Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

As válvulas cardíacas funcionam como quatro portas que permitem a passagem do sangue apenas no sentido correto da circulação. No entanto, as doenças valvares podem prejudicar seu funcionamento e comprometer a função cardíaca.

Valvas Cardíacas: Mitral e Aórtica

Localizadas entre as câmaras do coração, o funcionamento adequado das valvas mitral e aórtica garante que o fluxo sanguíneo siga no sentido correto. Elas se abrem à passagem do sangue e se fecham para eventuais refluxos. 

Diante de doenças valvares, o funcionamento fica prejudicado, fazendo com que a abertura e o fechamento das valvas cardíacas fique comprometido. 

Doenças Valvares

Várias doenças podem comprometer as valvas do coração. Tanto as adquiridas, como no caso da febre reumática, como as degenerativas, que podem derivar de um condicionamento genético. Essas doenças levam a dois defeitos principais: podem obstruir as valvas (estenose valvar) ou torná-las incompetentes (insuficiência valvar). 

Tratamento das Doenças Valvares

Atualmente, existem diversas formas de tratamento para as doenças valvares. O avanço das técnicas cirúrgicas na área da Cardiologia permite que pessoas em situação de gravidade possam ser tratadas de forma eficaz e segura.

Para abordar o tema de forma detalhada, preparamos um e-book gratuito: Doenças Valvares: Mitral e Aórtica. Neste material, explicamos as doenças mais comuns das valvas cardíacas, assim como as principais indicações de tratamentos para cada tipo de doença. 

Você pode baixar o material gratuito no botão abaixo:

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Este material foi preparado pela equipe Seu Cardio, de Cirurgia Cardiovascular. As informações tem caráter educativo e não substituem as orientações do seu médico. Esperamos que as informações sejam úteis a você!

Boa leitura!

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Prevenção: Alimentação, Doença Cardíaca, Diabetes Tipo II e Obesidade

Prevenção: Alimentação, Doença Cardíaca, Diabetes Tipo II e Obesidade

*Por Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746)

Os níveis elevados de colesterol no sangue têm correlação com maior chance de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral? Sim, tem. Então a “culpa” é da alimentação, porque isso é a maior causa da elevação do colesterol sanguíneo? Pode-se dizer que não, na grande maioria dos casos.

  • Em 1980, não havia nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tivesse mais de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos tinham índices inferiores a isso.
  • Em 2017, não há nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tenha menos de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos têm índices superiores a isso.
  • De 1980 até 2017, o número de pacientes portadores de Diabetes Melito tipo II quadruplicou nos Estados Unidos (EUA). Isso mesmo, aumento de 300% no número de casos!
  • Apesar de todo o desenvolvimento da Medicina, dos medicamentos e da crescente preocupação (e gastos expressivos) com cuidados preventivos, a incidência de doenças vasculares (infartos e derrames) continua crescente!

Podemos inferir sem medo de errar grosseiramente que estes números alarmantes, que traduzem uma real epidemia, não se restringem aos EUA. Boa parte dos países do ocidente, e particularmente das Américas, padece das mesmas tendências. Aí, incluído o Brasil!

Quando nos confrontamos com estes índices e esta realidade pavorosa, a maioria de nós já tem uma resposta pronta e superficial que ouvimos e repetimos durante décadas: “A culpa é da mudança de estilo de vida, do sedentarismo, dos hábitos da vida moderna…”. Esta explicação certamente traz nela algum acerto. Porém, nem de longe traduz com exatidão a extensão das causas que nos atingem violentamente nas últimas décadas.

Comecemos por um tópico sobre o qual não vou me estender muito por não ser o foco principal deste texto (embora não se possa negar sua importância): o sedentarismo e os exercícios. Embora saibamos e tenhamos evidências de inúmeros benefícios dos exercícios físicos (desde que realizados dentro das recomendações cabíveis de profissionais das áreas de Educação Física e Medicina), nunca se fez tanto exercício! Quem tem mais de 40, 45 anos, não precisa fazer muito esforço de memória para lembrar que outrora não havia esta multidão a correr diariamente nas beira-mares e nas esteiras das academias! A preocupação com os exercícios físicos e sua prática é notadamente maior progressivamente.

