Pericardite: tipos, sintomas e tratamento 

Pericardite: tipos, sintomas e tratamento 

A pericardite é uma inflamação no pericárdio, membrana que reveste o coração. De acordo com a I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites, não existem dados epidemiológicos oficiais no Brasil referentes ao comprometimento pericárdico. 

Os dados referentes a serviços de emergência mostram que 5% dos pacientes com queixa de dor torácica nos quais foi afastada insuficiência coronariana aguda e 1% daqueles com supradesnível de segmento ST tinham pericardite aguda. 

Como acontece a Pericardite 

Para entender melhor o que é a pericardite, é importante conhecer um pouco sobre o pericárdio. 

O coração é revestido por uma membrana que garante a sua posição ideal para bater de forma eficiente. Essa membrana recebe o nome de pericárdio, uma estrutura fibro-serosa em forma de saco que envolve o coração e as raízes dos grandes vasos sanguíneos. 

Além de conferir estabilidade, o pericárdio produz um líquido que fica entre o coração e a membrana, com o objetivo de reduzir o atrito das batidas do coração. 

A pericardite acontece quando há uma inflamação do pericárdio. Ela se dá em duas formas: aguda e crônica. 

Pericardite Aguda 

A pericardite aguda ocorre de maneira repentina, com dor no peito, muitas vezes de forte intensidade e, em alguns casos, acompanhada de um quadro febril. As causas mais comuns são infecciosas, transmitidas por vírus e bactérias. Entre os vírus mais frequentes, destacam-se enterovírus, ecovírus, epstein barr, herpes simples, influenza e citomegalovírus. 

“Quando a causa é viral, o tratamento é sintomático para diminuição da dor. Para tratar o processo inflamatório, são usados medicamentos anti-inflamatórios.” – explica Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista. 

Na pericardite aguda causada por bactéria, existe a possibilidade de formação de um líquido purulento em torno do coração. Caso isso ocorra, é necessária a realização de uma drenagem, além do uso de antibióticos específicos. 

A principal complicação da pericardite aguda é a formação de líquido em grande quantidade no pericárdio, causando o tamponamento cardíaco. Isso acontece porque o coração fica excessivamente comprimido pela quantidade de líquido ao redor dele. Nesses casos, é preciso fazer uma drenagem imediata. 

Pericardite Crônica 

A pericardite crônica é caracterizada pela evolução lenta e gradual do processo inflamatório. Em muitos casos, é assintomática. Os sintomas só aparecem quando já existe uma quantidade maior de líquido no pericárdio. Assim, a possibilidade de ocorrer um derrame pericárdico com quantidade de líquido mais expressiva é maior. 

“Forma-se uma quantidade maior de líquido entre o pericárdio e o coração, o que dificulta o enchimento de sangue no coração. O coração vai ficar um pouco comprimido, pela quantidade de líquido, e essa dificuldade de enchimento pode levar a sintomas de insuficiência cardíaca.” – explica Dr. Jamil Schneider. 

Entre os sintomas da pericardite crônica, pode-se citar falta de ar e inchaço nas pernas, no abdômen e no fígado. 

A pericardite crônica também pode evoluir para o tamponamento cardíaco, à medida que a quantidade de líquido aumenta. No entanto, por conta do lento processo de evolução, o coração vai se acomodando de uma maneira melhor. Diferente da forma aguda, quando a formação de líquido pode ser mais rápida e o coração não tem tempo suficiente para se adaptar. 

O tratamento da pericardite crônica vai depender da causa. Algumas doenças como insuficiência renal, hipotireoidismo e infecções por vírus, bactérias e fungos, por exemplo, podem levar à forma crônica. No Brasil, a tuberculose também é uma causa frequente. Com o conhecimento da causa, o cardiologista indica o melhor tratamento, geralmente medicamentoso, para evitar complicações. 

Quando procurar um médico? 

A pericardite, tanto aguda quanto crônica, não necessariamente vai ser fatal, mas pode ser um quadro grave. Por isso, o tratamento da pericardite é fundamental para evitar sua evolução e complicações, bem como para a qualidade de vida do paciente. 

