por Equipe Seu Cardio | Blog, cuidados, Fatores de Risco e Prevenção
Sempre que o sangue humano entra em contato com materiais ou superfícies diferentes da parede interna dos vasos sanguíneos, ele tende a coagular. O tecido sanguíneo, que antes era líquido, passa a assumir uma consistência gelatinosa. O que pode provocar obstruções graves nos vasos, levando a quadros como as Embolias e os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).
“Isso pode acontecer, por exemplo, em pacientes com problemas nas válvulas cardíacas. As insuficiências, estenoses e endocardites podem fazer com que o implante de uma prótese mecânica seja necessário. Essas, por sua vez, tendem a estimular a produção de coágulos. E é por isso que o uso de medicação anticoagulante é obrigatório nessas situações” – Dr. Guilherme Genovez, Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
Existem também os casos de pessoas com tendência genética para a formação de trombos e que adquirem essa condição ao longo da vida. Muitas vezes, o medicamento anticoagulante é prescrito como forma de tratamento e/ou prevenção.
Abaixo, o Dr. Guilherme Genovez (CRM 3798 / RQE 8599), Médico Hematologista e Diretor do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina – HEMOSC – explica como são feitos e qual a importância dos exames para o controle da coagulação sanguínea em pacientes que fazem uso de medicação anticoagulante.
Prescrição
Existe hoje uma grande variedade de medicamentos anticoagulantes no mercado. Como principais, podemos citar as Heparinas, os novos anticoagulantes DOACs (Dabigatrana, Rivaroxabana, etc) e os cumarínicos (anti-vitamina k), como a Varfarina.
Cada medicamento possui uma recomendação própria. A prescrição deles deve ser feita apenas pelo médico responsável, de acordo com o problema de saúde do paciente.
“De acordo com a avaliação médica, os DOACs podem ser prescritos em situações como as Embolias Pulmonares, por exemplo. Uma das vantagens é que eles dispensam a realização de exames de coagulação sanguínea” – Dr. Guilherme Genovez, Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
No entanto, os DOACs não podem ser utilizados por pacientes com prótese valvar. Nestes casos, os medicamentos cumarínicos como a Varfarina são obrigatórios e exigem o controle periódico da coagulação sanguínea, chamado de Tempo de Ativação de Protrombina – TAP. Nele, os médicos irão avaliar o RNI – Relação Normatizada Internacional – do paciente.
RNI – Relação Normatizada Internacional
O primeiro ponto de devemos observar quanto ao uso de medicação anticoagulante como a Varfarina é que todo paciente possui características próprias, que precisam ser avaliadas e respeitadas. Uma dose benéfica para uma pessoa pode gerar grandes problemas para outra.
“Alguns pacientes devem ser submetidos a apenas 2,5mg de Varfarina a cada dois dias. Outros, necessitam de 15mg. A dose varia de paciente para paciente. E o índice que determina isso é o RNI – a Relação Normatizada Internacional” – Dr. Guilherme Genovez, Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
Além disso, as diferentes doenças exigem cuidados diferenciados. Assim, encontrar a dose ideal da medicação anticoagulante nem sempre é uma tarefa fácil.
“Doses baixas de medicação anticoagulante podem expor os pacientes ao risco de formação de coágulos. Já as doses muito elevadas aumentam os riscos de problemas como as hemorragias. Por isso o RNI é tão importante” – Dr. Guilherme Genovez, Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
Como é avaliado o RNI?
Para identificar qual a dose adequada de medicação anticoagulante para cada pessoa, são coletadas pequenas amostras de sangue. Nele, são adicionadas substâncias de origem animal ou humana que induzem a coagulação sanguínea.
Assim, os profissionais podem avaliar quanto tempo a mais o sangue do paciente leva para se coagular de acordo com a dose estabelecida do anticoagulante – e verificar se o paciente está ou não dentro da faixa terapêutica e de segurança.
“O grande problema tempos atrás é que cada substância reativa induzia a resultados específicos. O RNI é uma forma de padronizar esses resultados. Faz com que, independente da substância utilizada pelo laboratório, os resultados sejam padronizados e seguros” – Dr. Guilherme Genovez. Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
De forma geral, as faixas terapêuticas de RNI dos pacientes variam com o modelo da válvula utilizada:
- Válvulas modernas: RNI 2 a 3.
- Válvulas antigas: RNI 2,5 a 3,5.
- Válvulas muito antigas (década de 60): RNI 3 a 4, dependendo da tecnologia usada.
