Por Dr. Luiz Carlos Giuliano CRM-SC 4551, Hemodinamicista do Hospital SOS Cárdio.
As Cardiopatias Congênitas são problemas que se apresentam na estrutura do coração antes do nascimento. Alteram a anatomia normal do coração, podendo estar relacionadas às válvulas, paredes internas ou mesmo artérias do coração. Algumas cardiopatias congênitas são incompatíveis com a vida e levam ao óbito. Outras, são tratadas logo no nascimento. A maioria das cardiopatias congênitas são tratadas ainda na infância, sendo que algumas, identificadas apenas na vida adulta, são tratadas nessa fase.
Quais os sintomas das Cardiopatias Congênitas?
Normalmente as crianças com cardiopatias congênitas apresentam sintomas como pele de coloração roxeada, choro constante e/ou cansaço ao mamar. O próprio médico Pediatra, quando vai fazer o exame físico da criança, tem condições de identificar problemas como sopro ou frequência cardíaca alterada. Nestes casos o Pediatra indica o acompanhamento com um Cardiopediatra.
Através de exame físico e exames complementares como eletrocardiograma, RX de tórax e ecocardiograma o Crdiopediatra consegue diagnosticar o tipo de cardiopatia congênita e indicar o correto tratamento, bem como se pode ser tratada via percutânea ou através de uma cirurgia cardíaca. Em alguns casos, pode ser indicada a realização de um cateterismo como exame complementar para o completo diagnóstico antes da definição do tipo de tratamento necessário.
Cardiopatias Congênitas Descobertas mais Tarde
Não é raro determinadas cardiopatias congênitas não serem diagnosticadas na infância. Isso acontece, principalmente, com aquelas menos complexas, onde os sintomas são leves e passam despercebidos. É o caso da comunicação interatrial, que muitas vezes só é diagnosticada em idades mais avançadas, até mesmo em septuagenários.
Uma vez feito o diagnóstico, mesmo tardiamente, é possível realizar-se o tratamento por via percutânea, desde que tenha indicação para tal. Porém, mesmo não dando muitos sintomas e não sendo diagnosticadas na infância, quando feito o diagnóstico tardio, pode não ser mais possível o tratamento, quer por cirurgia ou percutaneamente. Isso ocorre porque as alterações que o defeito congênito causou nas estruturas cardíacas e/ou pulmonares não permitem mais um tratamento corretivo.
Cardiopatia Congênita e Superproteção
Evidentemente que as crianças com cardiopatia congênita acabam por serem mais protegidas pelos pais e parentes. O medo de que exercícios físicos possam piorar o defeito congênito ou trazer risco de morte faz com que essas crianças sejam privadas de atividades habituais para a idade. Isso costuma permanecer mesmo depois de corrigida a cardiopatia.
Este comportamento deve ser rediscutido, porque muitas cardiopatias congênitas, depois de tratadas, não restringem a atividade física. É claro que há uma variedade muito grande de cardiopatias congênitas e que cada qual tem suas particularidades em termos de gravidade e restrição física. Mas não podemos tratar esses pacientes como se fossem incapacitados para atividade física. Até porque temos exemplos de cardiopatas congênitos que se transformaram em campeões esportivos. Sendo assim, é importante que a prática de atividade física seja discutida seriamente com o Cardiopediatra. É uma questão fundamental para não estigmatizar os pacientes portadores de defeitos cardíacos congênitos.
Confira a importância do envolvimento de uma equipe multidisciplinar no cuidado com os pacientes da Cirurgia Cardíaca: