O que fazer diante de uma parada cardíaca?
Por Dr. Tarcis Sawaia El Messane – CRM-SC 9542
Cardiologista Clínico do Hospital SOS Cárdio e do Instituto de Cardiologia de SC
Diante de sintomas que podem levar a uma parada cardíaca, como angina (dor no peito) ou falta de ar intensa, por exemplo, o ideal é recorrer imediatamente ao serviço de emergência, de preferência cardiológico. Nos casos sem sintomas, em que a pessoa já se apresenta sem resposta aos estímulos, a primeira iniciativa é pedir ajuda. Por exemplo, para o SAMU (192) e, imediatamente, usar um desfibrilador. Se não houver um desfibrilador no local, iniciar imediatamente as compressões cardíacas externas (massagem cardíaca) no indivíduo, até que o Serviço Médico de Emergência chegue com o desfibrilador e assuma o comando do atendimento.
A agilidade no socorro nos casos de parada cardíaca é fundamental. Quanto mais tempo se leva para fazer a desfibrilação, menor é a chance de sobrevivência. São cerca de 10% de perda de sobrevida a cada minuto perdido para fazer a desfibrilação.
Como fazer uma massagem cardíaca
A massagem cardíaca pode salvar a vida de uma pessoa em quadro de parada cardíaca. Para fazê-la, entrelace uma mão sobre a outra (ou simplesmente posicione uma sobre a outra) e coloque a base da mão bem no centro do peito (no terço inferior do osso esterno, que fica no centro do peito). Faça as compressões com força e com rapidez (idealmente 100 a 120 vezes por minuto), cuidando para deixar o tórax expandir entre as compressões.
Se não souber fazer a respiração boca a boca, atenha-se à massagem cardíaca. Quando o tórax é comprimido, mesmo com o coração parado, o cérebro consegue receber irrigação sanguínea. A principal função da compressão, até a chegada do desfibrilador, é preservar a saúde cerebral, diminuindo o risco de sequela neurológica causada pela parada cardíaca e também aumentar a chance de sucesso da desfibrilação, se indicada.
Uso do desfibrilador em parada cardíaca
Existem dois tipos de desfibriladores. Um, que se usa dentro do hospital, operado por profissionais habilitados. Outro, que é muito fácil de ser utilizado e vem com todas as instruções para que possa ser manuseado por leigos diante de casos de parada cardíaca, que são os desfibriladores externos automáticos (DEAs).
Os DEAs, que devem estar disponíveis em locais públicos, vem com pás adesivas que devem ser coladas diretamente no peito da pessoa (deve-se retirar a roupa). Uma à direita, acima, no tórax, e outra mais abaixo, à esquerda (há desenhos nas pás indicando onde devem ser coladas). Depois disso, liga-se o aparelho que, automaticamente, vai analisar qual é o ritmo cardíaco. Se tiver com arritmia, como a fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular, o próprio aparelho vai informar que foi detectada a arritmia e que está indicado o choque. O desfibrilador então começará a ser carregado automaticamente. Quando estiver pronto para dar o choque, informará para que as pessoas próximas se afastem e orientará para apertar o botão que vai liberar o choque. Então, deve-se voltar a fazer a massagem cardíaca por mais dois minutos, seguindo sempre as orientações do DEA até a chegada do Serviço Médico de Emergência.
Infelizmente, ao contrário do que se vê em outros países, ainda não existe uma grande disponibilidade de desfibriladores em locais públicos. Espaços com aglomeração de pessoas, como shopping centers, aeroportos, escolas, praça públicas, estádios de futebol, entre outros, deveriam dispor de desfibriladores, pois são salvadores de vidas das pessoas que sofrem parada cardíaca súbita.
Para saber quais são as principais orientações sobre cirurgias cardíacas, faça o download da nossa cartilha Pré e Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca:
No Brasil, existem leis estaduais sobre o uso de desfibrilador em locais públicos. Um projeto deve ir para votação no Senado, com abrangência nacional (Confira aqui.)