Os exercícios melhoram a capacidade física, tonificam os músculos, têm uma série de efeitos benéficos  no metabolismo e até mesmo sobre a autoestima. Isso é inegável. Mas não se pode afirmar que representam uma arma poderosa se usados isoladamente contra a obesidade e o Diabetes Tipo II, assim como contra as consequências destes problemas.

Somos então obrigados a voltar nossas atenções novamente para a alimentação… O que está “dando errado”? Por que, mesmo com todas as inúmeras recomendações alimentares, continuamos engordando, virando diabéticos e infartando?

Desde as décadas de 1960 e 1970, nos Estados Unidos da América têm sido recomendados determinados tipos de dieta oficialmente pelo governo e pelas sociedades médicas. Em 1977, foi publicada uma recomendação dietética para o americano, restringindo as gorduras e privilegiando a ingestão dos carboidratos na alimentação.

Em 1992, foi publicada a clássica pirâmide alimentar, que a maioria das pessoas conhece, com a generosa base composta por carboidratos. Os americanos mudaram a dieta radicalmente desde então… e aí só precisamos olhar os primeiros parágrafos deste texto e ver o que aconteceu.

E de onde surgiu isso?

No início da segunda metade do século passado, começaram a surgir evidências científicas sólidas de que os níveis elevados de colesterol no sangue guardavam relação com a ocorrência futura de infarto e derrame (os chamados eventos cardiovasculares).  

De forma simplista, podemos inferir que isso levou à conclusão (talvez precipitada ou pouco embasada) de que a dieta (alimentação) que possuísse colesterol e gordura seria obviamente a principal suspeita. A partir daí, foram iniciados vários esforços para montar dietas ricas em carboidratos e pobres em gorduras, inclusive de forma oficial pelo governo americano. Tais dietas se tornaram o padrão recomendado, quase que no mundo todo, por leigos, nutricionistas e médicos. A ingestão proporcional dos carboidratos, particularmente dos ditos “refinados” cresceu muito!

O resultado foi desastroso… As evidências do desastre se acumulam de forma desconcertante e progressivamente vão se tornando conhecidas por pacientes e profissionais de saúde. Há cerca de 2 anos inclusive, houve uma mudança de postura do governo americano, retirando da lista de “proibidos” ou “malditos” vários alimentos e grupos alimentares.

Este assunto será uma das grandes tendências alimentares dos próximos anos, embora já seja fruto de estudos consistentes há quase cem anos, mesmo antes da II Grande Guerra, na Europa e na América do Norte.

Finalmente, gostaria de concluir esta primeira parte do texto fazendo uma recomendação enfática: não tome nenhuma atitude radical em relação a sua alimentação sem a orientação de um profissional habilitado e atualizado. É de capital importância que este tipo de ação seja individualizada, pois cada pessoa tem metabolismo e saúde diferente. Cada um, portanto, responderá de forma singular a qualquer alteração. É muito importante que haja um acompanhamento estreito!

Se você for portador de doença cardíaca, Diabetes, tiver mais de 40 anos ou outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (história familiar rica em doenças cardíacas ou derrame, tabagismo, colesterol elevado, obesidade), este cuidado se faz ainda mais fundamental. 

Procure seu médico de confiança para que ele avalie ou encaminhe adequadamente o seu caso. E, para saber mais sobre a influência da alimentação sobre a Obesidade e Diabetes Tipo 2, leia a segunda parte deste artigo: Gordura e Carboidrato: tudo o que você precisa saber.

*Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746) é Cardiologista e Intensivista. Atua no Hospital SOS Cárdio, como Coordenador Geral da UTI e Diretor Técnico, e atende em consultório na clínica Prevencordis. Contato: prevencordis.fernando@gmail.com

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Edema Pulmonar: quando é preciso fazer cirurgia cardíaca para tratar?

Edema Pulmonar: quando é preciso fazer cirurgia cardíaca para tratar?

O edema pulmonar é uma condição de falência ventilatória aguda. Ocorre quando há um espaço no pulmão, preenchido por líquido.

Existem inúmeras causas para o edema pulmonar. As principais são as cardiogênicas, ou seja, as que estão relacionadas à falência do coração e que, consequentemente, levam à falência do pulmão.

Entendendo o Fluxo

Em nosso organismo, o sangue passa pelo pulmão para ser oxigenado e, então, é bombeado pelo coração para o corpo todo. Quando há uma falência aguda na parte esquerda do coração, a tendência é o sangue se acumular dentro do pulmão, ao invés de seguir o fluxo normal. 

