Com o avanço das técnicas na cirurgia cardiovascular, as cirurgias minimamente invasivas estão se tornando cada vez mais rotineiras. Esses procedimentos estão associados a uma incisão menor na pele do paciente. E nesse contexto, surge a dúvida: necessariamente, uma incisão menor está associada a uma técnica melhor? O tamanho da incisão da cirurgia cardíaca faz diferença?
Ponto de vista do paciente
Quando nos deparamos com esse questionamento, e nos colocamos na situação do paciente, a resposta vai ser eternamente sim. “Eu quero uma incisão pequena”.
Alguns pontos simples esclarecem o porquê disso:
- Estética: o paciente sempre deseja ficar com a menor cicatriz possível após a cirurgia;
- Dor: existe um certo medo do sofrimento que uma incisão grande pode trazer, havendo a crença de que quanto maior a incisão, maior a dor;
- Psicológico e emocional: no seu subconsciente, o paciente associa uma cirurgia de incisão pequena com um procedimento menor.
Todas essas questões, do ponto de vista humano, são de extrema relevância e devem ser debatidas na conversa entre o médico e o paciente no pré-operatório da cirurgia cardíaca.
Ponto de vista do médico
A visão do médico, acaba sendo mais técnica. As cirurgias minimamente invasivas, com incisões menores, não se aplicam a todas as doenças, nem a todos os tipos de tratamento. Da mesma forma, tampouco para todos os pacientes.
É evidente, entre os profissionais, que o tamanho da incisão da cirurgia cardíaca não está diretamente relacionado a risco cirúrgico maior ou menor. Há outras diversas questões relacionadas à segurança da cirurgia cardiovascular como um todo que devem ser levadas em consideração antes de discutir o tamanho da incisão.
Portanto, a indicação do tratamento e da técnica cirúrgica deve ser individualizada. Dessa maneira, a cirurgia poderá ser realizada da maneira mais segura possível, respeitando as condições de cada paciente. Se o procedimento com a menor incisão trouxer mais risco ao paciente, por não permitir a correta visualização do campo cirúrgico ou não permitir o tratamento mais completo, por exemplo, não é aconselhada a sua realização.
A cirurgia cardíaca minimamente invasiva
Acerca de um mesmo aspecto, o paciente e o médico podem ter visões completamente diferentes, e ambos terem razão em suas explanações. O médico, do ponto de vista técnico, e o paciente, do ponto de vista humano. Entretanto, é importante que o cirurgião converse com o paciente para que haja consenso.
O conceito de cirurgia minimamente invasiva aborda questões que são mais relevantes para a segurança do paciente do que o tamanho da incisão da cirurgia cardíaca. Entre as questões envolvidas em uma cirurgia menos invasiva, estão:
- Circulação extracorpórea (aparelho que substitui a função coração-pulmão temporariamente) mais segura;
- Serviço de anestesiologia diferenciado;
- Melhor monitorização do organismo do paciente como um todo.
Doenças e o tamanho da incisão da cirurgia cardíaca
Hoje, existem algumas doenças que já são rotineiramente tratadas por técnica minimamente invasiva e incisão pequena na cirurgia cardíaca, e com um resultado melhor do que com a técnica convencional. O exemplo mais clássico disso é a troca de válvula aórtica isolada. Na experiência da equipe Seu Cardio, foi possível notar menor tempo de UTI e de internação, redução do índice de transfusão e recuperação menos dolorosa no pós-operatório.
A troca de válvula mitral e a revascularização do miocárdio são cirurgias que também podem ser realizadas por técnica minimamente invasiva, porém em casos mais específicos. A decisão entre a abordagem tradicional ou mini incisão depende fundamentalmente de características da doença e das condições de saúde de cada paciente. Assim, recomendamos que haja uma ampla discussão entre o paciente e o cirurgião cardiovascular sobre a opção mais segura para o seu caso e se a técnica minimamente invasiva se adequa ou não ao seu tratamento.
Ressaltamos que a indicação de cirurgia é individual e que o contexto de cirurgia minimamente invasiva vai muito além da incisão. O médico que propõe uma técnica convencional não é pior do que aquele que propõe a cirurgia mini, e todos os aspectos devem ser discutidos sempre priorizando a segurança e o risco de cada paciente.
Converse com seu cirurgião e tire todas as suas dúvidas sobre o tamanho da incisão da cirurgia cardíaca. Ele poderá lhe orientar sobre a melhor técnica para o seu caso.