Além disso, Dr. Jamil Schneider alerta que toda dor aguda no tórax deve ser investigada. 

“Toda vez que o paciente tiver uma dor aguda no tórax, deve procurar atendimento cardiológico de emergência para descobrir do que se trata. A pericardite não vai ser fatal imediatamente, mas o infarto pode ser fatal. Então, é importante que haja essa diferenciação toda vez que se tem uma dor torácica aguda.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista. 

Diante de sintomas, busque orientação médica. A pericardite pode representar um quadro de saúde importante e requer cuidados. O diagnóstico precoce e o correto tratamento podem ser decisivos para a sua saúde. 

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

As válvulas cardíacas funcionam como quatro portas que permitem a passagem do sangue apenas no sentido correto da circulação. No entanto, as doenças valvares podem prejudicar seu funcionamento e comprometer a função cardíaca.

Valvas Cardíacas: Mitral e Aórtica

Localizadas entre as câmaras do coração, o funcionamento adequado das valvas mitral e aórtica garante que o fluxo sanguíneo siga no sentido correto. Elas se abrem à passagem do sangue e se fecham para eventuais refluxos. 

Diante de doenças valvares, o funcionamento fica prejudicado, fazendo com que a abertura e o fechamento das valvas cardíacas fique comprometido. 

Doenças Valvares

Várias doenças podem comprometer as valvas do coração. Tanto as adquiridas, como no caso da febre reumática, como as degenerativas, que podem derivar de um condicionamento genético. Essas doenças levam a dois defeitos principais: podem obstruir as valvas (estenose valvar) ou torná-las incompetentes (insuficiência valvar). 

Tratamento das Doenças Valvares

Atualmente, existem diversas formas de tratamento para as doenças valvares. O avanço das técnicas cirúrgicas na área da Cardiologia permite que pessoas em situação de gravidade possam ser tratadas de forma eficaz e segura.

Para abordar o tema de forma detalhada, preparamos um e-book gratuito: Doenças Valvares: Mitral e Aórtica. Neste material, explicamos as doenças mais comuns das valvas cardíacas, assim como as principais indicações de tratamentos para cada tipo de doença. 

Você pode baixar o material gratuito no botão abaixo:

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Este material foi preparado pela equipe Seu Cardio, de Cirurgia Cardiovascular. As informações tem caráter educativo e não substituem as orientações do seu médico. Esperamos que as informações sejam úteis a você!

Boa leitura!

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Prevenção: Alimentação, Doença Cardíaca, Diabetes Tipo II e Obesidade

Prevenção: Alimentação, Doença Cardíaca, Diabetes Tipo II e Obesidade

*Por Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746)

Os níveis elevados de colesterol no sangue têm correlação com maior chance de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral? Sim, tem. Então a “culpa” é da alimentação, porque isso é a maior causa da elevação do colesterol sanguíneo? Pode-se dizer que não, na grande maioria dos casos.

  • Em 1980, não havia nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tivesse mais de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos tinham índices inferiores a isso.
  • Em 2017, não há nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tenha menos de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos têm índices superiores a isso.
  • De 1980 até 2017, o número de pacientes portadores de Diabetes Melito tipo II quadruplicou nos Estados Unidos (EUA). Isso mesmo, aumento de 300% no número de casos!
  • Apesar de todo o desenvolvimento da Medicina, dos medicamentos e da crescente preocupação (e gastos expressivos) com cuidados preventivos, a incidência de doenças vasculares (infartos e derrames) continua crescente!

Podemos inferir sem medo de errar grosseiramente que estes números alarmantes, que traduzem uma real epidemia, não se restringem aos EUA. Boa parte dos países do ocidente, e particularmente das Américas, padece das mesmas tendências. Aí, incluído o Brasil!

