Marcapasso e Atividade Física: há restrições?

Marcapasso e Atividade Física: há restrições?

A relação entre marcapasso e atividade física é uma dúvida bastante comum entre os pacientes. No entanto, este dispositivo cardíaco não limita a vida e, tão pouco, a realização de atividades comuns. 

Marcapassos e Ressincronizadores

Os marcapassos são indicados para o tratamento de problemas de ritmo do coração, tanto as alterações que aceleram o coração (taquiarritmias), quanto aquelas que diminuem a frequência cardíaca (bradiarritmias). Em alguns casos, tais problemas podem gerar, inclusive, uma parada cardíaca. Além disso, os marcapassos podem ser indicados para melhorar a contratilidade do coração – são os chamados ressincronizadores.

De acordo com o Registro Brasileiro de Marcapassos, Desfibriladores e Ressincronizadores Cardíacos (RBM), até 2013, quando completou 20 anos de existência, foram registradas 243.073 cirurgias para colocação ou troca de marcapasso. Destas, 173.621 foram implantes e 69.452 destinaram-se a trocas de geradores. 

Possuir um marcapasso não significa ter uma vida restrita. O marcapasso não altera muito os hábitos e o cotidiano do seu portador.

 “Dependendo do estilo de vida, da saúde e do tipo de problema cardíaco que levou à necessidade de implantar um marcapasso, é possível que uma ou outra atividade talvez mude. No entanto, muito mais por imposição da doença do que pelo dispositivo em si. Mesmo assim, as mudanças que porventura existam não costumam ser extremas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

Marcapasso e Atividade física

Quem usa marcapasso pode praticar atividade física? Em linhas gerais, sim. A realização de atividade física não é limitada pelo uso do marcapasso. No entanto, pode ser limitada pela condição de saúde do seu portador. Nesses casos, deve ser analisada caso a caso.

Há pacientes que praticam esportes, como tênis, por exemplo. Nessas situações, o que se sugere é mudar o lado do implante do marcapasso. Quem é canhoto e vai praticar uma atividade manual mais intensa, pode ter seu marcapasso implantado à direita, e vice-versa. Da mesma forma, jogar bola é permitido, mas com o cuidado de não levar um impacto na região do implante de marcapasso. Assim, é possível manter uma vida ativa e os hábitos esportivos mesmo depois do implante. 

Para quem tem um CDI – Cárdio-desfibrilador Implantável, o risco de morte súbita é reduzido. Isso porque o dispositivo oferece a possibilidade de tratamento, além da função de marcapasso convencional. Os CDIs podem rever arritmias que tem o potencial de parada cardíaca, como também reverter a parada cardíaca por fibrilação ventricular. 

“Por isso, nos casos de CDIs, é importante avaliar com o Cardiologista Clínico eventuais restrições impostas pela doença em si, e não pelo aparelho. Atividades comuns, como dirigir, por exemplo, podem ter uma consequência grave se houver uma parada cardíaca – ou um choque do dispositivo para revertê-la. Porém, outras atividades corriqueiras poderão ser desempenhadas com mais segurança do que sem o CDI.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), cirurgião cardiovascular chefe da equipe Seu Cardio, em Florianópolis/SC.

Mais Informações sobre Marcapassos

Em linhas gerais, portar um marcapasso ou um CDI não restringe a vida de ninguém. As restrições são, na verdade, impostas pela doença cardíaca, e não pelos dispositivos. Em um outro post, abordamos vários questionamentos comuns relacionados a esse tema. Acesse o post Mitos e Verdades sobre Marcapassos e leia sobre aspectos do cotidiano. Nele, abordamos dúvidas sobre relação como microondas, portas detectoras de metais, uso de aparelho celular, entre outras. 

No Brasil, de acordo com o Censo de Marcapasso e Desfibriladores, são implantados 190 marcapassos, por milhão de habitantes. Ainda que esteja abaixo de países vizinhos como Argentina, que implanta 380 marcapassos por milhão de habitantes e o Uruguai 587, o Brasil têm evoluído bastante. A criação do Dia do Portador de Marcapasso, comemorado no dia 23 de setembro, tem contribuído para a conscientização entre portadores e familiares.  

