Histórico Familiar e Doenças do Coração

Histórico Familiar e Doenças do Coração

Diversos fatores podem levar uma pessoa a desenvolver doenças do coração – sejam elas nas válvulas, no músculo cardíaco, no circuito elétrico do órgão ou nos vasos sanguíneos adjacentes. Entre os principais fatores de risco para doenças cardíacas, estão o histórico familiar, a idade e os aspectos relacionados com o nosso estilo de vida. 

“A idade é um fator inexorável. A medida que envelhecemos, vários processos degenerativos se manifestam, como o acúmulo de cálcio nas válvulas cardíacas que leva a doenças como a estenose aórtica”, que é cada vez mais prevalente com o aumento da expectativa de vida da população. Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Já as pessoas sedentárias, que fumam e se alimentam de forma inadequada, desencadeiam em seu organismo uma série de reações inflamatórias. Isso pode fazer com que, mesmo jovens ou sem histórico familiar, estas pessoas adquiram fatores de risco para problemas do coração. Entre os mais comuns estão:

“Estes fatores de risco adquiridos estão intimamente relacionados com a ocorrência de vários problemas como os Infartos do Coração, Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), Aneurismas da Aorta Abdominal e obstruções das artérias das pernas, por exemplo. Mesmo as pessoas sem histórico na família podem ter essas doenças” Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Já as pessoas com histórico familiar de problemas cardiovasculares são ainda mais predispostas e precisam ter cuidados redobrados – inclusive na infância. É o que veremos a seguir.

Histórico Familiar

O fator genético pode contribuir significativamente para a ocorrência de problemas do coração. Em decorrência deste fato, mesmo as pessoas que se exercitam, se alimentam bem e não possuem vícios como o tabagismo, podem apresentar naturalmente risco elevado para hipertensão, diabetes e colesterol alto.

“Muitos destes indivíduos com histórico familiar para doenças do coração terão a manifestação de doença cardiovascular em idades mais precoces. Isso contribui para uma maior mortalidade e diminuição da capacidade laboral em fases mais precoces da vida” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Por isso, mesmo que não tenha sintomas, consultar um médico cardiologista é fundamental. Assim, é possível conhecer o seu perfil e os riscos de desenvolver algum problema do coração. Conhecer os riscos é essencial para adotar as devidas medidas de prevenção o quanto antes.

Grau de Parentesco

De forma geral, para compreendermos os riscos do histórico familiar, é importante ter em mente o grau de parentesco dos familiares que tiveram manifestações de doença cardiovascular, tal como o infarto do miocárdio, e a idade com que eles adoeceram.

  • Histórico de Doenças do Coração em Pais e Filhos:

    Pais e filhos são considerados parentes de primeiro grau. Caso o pai ou a mãe tenha algum problema do coração, as chances dos filhos nascerem com essa característica é bastante alta. Se a disfunção estiver presente nos dois lados da família, as chances são ainda maiores.

  • Histórico de Doenças do Coração em Avós e Irmãos:

    Avós e irmãos são considerados parentes de segundo grau. Nesses casos, as chances de herdar uma característica genética é menor, mas ainda muito presente. Se você possui avós com histórico de doença cardíaca precoce ou irmãos diagnosticados precocemente, a atenção precisa ser redobrada.

Idade da Manifestação do Problema Cardíaco

Como vimos, o processo de envelhecimento pode levar à problemas do coração. Isso pode ser algo natural e não estar necessariamente ligado à fatores genéticos. Contudo, se os seus parentes adoecem cedo, isso pode indicar um forte traço genético.

  • Familiares com Doença Cardíaca aos 55 / 65 anos:

    Caso o pai do paciente tenha sofrido com problemas do coração antes dos 55 anos de idade, ou a mãe tenha sofrido antes dos 65 anos, as chances de que a família possui um histórico familiar forte são bastante altas. Esse critério de idade vale também para irmãos, tios e avós. Pacientes que possuem familiares nestas condições devem procurar o médico cardiologista o quanto antes para avaliação.

