Colesterol e Doenças Cardiovasculares – Por Dr. Jamil Cherem Schneider – CRM/SC 3151

Considerado muitas vezes como “vilão”, o colesterol é uma substância essencial para o nosso organismo. É um lipídio responsável por uma série de funções fisiológicas. Participa da formação celular e de alguns hormônios, como os sexuais. É responsável também por deixar a parede da célula mais fluida para permitir entrada de nutrientes e saída de elementos excretados.

Cerca de 70% do colesterol é produzido pelo nosso próprio corpo, no fígado. O restante, é adquirido através da alimentação. Porém, é preciso separar o colesterol presente nas células daquele que circula nas artérias no corpo. É este último que, em excesso, pode formar as placas de gordura. É aí que está a relação entre colesterol e doenças cardiovasculares. Fatores como diabetes, sedentarismo, hipertensão e cigarro favorecem ainda mais a formação das placas e aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, infarto e acidente vascular cerebral.  

Trata-se o risco e não o número

Acompanhar os níveis de colesterol no sangue faz parte de uma rotina de prevenção e cuidado com a saúde. No entanto, os números obtidos nos exames sanguíneos não são suficientes para o diagnóstico e condução do tratamento.

O paciente deve ser avaliado como um todo. Ou seja, seus níveis de colesterol devem ser analisados em conjunto com a presença de fatores de risco associados.

Dessa forma, para um indivíduo jovem e sem outros fatores de risco, uma determinada taxa de colesterol pode ser aceita como normal. Esse mesmo valor pode ser considerado alto para um outro indivíduo com hipertensão e diabetes, por exemplo. Por isso, essa avaliação deve ser realizada por um Cardiologista, que analisará a condição clínica do paciente como um todo.

A Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em 2017, faz essa relação. Ela apresenta os níveis ideais de colesterol de acordo com o grau de risco do indivíduo. Conforme a publicação, as taxas ideais para uma boa convivência entre colesterol e doenças cardiovasculares, em adultos, são:

Colesterol Total: até 190 mg/dL

HDL (colesterol bom): acima de 40 mg/dL

LDL (colesterol ruim): varia de acordo com o risco de cada paciente. Dessa forma:|
– Baixo risco: abaixo de 130 mg/dL
– Risco moderado: abaixo de 100 mg/dL
– Alto risco: abaixo de 70 mg/dL
– Muito alto risco: abaixo de 50 mg/dL

Na tabela abaixo, você encontra os índices apresentados na Atualização da Diretriz Brasileira:

Tabela Colesterol e Doenças Cardiovasculares

Colesterol Bom (HDL) e Colesterol Ruim (LDL)

Existem dois tipos de colesterol, o bom (HDL) e o ruim (LDL). O primeiro age retirando o colesterol ruim da circulação. Com o passar do tempo, este último se fixa nas paredes das artérias, o que pode resultar em uma obstrução pela formação de uma placa de ateroma.

Para alcançar níveis adequados de HDL, o colesterol bom, a recomendação é manter hábitos saudáveis. Assim, uma dieta saudável, controlar o peso e praticar atividade física devem ser parte da rotina.

Como os triglicerídeos podem diminuir a produção do colesterol bom, é preciso controlar também esses índices. Isso é possível evitando a ingestão excessiva de açúcares, carboidratos e bebidas alcóolicas.

Para controlar os níveis do colesterol ruim, o LDL, uma dieta saudável não é o bastante. A dieta com baixo consumo de gorduras saturadas e trans é responsável por somente 15% na redução do colesterol. Quando o paciente apresenta fatores de risco associados e colesterol elevado, as mudanças de hábitos não são suficientes. Neste caso, o tratamento contará com a prescrição de medicamentos específicos para controle do colesterol.

Medicamentos para Colesterol

Entre as principais opções de medicamentos para controle do colesterol estão as estatinas. Há mais de 30 anos no mercado, elas visam baixar o teor de gordura no sangue. Ajudam também a melhorar a elasticidade das artérias e a diminuir processos inflamatórios na parede das artérias.

Seu uso pode ser relacionado ao aumento de casos de Diabetes, mas em um grupo de pacientes predispostos à doença. As estatinas são ainda  a melhor opção para evitar eventos cardiovasculares. Vale lembrar que a prescrição será para a vida toda. Por isso, independente dos índices, avaliar o risco e a necessidade de cada paciente é fundamental.

Um novo medicamento, já disponível no Brasil, atua por caminhos diferentes das estatinas. A nova opção é injetável e capaz de controlar o colesterol inibindo a sua produção no fígado. O medicamento bloqueia a atividade de uma enzima natural do corpo, chamada PCSK9. Essa enzima destrói os receptores de LDL no fígado, cuja função é retirar o excesso de colesterol ruim em circulação. Devido ao custo mais alto, a injeção é indicada a pacientes com colesterol alto e resistência às estatinas.

Colesterol e doenças cardiovasculares: acompanhamento médico

O colesterol elevado não apresenta sintomas. Por isso, prevenir é o melhor caminho. A recomendação é realizar dosagens a partir dos 20 anos. Diante do diagnóstico, é necessário o acompanhamento periódico com o Cardiologista. Afinal, a relação entre colesterol e doenças cardiovasculares é estreita. Caso haja a necessidade de medicação, seu uso será para toda a vida e não deverá ser suspenso.

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Diretor do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC). Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atualmente atende na clínica Prevencordis, no Instituto de Cardiologia e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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Equipe Seu Cardio
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