Para saber quais são as principais orientações sobre marcapassos, faça o download gratuito da nossa cartilha Marcapassos: orientações aos pacientes:

O que fazer diante de uma parada cardíaca?

O que fazer diante de uma parada cardíaca?

Por Dr. Tarcis Sawaia El Messane – CRM-SC 9542
Cardiologista Clínico do Hospital SOS Cárdio e do Instituto de Cardiologia de SC

Diante de sintomas que podem levar a uma parada cardíaca, como angina (dor no peito) ou falta de ar intensa, por exemplo, o ideal é recorrer imediatamente ao serviço de emergência, de preferência cardiológico. Nos casos sem sintomas, em que a pessoa já se apresenta sem resposta aos estímulos, a primeira iniciativa é pedir ajuda. Por exemplo, para o SAMU (192) e, imediatamente, usar um desfibrilador. Se não houver um desfibrilador no local, iniciar imediatamente as compressões cardíacas externas (massagem cardíaca) no indivíduo, até que o Serviço Médico de Emergência chegue com o desfibrilador e assuma o comando do atendimento.

A agilidade no socorro nos casos de parada cardíaca é fundamental. Quanto mais tempo se leva para fazer a desfibrilação, menor é a chance de sobrevivência. São cerca de 10% de perda de sobrevida a cada minuto perdido para fazer a desfibrilação.

Como fazer uma massagem cardíaca

A massagem cardíaca pode salvar a vida de uma pessoa em quadro de parada cardíaca. Para fazê-la, entrelace uma mão sobre a outra (ou simplesmente posicione uma sobre a outra) e coloque a base da mão bem no centro do peito (no terço inferior do osso esterno, que fica no centro do peito). Faça as compressões com força e com rapidez (idealmente 100 a 120 vezes por minuto), cuidando para deixar o tórax expandir entre as compressões.

Se não souber fazer a respiração boca a boca, atenha-se à massagem cardíaca. Quando o tórax é comprimido, mesmo com o coração parado, o cérebro consegue receber irrigação sanguínea. A principal função da compressão, até a chegada do desfibrilador, é preservar a saúde cerebral, diminuindo o risco de sequela neurológica causada pela parada cardíaca e também aumentar a chance de sucesso da desfibrilação, se indicada.

Uso do desfibrilador em parada cardíaca

Existem dois tipos de desfibriladores. Um, que se usa dentro do hospital, operado por profissionais habilitados. Outro, que é muito fácil de ser utilizado e vem com todas as instruções para que possa ser manuseado por leigos diante de casos de parada cardíaca, que são os desfibriladores externos automáticos (DEAs).

Os DEAs, que devem estar disponíveis em locais públicos, vem com pás adesivas que devem ser coladas diretamente no peito da pessoa (deve-se retirar a roupa). Uma à direita, acima, no tórax, e outra mais abaixo, à esquerda (há desenhos nas pás indicando onde devem ser coladas). Depois disso, liga-se o aparelho que, automaticamente, vai analisar qual é o ritmo cardíaco. Se tiver com arritmia, como a fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular, o próprio aparelho vai informar que foi detectada a arritmia e que está indicado o choque. O desfibrilador então começará a ser carregado automaticamente. Quando estiver pronto para dar o choque, informará para que as pessoas próximas se afastem e orientará para apertar o botão que vai liberar o choque. Então, deve-se voltar a fazer a massagem cardíaca por mais dois minutos, seguindo sempre as orientações do DEA até a chegada do Serviço Médico de Emergência.

Infelizmente, ao contrário do que se vê em outros países, ainda não existe uma grande disponibilidade de desfibriladores em locais públicos. Espaços com aglomeração de pessoas, como shopping centers, aeroportos, escolas, praça públicas, estádios de futebol, entre outros, deveriam dispor de desfibriladores, pois são salvadores de vidas das pessoas que sofrem parada cardíaca súbita.

Para saber quais são as principais orientações sobre cirurgias cardíacas, faça o download da nossa cartilha Pré e Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca:

parada cardíaca

 

No Brasil, existem leis estaduais sobre o uso de desfibrilador em locais públicos. Um projeto deve ir para votação no Senado, com abrangência nacional (Confira aqui.)