Até mesmo o posicionamento da prótese pode interferir no RNI ideal. Geralmente, as próteses na posição mitral exigem um índice de RNI levemente maior do que as próteses na posição aórtica.
Periodicidade
Os pacientes com próteses valvares mecânicas devem realizar os exames para controle da coagulação por toda vida. Já os pacientes com próteses biológicas apenas nos três primeiros meses.
“Nos primeiros três meses, tanto os pacientes com próteses biológicas quanto mecânicas devem fazer um controle semanal da coagulação sanguínea” – Dr. Guilherme Genovez, Médico Hematologista (CRM 3798 / RQE 8599).
- No período inicial, uma vez que o indivíduo apresente resultados estáveis em 3 exames consecutivos, a dose do medicamento anticoagulante é definida.
- Após os 3 primeiros meses, o exame de coagulação passa a ser trimestral (dependendo da orientação do médico responsável).
Sobre o autor: Dr. Guilherme Genovez (CRM 3798 / RQE 8599), é médico Hematologista e Diretor do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina – HEMOSC. Formado em medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com especialização em hematologia e hemoterapia, possui extenso currículo com contribuições à saúde pública catarinense, atuando por 13 anos como médico intensivista do Hospital Regional de São José. Em 2008, esteve à frente da Coordenadoria da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (CGSH/DAE/SAS) do Ministério da Saúde, em Brasília, onde ficou até 2014.
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Em condições normais, o sangue flui em nosso corpo sem turbulências. No entanto, em certos casos, o fluxo sanguíneo pode sofrer alterações. Esse fenômeno, por sua vez, se traduz em uma resposta vibratória, que é percebida pela ausculta cardíaca como um sopro no coração.
“Em certos casos, é possível palpar a vibração do sangue. Essa manifestação tátil do sopro no coração é o que chamamos de frêmito” – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.
Abaixo, o Dr. Antônio Silveira Sbissa (CRM 437), médico cardiologista com longa experiência, explica o que é o sopro no coração e como ele é provocado.
O que provoca o sopro no coração?
O sopro ouvido do precórdio, região do tórax relacionada com coração, significa uma turbulência no fluxo de sangue. E esse fenômeno pode ter inúmeras causas (tanto congênitas quanto adquiridas). As mais frequentes estão relacionadas com alterações estruturais no coração – ou em outras partes do sistema circulatório – que interferem no fluxo sanguíneo.
“Uma válvula cardíaca que não abre ou não se fecha da forma adequada pode alterar o fluxo sanguíneo e provocar a turbulência, que é auscultada pelo médico e avaliada através do sopro. A estenose da valvula aórtica, por exemplo, produz um sopro sistólico de ejeção no chamado foco aórtico, onde se auscultam os fenômenos localizados nessa estrutura” – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.
Outras causas
Além das estenoses e das insuficiências nas válvulas do coração, o sopro pode ser provocado por outros fatores. Entre eles, estão as doenças que fazem com que o sangue circule mais rápido pelos vasos sanguíneos, como o hipertireoidismo ou anemia (que faz com que o sangue fique de certa forma menos denso e passe pelas válvulas do coração de maneira turbulenta).
“É importante dizer que nas crianças, especialmente nos primeiros anos de vida, o sangue tende a circular naturalmente de forma que provoque turbulência. Por isso é normal que os pequenos apresentem sopro no coração, sem que exista necessariamente um problema estrutural. É o que chamamos de “sopro inocente”, que costuma desaparecer na medida em que a criança cresce” – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.
Doenças que ocorrem em indivíduos jovens também podem provocar alterações nas válvulas cardíacas e levar ao sopro no coração. É o caso da febre reumática, muito comum anos atrás. Até mesmo a sífilis pode gerar deformidades na estrutura da válvula aórtica e ocasionar sopro no coração.
O que fazer em caso de sopro no coração?
Qualquer médico pode identificar um sopro no coração. E, dependendo do tipo de sopro, já é possível ter uma boa ideia do que esse sinal pode significar, ainda durante a ausculta.
Uma vez diagnosticado o sopro no coração, o segundo passo é realizar o raciocínio clínico. Assim, o médico poderá relacionar as informações obtidas na ausculta do sopro com outros sintomas e informações de saúde do paciente.
Caso os dados obtidos, o médico pode ainda solicitar exames complementares, como o Ecocardiograma. Nele, pode-se visualizar o funcionamento das válvulas cardíacas e das estruturas do coração.
