Assim como acontece com todas as células do nosso organismo, as células que fazem parte do músculo cardíaco e das demais estruturas do coração também precisam receber sangue com oxigênio e nutrientes para manterem-se vivas. As artérias coronárias são os principais vasos sanguíneos responsáveis por essa função. E é por isso que a doença coronariana é tão grave.

“Sem oxigênio, as células do coração entram em isquemia e morrem. Esse problema pode ser provocado por diversos fatores, relacionados ou não às artérias coronárias” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

O uso de drogas como a Cocaína, por exemplo, pode provocar espasmos nos vasos sanguíneos coronarianos e prejudicar a oxigenação e funcionamento do músculo cardíaco. Há casos também de formação de coágulos em outras regiões do corpo (até mesmo dentro do coração) que se desprendem e acabam por obstruir as artérias coronárias. 

A frequência cardíaca acelerada (taquicardia) é outro exemplo. Ela pode  cursar com aumento da demanda de oxigênio a um ponto em que a árvore coronariana não consegue sustentar. De forma oposta, quadros infecciosos localizados ou generalizados (Sepse) podem reduzir o aporte de oxigênio e provocar isquemias, que irão cursar com doença coronariana. 

No entanto, quando falamos de doença coronariana, não podemos deixar de falar da aterosclerose:

“A aterosclerose, doença que causa degeneração e obstrução progressiva dos vasos sanguíneos, é responsável por mais de 90% dos casos de isquemia. Ela tem avanço lento e pode demorar a dar os primeiros sintomas” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).  

A doença coronariana  – como a aterosclerose – pode levar a eventos cardíacos graves, como o surgimento de arritmias, o infarto do coração e a morte súbita

Aterosclerose

Em condições normais, o suprimento de sangue para as células do coração é contínuo. No entanto, os estudos mostram que desde a infância, tanto por características genéticas, como por hábitos de vida nocivos, como o sedentarismo e consumo de alimentos industrializados (ricos em açúcares e gorduras), as pessoas podem vir a acumular placas obstrutivas nas paredes das artérias, conhecidas popularmente por “placas de gordura”.

Tais “placas de gordura” vão aos poucos inflamando, ganhando tamanho e prejudicando o fluxo de sangue oxigenado para os músculos do coração. Além disso, em alguns casos, elas podem vir a se romper e a extravasar todo o conteúdo gorduroso na luz da artéria, obstruindo de forma aguda a passagem de sangue.

“É assim que acontece o infarto agudo do miocárdio. Isso significa que parte do músculo cardíaco (miocárdio) não está mais recebendo o sangue que traz oxigênio para as células. Isso pode acarretar morte de tecido muscular em pouco tempo. O quadro se apresenta, na maior parte das vezes, como dor no peito (angina), com irradiação para os braços e pescoço” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Infarto Agudo do Miocárdio

Quando o infarto acontece, o atendimento deve ser urgente. Com a obstrução total da artéria, a lesão do músculo cardíaco é progressivamente maior com o passar dos minutos. Se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente, instala-se a necrose do músculo daquela região não irrigada. Dependendo da extensão do músculo cardíaco afetado, o caso fica mais grave e a possibilidade de sequelas permanentes, ou mesmo de morte, fica maior.

Vale ressaltar que nem sempre a artéria do coração com a doença coronariana mais severa irá provocar o infarto. Uma lesão moderada ou mesmo pequena em uma coronária pode ser o local de formação de um trombo e provocar o infarto.

“O infarto pode acontecer de diversas formas. Há casos em que a artéria coronária não é completamente obstruída e que uma pequena quantidade de sangue ainda consegue fluir. No entanto, até mesmo as isquemias transitórias podem ter consequências graves. Entre elas, as arritmias, a morte súbita e a Insuficiência Cardíaca” –  Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Arritmias e Morte Súbita

Uma vez sem oxigênio, e caso o paciente sobreviva, a região do músculo cardíaco onde ocorreu a morte de células tenta se regenerar. Nesse processo, pequenas cicatrizes são formadas. No lugar das células saudáveis mortas, formam-se áreas de tecido fibroso.

“O grande problema é que essas novas áreas formadas pelas cicatrizes das células mortas possuem comportamento elétrico diferente das células cardíacas originais. Assim, a eletricidade que faz o coração bater passa por essas novas áreas com velocidade e forma diferentes do normal. Esse fato pode provocar arritmias graves e morte súbita” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Insuficiência Cardíaca

Outra consequência direta dos quadros de isquemia e de infarto é a Insuficiência Cardíaca, doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para atender às demandas do organismo.

“Trata-se de uma doença muito limitante. Mais de 50% dos casos de insuficiência cardíaca são causados pela isquemia”Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790). 

Pacientes com Insuficiência cardíaca costumam apresentar falta de ar, grande dificuldade para realizar esforços físicos e baixa qualidade de vida. 

Prevenção da Doença Coronariana

Para reduzir a mortalidade e as sequelas provocadas pela doença coronariana, prevenção é fundamental. A adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de exercícios físicos pode ajudar a evitar eventos graves e reduzir os seus impactos sobre a qualidade de vida das pessoas.

Além disso, é muito importante realizar o acompanhamento periódico com o médico cardiologista.

“O médico cardiologista poderá realizar uma série de exames e avaliações para determinar qual o risco que o paciente tem de desenvolver doença coronariana no futuro. E, dependendo dos resultados, traçar estratégias de prevenção, que podem envolver inclusive o uso de medicamentos para a pressão e para o controle do colesterol”  – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Caso algum evento cardíaco aconteça, é fundamental procurar o atendimento médico o quanto antes. Lembre-se: tempo é músculo. Quanto mais tempo uma pessoa leva para ser atendida durante uma situação de infarto, mais músculo cardíaco morre e pior a situação do paciente.

Sobre o autor:

Daniel Medeiros Moreira (CRM-SC 11708 RQE 7790) é Médico Cardiologista. Concluiu graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2004, com mérito por melhor desempenho acadêmico. É especialista em Medicina Interna pelo Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani São Thiago (HU-UFSC), especialista em Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC) e em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Mestre e Doutor em Ciências da Saúde: Cardiologia, pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC). Atualmente, é Cardiologista do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), professor das disciplinas de Semiologia I, Semiologia II e Sistema Cardiorrespiratório na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Diretor de Qualidade Assistencial da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Seção Santa Catarina (SBC/SC). Atua com pesquisa em diferentes tópicos, dentre os quais, Inflamação, Síndrome Coronariana Aguda, Insuficiência Cardíaca e Música em pacientes com cardiopatias.

 

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Equipe Seu Cardio
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