O volume maior de sangue no pulmão provoca um aumento da pressão sanguínea em seu interior. Como o pulmão não foi feito para trabalhar com pressão alta de maneira aguda, esse aumento de pressão leva ao extravasamento de líquido para dentro dos alvéolos, ocupando o espaço aéreo.

“É muito comum que um paciente com falência aguda do lado esquerdo do coração desenvolva um quadro de insuficiência respiratória aguda. Esse quadro é traduzido por falta de ar importante, normalmente associada à tosse e à expectoração de secreção rósea. Esse é o edema agudo de pulmão clássico.”  – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Os sintomas clássicos do edema pulmonar são: insuficiência respiratória progressiva e sensação de sufocamento, com expectoração rósea. Em geral, os pacientes não conseguem ficar deitados e a a queixa principal é a falta de ar.

Quais são as causas do edema pulmonar?

Em pacientes que têm o lado esquerdo do coração comprometido, uma crise de pressão alta pode levar a um edema pulmonar. Nesses pacientes, o coração pode não conseguir vencer uma crise hipertensiva. Diante disso, desencadeia a elevação aguda da pressão intrapulmonar, com consequente extravasamento de líquido. Ocorre, assim, o edema pulmonar.

Outras patologias que podem causar o edema pulmonar são as estenoses valvares, tanto a estenose mitral (mais comum) quanto a estenose aórtica.

“O paciente com estenose mitral tem uma barreira entre o átrio e o ventrículo esquerdos. O aumento da frequência cardíaca ou da pressão arterial impõe maior dificuldade no trânsito do sangue dentro do coração. Isso pode levar ao edema agudo de pulmão. O edema agudo está mais associado às estenoses valvares, porém também pode ocorrer nas insuficiências das valvas cardíacas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

As estenoses valvares, tanto mitral quanto aórtica, causam ao coração uma sobrecarga de pressão devido à dificuldade do sangue em fluir normalmente. Isso faz a pressão aumentar dentro coração. Tal fato não deve ser confundido com aumento de pressão arterial sistêmica, aquele que medimos normalmente com os aparelhos de pressão. Ou seja, se a pressão arterial estiver baixa ou normal, não significa que não possa estar havendo um edema pulmonar. 

Outra doença clássica que leva ao edema agudo de pulmão é a coronariopatia. Significa que um paciente que tem um infarto pode evoluir o quadro para um edema agudo de pulmão em função da falência da bomba do coração, causada pelo infarto.

Já um paciente que não teve infarto, porém, passou por uma crise de isquemia no coração, também pode sofrer uma falência na bomba. Por consequência, pode vir a desenvolver um edema pulmonar. 

Riscos do Edema Agudo de Pulmão

Qualquer elevação da pressão pulmonar de maneira aguda pode levar ao edema agudo de pulmão. Trata-se de um quadro de alta mortalidade, se não tratado a tempo. 

“O paciente morre de insuficiência respiratória porque tem um coração que está falindo agudamente (diminuição da força contrátil) e possui uma complicação no pulmão que também está falindo agudamente. Ambas contribuem para estabelecer uma gravidade altíssima ao quadro clínico.“– Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

No tratamento do edema pulmonar, a primeira medida é eliminar líquido do corpo e baixar a pressão intrapulmonar. Para isso, geralmente, é prescrito um medicamento diurético que colabora também com a melhora da capacidade de bombeamento do coração. 

Após controlada a fase aguda, deve-se buscar tratar a causa básica. Frequentemente, no caso do edema agudo de pulmão, ela está relacionada à doença valvar cardíaca. Assim, procura-se realizar a cirurgia cardíaca e corrigir o defeito valvar em fase fora da crise, pois operar o paciente na vigência de edema pulmonar aumenta o risco cirúrgico

“A doença valvar pode levar ao edema agudo de pulmão, principalmente as estenoses. As insuficiências valvares causam essa condição mais tardiamente.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Um paciente que possui um edema agudo de pulmão e insuficiência mitral ou aórtica detém uma condição muito mais grave do que um paciente com um quadro de estenose.

Como tratar o edema pulmonar

O edema pulmonar requer tratamento imediato, pois é uma patologia de alta mortalidade, se não for tratada a tempo. Quanto maior o edema, menor é a oxigenação do sangue e, quanto menos oxigenação houver, maior é a falência da bomba cardíaca.