“Os pacientes com sopro no coração não precisam se assustar. Na maior parte das vezes, trata-se de um “sopro benigno”. Caso esse fenômeno seja provocado por alguma alteração na estrutura cardíaca, o paciente poderá ser acompanhado pelo médico cardiologista. Nos casos necessários, uma série de outros exames poderão ser solicitados. Os tratamentos cirúrgicos, como a correção das válvulas, e os implantes com próteses mecânicas ou biológicas estão cada vez mais avançados – Dr. Antônio Silveira Sbissa, médico cardiologista – CRM 437.
Sobre o autor: Dr. Antônio Silveira Sbissa (CRM 437) é Médico Cardiologista. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, em 1960, com Doutorado em Medicina, e com Curso de Aperfeiçoamento em Cardiologia pela Universidade de São Paulo e na Virginia Commowealth University. Professor Titular do Departamento de Clínica Médica do Curso de Medicina, Doutor em Ciências e Livre Docente, na Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Curso de Medicina na Universidade do Vale do Itajaí e na Universidade do Sul de Santa Catarina. Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Foi Diretor Geral do Instituto de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde, Fundador e primeiro Presidente da Sociedade Catarinense de Cardiologia, Membro fundador e ocupante da Cadeira Vinte e Um da Academia Catarinense de Medicina, Presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca, Coronária
Em estudos recentes e em publicação realizada no volume 34, edição de número 1 de 2019, do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, Domingos Souza et al. descreveram etapa por etapa a técnica no-touch para a retirada da veia safena para a Cirurgia de Revascularização do Miocárdio. O autor também relatou o desfecho clínico e angiográfico de follow-up de 3 meses em um paciente submetido ao procedimento.
“No artigo, o paciente em questão já é idoso, tem 80 anos. Além disso, possui hipertensão, hiperlipidemia e histórico de infarto do miocárdio prévio com intervenção coronária percutânea à artéria coronária direita”. Dra. Marli Annes, Cirurgiã Cardiovascular (CRM 19804).
Conforme o estudo de Domingos Souza et al.:
The ejection fraction was 55% and he was complaining of exertional chest pain. The coronary angiography showed advanced three-vessel disease with significant stenoses in the left anterior descending (LAD) artery, two marginal arteries (MAs) and the posterior descending artery (PDA), in addition to an occluded diagonal artery (DA).
Perviedade dos Enxertos Arteriais
A Cirurgia de Revascularização do Miocárdio é o procedimento cirúrgico mais estudado na história da medicina. Atualmente, o que é mais discutido pelos cirurgiões cardiovasculares é como melhorar a capacidade dos enxertos e manter a sua perviedade em longo prazo.
Hoje, a técnica mais difundida é a utilização, sempre que possível, de enxertos arteriais. O uso da artéria torácica interna esquerda (ATIE) pode chegar até 95% em 10 anos. Já os enxertos de veia safena apresentam índices de apenas 50%, neste mesmo período, no que tange a perviedade.
“Todos os anos, mais de 800 mil Cirurgias de Revascularização do Miocárdio são realizadas mundialmente. E mesmo com índice subótimo de perviedade em longo prazo, a veia safena é amplamente utilizada como enxerto para a realização de bypass. Isso se deve, entre outros motivos, à sua anatomia, facilidade de acesso e capacidade de fornecer tecido suficiente para revascularizar diversos vasos” – Dra. Marli Annes, Cirurgiã Cardiovascular (CRM 19804).
Perviedade da Veia Safena com a Técnica No-touch
Com esse sentido, a técnica “No-touch” para a retirada da veia safena, desenvolvida pelo cirurgião Domingos Souza ainda na década de 1990, é vista como uma alternativa para melhoria da durabilidade do enxerto. Nela, os índices de perviedade chegam a 90% em um seguimento de oito anos e meio: um resultado comparável ao uso da Artéria Torácica Interna Esquerda (ATIE).
A técnica “no-touch” consiste na retirada atraumática da veia safena. Isso porque o cirurgião não manipula diretamente o tecido com o instrumental cirúrgico. Nela, a veia safena é retirada com o tecido subcutâneo perilocal que a envolve. Busca-se, assim, o mínimo de manipulação deste vaso. Além disso, contempla também o cuidado ao preparar este segmento venoso, com injeção de solução em baixa pressão dentro dele. Dessa forma, procura-se evitar a lesão do endotélio e prolongar a vida útil da safena.
Como benefício, a técnica No Touch apresenta excelentes resultados na longevidade dos enxertos feitos com a veia safena, quando comparado à técnica convencional.
