Doença normalmente de caráter agudo, a dissecção de aorta surge quando há a delaminação das camadas da parede da aorta. Acontece, basicamente, porque o sangue perfura essa artéria, porém, não totalmente, e entra na parede da aorta, criando duas camadas, ou seja, dissecando-a.
Essa dissecção pode começar em qualquer setor da aorta. Dependendo de onde ocorre, é considerada de maior ou menor gravidade e possui mais ou menos chance de romper.
Para entender quão grave pode ser a dissecção de aorta, é importante compreender a divisão dessa artéria em segmentos.
Segmentos da Aorta
O segmento ascendente refere-se à primeira porção da aorta. Vai desde a válvula aórtica até a região em que aparece o primeiro vaso em direção à cabeça.
Depois, há a região do arco aórtico. Dela, saem os três troncos responsáveis pela irrigação sanguínea dos braços e da cabeça.
O segmento da aorta descendente é aquele que se localiza dentro do tórax. Tem início depois do arco aórtico e segue até a região do diafragma. Desse segmento saem vários vasos responsáveis por levar o sangue para a coluna, parte do pulmão e esôfago.
Por último, há o segmento da aorta abdominal. Ele se inicia abaixo do diafragma e segue até a região próxima do umbigo, onde se divide em dois ramos. Esses ramos são as artérias ilíacas, responsáveis por conduzir o sangue para as pernas.
Na região do diafragma até o umbigo, também estão todos os ramos de vasos sanguíneos que levam o sangue para os órgãos abdominais e pélvicos, como fígado, estômago, pâncreas e rim.
O que causa a dissecção de aorta?
A dissecção de aorta pode ocorrer em qualquer um dos segmentos da artéria relacionados acima e pode progredir tanto na direção normal do fluxo sanguíneo quanto no contrafluxo.
Uma dissecção de arco aórtico pode, por exemplo, migrar para a aorta descendente ou retroceder para a aorta ascendente.
Dentre as principais causas da dissecção da aorta está a aterosclerose, uma doença que afeta a parede dos vasos sanguíneos e cria a condição necessária para o surgimento da dissecção. Mas, o que desencadeia a delaminação, na maior parte dos casos, é uma crise hipertensiva.
“Quando a dissecção de aorta ocorre, existe a possibilidade de a aorta se romper, causando morte súbita. O que precede esse quadro é a sensação de uma forte dor, que simula um infarto, em função da dor normalmente ser no peito. Essa dor pode se expandir para as costas e os braços.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Nos pacientes em que não há ruptura da artéria, a dissecção pode se deslocar para a aorta ascendente. E comprometer o arco aórtico ou pode se dirigir para a aorta descendente e ilíacas, até o pé.
Existe tratamento para dissecção de aorta?
Em pacientes com diagnóstico de dissecção de aorta, o tratamento pode ser cirúrgico. Nesses casos, o objetivo da cirurgia não é substituir toda a artéria, e sim corrigir o ponto de entrada do sangue na parede da aorta.
“A partir do momento em que se faz essa correção, a dissecção não progride para uma ruptura, pois com a cirurgia não há mais pressão sendo exercida na região dissecada.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
A cirurgia restabelece o ponto danificado da aorta e, com isso, direciona todo o fluxo para o que se chama de luz verdadeira. Ou seja, a parte interna do tubo sanguíneo, chamado de luz do vaso.
A dissecção de aorta cria uma luz falsa, por onde o sangue também passa a circular. Muitas vezes, essa luz falsa é maior que a luz verdadeira. Com a intervenção cirúrgica, todo o fluxo de sangue retorna para a luz verdadeira.
Diferentes Abordagens no Tratamento
Quando a dissecção de aorta envolve o arco aórtico, uma das possíveis complicações é a progressão da dissecção para os vasos intracranianos. Isso pode causar um quadro de isquemia cerebral aguda.
“Normalmente, nas dissecções que envolvem a aorta ascendente e o arco aórtico, é necessária a realização de uma cirurgia cardíaca. A intervenção é, geralmente, de emergência. Não se espera o paciente evoluir, pois a chance de ruptura é grande, que pode levar a óbito ou causar uma lesão cerebral irreversível”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Tratamento Cirúrgico ou Clínico
Nos casos de dissecção de aorta no segmento descendente, o tratamento pode ser clínico, para controle do caso. O tratamento cirúrgico é resguardado para quando a dissecção causa um aneurisma ou derrame pleural hemorrágico, por exemplo, condições que podem preceder uma ruptura iminente. Mesmo nessas situações, é possível tratar a dissecção da aorta com um procedimento percutâneo, ou seja, sem necessidade de uma cirurgia cardíaca aberta. Assim, pode-se utilizar uma endoprótese percutânea e realizar o tratamento cirúrgico por esta via, sem necessidade de abertura do tórax.
Há casos em que a dissecção de aorta ascendente pode sofrer uma complicação grave, que é a insuficiência da válvula aórtica aguda. Essas situações são mais graves, em função da falência aguda do coração.
Muitas vezes, quando a dissecção compromete o arco aórtico, é necessário substituir as artérias que levam o sangue para o cérebro e para os braços. Essa abordagem é aplicada para conter o risco de ruptura dessas estruturas.
O comprometimento significativo da válvula aórtica também exige que ela seja trocada. Porém, esses casos precisam ser bem avaliados, pois, às vezes, uma plastia é suficiente, evitando-se a troca da valva.
Uma forma de evitar a dissecção de aorta é controlar a pressão arterial e a doença ateromatosa. Por isso, cuide da saúde do seu coração e acompanhe regularmente com o seu cardiologista clínico. Se precisar de ajuda, conte conosco!