Normalmente, o tratamento do edema pulmonar é clínico. Porém, em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. A condução do melhor tratamento é realizada caso a caso, de acordo com a avaliação clínica de cada paciente.

Cuide da sua saúde e do seu coração. Se você tem alguma condição cardíaca prévia e observar sinais como falta de ar aguda, busque orientação médica. É importante descartar a condição de edema pulmonar ou, se for o caso, tratar imediatamente. 

E-book sobre Fatores de Risco para a Saúde do Coração

 

Onde está inserido o paciente no sistema de saúde atual?

Onde está inserido o paciente no sistema de saúde atual?

A convite da equipe Seu Cardio, Andréa Bergamini* fala sobre o atendimento ao paciente no sistema de saúde atual. O tema é de extrema relevância, pois o paciente deve ser o objetivo principal de toda a cadeia de cuidado em saúde. Boa leitura!

Ao realizar uma breve pesquisa bibliográfica, é possível identificar inúmeras publicações relacionadas ao sistema de saúde em nosso País. Nelas, predomina o destaque para a importância da interação entre os diferentes players do setor. Estão envolvidos profissionais de saúde, rede prestadora (hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros), fornecedores (de insumos, medicamentos e produtos para a saúde) e as fontes pagadoras (pública e privada). No entanto, onde está inserido o paciente neste contexto?

Inúmeros debates realizados entre os players citados convergem no discurso de que “o paciente deve ser colocado em primeiro lugar”. Mas, será que os interesses individuais de cada segmento não estão sobrepondo a real necessidade do paciente? Todos os integrantes estão trazendo uma visão holística para as tomadas de decisão?

Seguindo nesta linha de pensamento, faço aqui algumas ponderações. Para que o paciente realmente seja considerado a “razão da existência” deste setor – lembrando que todos nós somos pacientes –, algumas ações devem ser repensadas e consideradas.

Empoderamento dos Pacientes

Iniciando pelo uso adequado das tecnologias disponíveis atualmente, é fato que os avanços estão cada vez mais presentes na vida de todos (e em diferentes momentos). Na área da saúde, elas vêm contribuindo cada vez mais para a disseminação do conhecimento sobre a saúde e as doenças. Preliminarmente, o foco deste compartilhamento está mais voltado às doenças crônicas. Contribui para que o paciente se informe, se prepare para compreender o problema enfrentado e realize o autocuidado em saúde. Sem dúvida, tais ações contribuem para o seu empoderamento.

O empoderamento é um processo educativo. Ajuda o paciente a adquirir conhecimento, e desenvolver habilidades e atitudes necessárias para participar ativamente das decisões acerca da sua saúde. Pacientes mais informados, envolvidos e responsabilizados interagem de forma mais eficaz com os profissionais de saúde. Assim, podem realizar ações que produzam resultados efetivos e melhoram a qualidade de vida.

No entanto, o empoderamento não deve se restringir apenas às doenças crônicas, mas sim, envolver todo contexto de saúde. Assim, nos casos de intervenções cirúrgicas e/ou necessidade de tratamentos de alta complexidade, os pacientes precisam ter conhecimento de todas as possibilidades terapêuticas e os respectivos resultados, como também a oportunidade da busca de opiniões de outros profissionais da área.

Mas, como transformar o paciente em protagonista, por meio de tecnologias viáveis? Conforme John Halanka, professor da Harvard Medical School, a telemedicina é uma das tecnologias que coloca o paciente no centro. Halanka acrescenta ainda que a telemedicina empodera os pacientes para a tomada de decisão sobre sua saúde e é considerada uma alternativa eficiente e de baixo custo. Trata-se de uma inovação em saúde que contribui no processo de integração e decisão compartilhada entre os agentes envolvidos.

Heart Team

Cabe citar um exemplo já implantado em alguns serviços de saúde e que tem sua importância ratificada pelas sociedades brasileira e internacionais das especialidades, conforme publicações de seus guidelines: o Heart Team.

O Heart Team é composto por equipe multidisciplinar (cirurgia cardíaca, cardiologia intervencionista, cardiologia clínica, enfermagem, nutrição, fisioterapia, entre outros) que tem como objetivo discutir sobre as condutas terapêuticas de pacientes com doença arterial coronariana (DAC). Tais discussões têm por objetivo a tomada de decisão quanto ao tratamento mais adequado, caso a caso. Ou seja, o paciente está no centro dessas discussões.