No artigo de Domingos Souza et al:
The patient received a triple sequential no-touch vein graft to the PDA and two MAs together with a double sequential no-touch vein graft to the DA and LAD. A vein graft was used to bypass the LAD due to the age of the patient and the low degree (60-70%) of stenosis in the LAD.
Aplicação da Técnica No-touch
Como resultado, o artigo de Domingos Souza et al. mostra que, no follow-up de três meses, o paciente submetido ao procedimento encontrava-se completamente assintomático. O exame de angiotomografia computadorizada revelou patência de todos os enxertos realizados.
Na Equipe Seu Cardio, estamos utilizando a mesma técnica e realizando protocolos comparativos com intuito de alcançarmos as mesmas conclusões demonstradas nos estudos do Dr. Domingos Souza et al.
Com a aplicação da técnica no-touch, resgatamos a importância dos enxertos venosos como estratégia segura em associação aos enxertos arteriais. Assim, reforçamos a posição da cirurgia de revascularização do miocárdio como tratamento ouro para a insuficiência coronariana crônica.
Com a devida autorização do Prof. Dr. Domingos Souza, pesquisador e criador da técnica No Touch, estamos disponibilizando sua aula sobre o tema – apresentada 3o Encontro Anglo-Latino de Cirurgia Cardíaca, em Londres. O material contém vasto conteúdo sobre esta abordagem, já publicada na literatura médica mundial e com follow-up de longo prazo. Para acessar a aula, clique aqui.
Para ler o artigo do Dr. Domingos Souza et al. na íntegra, publicado no Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, clique aqui.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca, Válvulas
Em sua maioria, as doenças valvares podem ser tratadas através de procedimentos cirúrgicos. O grande impasse é definir o melhor tipo de prótese para cada paciente: biológica ou mecânica. Com a tecnologia Resilia, um novo cenário se apresenta aos pacientes.
A Cirurgia de Valva Cardíaca
A cirurgia de válvula do coração, como é popularmente chamada, pode reparar as valvas cardíacas (plastia valvar) ou substituir as valvas naturais por próteses biológicas ou mecânicas. Contudo, o grande desafio, é definir qual o melhor tipo de prótese para cada paciente, especialmente para os mais jovens.
Hoje, ainda há um grande debate sobre o melhor tipo de prótese valvar para pacientes em faixa etária mais jovem. Por um lado, as próteses mecânicas demandam uso de anticoagulantes, impondo restrições e cuidados de longo prazo. Do outro lado, as próteses biológicas, que não tem esta necessidade, degeneram mais cedo na população mais jovem, demandando troca valvar.
Recentemente, a Medicina avançou em mais um grande passo. Na busca por retardar a degeneração das próteses biológicas nos pacientes mais jovens, recentemente desenvolveu a tecnologia Resilia. Trata-se de um novo tratamento no tecido das próteses biológicas, capaz de aumentar a sua durabilidade.
Próteses Biológicas
As próteses biológicas sofrem um processo degenerativo com o passar do tempo. Porém, por si só, não demandam a necessidade de uso de terapia anticoagulante , pois não desencadeiam processos trombóticos. Já as próteses mecânicas, são mais duráveis, não sofrem um processo degenerativo, mas oferecem riscos aumentados de formação de trombos. Por isso, necessitam de uso contínuo de anticoagulantes e de um controle rígido da coagulação sanguínea.
“Isso nos coloca em uma dilema. Apesar de não necessitar de medicamentos anticoagulantes, uma prótese biológica pode durar mais de 20 anos em um paciente idoso. Porém, possui uma durabilidade menor em pacientes mais jovens, principalmente em crianças. Dessa forma, implica em novas cirurgias durante a vida para troca das próteses valvares. Por outro lado, as próteses mecânicas duram mais, mas submetem os pacientes ao uso contínuo de anticoagulantes por longo tempo – e aos riscos impostos por essa condição.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Tecnologia Resilia
A tecnologia Resilia foi recentemente incorporada ao tratamento do tecido biológico das próteses valvares cardíacas com o intuito de retardar o processo degenerativo de calcificação das próteses biológicas. Com esta tecnologia, vários estudos mostram um acentuado retardo no processo degenerativo das próteses e o consequente aumento da sua durabilidade.
Em estudo há cerca de 15 anos, a tecnologia Resilia já conta com a aprovação órgãos reguladores europeu e americano. No Brasil, o Hospital SOS Cárdio, de Florianópolis, é um dos pioneiros no uso desse tipo de próteses, através da equipe Seu Cardio.