Histórico Familiar de Doenças do Coração e Prevenção

Conhecer o histórico familiar é importante não só para cuidar da própria saúde, mas também da saúde dos filhos. Uma vez que o histórico familiar de doenças do coração é reconhecido, a prevenção contra os fatores de risco pode ser adotada já na infância.  

“Os traços genéticos podem fazer com que a hipertensão, o diabetes e o colesterol alto se manifestem desde cedo, ainda na fase infantil. Quanto antes a prevenção for iniciada, com a realização de exames e a adoção de hábitos saudáveis, maiores as chances de uma vida longa e feliz.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

A medicina ainda não conhece todos os fatores envolvidos no surgimento das doenças do coração. Mesmo as pessoas que não possuem histórico familiar podem nascer com traços genéticos que levam ao problema.

Por isso, indivíduos aparentemente saudáveis, sem histórico familiar, também  devem procurar o médico cardiologista para uma avaliação. Já as pessoas com histórico familiar devem procurar o médico ainda mais cedo.

Os pais que identificam esse tipo de problema na família também podem procurar o cardiologista com os filhos ainda pequenos. A medida é importante para a adoção de ações preventivas que auxiliem os jovens a terem uma vida mais saudável.

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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Os cuidados na UTI após a cirurgia cardíaca

Os cuidados na UTI após a cirurgia cardíaca

As cirurgias cardíacas são procedimentos complexos, que costumam durar cerca de 4 ou mais horas. Elas exigem o uso de anestesia geral e tratamento pós-operatório na UTI – Unidade de Terapia Intensiva. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, os cuidados na UTI fazem parte do pós-operatório e independem da condição clínica anterior do paciente. Todos os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca são admitidos na UTI. A UTI é, antes de tudo, sinônimo de atenção plena.

“Muitos familiares e pacientes de cirurgia cardíaca não têm ideia de como funciona o pós-operatório na UTI e ficam assustados. A quantidade de equipamentos e cuidados na UTI que tomamos, como o uso de tubos na traqueia, de acessos venosos e arteriais, podem causar uma falsa impressão de que o paciente está passando por algo fora do normal, o que na maior parte das vezes não é verdade” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).

Abaixo, o Dr. Denis Bittencourt (CRM 10560 / RQE 7658), Cardiologista do Hospital SOS Cárdio, explica como funcionam os cuidados na UTI após a cirurgia cardíaca.

Quem precisa dos cuidados na UTI?

Os pacientes da cirurgia cardíaca são encaminhados para os cuidados na UTI de forma programada. De acordo com as avaliações pré-operatórias, a equipe médica define quais as melhores práticas para cada paciente.

Há também os casos emergenciais, de pessoas que não esperavam ter esse tipo de internação. Entram aí as situações de infarto, por exemplo. Em linhas gerais, os principais problemas que levam os pacientes a realizarem uma cirurgia cardíaca são:

O que esperar na UTI?

Após o procedimento cirúrgico (eletivo ou emergencial), os pacientes chegam à UTI ainda sob o efeito da anestesia e com respiração artificial. Nessas condições, é habitual que as pessoas apresentem uma certa instabilidade hemodinâmica, pressão alterada, diurese inadequada e pulmões ainda sofrendo o efeito da cirurgia. E isso, claro, exige um cuidado mais próximo.

“Na UTI, o paciente é monitorado de perto. Para isso, são utilizados uma série de equipamentos e acessos diretos ao sistema circulatório do paciente. Estes cuidados são normais, e não indicam necessariamente uma maior gravidade do paciente” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).

Alguns dos principais cuidados na UTI são:

Intubação do paciente:

A intubação endotraqueal é importante para garantir a correta ventilação do paciente durante o procedimento, uma vez que ele estará inconsciente, sem condições de respirar sozinho. Já na UTI, a medida que as substâncias da anestesia perdem efeito e a pessoa volta a consciência, o tubo pode ser retirado. Isso, é claro, se não houver sinais de sangramentos ou complicações.

“Geralmente, a retirada do tubo na traquéia costuma ser feita de 4 a 8 horas após a entrada na UTI. Para que esse procedimento seja progressivo, monitorado e seguro, ele é feito com a participação de médicos, fisioterapeutas e profissionais de enfermagem. Todos estão preparados para auxiliar o paciente no que for necessário” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).

