Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva

Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva

A cirurgia cardíaca minimamente invasiva para troca de válvula aórtica vem se consolidando como uma das alternativas terapêuticas para pacientes que necessitam dessa troca de forma isolada. Consiste em uma incisão de apenas seis centímetros. Com abertura parcial do osso esterno, através da qual se consegue realizar a troca da válvula aórtica com a mesma segurança da cirurgia aberta – que tem cerca de 25 centímetros. A técnica não requer o uso de câmera ou outro material específico.

Com a mesma duração das cirurgias abertas – de 2 horas e meia a 3 horas, a cirurgia cardíaca minimamente invasiva é menos agressiva ao paciente. A menor incisão do esterno proporciona menos dor no pós-operatório e diminui o índice de transfusão do paciente. Ou seja, existe uma menor agressão cirúrgica.

Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva –  Aplicação

A cirurgia cardíaca minimamente invasiva vem se estabelecendo como uma rotina no serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital SOS Cárdio, nos casos de troca isolada da válvula aórtica. Nos casos de cirurgias combinadas, com troca de válvula aórtica e mitral, ou troca de de válvula aórtica com revascularização (ponte de safena), é feita a cirurgia convencional.

É preciso salientar ainda que, em alguns casos, pode haver a necessidade de uma incisão maior, mesmo tendo sido programada uma cirurgia minimamente invasiva. Em geral, a mudança é decorrente de questões anatômicas do paciente, pelo posicionamento da aorta ou mesmo da válvula.

Benefícios da Cirurgia Minimamente Invasiva

O que temos visto em nossa experiência com a cirurgia cardíaca minimamente invasiva é uma menor incidência de dor no pós-operatório. Além disso, há menor uso de transfusão sanguínea e, ainda, menor tempo de internação hospitalar.

Na cirurgia minimamente invasiva, o paciente se recupera mais rápido. O impacto psicológico também é menor, se comparado à cirurgia convencional. Além disso, do ponto de vista estético, é muito melhor para o paciente, pois a cicatriz é pequena.  

Mini-incisão e Prótese Valvar de Rápido Implante

Uma prática que temos adotado e que tem diminuído ainda mais o tempo de circulação extracorpórea e a agressividade da cirurgia é a associação da mini-incisão com a válvula de rápido delivery. Essa prótese valvar, com a qual temos tido uma importante experiência, tem apresentado ótimos resultados. Trata-se de um recurso direcionado a pacientes mais graves, que precisam de um tempo menor de circulação extracorpórea e de coração parado. A combinação da prótese de rápido implante com a mini-incisão é mais uma alternativa, muito promissora, no tratamento das doenças da válvula aórtica.

Sobre o autor:

Este artigo foi escrito com base em entrevista com o Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893), cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC. Dr. Sergio é Chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio e da Equipe Seu Cardio. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina – UFSC e com residência na Beneficência Portuguesa, na equipe do Dr. Sergio Oliveira, aperfeiçoou-se em plastia de válvulas na Cleveland Clinic, acompanhando Dr. Delos Cosgrove, e em cirurgia de cardiopatia congênita complexa, no Children Hospital – Harvard Medical School, acompanhando Dr. Aldo Castañeda. Foi também cirurgião cardiovascular do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis/SC, por 10 anos. Realiza diariamente procedimentos como: cirurgias de revascularização do miocárdio, cirurgia de válvulas e da aorta, além de implantes de marcapassos cardíacos. Com grande experiência em idosos, vem abordando o tema em congressos nacionais e internacionais.

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Cirurgia de Ponte de Safena (Revascularização do Miocárdio)

Cirurgia de Ponte de Safena (Revascularização do Miocárdio)

A cirurgia de ponte de safena, como é popularmente conhecida a cirurgia de revascularização do miocárdio, é o procedimento cirúrgico mais estudado da história da Medicina. Foi criada em 1967, nos Estados Unidos, pelo cirurgião cardiovascular Rene Favaloro. Desde então, a técnica da cirurgia de ponte de safena se desenvolveu e se popularizou pelo mundo todo. Consolidou-se como um tratamento seguro, de baixo risco e extremamente eficiente para o tratamento da insuficiência coronariana.

Insuficiência Coronariana e Ponte de Safena

A insuficiência coronariana é uma doença causada pela aterosclerose das artérias coronárias, que desenvolvem placas obstrutivas em seu interior. Quando ocorre a oclusão total do vaso sanguíneo por estas placas, ou pela formação de coágulos sobre elas, temos uma isquemia aguda no coração. O quadro levando ao infarto agudo do miocárdio, uma das maiores causas de morte dos dias atuais.