De forma resumida, a degeneração das próteses valvares está diretamente associada ao metabolismo do cálcio no organismo dos pacientes. A tecnologia Resilia, por sua vez, faz com que o tecido biológico das próteses sofra menos com a calcificação ao longo do tempo. Mesmo em pacientes jovens, que possuem metabolismo de cálcio mais intenso.
“Os estudos in vitro mostram uma superioridade muito grande das próteses com tecnologia Resilia em comparação aos modelos disponíveis atualmente no mercado. Ao contrário do que acontece com as próteses valvares biológicas sem este tratamento, as próteses com a tecnologia Resília vem demonstrando menor calcificação ao longo do tempo, retardando seu processo degenerativo. Com isso, reduzem a necessidade de novas cirurgias.”– Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Além isso, a tecnologia Resília não implica em riscos adicionais. A cirurgia para o implante das próteses valvares cardíacas com a tecnologia Resilia é tecnicamente igual à cirurgia para implante das próteses valvares comuns. A recuperação no pós-operatório também é a mesma.
Converse com o seu cardiologista sobre o que há de mais moderno em próteses valvares para o seu coração. É importante que você entenda os prós e contras de cada prótese para participar da escolha da melhor opção para você.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Coronária, Fatores de Risco e Prevenção
De acordo com a última pesquisa VIGITEL, divulgada em 2018, 18,9% dos brasileiros são obesos. Já o sobrepeso, marcado por índices de massa corporal entre 25 Kg/m2 e 30Kg/m2 , afeta mais de metade da população (54%). Esses índices, por si só, já chamam a atenção. Se considerarmos a relação entre obesidade e doenças do coração, os números alertam para a necessidade de ações que revertam esse quadro.
Graus de Obesidade
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo. Para ser considerado obeso, o indivíduo precisa ter uma relação entre peso e altura (índice de massa corporal) maior do que 30 Kg/m2.
Ainda assim, existem três graus de obesidade, que variam conforme o índice de massa corporal de cada pessoa:
- Obesidade de Grau 1: índice de massa corporal superior a 30 Kg/m2
- Obesidade de Grau 2: índice de massa corporal superior a 35 Kg/m2
- Obesidade de Grau 3, também conhecida como obesidade mórbida: índice de massa corporal superior a 40 Kg/m2
“Tanto a obesidade quanto o sobrepeso possuem componentes genéticos importantes. Além disso, sofrem grande influência do estilo de vida das pessoas. O estresse, a ansiedade, o sedentarismo e a alimentação inadequada podem levar a esse problema e potencializá-lo”. – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior, Médico Cirurgião Bariátrico (CRM 9547 / RQE 7019).
Em nosso organismo, o acúmulo de células de gordura estimulam diversas reações negativas para a saúde. Este conjunto de fatores, conhecido como síndrome metabólica, pode ter efeitos diretos sobre o coração. A seguir, explicamos melhor a relação entre obesidade e doenças do coração.
Síndrome Metabólica
A síndrome metabólica é constituída por uma série de problemas interdependentes, que provocam e são provocados juntos, ao mesmo tempo, pelo acúmulo de gordura, pelo diabetes, hipertensão e pelos altos níveis de colesterol no sangue. Trata-se de um ciclo de grandes sofrimentos que, além do componente genético, tem relação direta com hábitos de vida do paciente, como a alimentação e o sedentarismo.
Relação com Alimentos Industrializados
De forma geral, a base alimentar da população passou a ser constituída por alimentos industrializados, com alto teor de açúcares e farinhas brancas. Estes produtos, no entanto, possuem baixo teor de fibras, vitaminas e minerais. Essa característica deixa a sua digestão mais rápida e muito mais fácil.
Os produtos industrializados costumam ser digeridos logo no início do tubo intestinal, em seus 10% iniciais. O problema é que essa região é responsável por estimular o pâncreas a liberar insulina, hormônio responsável por transportar o açúcar para as células, para que seja transformado em energia. Assim, uma vez que a absorção dos alimentos industrializados acontece justamente na porção do intestino que mais estimula a insulina, mais açúcares são levados às células.
Insulina e Fome
No geral, os carboidratos refinados – e a consequente elevação da insulina causada pela ingestão deles – provocam uma grande necessidade de comer mais.