Neste processo é possível identificar a visão holística do cuidado. O paciente é empoderado por meio de todas as informações recebidas e, assim, o sucesso do tratamento escolhido terá maior chance de ser alcançado. Aspectos nem sempre visíveis – tais como expectativas, anseios e dificuldades – poderão ser alcançados neste modelo. É essencial também considerar esses aspectos, para que sejam desenvolvidas novas soluções tecnológicas em saúde.

Modelo Assistencial Centrado no Paciente

Voltando ao parágrafo inicial deste texto, observa-se que todos os players do sistema de saúde devem repensar como o paciente está sendo inserido neste contexto. Dessa forma, será possível construir uma relação que propicie o seu empoderamento, tendo como premissa a ética, a transparência e o respeito à individualidade.

Acrescenta-se que as discussões e compromissos dos gestores de toda cadeia em saúde têm papel fundamental para propiciar esse empoderamento, a partir da integração dos serviços e garantia na qualidade da assistência prestada.

Por fim, para pensar em um novo modelo assistencial em saúde é necessário revisitar os modelos atuais. É preciso, também, qualificar os profissionais envolvidos para atuarem em uma assistência centrada ao paciente. Existem inúmeros modelos em discussão e não há uma “fórmula pronta”. Mas, acredite, deixar o paciente fora deste contexto, ao meu ver, é repetir os modelos já existentes.

Sobre a autora:

Andrea Bergamini
Andréa Bergamini é diretora técnica da empresa Gestão OPME; mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília; integrante do Grupo Técnico de Trabalho de Órteses, Próteses e Materiais Especiais, coordenado pelas Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Agência Nacional de Saúde Suplementar; parte do Comitê Técnico de OPME do Fórum Latino-Americano de Defesa do Consumidor e secretária-geral do Instituto Transparência Saúde (ITS).

Fatores de risco para a saúde do coração

Principais Impactos da Doença Coronariana

Principais Impactos da Doença Coronariana

Assim como acontece com todas as células do nosso organismo, as células que fazem parte do músculo cardíaco e das demais estruturas do coração também precisam receber sangue com oxigênio e nutrientes para manterem-se vivas. As artérias coronárias são os principais vasos sanguíneos responsáveis por essa função. E é por isso que a doença coronariana é tão grave.

“Sem oxigênio, as células do coração entram em isquemia e morrem. Esse problema pode ser provocado por diversos fatores, relacionados ou não às artérias coronárias” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

O uso de drogas como a Cocaína, por exemplo, pode provocar espasmos nos vasos sanguíneos coronarianos e prejudicar a oxigenação e funcionamento do músculo cardíaco. Há casos também de formação de coágulos em outras regiões do corpo (até mesmo dentro do coração) que se desprendem e acabam por obstruir as artérias coronárias. 

A frequência cardíaca acelerada (taquicardia) é outro exemplo. Ela pode  cursar com aumento da demanda de oxigênio a um ponto em que a árvore coronariana não consegue sustentar. De forma oposta, quadros infecciosos localizados ou generalizados (Sepse) podem reduzir o aporte de oxigênio e provocar isquemias, que irão cursar com doença coronariana. 

No entanto, quando falamos de doença coronariana, não podemos deixar de falar da aterosclerose:

“A aterosclerose, doença que causa degeneração e obstrução progressiva dos vasos sanguíneos, é responsável por mais de 90% dos casos de isquemia. Ela tem avanço lento e pode demorar a dar os primeiros sintomas” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).  

A doença coronariana  – como a aterosclerose – pode levar a eventos cardíacos graves, como o surgimento de arritmias, o infarto do coração e a morte súbita

Aterosclerose

Em condições normais, o suprimento de sangue para as células do coração é contínuo. No entanto, os estudos mostram que desde a infância, tanto por características genéticas, como por hábitos de vida nocivos, como o sedentarismo e consumo de alimentos industrializados (ricos em açúcares e gorduras), as pessoas podem vir a acumular placas obstrutivas nas paredes das artérias, conhecidas popularmente por “placas de gordura”.