Assim, a chamada cirurgia de ponte de safena consiste na colocação de pontes (bypass) feitas de enxertos de artéria ou veia. Esses enxertos são suturados na aorta e nas coronárias, ultrapassando as lesões. Assim, cria-se um novo caminho para a irrigação sanguínea do músculo cardíaco. Dessa forma, no paciente revascularizado, o sangue passa a nutrir o coração por dois caminhos: o antigo, que possui a lesão, e a ponte. Caso a coronária lesada venha a apresentar uma obstrução total, a ponte mantém o coração irrigado.

Risco e Mortalidade da Cirurgia de Revascularização do Miocárdio

A literatura mostra claramente um excelente resultado da cirurgia de revascularização do miocárdio, com uma mortalidade baixa. A mortalidade da cirurgia de revascularização do miocárdio é de cerca de 1,4%. O maior fator relacionado à mortalidade cirúrgica é o comprometimento da função ventricular. Assim, pessoas que apresentam grandes infartos prévios, ou um severo comprometimento da contratilidade do coração, costumam ter maior risco na cirurgia.

Número de Pontes e Risco da Cirurgia Cardíaca

O número de pontes a ser colocado em um paciente não impacta no risco da cirurgia. Há uma tendência de se realizar a revascularização da forma mais completa possível. Assim, procura-se tratar todas as artérias que possuem lesão.

Uma dúvida bastante frequente é: por que as lesões leves não recebem ponte? Já que vai operar o coração, não seria melhor colocar ponte em tudo? Bom, as lesões leves não são revascularizadas pelo fato de que, por serem leves, causam pouca obstrução à passagem do sangue. Assim, o fluxo pela artéria coronária é muito parecido com o fluxo pela ponte. Além disso, no local onde a ponte é colocada, acaba ocorrendo uma competição de fluxo, que pode levar à oclusão da ponte e da coronária.

Enxertos Utilizados

Outro questionamento frequente sobre a cirurgia de ponte de safena (revascularização do miocárdio) está relacionado ao tipo de enxerto que deve ser utilizado. Podem ser utilizados dois tipos de enxertos: arteriais ou venosos. Atualmente, como enxertos arteriais, são utilizadas as artérias mamárias e as artérias radiais (do antebraço) com maior frequência. Porém, podem ser usadas também as artérias epigástricas e gastroepiplóicas. Em relação aos enxertos venosos, as veias mais comumente utilizadas são as safenas. Por isso, o nome popular de “cirurgia de ponte de safena”. No entanto, podem ser utilizadas veias do braço também para a realização das pontes.

Os enxertos, tanto venosos como arteriais, podem ser utilizados em conjunto. Assim, a cirurgia de revascularização do miocárdio pode dispor de uma série de combinações de enxertos, particularizando-se cada caso.

“Os pacientes que já fizeram cirurgia de varizes e retiraram suas safenas, podem ser revascularizados buscando-se a combinação de enxertos arteriais e das veias do braço.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, cirurgião cardiovascular CRM-SC 4370 RQE 5893

Existem trabalhos recentes na literatura médica que mostram uma tendência de maior longevidade dos enxertos arteriais. Porém, os enxertos venosos ainda são utilizados em larga escala e com excelentes resultados. Há sempre a necessidade de adequar a melhor combinação para cada caso.

Prevenção Mesmo após a Revascularização

Outro aspecto que merece ser esclarecido é a importância de se manter medidas preventivas, em relação à doença aterosclerótica, no pós-operatório.

“A aterosclerose é uma doença crônica e evolutiva e o ato cirúrgico não interfere em sua evolução. A cirurgia cardíaca trata as obstruções, que são consequências da doença. Com isso, melhora a qualidade de vida e aumenta a sobrevida dos pacientes. Porém, a cirurgia cardíaca não interfere na causa da placa. Por isso, é necessário adotar medidas preventivas, como o controle dos fatores de risco que levam à formação destas placas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, cirurgião cardiovascular, CRM-SC 4370 RQE 5893.

Entre os fatores de risco para o coração podemos destacar: hipertensão. Diabetes, colesterol alto, fumo, obesidade e história familiar. As medidas preventivas devem atuar no controle destes fatores de risco, com o acompanhamento médico periódico de um Cardiologista. As pontes implantadas na cirurgia estão sujeitas à ação da aterosclerose. A doença também pode evoluir em um local além da ponte. Assim, é fundamental adotar medidas preventivas em todos os casos.