Caso o pulmão do paciente esteja comprometido de alguma forma, o tempo de intubação e dos cuidados na UTI pode ser maior. Nesses casos, faz-se uma sedação leve, para que o paciente volte a dormir e seja despertado, quando necessário, para o processo de retirada do tubo endotraqueal.

Acessos:

Os acessos são “portas de entrada” que a equipe da UTI utiliza para administrar medicamentos diretamente no sistema circulatório do paciente. As veias centrais, geralmente a subclávia e a jugular, são as mais utilizadas para esse fim. Estes acessos também permitem realizar exames, monitorar quanto o paciente precisa de líquidos e os demais parâmetros hemodinâmicos. Já os acessos arteriais, geralmente feitos pelas artérias radiais ou femorais, são conectados a monitores que exibem de forma contínua o valor da pressão arterial do indivíduo.

Marcapasso Provisório:

O marcapasso provisório faz parte dos cuidados na UTI para praticamente todos os pacientes. Por conta da manipulação do músculo cardíaco, algumas pessoas podem sair da cirurgia cardíaca com arritmia ou bloqueio atrioventricular. Para prevenir complicações, a equipe médica deixa implantado dois pequenos fios no coração – expostos na região do abdômen. Estes fios servem para o controle dessas intercorrências. Caso seja necessário, um marcapasso provisório é conectado a eles.

A Fibrilação Atrial é a arritmia mais comum no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Na maior parte das vezes, essa arritmia é corrigida com medicações. Caso a arritmia não seja revertida, o paciente é novamente avaliado e novas técnicas podem ser utilizadas como cardioversão elétrica. O marcapasso é retirado, conforme avaliação médica, quando paciente está livre de apresentar algum bloqueio ou bradicardia. Em alguns casos, faz-se necessário o implante de um marcapasso definitivo.

Dor após a cirurgia cardiovascular:

A equipe da UTI é especialmente treinada para prevenir, reconhecer e tratar possíveis dores no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Como vimos no post Dor depois da cirurgia cardíaca, as técnicas de incisão, sutura e os medicamentos analgésicos avançaram muito nos últimos anos. Com isso, a dor depois da cirurgia cardíaca já não tem tanto destaque na recuperação dos pacientes como tinha antigamente.

Cuidado Multidisciplinar

A equipe multidisciplinar que trabalha na UTI é extremamente treinada. Os profissionais da saúde conhecem de perto todas as reações que os pacientes podem apresentar após a cirurgia. Eles estão preparados para agir imediatamente. Não se trata só de cuidar de um paciente potencialmente grave, mas de monitorá-lo para evitar que alguma situação de gravidade possa surpreender no pós-operatório.

Além da presença constante da equipe médica, os cuidados na UTI envolvem profissionais de diversas áreas da saúde, como:

  • Enfermagem:

    Cada paciente de cirurgia cardíaca possui um profissional de enfermagem dedicado, que monitora e avalia o seu progresso. Os profissionais de enfermagem são treinados para se comunicar e identificar sinais importantes, mesmo quando o paciente não consegue falar. São preparados para oferecer todos os cuidados na UTI e entrar em ação caso necessário, realizando contatos importantes com a família e com a equipe médica.

  • Fisioterapia:

    Os fisioterapeutas têm papel fundamental na recuperação após o procedimento cirúrgico. Os cuidados na UTI envolvem a mobilização precoce e os exercícios respiratórios, que previnem a formação de muco nos pulmões, evitando infecções e complicações.

  • Nutrição:

    É comum que pacientes de cirurgia cardíaca tenham outras doenças e condições associadas, como diabetes, hipertensão e alergias alimentares. No pós-operatório, os nutricionistas têm como objetivo verificar o estado nutricional dos pacientes, planejar e realizar intervenções dietéticas que se adaptem às necessidades e aos cuidados na UTI.

  • Fonoaudiologia

    Os fonoaudiólogos são parte importante dos cuidados na UTI. Eles avaliam, entre outros fatores, as dificuldades de deglutição dos pacientes e auxiliam na adoção de estratégias para superá-las.

