Em estudos recentes e em publicação realizada no volume 34, edição de  número 1 de 2019, do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, Domingos Souza et al. descreveram etapa por etapa a técnica no-touch para a retirada da veia safena para a Cirurgia de Revascularização do Miocárdio. O autor também relatou o desfecho clínico e angiográfico de follow-up de 3 meses em um paciente submetido ao procedimento.

“No artigo, o paciente em questão já é idoso, tem 80 anos. Além disso, possui hipertensão, hiperlipidemia e histórico de infarto do miocárdio prévio com intervenção coronária percutânea à artéria coronária direita”. Dra. Marli Annes, Cirurgiã Cardiovascular (CRM 19804).

Conforme o estudo de Domingos Souza et al.:

The ejection fraction was 55% and he was complaining of exertional chest pain. The coronary angiography showed advanced three-vessel disease with significant stenoses in the left anterior descending (LAD) artery, two marginal arteries (MAs) and the posterior descending artery (PDA), in addition to an occluded diagonal artery (DA).

Perviedade dos Enxertos Arteriais

A Cirurgia de Revascularização do Miocárdio é o procedimento cirúrgico mais estudado na história da medicina. Atualmente, o que é mais discutido pelos cirurgiões cardiovasculares é como melhorar a capacidade dos enxertos e manter a sua perviedade em longo prazo.

Hoje, a técnica mais difundida é a utilização, sempre que possível, de enxertos arteriais. O uso da artéria torácica interna esquerda (ATIE) pode chegar até 95% em 10 anos. Já os enxertos de veia safena apresentam índices de apenas 50%, neste mesmo período, no que tange a perviedade.

“Todos os anos, mais de 800 mil Cirurgias de Revascularização do Miocárdio são realizadas mundialmente. E mesmo com índice subótimo de perviedade em longo prazo, a veia safena é amplamente utilizada como enxerto para a realização de bypass. Isso se deve, entre outros motivos, à sua anatomia, facilidade de acesso e capacidade de fornecer tecido suficiente para revascularizar diversos vasos” – Dra. Marli Annes, Cirurgiã Cardiovascular (CRM 19804).

Perviedade da Veia Safena com a Técnica No-touch

Com esse sentido, a técnica “No-touch” para a retirada da veia safena, desenvolvida pelo cirurgião Domingos Souza ainda na década de 1990, é vista como uma alternativa para melhoria da durabilidade do enxerto. Nela, os índices de perviedade chegam a 90% em um seguimento de oito anos e meio: um resultado comparável ao uso da Artéria Torácica Interna Esquerda (ATIE).

A técnica “no-touch” consiste na retirada atraumática da veia safena. Isso porque o cirurgião não manipula diretamente o tecido com o instrumental cirúrgico. Nela, a veia safena é retirada com o tecido subcutâneo perilocal que a envolve. Busca-se, assim, o mínimo de manipulação deste vaso. Além disso, contempla também o cuidado ao preparar este segmento venoso, com injeção de solução em baixa pressão dentro dele. Dessa forma, procura-se evitar a lesão do endotélio e prolongar a vida útil da safena.

Como benefício, a técnica No Touch apresenta excelentes resultados na longevidade dos enxertos feitos com a veia safena, quando comparado à técnica convencional.

No artigo de Domingos Souza et al:

The patient received a triple sequential no-touch vein graft to the PDA and two MAs together with a double sequential no-touch vein graft to the DA and LAD. A vein graft was used to bypass the LAD due to the age of the patient and the low degree (60-70%) of stenosis in the LAD.

Aplicação da Técnica No-touch

Como resultado, o artigo de Domingos Souza et al. mostra que, no follow-up de três meses, o paciente submetido ao procedimento encontrava-se completamente assintomático. O exame de angiotomografia computadorizada revelou patência de todos os enxertos realizados.

Na Equipe Seu Cardio, estamos utilizando a mesma técnica e realizando protocolos comparativos com intuito de alcançarmos as mesmas conclusões demonstradas nos estudos do Dr. Domingos Souza et al.

Com a aplicação da técnica no-touch, resgatamos a importância dos enxertos venosos como estratégia segura em associação aos enxertos arteriais. Assim, reforçamos a posição da cirurgia de revascularização do miocárdio como tratamento ouro para a insuficiência coronariana crônica.

Com a devida autorização do Prof. Dr. Domingos Souza, pesquisador e criador da técnica No Touch, estamos disponibilizando sua aula sobre o tema – apresentada 3o Encontro Anglo-Latino de Cirurgia Cardíaca, em Londres. O material contém vasto conteúdo sobre esta abordagem, já publicada na literatura médica mundial e com follow-up de longo prazo. Para acessar a aula, clique aqui.

Para ler o artigo do Dr. Domingos Souza et al. na íntegra, publicado no Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, clique aqui.

 

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