Pós-operatório da Cirurgia de Ponte de Safena

A evolução pós-operatória da cirurgia de ponte de safena (revascularização do miocárdio) costuma ser muito tranquila. Em geral, os pacientes voltam às suas atividades normais em curto período de tempo. A cirurgia cardíaca devolve ao paciente uma qualidade de vida normal. Eventuais restrições podem ser determinadas por uma condição prévia de saúde. Muito raramente, podem também derivar de alguma complicação advinda do ato operatório. A maioria dos pacientes retoma atividades normais, mesmo pacientes de idade mais avançada.

Atualmente, vem se operando uma quantidade progressivamente maior de pacientes idosos, na faixa dos 80 anos. A cirurgia cardíaca tem apresentado excelentes resultados nas faixas etárias mais avançadas. Evidentemente, as indicações passam a ser mais restritas nos mais idosos. Porém, idosos que preenchem os critérios de indicação, apresentam excelentes resultados.

Sobre o autor:

Este artigo foi escrito com base em entrevista com o Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893), cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC. Dr. Sergio é Chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio e da Equipe Seu Cardio. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina – UFSC e com residência na Beneficência Portuguesa, na equipe do Dr. Sergio Oliveira, aperfeiçoou-se em plastia de válvulas na Cleveland Clinic, acompanhando Dr. Delos Cosgrove, e em cirurgia de cardiopatia congênita complexa, no Children Hospital – Harvard Medical School, acompanhando Dr. Aldo Castañeda. Foi também cirurgião cardiovascular do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis/SC, por 10 anos. Realiza diariamente procedimentos como: cirurgias de revascularização do miocárdio, cirurgia de válvulas e da aorta, além de implantes de marcapassos cardíacos. Com grande experiência em idosos, vem abordando o tema em congressos nacionais e internacionais.

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Revascularização do Miocárdio: com ou sem circulação extracorpórea

Revascularização do Miocárdio: com ou sem circulação extracorpórea

Para entender sobre a realização de cirurgia cardíaca com ou sem circulação extracorpórea, é necessário explicar um pouco sobre como são realizadas as cirurgias de revascularização do miocárdio, popularmente conhecidas como cirurgia de ponte de safena

Revascularização do Miocárdio com Circulação Extracorpórea (CEC)

Como já explicado em outro post aqui no blog, as cirurgias de revascularização do miocárdio consistem na colocação de pontes (by-passes) para se tratar a insuficiência coronariana. Desde a sua criação, em 1967, até  os tempo de hoje, a maioria dos pacientes que passaram por esta cirurgia a fizeram com o coração parado e o suporte da circulação extracorpórea (CEC)

“Esta técnica não está diretamente associada ao aumento do risco cirúrgico. Sabe-se  que este procedimento é o mais estudado na história das cirurgias. Além disso, continua sendo realizado de maneira crescente em todo mundo, com resultados espetaculares. Há vastíssima literatura médica que comprova isto.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), cirurgião cardiovascular chefe da equipe Seu Cardio, de Florianópolis/SC.

Como é a Circulação Extracorpórea

A circulação extracorpórea compreende um conjunto de aparelhos e técnicas que substituem a função de bomba do coração e respiratória dos pulmões durante o tempo principal da cirurgia. Dessa forma, a oxigenação do sangue, seu bombeamento e circulação são realizados pela máquina de circulação extracorpórea. Assim, estes órgãos podem permanecer parados para a realização das pontes. Durante o período em que fica parado, o coração é protegido com a infusão de uma solução que mantém sua viabilidade. 

Conforme explicado pela Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea, este recurso é operado pelo perfusionista, profissional formado e capacitado para tal.

“Na maioria dos casos, o coração volta a bater espontaneamente. Porém, em alguns casos há necessidade de uma cardioversão elétrica de baixa potência que faz o coração voltar a bater. Este procedimento, por si só, não agrega risco ao ato cirúrgico.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

Revascularização do Miocárdio sem Circulação Extracorpórea

Há alguns anos, iniciou-se a realização da cirurgia de revascularização do miocárdio sem uso de circulação extracorpórea. Assim, muitos centros iniciaram a realizar a cirurgia com o coração batendo. Na época, defendia-se que seria possível melhorar ainda mais o resultado das cirurgias cardiovasculares.

