Na clínica médica, muitos pacientes com doença coronariana recebem aspirina para prevenção de eventos cardiovasculares como infarto de miocárdio, acidente vascular cerebral e morte. Estudos como o meta-análise realizado em 2015 pelo U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) mostram que seu uso reduz até 11% destes eventos.

Porém, a aspirina pelo seu efeito antiagregante plaquetário também representa um risco de sangramento em pacientes submetidos a cirurgia. Assim, sua suspensão antes da cirurgia tem suscitado dúvidas entre os cardiologistas e cirurgiões cardiovasculares.

Aspirina: qual é a melhor conduta?

A conduta mais globalmente adoptada é manter seu uso no pré operatório, não sendo suspensa antes da cirurgia. Isto porque diversos estudos, incluindo o publicado em 2015 na revista Annals of Thoracic Surgery. Esses estudos mostram que os pacientes que continuaram tomaram a aspirina até a cirurgia se saíram melhor. Com risco menor de insuficiência renal, ficaram menos tempo na unidade de terapia intensiva (UTI), reduziram o risco de problemas cardíacos graves, e apresentaram uma diminuição significativa no risco de morte durante o mês após o procedimento. Os autores acreditam que as propriedades anti-inflamatórias da aspirina sejam responsáveis por esses benefícios.

Esta é também a conduta recomendada pelas últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e pela Associação Americana de Cardiologia, no 2011 ACCF/AHA Guidelines for Coronary Artery Bypass Graft Surgery.

Em relação a outros antiagregantes, geralmente usados junto com a aspirina, a recomendação é pela suspensão. Assim, o clopidogrel deve ser suspenso 7 dias antes da cirurgia. Já o Brilinta precisa de somente 5 dias, podendo em caso de emergência ser realizada a cirurgia com 3 dias de suspensão.

Vale ressaltar que o protocolo atual recomenda a manutenção do uso da Aspirina em pacientes antes da cirurgia cardíaca e dando continuidade no pós-operatório. Outros antiagregantes plaquetários, como o Clopidogrel, devem ser suspensos 7 dias antes da cirurgia. No entanto, antiagregantes mais modernos, como o Brilinta, permitem uma intervenção cirúrgica de emergência com somente três dias de interrupção.

Assim, antes da cirurgia continue tomando as suas medicações usuais, incluindo a aspirina. Ao surgir qualquer dúvida em relação a algum deles, não hesite em consultar com seu médico tratante.

Para saber quais são as principais orientações sobre cirurgias cardíacas, faça o download da nossa cartilha Pré e Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca:

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Equipe Seu Cardio
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