“São os hormônios liberados pelas demais porções do intestino que deveriam controlar esse mecanismo e regular a quantidade de insulina no corpo. Mas, como os alimentos a base de açúcares e farinhas brancas não chegam em grandes quantidades até essas regiões, o órgão não é estimulado como deveria, e a sensação de fome continua”. – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).
Assim, com mais insulina livre no organismo, a tendência é que a pessoa passe a comer mais. Em um quadro de falta de exercícios físicos (sedentarismo), o acúmulo de gordura é inevitável.
Resistência à Insulina
O tecido adiposo acumulado também causa danos à saúde. Provoca uma série de alterações moleculares importantes que prejudicam a absorção da glicose pelas células. Dessa forma, acaba causando e agravando a resistência à insulina.
Para compensar essa falha, o pâncreas é superestimulado. No entanto, chega um momento em que o órgão não consegue mais produzir insulina suficiente. Dessa forma, além de sofrer com sobrepeso/obesidade, os níveis de açúcar no sangue do paciente também sobem. É assim que o Diabetes Tipo 2 se estabelece.
Processo Inflamatório
O acúmulo de açúcares no sangue é altamente prejudicial à saúde. Ele provoca o aumento do número de radicais livres, que passam a atacar as células em maior número do que o organismo consegue controlar.
Esse processo inflamatório constante leva à oxidação excessiva de vários órgãos, principalmente dos vasos sanguíneos. Lesões renais, oculares e insuficiências circulatória são algumas das consequências.
“Além disso, o excesso de açúcar no sangue tende a ser convertido em triglicerídeos e provocar o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) e entre os demais órgãos (gordura visceral), o que gera ainda mais inflamação”. – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).
A arteriosclerose, fator de risco importante para infarto e AVC (acidente vascular cerebral), passa a ser uma realidade bastante perigosa. O mesmo acontece com uma série de outras doenças. Assim, a relação entre obesidade e doenças do coração é bastante estreita.
Obesidade e Doenças do Coração
A obesidade e o sobrepeso geram uma carga extra para o coração, que precisará trabalhar de forma mais intensa para enviar sangue para todo o corpo. De início, o organismo pode se adaptar. No entanto, com o tempo, a musculatura cardíaca tende a enfraquecer. Assim, o quadro pode levar à insuficiência cardíaca.
Outro aspecto da relação entre a obesidade e doenças do coração é a hipertensão. O excesso de peso provoca o aumento da tensão nas paredes das artérias. Esse processo, por si só, tende a gerar lesões ao tecido dos vasos sanguíneos. Além disso, algumas substâncias liberadas pelo próprio tecido adiposo também podem causar inflamação das artérias e potencializar as lesões já existentes.
“Isso é muito importante, pois as complicações são muito graves. As lesões nas artérias podem acarretar em um infarto do coração ou em um acidente vascular cerebral (AVC)”. – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).
Obesidade e Tratamento
O tratamento da obesidade passa, necessariamente, pela mudança do estilo de vida. Alimentação, atividade física e suporte psicológico fazem parte do processo. Se considerarmos que a relação entre obesidade e doenças do coração, além de outras, é estreita, o esforço para tratar a obesidade vale à pena.
Porém, há pacientes que encontram maior dificuldade para emagrecer. São casos em que as mudanças no estilo de vida não foram bem sucedidas, apesar das tentativas por mais de dois anos. Esses pacientes contam com o recurso da cirurgia bariátrica.
Nesses casos, não basta apenas a vontade de realizar a cirurgia. É necessária uma avaliação multidisciplinar, que envolve o cirurgião bariátrico e profissionais que poderão atestar a indicação do procedimento.
“As cirurgias bariátricas e metabólicas, que criam um bypass para o bolo alimentar, evitam a passagem da comida pelo início do intestino, reduzem a liberação de insulina e estimulam as demais porções do órgão para a produção de outros hormônios que auxiliam no controle da fome. Estes procedimentos, juntamente com a adoção de um estilo de vida mais saudável, contribuem significativamente para o controle da obesidade e dos fatores de risco para doenças cardíacas”. – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).
Obesidade e doenças do coração andam juntas. A relação entre elas torna-se mais próxima na medida em que a idade avança. Por isso, buscar orientação e suporte profissional é fundamental para a qualidade de vida e para uma vida mais longa.
Sobre o autor: Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019) é médico especialista em Cirurgia Bariátrica. É graduado na primeira turma reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina na área, em 2017 e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Atua na Clínica Bariátrica Florianópolis e no Hospital SOS Cárdio, como cirurgião bariátrico, em Florianópolis/SC.