Por Dr. Luís Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295 RQE 5389), Cirurgião Cardiovascular da equipe Seu Cardio
As doenças cardiovasculares tiram a vida de quase 350 mil pessoas ao ano no Brasil. Desse total, 30% correspondem às mulheres. Essa é também a primeira causa de morte entre elas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, superando o índice de câncer de mama e útero juntos.
Por isso, mudanças no estilo de vida são fundamentais para diminuir a incidência da doença. Principalmente durante e após menopausa, que inicia a partir dos 40 anos. Nesse período, a produção de estrogênio, hormônio feminino que protege o coração, sofre uma queda. Este fator aumenta três vezes mais as chances de problemas do coração em relação às mulheres mais jovens.
Prevenção e Acompanhamento Médico
A adoção de um estilo de vida saudável é o que de fato tem a capacidade de evitar ou retardar o aparecimento de doenças cardíacas nas mulheres. Realizar avaliações médicas periódicas, praticar atividade física, abandonar o cigarro, diminuir o estresse, o açúcar e o sódio na alimentação são alguns dos fatores de prevenção essenciais ao cuidado com o coração.
A partir dos 40 anos, é indicado o acompanhamento cardiológico anual com um Cardiologista Clínico. Além de avaliar a saúde do coração, o Cardiologista irá orientar quanto à prevenção de doenças cardiovasculares, sua existência ou evolução. Se a mulher possui sobrepeso, Diabetes ou é fumante, o acompanhamento médico se torna ainda mais importante.
Cirurgia Cardíaca em Mulheres na Menopausa
A falta do efeito protetor do estrogênio nas artérias mantendo elas flexíveis pode contribuir para o surgimento de doenças cardiovasculares.
O estudo Sex Differences in Mortality After CABG Surgery publicado na Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, em dezembro de 2015, apontou que cirurgias de coronárias, realizadas em mulheres, apresentaram resultados piores por ter maior incidência de infartos, insuficiência cardíaca, e mortalidade maior quando associado a uma superfície corporal menor.
Além da queda hormonal, a explicação para essa desvantagem é atribuída a outros fatores, como:
- Anatomia: as artérias coronárias das mulheres apresentam menor calibre (são mais finas), o que prejudica a realização das pontes nas cirurgias de revascularização e predispõe ao fechamento por trombose;
- Técnica Cirúrgica: existe a tendência ao menor uso de enxertos arteriais e à abordagem de um menor número de artérias doentes na cirurgia, o que resulta em um tratamento menos completo.
- Maior idade: em geral, o aparecimento dos sintomas acontece 10 a 15 anos após a menopausa. Com isso, as mulheres costumam estar com idade mais avançada no momento da cirurgia.
- Indicação tardia: em geral, a cirurgia cardíaca nas mulheres é mais indicada com caráter emergencial, porque a doença já evoluiu muito. Isso se deve à diversos fatores, desde a menor referência médica para diagnóstico e procedimentos terapêuticos, a fatores culturais, como a preocupação com a estética (cicatriz cirúrgica);
- Doenças agravantes: frequentemente, após a menopausa, as mulheres apresentam maior incidência de hipertensão arterial e dislipidemia, com elevação do LDL -“o colesterol mau”, e diminuição do HDL – “o colesterol bom”. Esses fatores afetam o resultado da cirurgia ao longo prazo.
Tudo isso pode contribuir para que os resultados da cirurgia cardíaca nas mulheres seja inferior ao dos homens. Entretanto, a idade não se apresenta como fator diferencial de risco entre homens e mulheres. Quando os ajustes para diferenças de idade e fatores de risco são realizados, as mulheres têm probabilidade de sobrevida igual a dos homens.
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