As bactérias e os fungos estão presentes em qualquer lugar do nosso planeta. A superfície da nossa pele e as mucosas não são exceção. Algumas vezes, quando alguns tipos específicos de microrganismos entram em nossa corrente sanguínea, podem ser levados até ao coração, lá se fixar e começar a se reproduzir. Assim, geram uma doença chamada de endocardite.

“A endocardite acontece quando os microrganismos entram na nossa corrente sanguínea e se instalam no nosso coração, trazendo uma série de prejuízos. Trata-se de uma das poucas infecções que, se não forem tratadas, são 100% fatais.” –  Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Abaixo, o cardiologista Rodrigo Carlo Saorin (CRM 8835 / RQE 8508), do Hospital SOS Cárdio, explica o que é a endocardite e a importância da profilaxia para os pacientes que apresentam riscos de desenvolverem essa doença.

Como acontece a endocardite?

A endocardite é uma doença grave. Para que ela venha a acontecer é preciso a associação de vários elementos ao mesmo tempo.

As bactérias e os fungos estão continuamente em contato com diversos tecidos humanos. Algumas vezes, as nossas defesas naturais falham ou somos expostos a uma quantidade muito grande deles. Assim, eles acabam invadindo a nossa corrente sanguínea. Quando isso acontece com alguns tipos específicos de microrganismos, em pessoas que já possuam alguma predisposição, como alterações nas valvas do coração, por exemplo, esses microorganismos podem se fixar neste local e começar a se reproduzir. Ocorre, assim, a endocardite.

Então, para que a endocardite ocorra, é necessário:

  • O contato do sangue com determinados tipos de bactérias ou fungos e em uma quantidade suficiente;
  • Lesões preexistentes nas valvas cardíacas ou presença de materiais sintéticos no coração (próteses valvares);

Os Riscos da Endocardite

Uma vez instaladas nas valvas do coração (sejam elas naturais ou próteses), as bactérias formam uma espécie de tecido, com múltiplas camadas. O crescimento desse tecido pode causar deformações progressivas, provocando a perda da função original da válvula cardíaca, atrapalhando o funcionamento do coração.

Além disso, em certos casos, uma parte da colônia de bactérias pode se desprender da região onde está fixada e circular junto ao sangue por todo corpo. À medida em que os vasos sanguíneos vão ficando menores, este aglomerado de células, bactérias e coágulos acaba impedindo a passagem do sangue. Dessa forma, acaba provocando a morte dos tecidos desta região por falta de oxigênio e nutrientes. Como este material é rico em bactérias, muitas vezes esta necrose pode estar associada com a formação de abcessos. Este fenômeno pode ocorrer em qualquer região do corpo, sendo muitas vezes encontrado nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés.

Sintomas da Endocardite

Esta doença costuma ser insidiosa e de diagnóstico complexo. Os sinais e sintomas da endocardite podem aparecer aos poucos e serem confundidos com outras doenças. Entre eles, podemos citar:

  • Febre noturna persistente;
  • Emagrecimento;
  • Cansaço e falta de ar aos pequenos esforços;
  • Manchas nos olhos e na ponta dos dedos;
  • Novo sopro presente no coração.

Além disso, a Endocardite pode ter como primeira manifestação uma lesão de algum órgão distante, como:

Algumas pessoas são particularmente mais suscetíveis ao desenvolvimento de endocardite. Entre elas, pessoas que possuam qualquer doença que produza disfunção das valvas cardíacas, como: estenose ou insuficiência, ou alguma deformação ou turbilhonamento excessivo do sangue nestes locais, como febre reumática, doenças congênitas do coração, próteses cardíacas, marcapasso, calcificação, etc. São também mais suscetíveis pessoas que são expostas continuamente a uma alta carga de bactérias na corrente sanguínea. São casos como: viciados em drogas injetáveis, imunodeprimidas, alguns tipos de tumores de intestino, má higiene bucal, procedimentos invasivos contaminados, dentre outros.

Diagnóstico

O diagnóstico da endocardite costuma ser realizado através da correlação dos sinais, sintomas e exames clínicos. Entre os exames, colaboram com o diagnóstico os achados no Ecocardiograma e na Hemocultura. Este último é o exame que mostra o crescimento da bactéria no sangue.

“Algumas vezes, o uso indiscriminado de antibióticos sem um diagnóstico adequado pode atrapalhar, atrasar o tratamento e induzir a um diagnóstico equivocado. No caso de uma endocardite, isso pode ser fatal.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Tratamento da Endocardite

O paciente diagnosticado com endocardite deverá ser submetido a um período de internação hospitalar relativamente longo, que costuma durar várias semanas. Os cuidados médicos envolvem a administração de medicamentos antibióticos específicos e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos.

O tratamento com antibióticos visa eliminar a infecção bacteriana. Já a cirurgia é indicada para pacientes que tiveram suas válvulas naturais ou próteses valvares comprometidas pelo crescimento dos microorganismos. Nesses casos, a válvula natural ou prótese valvar deve ser substituída. Quando aparelhos de marcapasso são contaminados pela endocardite, eles também precisam ser trocados.

“O tratamento com antibióticos específicos é muito importante. A cirurgia só pode ser indicada quando os exames mostrarem que as bactérias foram eliminadas completamente do organismo.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Profilaxia

Pessoas que possuam fatores de risco para o desenvolvimento de endocardite precisam ser identificadas e receber a profilaxia adequada.  

“A profilaxia consiste na administração preventiva de antibióticos antes de alguns procedimentos que possam provocar uma exposição do sangue a uma grande quantidade de bactérias.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista  (CRM 8835 / RQE 8508).

Converse com o seu cardiologista para saber se você faz parte de algum grupo de risco para a endocardite. O médico também poderá lhe orientar sobre os cuidados que você precisa tomar para evitar esta doença tão perigosa.

Colaborou nesta matéria: Dr. Rodrigo Carlo Saorin (CRM 8835 / RQE 8508), Médico Cardiologista e Intensivista do Hospital SOS Cárdio, Florianópolis/SC.

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Equipe Seu Cardio
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