Tais “placas de gordura” vão aos poucos inflamando, ganhando tamanho e prejudicando o fluxo de sangue oxigenado para os músculos do coração. Além disso, em alguns casos, elas podem vir a se romper e a extravasar todo o conteúdo gorduroso na luz da artéria, obstruindo de forma aguda a passagem de sangue.

“É assim que acontece o infarto agudo do miocárdio. Isso significa que parte do músculo cardíaco (miocárdio) não está mais recebendo o sangue que traz oxigênio para as células. Isso pode acarretar morte de tecido muscular em pouco tempo. O quadro se apresenta, na maior parte das vezes, como dor no peito (angina), com irradiação para os braços e pescoço” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Infarto Agudo do Miocárdio

Quando o infarto acontece, o atendimento deve ser urgente. Com a obstrução total da artéria, a lesão do músculo cardíaco é progressivamente maior com o passar dos minutos. Se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente, instala-se a necrose do músculo daquela região não irrigada. Dependendo da extensão do músculo cardíaco afetado, o caso fica mais grave e a possibilidade de sequelas permanentes, ou mesmo de morte, fica maior.

Vale ressaltar que nem sempre a artéria do coração com a doença coronariana mais severa irá provocar o infarto. Uma lesão moderada ou mesmo pequena em uma coronária pode ser o local de formação de um trombo e provocar o infarto.

“O infarto pode acontecer de diversas formas. Há casos em que a artéria coronária não é completamente obstruída e que uma pequena quantidade de sangue ainda consegue fluir. No entanto, até mesmo as isquemias transitórias podem ter consequências graves. Entre elas, as arritmias, a morte súbita e a Insuficiência Cardíaca” –  Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Arritmias e Morte Súbita

Uma vez sem oxigênio, e caso o paciente sobreviva, a região do músculo cardíaco onde ocorreu a morte de células tenta se regenerar. Nesse processo, pequenas cicatrizes são formadas. No lugar das células saudáveis mortas, formam-se áreas de tecido fibroso.

“O grande problema é que essas novas áreas formadas pelas cicatrizes das células mortas possuem comportamento elétrico diferente das células cardíacas originais. Assim, a eletricidade que faz o coração bater passa por essas novas áreas com velocidade e forma diferentes do normal. Esse fato pode provocar arritmias graves e morte súbita” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Insuficiência Cardíaca

Outra consequência direta dos quadros de isquemia e de infarto é a Insuficiência Cardíaca, doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para atender às demandas do organismo.

“Trata-se de uma doença muito limitante. Mais de 50% dos casos de insuficiência cardíaca são causados pela isquemia”Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790). 

Pacientes com Insuficiência cardíaca costumam apresentar falta de ar, grande dificuldade para realizar esforços físicos e baixa qualidade de vida. 

Prevenção da Doença Coronariana

Para reduzir a mortalidade e as sequelas provocadas pela doença coronariana, prevenção é fundamental. A adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de exercícios físicos pode ajudar a evitar eventos graves e reduzir os seus impactos sobre a qualidade de vida das pessoas.

Além disso, é muito importante realizar o acompanhamento periódico com o médico cardiologista.

“O médico cardiologista poderá realizar uma série de exames e avaliações para determinar qual o risco que o paciente tem de desenvolver doença coronariana no futuro. E, dependendo dos resultados, traçar estratégias de prevenção, que podem envolver inclusive o uso de medicamentos para a pressão e para o controle do colesterol”  – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Caso algum evento cardíaco aconteça, é fundamental procurar o atendimento médico o quanto antes. Lembre-se: tempo é músculo. Quanto mais tempo uma pessoa leva para ser atendida durante uma situação de infarto, mais músculo cardíaco morre e pior a situação do paciente.

Sobre o autor:

Daniel Medeiros Moreira (CRM-SC 11708 RQE 7790) é Médico Cardiologista. Concluiu graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2004, com mérito por melhor desempenho acadêmico. É especialista em Medicina Interna pelo Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani São Thiago (HU-UFSC), especialista em Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC) e em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Mestre e Doutor em Ciências da Saúde: Cardiologia, pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC). Atualmente, é Cardiologista do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), professor das disciplinas de Semiologia I, Semiologia II e Sistema Cardiorrespiratório na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Diretor de Qualidade Assistencial da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Seção Santa Catarina (SBC/SC). Atua com pesquisa em diferentes tópicos, dentre os quais, Inflamação, Síndrome Coronariana Aguda, Insuficiência Cardíaca e Música em pacientes com cardiopatias.