Quando nos confrontamos com estes índices e esta realidade pavorosa, a maioria de nós já tem uma resposta pronta e superficial que ouvimos e repetimos durante décadas: “A culpa é da mudança de estilo de vida, do sedentarismo, dos hábitos da vida moderna…”. Esta explicação certamente traz nela algum acerto. Porém, nem de longe traduz com exatidão a extensão das causas que nos atingem violentamente nas últimas décadas.

Comecemos por um tópico sobre o qual não vou me estender muito por não ser o foco principal deste texto (embora não se possa negar sua importância): o sedentarismo e os exercícios. Embora saibamos e tenhamos evidências de inúmeros benefícios dos exercícios físicos (desde que realizados dentro das recomendações cabíveis de profissionais das áreas de Educação Física e Medicina), nunca se fez tanto exercício! Quem tem mais de 40, 45 anos, não precisa fazer muito esforço de memória para lembrar que outrora não havia esta multidão a correr diariamente nas beira-mares e nas esteiras das academias! A preocupação com os exercícios físicos e sua prática é notadamente maior progressivamente.

Os exercícios melhoram a capacidade física, tonificam os músculos, têm uma série de efeitos benéficos  no metabolismo e até mesmo sobre a autoestima. Isso é inegável. Mas não se pode afirmar que representam uma arma poderosa se usados isoladamente contra a obesidade e o Diabetes Tipo II, assim como contra as consequências destes problemas.

Somos então obrigados a voltar nossas atenções novamente para a alimentação… O que está “dando errado”? Por que, mesmo com todas as inúmeras recomendações alimentares, continuamos engordando, virando diabéticos e infartando?

Desde as décadas de 1960 e 1970, nos Estados Unidos da América têm sido recomendados determinados tipos de dieta oficialmente pelo governo e pelas sociedades médicas. Em 1977, foi publicada uma recomendação dietética para o americano, restringindo as gorduras e privilegiando a ingestão dos carboidratos na alimentação.

Em 1992, foi publicada a clássica pirâmide alimentar, que a maioria das pessoas conhece, com a generosa base composta por carboidratos. Os americanos mudaram a dieta radicalmente desde então… e aí só precisamos olhar os primeiros parágrafos deste texto e ver o que aconteceu.

E de onde surgiu isso?

No início da segunda metade do século passado, começaram a surgir evidências científicas sólidas de que os níveis elevados de colesterol no sangue guardavam relação com a ocorrência futura de infarto e derrame (os chamados eventos cardiovasculares).  

De forma simplista, podemos inferir que isso levou à conclusão (talvez precipitada ou pouco embasada) de que a dieta (alimentação) que possuísse colesterol e gordura seria obviamente a principal suspeita. A partir daí, foram iniciados vários esforços para montar dietas ricas em carboidratos e pobres em gorduras, inclusive de forma oficial pelo governo americano. Tais dietas se tornaram o padrão recomendado, quase que no mundo todo, por leigos, nutricionistas e médicos. A ingestão proporcional dos carboidratos, particularmente dos ditos “refinados” cresceu muito!

O resultado foi desastroso… As evidências do desastre se acumulam de forma desconcertante e progressivamente vão se tornando conhecidas por pacientes e profissionais de saúde. Há cerca de 2 anos inclusive, houve uma mudança de postura do governo americano, retirando da lista de “proibidos” ou “malditos” vários alimentos e grupos alimentares.

Este assunto será uma das grandes tendências alimentares dos próximos anos, embora já seja fruto de estudos consistentes há quase cem anos, mesmo antes da II Grande Guerra, na Europa e na América do Norte.

Finalmente, gostaria de concluir esta primeira parte do texto fazendo uma recomendação enfática: não tome nenhuma atitude radical em relação a sua alimentação sem a orientação de um profissional habilitado e atualizado. É de capital importância que este tipo de ação seja individualizada, pois cada pessoa tem metabolismo e saúde diferente. Cada um, portanto, responderá de forma singular a qualquer alteração. É muito importante que haja um acompanhamento estreito!

Se você for portador de doença cardíaca, Diabetes, tiver mais de 40 anos ou outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (história familiar rica em doenças cardíacas ou derrame, tabagismo, colesterol elevado, obesidade), este cuidado se faz ainda mais fundamental. 