Em teoria, os defensores desta mudança baseavam-se que se diminuiriam as possíveis complicações advindas do emprego da CEC. Haveria manutenção do mesmo resultado, relativo à qualidade das pontes e longevidade das mesmas, mesmo diante do aumento da dificuldade técnica em realizar a cirurgia com o coração batendo. 

Porém, verificou-se que determinados pacientes não suportavam a realização de todo o procedimento cirúrgico sem o emprego da circulação extracorpórea. Assim, que havia necessidade de se iniciar a circulação extracorpórea no decurso da cirurgia, a chamada conversão. Nesses pacientes, onde houve necessidade de conversão, foi observada uma incidência muito maior de complicações e maior mortalidade. 

Estudos com e sem Circulação Extracorpórea

Inúmeros estudos foram realizados procurando demonstrar a superioridade da cirurgia sem circulação extracorpórea sobre a técnica convencional. Porém, em resumo, hoje não há vantagem claramente demonstrada na literatura médica da realização rotineira da cirurgia sem circulação extracorpórea. 

“A mortalidade imediata não diminuiu e o número de complicações não obteve redução significativa no grupo sem CEC – circulação extracorpórea. O método convencional (com CEC e coração parado) mostra maior qualidade das pontes e longevidade das mesmas, a longo prazo. Assim, traduz-se em benefício aos pacientes. Vários estudos continuam em andamento, buscando ainda maior sustentabilidade destes benefícios a longo prazo.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

Um outro aspecto que os estudos demonstram é a realização de um número menor de pontes nos pacientes submetidos à técnica sem CEC. Isso indica que as revascularizações deste grupo de pacientes foram mais incompletas do que às comparadas ao grupo operado com circulação extracorpórea. Há inúmeros trabalhos na literatura médica corroborando com o fato de que as revascularizações completas representam maior sobrevida a longo prazo. 

“Hoje, através dos estudos realizados e já publicados, infere-se que existe um grupo de pacientes que se beneficia da cirurgia sem CEC. São pacientes com severa doença ateromatosa da aorta, os portadores de insuficiência respiratória e renal crônicas graves e os pacientes com vasculopatia cerebral.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

Recomenda-se que este assunto seja discutido com o cirurgião cardiovascular, que pode orientar qual a melhor técnica a ser utilizada em cada caso. É válido lembrar que estas técnicas estão relacionadas à cirurgia de revascularização do miocárdio, não se aplicando esta discussão às cirurgias de válvulas cardíacas, onde sempre se opera com circulação extracorpórea.

*Artigo publicado em setembro/2016 e atualizado em fevereiro/2020.

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Arritmia Cardíaca: quando é necessário um CDI ou Marcapasso?

Arritmia Cardíaca: quando é necessário um CDI ou Marcapasso?

As arritmias cardíacas são bastante frequentes na população brasileira. Estima-se que um a cada 10 brasileiros sofra com algum tipo de descompasso do coração. Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a doença é responsável por 320 mil mortes súbitas no Brasil. 

Neste post, vamos procurar esclarecer a relação entre taquicardia, arritmia cardíaca e a necessidade de implante de marcapasso ou CDI. Quando a taquicardia deve ser investigada? Quando a taquicardia pode ser uma arritmia cardíaca que requer tratamento? Em quais casos é indicado o implante de um marcapasso ou desfibrilador – CDI? Confira essas e outras informações a seguir.

Taquicardia é um problema cardíaco?

Taquicardia é o termo utilizado para frequência cardíaca aumentada, não necessariamente uma arritmia cardíaca. Ou seja, um corredor chega ao final de uma prova taquicárdico. Da mesma forma, uma pessoa que toma muito estimulantes pode ficar taquicárdica. Assim, não necessariamente é uma arritmia, mas apenas o aumento da frequência cardíaca.

A percepção do paciente com taquicardia pode ser a de uma pulsação rápida, palpitação ou mesmo frequência cardíaca acima do normal, aferida em rotina ambulatorial. 

Contudo, se a pessoa costuma ter taquicardia com frequência, é importante realizar uma investigação médica. Afinal, pode ser a manifestação clínica de alguma doença, tanto do coração quanto de doença sistêmica.

Como é realizada a avaliação de arritmia cardíaca?

No caso de arritmia cardíaca, é importante a investigação cardiológica. Nela, são contemplados alguns exames, a começar pelo eletrocardiograma, que mostrará o ritmo de base. Como o eletrocardiograma avalia um período curto da frequência cardíaca, outros exames podem ser necessários. Entre eles, o Holter, que avalia a frequência cardíaca durante um período 24 horas. 