 

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Insuficiência Valvar: indicações e tratamentos

Insuficiência Valvar: indicações e tratamentos

Para falarmos de insuficiência valvar, precisamos entender que as válvulas cardíacas funcionam como quatro portas. Localizadas entre as quatro câmaras do coração, elas devem permitir a passagem do sangue apenas no sentido correto da circulação – e se fechar para eventuais refluxos. 

“A insuficiência valvar acontece quando uma das quatro válvulas do coração torna-se incompetente na sua função de fechar, permitindo o refluxo de sangue. Esse refluxo, com o passar do tempo, pode levar à falência de bomba do coração”  – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893).

Efeitos Degenerativos

Caso não seja tratada, a insuficiência valvar tende a tornar-se cada vez mais grave. O problema, originado e, até certo ponto, localizado nas válvulas, pode ter impacto direto sobre a bomba cardíaca como um todo.

“A insuficiência valvar provoca uma perda gradual na força contrátil do coração. Isso faz com que a quantidade de sangue ejetado pelo órgão a cada batimento (fração de ejeção) seja cada vez menor, levando a um quadro clínico chamado de insuficiência cardíaca” –  Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893).

A insuficiência valvar pode provocar sintomas diversos, que variam de acordo com a válvula afetada. A manifestação mais comum da doença, no entanto, é o cansaço excessivo e a falta de ar.

Tratamento da Insuficiência Valvar

Os tratamentos para a insuficiência valvar podem envolver o reparo cirúrgico da válvula (plastia valvar) ou a substituição dessa estrutura por uma prótese valvar mecânica ou biológica – a exemplo das novas próteses com Tecnologia Resilia.

“Além de estarem posicionadas em regiões diferentes dentro do coração, as válvulas cardíacas possuem características particulares que exigem abordagens próprias”  – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893).

Válvula Mitral (localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdos):

Hoje, existe uma grande variedade de técnicas que fazem com que o reparo cirúrgico, plastia da valva mitral, seja considerado o padrão ouro nos casos de insuficiência valvar mitral degenerativa – que cursa com insuficiência severa da valva mitral.

Válvula Aórtica (localizada entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta):

Apesar do contínuo desenvolvimento e da crescente popularidade, a plastia da válvula aórtica ainda se reserva a casos selecionados. Por isso, em geral, o tratamento mais indicado costuma ser a substituição da válvula original por uma prótese valvar mecânica ou biológica.

Válvula Tricúspide (localizada entre o átrio e ventrículo direito):

A disfunção da válvula tricúspide costuma estar relacionada à insuficiência decorrente da dilatação do coração. No geral, pacientes que apresentam doença valvar no lado esquerdo do coração (mitral ou aórtica) tendem a apresentar insuficiência valvar também no lado direito, na válvula tricúspide.

“A plastia da válvula tricúspide vem mostrando resultados muito bons a curto, médio e longo prazos. É cada vez mais comum a associação do tratamento das válvulas do lado esquerdo do coração (mitral e aórtica) à plastia da válvula tricúspide” –  Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893).

Válvula pulmonar (localizada entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar):

Trata-se de um tipo raro de insuficiência valvar, geralmente relacionado às cardiopatias congênitas. O tratamento costuma ser realizado ainda na infância.

Próteses Valvares Cardíacas

Dependendo das causas que levam à doença, a insuficiência valvar não pode ser tratada com a plastia das válvulas cardíacas. Esse, por exemplo, costuma ser o caso da doença reumática, que provoca uma retração muito grande das válvulas, impossibilitando a plastia. Nesses casos, a alternativa passa a ser o implante valvar, seja de próteses biológicas como de próteses mecânicas.

“A decisão sobre qual modelo de prótese deverá ser implantada leva em consideração a idade do paciente. Isso porque as próteses biológicas têm durabilidade menor em pacientes mais jovens. Outro ponto observado é a aceitação do paciente em tomar ou não a medicação anticoagulante oral – e da realização dos exames para controle de TAP – uma vez que essa é uma exigência para o implante das  próteses mecânicas” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893).

Fique atento à insuficiência valvar. Converse com o seu cardiologista sobre o essa doença e informe-se sobre as possibilidades de tratamento. É importante que você entenda os prós e contras de cada conduta e avalie a melhor opção para você.

 

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