  • Psicologia

    Pacientes que passam por uma cirurgia cardiovascular podem apresentar sintomas de ansiedade e até depressão. Estes problemas estendem-se, inclusive, para a família. Saber lidar com a situação é fundamental para a retomada da rotina diária e também para a aderência aos cuidados na UTI.

Tempo de Internação

O tempo mínimo de internação em UTI após uma cirurgia cardíaca gira em torno de 48 horas. A associação de diferentes tratamentos no procedimento cirúrgico (coronárias, valvas ou aorta) pode requerer um período de recuperação mais longo.

O mesmo acontece com pacientes que já apresentam um risco aumentado por condições clínicas prévias (como distúrbios neurológicos, pulmonares, renais, etc). Normalmente, eles demandam um tempo maior de cuidados na UTI. Estímulos positivos, como os promovidos pela UTI humanizada, podem deixar o processo mais rápido e agradável.

Sobre o autor: Dr. Denis Bittencourt Rojas (CRM 10560 / RQE 7658), é médico especialista em Clínica Médica, Cardiologia e pós-graduado em Medicina Intensiva. Atua na UTI do Hospital SOS Cárdio há 10 anos.

 

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Avaliação Clínica na Cirurgia Cardíaca

Avaliação Clínica na Cirurgia Cardíaca

Confira o artigo escrito pelo Dr. Daniel José da Silva Filho, Médico Cardiologista e Intensivista (CRM 25741 RQE 16416 RQE 16418), sobre a importância da avaliação pré-cirúrgica para o sucesso do procedimento. Boa leitura!  

Um dos grandes avanços da Medicina nos últimos anos é a maior capacidade de avaliar as características e as necessidades de cada paciente. A avaliação clínica no pré e no pós-cirúrgico da cirurgia cardiovascular está cada vez mais personalizada. Tem como objetivo central proporcionar maior segurança na condução de cada paciente.

Os resultados podem ser observados em procedimentos médicos de um modo geral, principalmente nos pacientes com idade avançada. Hoje, diferente do que acontecia décadas atrás, é cada vez mais comum a realização de procedimentos complexos em pessoas com mais de 80 anos. Destacam-se, especialmente,  cirurgia cardíaca, vascular, além de outros procedimentos cirúrgicos de um modo geral. Como a média de idade do brasileiro vem aumentando gradativamente, precisamos estar preparados para este momento, possibilitando o acesso aos tratamentos para uma parcela importante da população.

O mesmo acontece em pacientes com outras comorbidades, como diabetes, doenças coronarianas, problemas renais e hepáticos. Antigamente, tais condições poderiam impedir a realização de uma cirurgia cardíaca ou outro procedimento cardiovascular. Hoje, o cuidado personalizado e a avaliação clínica detalhada permitem determinar o melhor momento do procedimento, bem como a melhor opção terapêutica.

Avaliação Clínica antes da Cirurgia Cardíaca

Os cuidados pré-cirúrgicos começam antes mesmo do encontro com o médico. Têm início já na escolha do hospital e da equipe responsável pelo tratamento. Os pacientes devem procurar instituições e profissionais que ofereçam todo o suporte para o caso de alguma intercorrência.

Uma vez feito isso, passa-se então pela avaliação clínica pré-cirúrgica. Nela, o médico responsável deve avaliar o paciente como um todo. A intenção é fazer o preparo de acordo com as condições de saúde de cada pessoa – e com o tipo de cirurgia que ela irá realizar.

A avaliação clínica pré-cirúrgica costuma envolver alguns exames de rotina (que variam de acordo com o procedimento a ser realizado). Eletrocardiograma, Rx de tórax e ecocardiograma são alguns exemplos. No entanto, sabemos que eles podem não dar conta de todo universo das diversas situações.

Dependendo do procedimento cirúrgico a ser realizado, a avaliação clínica pode demandar outros exames e aprofundar a investigação. Pretende-se, com isso, proporcionar maior segurança ao paciente e sucesso em sua cirurgia.