Procure seu médico de confiança para que ele avalie ou encaminhe adequadamente o seu caso. E, para saber mais sobre a influência da alimentação sobre a Obesidade e Diabetes Tipo 2, leia a segunda parte deste artigo: Gordura e Carboidrato: tudo o que você precisa saber.

*Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746) é Cardiologista e Intensivista. Atua no Hospital SOS Cárdio, como Coordenador Geral da UTI e Diretor Técnico, e atende em consultório na clínica Prevencordis. Contato: prevencordis.fernando@gmail.com

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Dissecção de Aorta: tem como prevenir?

Dissecção de Aorta: tem como prevenir?

Doença normalmente de caráter agudo, a dissecção de aorta surge quando há a delaminação das camadas da parede da aorta. Acontece, basicamente, porque o sangue perfura essa artéria, porém, não totalmente, e entra na parede da aorta, criando duas camadas, ou seja, dissecando-a.

Essa dissecção pode começar em qualquer setor da aorta. Dependendo de onde ocorre, é considerada de maior ou menor gravidade e possui mais ou menos chance de romper.

Para entender quão grave pode ser a dissecção de aorta, é importante compreender a divisão dessa artéria em segmentos. 

Segmentos da Aorta

 

O segmento ascendente refere-se à primeira porção da aorta. Vai desde a válvula aórtica até a região em que aparece o primeiro vaso em direção à cabeça.

Depois, há a região do arco aórtico. Dela, saem os três troncos responsáveis pela irrigação sanguínea dos braços e da cabeça.

O segmento da aorta descendente é aquele que se localiza dentro do tórax. Tem início depois do arco aórtico e segue até a região do diafragma. Desse segmento saem vários vasos responsáveis por levar o sangue para a coluna, parte do pulmão e esôfago.

Por último, há o segmento da aorta abdominal. Ele se inicia abaixo do diafragma e segue até a região próxima do umbigo, onde se divide em dois ramos. Esses ramos são as artérias ilíacas, responsáveis por conduzir o sangue para as pernas. 

Na região do diafragma até o umbigo, também estão todos os ramos de vasos sanguíneos que levam o sangue para os órgãos abdominais e pélvicos, como fígado, estômago, pâncreas e rim.

O que causa a dissecção de aorta?

 

A dissecção de aorta pode ocorrer em qualquer um dos segmentos da artéria relacionados acima e pode progredir tanto na direção normal do fluxo sanguíneo quanto no contrafluxo.

Uma dissecção de arco aórtico pode, por exemplo, migrar para a aorta descendente ou retroceder para a aorta ascendente. 

Dentre as principais causas da dissecção da aorta está a aterosclerose, uma doença que afeta a parede dos vasos sanguíneos e cria a condição necessária para o surgimento da dissecção. Mas, o que desencadeia a delaminação, na maior parte dos casos, é uma crise hipertensiva.

“Quando a dissecção de aorta ocorre, existe a possibilidade de a aorta se romper, causando morte súbita. O que precede esse quadro é a sensação de uma forte dor, que simula um infarto, em função da dor normalmente ser no peito. Essa dor pode se expandir para as costas e os braços.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Nos pacientes em que não há ruptura da artéria, a dissecção pode se deslocar para a aorta ascendente. E comprometer o arco aórtico ou pode se dirigir para a aorta descendente e ilíacas, até o pé.

Dissecção de Aorta

Existe tratamento para dissecção de aorta?

 

Em pacientes com diagnóstico de dissecção de aorta, o tratamento pode ser cirúrgico. Nesses casos, o objetivo da cirurgia não é substituir toda a artéria, e sim corrigir o ponto de entrada do sangue na parede da aorta. 

“A partir do momento em que se faz essa correção, a dissecção não progride para uma ruptura, pois com a cirurgia não há mais pressão sendo exercida na região dissecada.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

A cirurgia restabelece o ponto danificado da aorta e, com isso, direciona todo o fluxo para o que se chama de luz verdadeira. Ou seja, a parte interna do tubo sanguíneo, chamado de luz do vaso.