“Seria como comparar uma fotografia (resultado do eletrocardiograma) a um filme (resultado do Holter). Tais exames permitem o diagnóstico correto sobre o tipo de distúrbio de ritmo do coração. Dessa forma, é possível diagnosticar se há ou não uma arritmia mais grave.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327), cirurgião cardiovascular.

A investigação segue com a realização de exames rotineiros e de uma avaliação cardiológica aprofundada, que considere a história do paciente e seu exame físico. O tratamento final depende não só do tipo de arritmia cardíaca, mas também da sua causa e de possível doença cardíaca associada.

Tratamentos da Arritmia Cardíaca e CDI

Há vários tipos de tratamentos para a arritmia cardíaca de frequência alta. Entre eles, o mais simples é o uso de medicamentos que controlam a frequência cardíaca ou previnem o desencadeamento da arritmia. 

Nos casos mais graves, pode ser necessário o mapeamento da arritmia através de estudos invasivos e do isolamento do foco da arritmia. Essa abordagem pode ser realizada por meio de cateter ou, até mesmo, de uma cirurgia cardíaca, como a revascularização do miocárdio.

Em outros casos, onde há risco de morte pela arritmia cardíaca, é implantado o chamado CDI – cardioversor e desfibrilador implantável. Este aparelho tem a finalidade de monitorar o coração continuamente, detectar as possíveis arritmias e tratá-las de forma adequada. 

“Caso o coração diminua muito a frequência cardíaca, o CDI funcionará como um marcapasso. Em caso de uma arritmia cardíaca que seria fatal, o CDI aplica algumas terapias, ou mesmo um choque, para resgatar o ritmo cardíaco do paciente.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).

O CDI é indicado para pessoas que passaram pela terrível experiência de uma parada cardíaca por arritmia e foram recuperadas. Além disso, é também indicado para pacientes que não são passíveis de tratamento efetivo e controle da arritmia de base. Uma vez desencadeada esta arritmia cardíaca, a única forma de tratamento (longe do auxílio médico) é através do CDI.

O Funcionamento do CDI

Os CDIs têm uma longevidade média de 5 a 12 anos. No entanto, os portadores de CDIs devem realizar um acompanhamento médico trimestral ou semestral para avaliar a integridade do sistema e a evolução clínica da sua saúde.

Os CDIs registram o ritmo cardíaco. Assim, se houver algum tipo de arritmia cardíaca, o médico consegue identificá-la. No acompanhamento periódico, o médico também avalia o desempenho do aparelho – se aplicou alguma terapia, que não necessariamente é um choque, ou se foi necessário o choque.

Nas avaliações, o médico realiza, ainda, eventuais ajustes no CDI. A programação do aparelho é feita individualmente para cada paciente e desfecho clínico, podendo ser mudada a cada consulta.

No caso de troca de CDI, substitui-se o aparelho todo. Os eletrodos colocados na primeira vez, se estiverem em boas condições, são mantidos. Geralmente, na ocasião, aproveita-se para trocar por um aparelho mais moderno, com bateria mais durável e melhores recursos. Dessa forma, beneficiando o portador do dispositivo.

Arritmia Cardíaca e Marcapasso

O marcapasso procura ajustar o ritmo do coração. O marcapasso simples é usado para o caso das bradiarritmias (perda do ritmo com frequência cardíaca baixa). Normalmente, as manifestações mais comuns desse tipo de arritmia cardíaca são tonturas e perda de consciência, mas podem ocorrer até convulsões. 

“Devido a esses sintomas, muitas pessoas passam por consultas neurológicas antes de uma avaliação cardiológica. Muitas vezes, porque relacionam problemas cardíacos à idade. No entanto, vale dizer que não há limite de idade para implante de marcapasso. Os implantes de marcapasso para tratamento de arritmias cardíacas são realizados tanto em crianças recém-nascidas quanto em pessoas bem idosas.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).

Se você sofre com arritmia cardíaca, acompanhe regularmente com o seu cardiologista. O tratamento pode ser simples, apenas com medicação, ou mesmo passar pela necessidade de implante de marcapasso cardíaco. No entanto, cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. Cuide da sua saúde!

Para saber quais são as principais orientações sobre marcapassos, faça o download gratuito da nossa cartilha Marcapassos: orientações aos pacientes:

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*Post publicado em agosto/2026 e atualizado em fevereiro/2020.

