*Post atualizado em abril/2021
A cirurgia cardíaca em idosos é cada vez mais comum. Afinal, as pessoas estão vivendo mais e a população de pacientes idosos aumenta no mundo todo. Com o avanço da idade, há também o avanço da Medicina para o tratamento de diversos problemas vivenciados na terceira idade.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em 202 revelam que a expectativa de vida do brasileiro é, em média, de 76,6 anoa. Em 2019, a esperança de vida da mulher chegou a 80,1 anos e do homem 73,1 anos.
Mas, a idade é por si só um fator de risco para a cirurgia cardíaca? O idoso é um ser muito frágil para ser operado?
Idade é diferente de fragilidade
Em primeiro lugar, precisamos diferenciar idade de fragilidade. A idade passa a ser um fator de risco quando traz uma série de doenças associadas. Mas vamos imaginar um idoso que chega aos 80 anos com uma doença de coronária, que é a obstrução (“entupimento”) das artérias do coração. Ele tem uma atividade cerebral e uma vida absolutamente normais. No entanto, não consegue mais fazer sua caminhada habitual porque tem dor no peito. Está limitado nas suas atividades físicas, porque cansa. Esse idoso tem uma doença no coração. Ponto. Só isso. Tratada a doença, ele volta a ter uma vida normal novamente.
Apesar da enorme colaboração que a cirurgia cardíaca em idosos pode trazer à qualidade de vida dos pacientes, são bastante comuns os questionamentos. “Ele já tem 84 anos, o que a cirurgia vai acrescentar de sobrevida para ele?” A questão não é se ele vai viver até os 90 ou 95 anos, mas como esse idoso vai viver. E isso, a cirurgia pode devolver: a qualidade de vida que ele perdeu diante da doença cardíaca que adquiriu. Além disso, em muitos casos, aumenta sim a sobrevida, mesmo nesta faixa etária mais avançada.
Com os avanços tecnológicos da medicina aliados ao maior acesso à informação, os idosos passaram a ter uma melhor qualidade de vida. Assim, são mais ativos, independentes e biologicamente mais fortes. Tratamentos mais eficazes, busca pela boa alimentação e hábitos saudáveis são fatores que contribuem para que os idosos tenham uma sobrevida satisfatória após uma cirurgia cardíaca.
A Cirurgia Cardíaca em Idosos com Boa Saúde
Um estudo publicado pela Journal of the American Geriatrics Society, divulgado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o fator idade não é mais justificativa para não serem realizados procedimentos médicos em indivíduos acima de 80 anos.
A cirurgia cardíaca em idosos em situação semelhante ao exemplo acima tem resultados excelentes. Inclusive, surpreendentemente melhores do que em pessoas de meia idade que já acumulam várias doenças. Isso porque o idoso que chegou aos 80 anos com apenas uma doença no coração mostrou que é um ser biologicamente mais forte. Passou por várias etapas da vida, nas quais outras doenças incidem. No entanto, chegou à idade mais avançada apresentando uma única doença. Então, a cirurgia cardíaca em idosos desse tipo tem baixa taxa de mortalidade. O idoso volta às suas atividades e a família se surpreende com sua resistência, que na verdade já poderia ser observada pela vida que ele leva.
Com o aumento da população de pacientes idosos, a incidência das doenças degenerativas das válvulas cardíacas, comuns nessa faixa etária, também cresce. Para o paciente idoso que tem um problema isolado em uma valva cardíaca, por exemplo, a abordagem cirúrgica precoce impede que a doença valvar comprometa a contratilidade do coração, proporcionando um risco baixo e a devolução de uma qualidade e expectativa de vida normais. Assim, a cirurgia cardíaca em idosos vem ao encontro desse objetivo, devolvendo vida aos anos do paciente.
Cirurgia Cardíaca em Idosos com Doenças Associadas
A indicação de cirurgia cardíaca em idosos que possuem alguma doença associada, que estejam acamados ou que pouco se comuniquem, por exemplo, deve ser avaliada entre médicos, paciente e seus familiares. É fundamental que se tenha em mente o quanto esse paciente irá ou não se beneficiar do procedimento. Em outras palavras, é necessário avaliar seus riscos e benefícios. Para isso, contar com a assistência de bons profissionais nas áreas de Cardiologia Clínica e de Cirurgia Cardíaca é fundamental para apresentar e avaliar claramente o melhor para cada caso.
É comum, em idosos, a descoberta de um problema cardíaco durante a realização de exames para outras doenças, como câncer, por exemplo. Nestes casos, em geral, é indicada a realização da cirurgia do coração primeiro. A medida visa diminuir os riscos no tratamento da outra doença (tumores, transplantes, etc). O coração é sempre colocado em primeiro lugar, pelo risco que ele representa para os outros tratamentos. Uma vez protegido o coração, o tratamento de doenças associadas tende a obter melhores resultados.
Caso tenha dúvidas sobre a relação risco x benefício da cirurgia cardíaca em idosos, converse com o médico que acompanha o caso. Informe-se também com o cirurgião cardiovascular. Em conjunto e com uma avaliação criteriosa, será definida a melhor conduta.
Para saber quais são as principais orientações sobre cirurgias cardíacas, faça o download da cartilha gratuita sobre Pré e Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca: