O mixoma cardíaco é classificado como um tumor primário e benigno do coração. No entanto, algumas características particulares podem trazer perigo e até serem fatais. Neste texto, explicaremos algumas delas à você. Falaremos também sobre a importância da cirurgia para a retirada do mixoma cardíaco, mesmo aqueles pequenos e sem sintomas.
Os tumores primários do coração são aqueles originados no próprio órgão – não são provenientes de metástases. Eles apresentam baixa incidência e são, na maior parte das vezes, benignos (possuem um bom prognóstico).
Apesar da raridade, o mixoma cardíaco é o tumor primário mais comum no coração de adultos. As pesquisas mostram que eles são responsáveis por 50% dessa incidência, sendo os demais formados por lipomas, fibroelastomas papilares e rabdomiomas.
Causas da Doença
O mixoma cardíaco pode ocorrer em qualquer idade, mas é particularmente mais comum na faixa etária entre entre 30 a 60 anos. As causas da doença ainda não são completamente conhecidas, mas estes tumores são mais comuns em mulheres.
Embora possam surgir em qualquer região do coração, cerca de 90% dos mixomas cardíacos são intracavitários (nascem na parte de dentro do órgão) e localizam-se nos átrios (as câmaras superiores). As pesquisas mostram que os mixomas nos átrios esquerdos são quatro vezes mais comuns do que nos átrios direitos.
“Em geral, os pacientes descobrem o mixoma cardíaco através do exame de Ecocardiograma. A partir desse momento, a cirurgia cardíaca para a retirada do tumor é extremamente importante. Mesmo as pessoas que possuem mixomas cardíacos pequenos e não apresentam sintomas correm riscos.” (Dr. Sergio Lima de Almeida – CRM/SC 4370 / RQE 5893
Os Riscos do Mixoma Cardíaco
O mixoma cardíaco é um tumor de natureza benigna. O que o torna perigoso para a saúde humana é a sua localização: a parte interna do coração.
Os mixomas podem estar presos à parede interna do coração de duas formas: por uma base larga mais estável ou por um pedículo, uma espécie de haste flexível que permite que ele se mova em várias direções, de acordo com o fluxo sanguíneo.
“Um mixoma é um corpo estranho dentro do coração. Há casos em que ele cresce tanto que chega a ocupar quase toda a área que deveria ser preenchida por sangue, causando uma restrição ao fluxo sanguíneo e prejudicando consideravelmente toda a circulação.” (Dr. Sergio Lima de Almeida – CRM/SC 4370 / RQE 5893)
Outro grande problema é quando o mixoma se move. Um mixoma pediculado e móvel no átrio esquerdo pode, por exemplo, tapar e destapar sucessivamente a Valva Mitral.
As valvas são estruturas que separam os átrios dos ventrículos e organizam o fluxo de sangue dentro do coração. Quando elas abrem, permitem que o sangue flua no sentido correto. Quando elas fecham, impedem que o sangue volte no sentido contrário. O mixoma pode interferir no funcionamento adequado da valva, produzindo uma obstrução mecânica ou tornando-a insuficiente.
Por isso, é comum que os portadores desse tipo de tumor apresentem sintomas como falta de ar ou desmaios. Taquiarritmias tambem podem ocorrer.
“Por conta de sua localização, os mixomas cardíacos podem causar uma lesão grave nas valvas próximas, o que poderá impedir seu correto funcionamento. Nestes casos, a cirurgia para a retirada do tumor pode ser associada à reconstrução ou substituição da valva danificada.” (Dr. Sergio Lima de Almeida – CRM/SC 4370 / RQE 5893)
Mixomas Cardíacos e AVC
Além da posição do mixoma cardíaco, outro ponto importante é o formato da superfície do tumor. Ela pode ser lisa e homogênea ou irregular e enrugada e está diretamente relacionada ao risco de AVCs (derrames).
O átrio esquerdo do coração é a câmara responsável por receber o sangue rico em oxigênio, vindo dos pulmões, e de repassá-lo para o ventrículo esquerdo, de onde será bombeado para todo o organismo. Inclusive para os vasos sanguíneos cerebrais.
Entretanto, muitas vezes, por conta do formato irregular ou até mesmo nos mixomas de superficie lisa, pode haver a presença de trombos (coágulos) em sua superfície. Estes coágulos possuem potencial alto de se despreder e de gerar um quadro de embolia – muitas vezes, cerebral. Outro risco de embolia decorre de parte do próprio tumor se desprender, causando a mesma consequência.
Diagnóstico de Mixoma Cardíaco
O mixoma cardíaco pode ser uma doença difícil de diagnosticar. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas específicos. O Ecocardiograma é um dos exames mais apropriados para detecção do tumor. O exame, de fácil realização, costuma fazer parte da rotina de check-up cardíaco. Às vezes, pode haver necessidade de complementação diagnóstica com ressonância magnética do coração.
Tratamento Cirúrgico
Por conta dos prejuízos à circulação sanguínea, de possíveis danos às valvas e do risco de formação de coágulos e de AVC, a cirurgia é indicada. Mesmo os pacientes com mixomas pequenos e sem sintomas aparentes devem recorrer à intervenção cirúrgica para a retirada do tumor.
“Indivíduos com mixomas correm constantemente o risco de uma embolia. Seja ela por trombo ou por fragmento do próprio tumor. Se o paciente for sintomático, é sinal de que o tumor já é bastante grande e está causando restrição ao fluxo sanguíneo.” (Dr. Sergio Lima de Almeida – CRM/SC 4370 / RQE 5893)
O procedimento cirúrgico é relativamente simples, quando comparado com outras intervenções cardiológicas. Da mesma forma, os pacientes costumam se recuperar rapidamente.
Na grande maioria dos casos, a cirurgia de retirada do mixoma é curativa. O índice de recidiva do tumor é baixo. Porém, orienta-se que, mesmo após o procedimento, o paciente faça acompanhamento periódico com seu médico.
*As informações contidas neste texto não substituem a informação prescrita pelo seu médico.