Mitos e Verdades sobre Marcapassos

Mitos e Verdades sobre Marcapassos

O uso do marcapasso ainda gera muitas dúvidas. Para esclarecer esse assunto, vamos abordar alguns mitos e verdades sobre marcapassos neste post.

Inicialmente, é importante saber que o marcapasso cardíaco é um aparelho implantável que tem como objetivo tratar os distúrbios de ritmo do coração. Dessa forma, tratam tanto as alterações de ritmo que aceleram o coração (taquiarritmias), quanto aquelas que diminuem a frequência cardíaca (bradiarritmias).  

Além disso, existe um grupo de marcapassos chamados de ressincronizadores cardíacos, que atuam para corrigir a falta de sincronismo da contratilidade cardíaca. E, ainda, existem os ressincronizadores. Além das funções dos marcapassos convencionais, detectam e tratam arritmias potencialmente fatais, prevenindo a morte súbita.

Os marcapassos, por si só, não limitam a vida de ninguém. Não trazem restrições e os pacientes podem ter uma vida normal. Quando existem restrições, elas estão relacionadas à doença que demandou o implante de marcapasso, e não ao dispositivo em si. 

A seguir, os mitos e verdades sobre marcapassos mais comuns entre os pacientes: 

Detectores de metal detectam o marcapasso

VERDADE

Portas de bancos ou de aeroportos podem detectar o metal da caixa do gerador do marcapasso. No entanto, não causam qualquer prejuízo ao aparelho ou ao seu desempenho. 

Portadores de marcapasso não podem usar celular

MITO

Portadores de marcapasso podem utilizar celular normalmente. No entanto, há a indicação de que o uso seja realizado o lado oposto ao do marcapasso.

Quem tem marcapasso pode usar o forno microondas 

VERDADE

O forno de microondas pode ser utilizado por portadores de marcapassos sem problemas. Indica-se, no entanto, que o portador de marcapasso não fique encostado no microondas durante seu uso. Outros aparelhos que fazem uso de microondas, como controle remoto, por exemplo, podem ser utilizados, sem restrições.

Aparelhos que geram vibração não podem ser usados por portadores de marcapasso

MITO

A vibração gerada por certos aparelhos, como cortadores de grama, banheiras de hidromassagem, barbeadores, massageadores, etc, é inofensiva aos marcapassos e desfibriladores (CDIs).

Portadores de marcapasso não podem viajar

MITO

As viagens são permitidas aos portadores de marcapasso. Contudo, é importante levar a carteirinha do Marcapasso ou Desfibrilador (CDI) e se informar sobre o sistema de atendimento de emergência do local de destino. Além disso, aconselhar-se com seu médico e solicitar a indicação de um especialista no local da viagem é prudente, principalmente no caso de viagens longas. 

Quem tem marcapasso não pode realizar alguns exames

VERDADE

Alguns exames como Raio X, tomografia ou ultrassom podem ser realizados sem restrições. PORÉM, nem todos os tipos de marcapasso permitem a realização de ressonância magnética. Atualmente, a maioria dos marcapassos permite a realização deste exame, mas os dispositivos mais antigos não. Assim, é fundamental consultar seu Cirurgião Cardiovascular. Se o seu marcapasso não for compatível com a ressonância magnética, este procedimento é totalmente contraindicado.

Colchões magnéticos devem ser evitados

VERDADE

Os colchões magnéticos devem ser evitados, pois podem acelerar o desgaste da bateria do marcapasso. Assim, acabam por antecipar a necessidade de sua troca.

Portadores de marcapasso não podem dirigir

MITO

Os marcapassos em geral não restringem a possibilidade de dirigir. Porém, no caso dos desfibriladores (cuja função é a de evitar uma parada cardíaca), é importante discutir com o Cardiologista Clínico. A questão de dirigir ou não está relacionada ao potencial risco de parada cardíaca.

Muitos mitos e verdades sobre marcapassos foram desvendados. Porém, recomenda-se que todas as dúvidas sejam discutidas com o seu Cardiologista. Assim, aproveite a periodicidade das revisões de marcapasso e esclareça com seu médico quaisquer dúvidas que venham a surgir. 

Vale lembrar que o implante de marcapasso é  um procedimento cirúrgico. Apesar do baixo risco, deve ser realizado por um Cirurgião Cardiovascular. Afinal, este é o profissional habilitado para corrigir e tratar, de imediato, todas as possíveis complicações que advêm deste tipo de procedimento. 

 

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