Por Dr. Marcelo Bastos Moreno Maia – CRM-SC 11034 |RQE 5221 | RQE 9033
Uma das dúvidas mais comuns relacionadas à Cardiologia é sobre os sintomas do infarto. Muito se fala sobre a dor no peito, mas quando ela pode ser um dos sintomas do infarto? Como saber se a dor no peito é um sinal de alerta para se buscar assistência médica?
Nem sempre a dor no peito é causada pelo coração
O primeiro ponto que precisamos esclarecer é que o nosso sistema sensorial externo é diferente do interno. Tato, paladar, etc, são sentidos muito apurados. No entanto, internamente, é difícil termos a percepção sensorial exata de qual órgão está causando a sensação de dor. Vários dos nossos órgãos internos partilham a mesma via de comunicação com o cérebro. Por isso, a sensação de dor relacionada aos órgãos internos, como o coração, não é tão clara como para as dores que podemos sentir na nossa pele. Assim, nem sempre a dor no peito tem relação com o coração e podemos sentir dor no peito devido a gases no intestino, gastrite, refluxo do esôfago e, até mesmo, coluna, entre outras causas.
É necessário enfatizar que, mesmo a dor sendo de origem cardíaca, não existe uma localização específica para sua ocorrência. Ela pode ser percebida do lado direito ou esquerdo do tórax, no pescoço, na mandíbula ou no estômago. O mais importante é identificar o que a faz ficar mais intensa ou a alivia.
Quando a dor no peito pode ser sinal de infarto?
Se a pessoa desenvolve uma dor no peito, com sensação de peso, opressão ou queimação no tórax, principalmente quando caminha ou faz um esforço físico, essa dor pode sim ter uma relação forte com uma isquemia no músculo cardíaco. É a chamada angina do peito.
Essa dor tem tendência de durar de poucos minutos a quase meia hora. Caso não desapareça rapidamente com repouso, deve ser realizada uma avaliação em uma emergência médica. Isto pode ser um infarto.
A dor torácica também pode vir associada a suor frio, palidez e sensação de tontura. Mas são sintomas secundários, que nem sempre têm relação direta com o infarto. Nos idosos, a percepção dos sintomas é diferente. A fadiga é maior e a família percebe que o idoso está se cansando mais para fazer uma atividade habitual. Esse é um sinal de alerta para se buscar assistência médica. Chama-se de equivalente anginoso.
Porque a dor no peito é um sintoma de infarto
O mecanismo mais comum de desencadear um infarto se inicia com o rompimento de uma placa de gordura no vaso sanguíneo que irriga o coração (artéria coronária). Ao se romper, forma-se um coágulo sobre a placa. Esse coágulo impede a passagem de sangue naquele vaso, impactando na nutrição do coração, o qual passa a sofrer uma isquemia. A lesão no coração é progressivamente maior com o passar dos minutos. Se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente, ocorre uma lesão definitiva do músculo cardíaco, com morte de algumas células, o infarto.
Por isso, diante dos primeiros sintomas, é fundamental buscar assistência médica. Se a pessoa perder muito tempo em casa, achando que aquela dor no peito não é nada, quando chegar ao hospital já foi perdido um tempo importante para a recuperação do músculo cardíaco e, quanto maior for a lesão no músculo do coração, maior será o infarto e maiores serão as restrições na sua qualidade de vida.
Dr. Marcelo Bastos Moreno Maia – CRM-SC 11034 |RQE 5221 | RQE 9033 é Cardiologista e Intensivista no Hospital SOS Cárdio. Atua também na clínica Prevencordis.
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