Hipertensão Arterial: Prevenção e Fatores de Risco – *Por Dr. Jamil Cherem Schneider CRM-SC 3151 RQE 2874

O controle da pressão arterial elevada é um desafio mundial. A hipertensão é o principal fator de risco para infartos e acidentes vasculares cerebrais, as maiores causas de mortalidade atuais. No Brasil, a hipertensão arterial atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos. Mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular.  

Hipertensão: doença da vida moderna

As razões para o importante crescimento dos casos da doença são conhecidas. Há uma predisposição genética importante. Porém, males típicos da modernidade, como obesidadesedentarismo, tabagismo, ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, excesso de sal e o estresse contribuem para o avanço da doença.

Caracterizada pelo aumento da tensão das paredes das artérias sobre o conteúdo de sangue em seu interior, a doença tem impacto sobre órgãos vitais do organismo: coração, cérebro e rins. Também se sabe que o hipertenso tem maior risco de desenvolver diabetes mellitus.

Entre os fatores responsáveis pela mudança na pressão estão: a gordura abdominal, o excesso de bebida alcoólica e consumo de sal, além da falta de atividade física (sedentarismo). O estresse também pode fazer o corpo liberar hormônios — substâncias que regulam o funcionamento do organismo — que contraem os vasos. Outras possíveis causas, porém menos frequentes, são o uso de medicamentos como anti-inflamatórios, anticoncepcionais, doenças congênitas, alterações na tireoide, glândula suprarrenal e lesões renais.

Valores Ideais da Pressão Arterial

Considera-se que a pessoa é hipertensa se, medindo a pressão arterial em repouso, obtêm-se valores a partir ou acima de 140 x 90mmHg. Acima deles, a pressão é considerada elevada; abaixo, é normal. Esse valor independe da idade, tanto faz se a pessoa tem 20 ou 60 anos. Por isso, o jeito é ficar de olho continuamente. E isso só é possível medindo a pressão, pois a sua alteração não apresenta sintomas.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, raramente a hipertensão está associada a dores de cabeça, tonturas e mal estar. Em geral, ela não apresenta sintomas.

Como é feito o diagnóstico da hipertensão

O diagnóstico pode variar conforme os momentos em que surge a hipertensão. Quando os valores apresentam-se alterados durante a consulta médica e também em casa, o paciente é diagnosticado hipertenso.  

Na chamada “Hipertensão do Jaleco Branco” – quando só há mudanças na pressão durante a conversa com o médico e, em casa, os índices são normais -,  e nos casos denominados de “Hipertensão Mascarada” – com alteração somente fora do consultório -, o diagnóstico deverá ser confirmado através do exame MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial). O aparelho é colocado no paciente por 24h para medições e acompanha a variação da pressão durante todo o dia, em diversos momentos.

Somente em indivíduos que apresentem valores normais na consulta e em casa, o diagnóstico de hipertensão pode ser descartado.

Tratamento e Prevenção da Hipertensão

A adoção de um estilo saudável de vida é fundamental para a prevenção da doença e também no tratamento de hipertensos. Confira as principais medidas:

  • Controle do peso – a obesidade é um fator de risco para diversas doenças;
  • Redução do consumo de sal e de alimentos industrializados;
  • Adesão à dieta Dash (Dietary Approach to Stop Hypertension), que prioriza o consumo de frutas, verduras, alimentos integrais, leite desnatado, além do baixo consumo de gorduras saturadas;
  • Consumo de alimentos ricos em potássio (feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escuro, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e laranja);
  • Moderação no consumo de bebida alcóolica – leia o post “Vinho faz bem ao coração?“;
  • Prática de atividade física (150 minutos por semana, incluindo exercício aeróbico, musculação e alongamento). O sedentarismo é o segundo maior fator de risco para mortalidade;
  • Abandono do cigarro: entenda neste post porque o cigarro faz mal ao coração;
  • Gerenciamento do estresse;
  • Uso de medicamentos (somente após a confirmação do diagnóstico e conforme prescrição médica).

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Diretor do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC). Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atualmente atende na clínica Prevencordis, no Instituto de Cardiologia e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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