremaneira para a sua recuperação.

Hoje, de acordo com estudos científicos, sabe-se que os pacientes que ficam imóveis na UTI têm muito mais prejuízos do que aqueles que se movimentam ou que são estimulados. O papel da Fisioterapia é justamente esse: levar o movimento para os pacientes.

“Cada dia em que o paciente fica imóvel na UTI representa perda de massa muscular. Isso prejudica muito a recuperação.” – Fisioterapeuta Voldiana L. Pozzebon Schneider (CREFITO 80155/F).

Mobilização Precoce

O ideal é que o atendimento Fisioterápico no pós-operatório de cirurgia cardíaca aconteça em menos de 12 horas após o procedimento, para todos os pacientes. No entanto, o tipo de intervenção muda de acordo com o caso. Em algumas pessoas, a Fisioterapia é feita de forma passiva. Já em outros, de forma ativa.

  • Fisioterapia passiva: aplica-se aos casos de pacientes sedados, por exemplo. O profissional de fisioterapia movimenta o paciente para que ele não sofra sequelas por conta da imobilidade.
  • Fisioterapia ativa: com a pessoa acordada, o fisioterapeuta estimula que o paciente realize exercícios motores e respiratórios com iniciativa própria, mas com orientação.

Benefícios da Fisioterapia no Pós-operatório

Prevenção é a palavra chave quando falamos de Fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Os benefícios são vários. Com os estímulos, é possível prevenir complicações circulatórias como a Trombose Venosa, por exemplo. Mantém-se também a integridade das articulações, como as dos joelhos, quadris e braços – especialmente em pacientes idosos, que já possuem comorbidades como artrite e artrose.

A cirurgia cardíaca têm por característica a abertura do tórax. Esta abertura modifica todas as pressões internas existentes na região torácica. Por isso, os exercícios respiratórios são tão importantes, pois evitam pneumonias, atelectasia  e outros problemas.

“Pacientes que não são estimulados a modificar o volume corrente pulmonar podem reter e acumular secreção. Sem o estímulo da tosse – que muitas vezes os pacientes evitam por medo – a secreção se acumula e pode provocar atelectasia, que é o fechamento de áreas pulmonares.” – Fisioterapeuta Voldiana L. Pozzebon Schneider (CREFITO 80155/F).

Em muitos casos, os pacientes têm capacidade para respirar, mas, por conta até mesmo do medo, eles fazem isso de forma muito superficial. Ter um profissional por perto, que auxilia na respiração após a cirurgia cardíaca, dá mais segurança na volta à vida normal.

Na parte neurológica, as atividades motoras e respiratórias também oferecem um grande ganho. Com o movimento, o paciente costuma ficar lúcido mais rapidamente. Toma consciência do próprio corpo e passa a colaborar com a equipe multidisciplinar responsável pelos cuidados no pós-operatório. Os casos de delirium’s, comuns em UTIs, reduzem drasticamente.

Progressão

O ideal é que as sessões de Fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca sejam realizadas duas vezes por dia. A duração varia bastante, de 15 minutos até uma hora. Já no segundo dia, muitos pacientes saem da cama e sentam na cadeira ou até mesmo caminham pela UTI.

A medida que os dias passam, a intensidade dos exercícios também aumenta. Depois da UTI, no quarto, os exercícios respiratórios são mais exigidos e as caminhadas ganham mais ritmo. Tudo, claro, orientado conforme cada caso pelo Fisioterapeuta.

No quinto ou sexto dia do pós-operatório de cirurgia cardíaca, as voltas no corredor podem incluir a subida e descida de escadas. É recomendado que todos os pacientes subam um ou dois lances de escadas antes da alta hospitalar. Assim, além do condicionamento físico, psicologicamente também vencem o medo do esforço que costuma ser exigido no cotidiano de todos.

O objetivo central da Fisioterapia no pós-operatório da cirurgia cardíaca é preparar os pacientes para a alta hospitalar, para que tenham uma vida tranquila em casa. Isso envolve, inclusive, treinar as pessoas para dormir da forma correta e deitar e sair da cama sem prejuízos, por exemplo.   

“A Fisioterapia reduz dores nas costas e a necessidade de tomar remédios. Com isso, os efeitos colaterais dos analgésicos, por exemplo, também são reduzidos.” –  Fisioterapeuta Voldiana L. Pozzebon Schneider (CREFITO 80155/F).

A Volta para Casa

Em casa, os exercícios – quando necessários – devem ser feitos sob orientação profissional. As recomendações gerais envolvem:

  • Caminhadas: devem ser diárias, com cerca de 15 a 20 minutos e em terreno plano. Estas caminhadas podem ser parceladas, com 10 minutos pela manhã e 10 minutos à tarde. No entanto, deve-se evitar terrenos irregulares ou inclinados.
  • Permanecer fora do leito: ao contrário do que era proposto antigamente, sabe-se hoje que os pacientes não devem ficar na cama, convalescendo. É indicado movimento. Por isso, recomenda-se que o paciente seja ativo em casa. Se tiver sede, por exemplo, não deve pedir para alguém buscar água. Ele mesmo deve fazer isso.

Pacientes que demandam maior cuidado são encaminhados pelo profissional de Fisioterapia a serviços profissionais de reabilitação. Nestes casos, mais do que nunca, os exercícios precisam ser supervisionados em termos de pressão arterial, frequência cardíaca e sintomas. O acompanhamento, em geral, dura cerca de três meses. A Fisioterapia ou a Reabilitação também podem ser realizadas em ambiente domiciliar. É uma questão a ser definida caso a caso.

A Fisioterapia no pós-operatório da cirurgia cardíaca pode antecipar a retomada da autonomia e da independência do paciente. Com exercícios motores e respiratórios, o paciente volta à vida normal mais rápido e com mais segurança.

*Voldiana L. Pozzebon Schneider (CREFITO 80155/F) é Fisioterapeuta graduada pela Universidade Estadual de Santa Catarina, especialista em Terapia Intensiva pela ASSOBRAFIR, Pós-graduada em Geriatria e Gerontologia pelo CBES e sócia da Fisiocárdio, empresa responsável pelo serviço de Fisioterapia do Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis/SC.

 

Equipe Seu Cardio
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