A dissecção de aorta cria uma luz falsa, por onde o sangue também passa a circular. Muitas vezes, essa luz falsa é maior que a luz verdadeira. Com a intervenção cirúrgica, todo o fluxo de sangue retorna para a luz verdadeira.

Diferentes Abordagens no Tratamento

 

Quando a dissecção de aorta envolve o arco aórtico, uma das possíveis complicações é a progressão da dissecção para os vasos intracranianos. Isso pode causar um quadro de isquemia cerebral aguda.

“Normalmente, nas dissecções que envolvem a aorta ascendente e o arco aórtico, é necessária a realização de uma cirurgia cardíaca. A intervenção é, geralmente, de emergência. Não se espera o paciente evoluir, pois a chance de ruptura é grande, que pode levar a óbito ou causar uma lesão cerebral irreversível”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Tratamento Cirúrgico ou Clínico

 

Nos casos de dissecção de aorta no segmento descendente, o tratamento pode ser  clínico, para controle do caso. O tratamento cirúrgico é resguardado para quando a dissecção causa um aneurisma ou derrame pleural hemorrágico, por exemplo, condições que podem preceder uma ruptura iminente. Mesmo nessas situações, é possível tratar a dissecção da aorta com um procedimento percutâneo, ou seja, sem necessidade de uma cirurgia cardíaca aberta. Assim, pode-se utilizar uma endoprótese percutânea e realizar o tratamento cirúrgico por esta via, sem necessidade de abertura do tórax.

Há casos em que a dissecção de aorta ascendente pode sofrer uma complicação grave, que é a  insuficiência da válvula aórtica aguda. Essas situações são mais graves, em função da falência aguda do coração. 

Muitas vezes, quando a dissecção compromete o arco aórtico, é necessário substituir as artérias que levam o sangue para o cérebro e para os braços. Essa abordagem é aplicada para conter o risco de ruptura dessas estruturas.

O comprometimento significativo da válvula aórtica também exige que ela seja trocada. Porém, esses casos precisam ser bem avaliados, pois, às vezes, uma plastia é suficiente, evitando-se a troca da valva.

Uma forma de evitar a dissecção de aorta é controlar a pressão arterial e a doença ateromatosa. Por isso, cuide da saúde do seu coração e acompanhe regularmente com o seu cardiologista clínico. Se precisar de ajuda, conte conosco!

 

Edema Pulmonar: quando é preciso fazer cirurgia cardíaca para tratar?

Edema Pulmonar: quando é preciso fazer cirurgia cardíaca para tratar?

O edema pulmonar é uma condição de falência ventilatória aguda. Ocorre quando há um espaço no pulmão, preenchido por líquido.

Existem inúmeras causas para o edema pulmonar. As principais são as cardiogênicas, ou seja, as que estão relacionadas à falência do coração e que, consequentemente, levam à falência do pulmão.

Entendendo o Fluxo

Em nosso organismo, o sangue passa pelo pulmão para ser oxigenado e, então, é bombeado pelo coração para o corpo todo. Quando há uma falência aguda na parte esquerda do coração, a tendência é o sangue se acumular dentro do pulmão, ao invés de seguir o fluxo normal. 

O volume maior de sangue no pulmão provoca um aumento da pressão sanguínea em seu interior. Como o pulmão não foi feito para trabalhar com pressão alta de maneira aguda, esse aumento de pressão leva ao extravasamento de líquido para dentro dos alvéolos, ocupando o espaço aéreo.

“É muito comum que um paciente com falência aguda do lado esquerdo do coração desenvolva um quadro de insuficiência respiratória aguda. Esse quadro é traduzido por falta de ar importante, normalmente associada à tosse e à expectoração de secreção rósea. Esse é o edema agudo de pulmão clássico.”  – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Os sintomas clássicos do edema pulmonar são: insuficiência respiratória progressiva e sensação de sufocamento, com expectoração rósea. Em geral, os pacientes não conseguem ficar deitados e a a queixa principal é a falta de ar.