Além disso, o médico também realiza um levantamento completo e a análise crítica do histórico do paciente. Nesse contexto, avaliamos:

  • Histórico de doenças prévias;
  • Os sintomas envolvidos em cada caso;
  • Os procedimentos realizados anteriormente;
  • As complicações sofridas no passado;
  • O histórico familiar;
  • Os medicamentos que utiliza e que deixou de usar;
  • A indicação cirúrgica.

Esse levantamento minucioso, aliado aos exames de rotina para cada procedimento e aos escores matemáticos de risco, permitem ao médico ter amplo conhecimento do estado de saúde do paciente.  

“A avaliação clínica personalizada nos permite solicitar procedimentos de pesquisa cardíaca, pulmonar e de diversas outras especialidades antes das cirurgias cardiovasculares. Assim, os pacientes são encaminhados para o tratamento com mais segurança.” Dr. Daniel José da Silva Filho, Médico Cardiologista e Intensivista (CRM 25741).

A avaliação clínica permite aos médicos a realização de um planejamento específico para cada paciente. As informações levantadas nessa fase ajudam a traçar estratégias de prevenção e controle de intercorrências no pós-cirúrgico.

Essa avaliação também auxilia a equipe multidisciplinar envolvida, como fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, enfermeiros e psicólogos, no diagnóstico e prevenção de intercorrências e nos cuidados pós-operatórios.

Avaliação Após a Cirurgia Cardíaca

No pós-cirúrgico, os pacientes também são submetidos a uma série de exames laboratoriais e de imagem. Novamente, as informações da avaliação clínica pré-cirúrgica têm relevância, pois auxiliam na condução do paciente.

“Nós correlacionarmos todas as informações obtidas antes, durante e depois da cirurgia cardiovascular. Assim, além dos exames de rotina para a avaliação clínica pós-cirúrgica, nós podemos realizar estudos mais complexos, de acordo com o quadro de cada paciente.” Dr. Daniel José da Silva Filho, Médico Cardiologista e Intensivista (CRM 25741).

Os cuidados com a mobilização precoce, com a alimentação adequada e com o estado psicológico dos pacientes seguem a mesma lógica. Visam sempre uma recuperação plena e segura, com prevenção de intercorrências, de acordo com as características de cada pessoa e com as informações coletadas na avaliação clínica.

*Dr. Daniel José da Silva Filho (CRM 25741) é médico especialista em Terapia Intensiva (RQE 16418) e em Cardiologia (RQE 16416). Atua nas unidades de Pronto Atendimento e CTI do Hospital SOS Cárdio. 

Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca

 

 

CEC ou Circulação Extracorpórea: o que é?

CEC ou Circulação Extracorpórea: o que é?

Neste artigo, escrito pelo Cirurgião Cardiovascular Dr. Giani Osni Alves (CRM/SC 4861), da equipe Seu Cardio, você vai saber mais sobre a circulação extracorpórea (CEC) e porque algumas vezes é utilizada na cirurgia cardíaca. Boa leitura!

A circulação extracorpórea, aqui abreviada por CEC, passou e passa por um desenvolvimento multidisciplinar para que as cirurgias cardíacas hoje realizadas possam ser executadas com bastante segurança.

Antes deste recurso, as cirurgias cardíacas intra cavitárias eram realizadas com ajuda de diminutas aberturas no coração e dependiam da utilização do tato dos cirurgiões. Ainda em alguns casos, eram usadas hipotermias corporais totais e um tempo de aproximadamente 8 minutos para essas abordagens.

O uso das propriedades anticoagulantes da heparina e maior entendimento de exames de sangue, gasometrias, etc, propiciou um enorme avanço nesta área.  

Historicamente, em 1882, Von Shoroeder oxigenou sangue borbulhando ar em um reservatório de dispositivo para perfusão de órgãos. Depois, em 1884, após inúmeras tentativas, Von Frey e Grinber conseguiram construir o primeiro oxigenador de membrana. Em 1926, na Rússia, Brukhonenko, desenvolveu uma bomba para impulsionar sangue venoso.

Mas foi em 1951  o registro da primeira CEC para uma cirurgia de retirada de tumor de mediastino, feita por Dogliotti e Constantini. Dois anos após, Gibbom realizou, com sucesso, a correção de uma cardiopatia congênita com CEC.