Quais são as causas do edema pulmonar?

Em pacientes que têm o lado esquerdo do coração comprometido, uma crise de pressão alta pode levar a um edema pulmonar. Nesses pacientes, o coração pode não conseguir vencer uma crise hipertensiva. Diante disso, desencadeia a elevação aguda da pressão intrapulmonar, com consequente extravasamento de líquido. Ocorre, assim, o edema pulmonar.

Outras patologias que podem causar o edema pulmonar são as estenoses valvares, tanto a estenose mitral (mais comum) quanto a estenose aórtica.

“O paciente com estenose mitral tem uma barreira entre o átrio e o ventrículo esquerdos. O aumento da frequência cardíaca ou da pressão arterial impõe maior dificuldade no trânsito do sangue dentro do coração. Isso pode levar ao edema agudo de pulmão. O edema agudo está mais associado às estenoses valvares, porém também pode ocorrer nas insuficiências das valvas cardíacas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

As estenoses valvares, tanto mitral quanto aórtica, causam ao coração uma sobrecarga de pressão devido à dificuldade do sangue em fluir normalmente. Isso faz a pressão aumentar dentro coração. Tal fato não deve ser confundido com aumento de pressão arterial sistêmica, aquele que medimos normalmente com os aparelhos de pressão. Ou seja, se a pressão arterial estiver baixa ou normal, não significa que não possa estar havendo um edema pulmonar. 

Outra doença clássica que leva ao edema agudo de pulmão é a coronariopatia. Significa que um paciente que tem um infarto pode evoluir o quadro para um edema agudo de pulmão em função da falência da bomba do coração, causada pelo infarto.

Já um paciente que não teve infarto, porém, passou por uma crise de isquemia no coração, também pode sofrer uma falência na bomba. Por consequência, pode vir a desenvolver um edema pulmonar. 

Riscos do Edema Agudo de Pulmão

Qualquer elevação da pressão pulmonar de maneira aguda pode levar ao edema agudo de pulmão. Trata-se de um quadro de alta mortalidade, se não tratado a tempo. 

“O paciente morre de insuficiência respiratória porque tem um coração que está falindo agudamente (diminuição da força contrátil) e possui uma complicação no pulmão que também está falindo agudamente. Ambas contribuem para estabelecer uma gravidade altíssima ao quadro clínico.“– Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

No tratamento do edema pulmonar, a primeira medida é eliminar líquido do corpo e baixar a pressão intrapulmonar. Para isso, geralmente, é prescrito um medicamento diurético que colabora também com a melhora da capacidade de bombeamento do coração. 

Após controlada a fase aguda, deve-se buscar tratar a causa básica. Frequentemente, no caso do edema agudo de pulmão, ela está relacionada à doença valvar cardíaca. Assim, procura-se realizar a cirurgia cardíaca e corrigir o defeito valvar em fase fora da crise, pois operar o paciente na vigência de edema pulmonar aumenta o risco cirúrgico

“A doença valvar pode levar ao edema agudo de pulmão, principalmente as estenoses. As insuficiências valvares causam essa condição mais tardiamente.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Um paciente que possui um edema agudo de pulmão e insuficiência mitral ou aórtica detém uma condição muito mais grave do que um paciente com um quadro de estenose.

Como tratar o edema pulmonar

O edema pulmonar requer tratamento imediato, pois é uma patologia de alta mortalidade, se não for tratada a tempo. Quanto maior o edema, menor é a oxigenação do sangue e, quanto menos oxigenação houver, maior é a falência da bomba cardíaca.

Normalmente, o tratamento do edema pulmonar é clínico. Porém, em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. A condução do melhor tratamento é realizada caso a caso, de acordo com a avaliação clínica de cada paciente.

Cuide da sua saúde e do seu coração. Se você tem alguma condição cardíaca prévia e observar sinais como falta de ar aguda, busque orientação médica. É importante descartar a condição de edema pulmonar ou, se for o caso, tratar imediatamente. 

E-book sobre Fatores de Risco para a Saúde do Coração