O que é Circulação Extracorpórea?

Objetivamente, CEC é um dispositivo artificial pelo qual a circulação de sangue do paciente é total ou parcialmente transportada para fora do organismo. Passa por tubos e órgãos artificiais, sendo depois devolvido ao corpo do paciente.

Com isso, conseguimos três objetivos, a saber:

  1. Manter todos os órgãos em plena atividade;
  2. Propiciar um campo operatório imóvel e livre de sangue;
  3. Obter maior tempo para abordagem cirúrgica, com tratamento antes inimagináveis das cardiopatias.

No centro cirúrgico, o paciente que irá fazer uma cirurgia cardíaca com CEC, uma vez estando com o tórax aberto e já completamente anticoagulado, receberá uma ou duas cânulas ditas venosas no átrio  direito (que recebe todo o sangue do organismo) e outra cânula, dita arterial, que será posicionada em uma artéria (femoral ou aorta ascendente geralmente).

Uma vez em CEC, o sangue que chega no átrio direito é desviado do organismo pelas cânulas e chega então num reservatório venoso. Em seguida, ele passa por um dispositivo onde é retirado o gás carbônico, em troca por oxigênio. Esse dispositivo faz a parte correspondente ao pulmão. A esse nível, existe um controle da temperatura. Através de uma bomba, o sangue retorna ao sistema arterial do paciente. Assim, faz a parte correspondente à bomba miocárdica ou coração, dando retorno ao sangue com a pressão arterial, temperatura e oxigenação necessária ao paciente.

Outras perdas sanguíneas que por acaso ocorram no campo cirúrgico, são captadas por aspiradores que devolvem o sangue ao dispositivo descrito. Assim, fazem com que a perda sanguínea (hemorragia) seja praticamente desprezível durante a CEC.

A CEC no Brasil

O controle da máquina de CEC é feito por um profissional chamado perfusionista, com formação especializada em perfusão. Esse profissional é um dos membros da equipe cirúrgica. Essa atividade profissional é regulamentada pelo Ministério da Saúde, através da portaria número 689, de 01 outubro de 2002.

No Brasil, as primeiras cirurgias cardíacas com CEC datam de 1955,  com Dr. Hugo Felipozzi dando o start com uso desta técnica. Posteriormente, os cirurgiões cardiovasculares Dr.  Zerbini e Dr. Adib Jatene deram início à padronização dos aparelhos e sistematização das técnicas no nosso meio.

Empresas médicas passaram a fabricar dispositivos e materiais totalmente descartáveis e de uso individual. Surgiram também máquinas cada vez mais sofisticadas, fazendo com que as cirurgias cardíacas, juntamente com novas técnicas de preservação miocárdica e técnicas operatórias, contem com muito mais segurança.

Dr. Zerbini definia seu trabalho da seguinte maneira: “… operar é divertido, é um arte, é ciência, e faz bem aos outros.”. Dr Adib Jatene, por sua vez, dizia que nada resistia ao trabalho. Graças à eles, homens de coragem e desbravadores, a cirurgia cardíaca em nosso País atingiu um patamar de excelência, com qualidade reconhecida mundialmente.

Sobre o autor: Dr. Giani Osni Alves (CRM/SC 4861) é cirurgião cardiovascular da equipe Seu Cardio. Possui ampla experiência em cirurgias de cardiopatias adquiridas, congênitas e marcapassos cardíacos.

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Diretrizes para Tratamento de Cardiopatias Congênitas

Diretrizes para Tratamento de Cardiopatias Congênitas

Estima-se que 1% das crianças nascidas vivas apresentam malformação cardiovascular. Em cerca de 60% dos casos, as causas são desconhecidas,  segundo dados da American Heart Association. A alteração, denominada cardiopatia congênita, inclui uma variedade de malformações anatômicas e funcionais, presentes já no nascimento da criança. É considerada uma das principais causas de óbito relacionadas a defeitos congênitos. Por isso, a importância de seguir as diretrizes corretas para o tratamento de cardiopatias congênitas. (mais…)