by Equipe Seu Cardio | Blog, Fatores de Risco e Prevenção, Marcapasso e outros dispositivos
As arritmias cardíacas são bastante frequentes na população brasileira. Estima-se que um a cada 10 brasileiros sofra com algum tipo de descompasso do coração. Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a doença é responsável por 320 mil mortes súbitas no Brasil.
Neste post, vamos procurar esclarecer a relação entre taquicardia, arritmia cardíaca e a necessidade de implante de marcapasso ou CDI. Quando a taquicardia deve ser investigada? Quando a taquicardia pode ser uma arritmia cardíaca que requer tratamento? Em quais casos é indicado o implante de um marcapasso ou desfibrilador – CDI? Confira essas e outras informações a seguir.
Taquicardia é um problema cardíaco?
Taquicardia é o termo utilizado para frequência cardíaca aumentada, não necessariamente uma arritmia cardíaca. Ou seja, um corredor chega ao final de uma prova taquicárdico. Da mesma forma, uma pessoa que toma muito estimulantes pode ficar taquicárdica. Assim, não necessariamente é uma arritmia, mas apenas o aumento da frequência cardíaca.
A percepção do paciente com taquicardia pode ser a de uma pulsação rápida, palpitação ou mesmo frequência cardíaca acima do normal, aferida em rotina ambulatorial.
Contudo, se a pessoa costuma ter taquicardia com frequência, é importante realizar uma investigação médica. Afinal, pode ser a manifestação clínica de alguma doença, tanto do coração quanto de doença sistêmica.
Como é realizada a avaliação de arritmia cardíaca?
No caso de arritmia cardíaca, é importante a investigação cardiológica. Nela, são contemplados alguns exames, a começar pelo eletrocardiograma, que mostrará o ritmo de base. Como o eletrocardiograma avalia um período curto da frequência cardíaca, outros exames podem ser necessários. Entre eles, o Holter, que avalia a frequência cardíaca durante um período 24 horas.
“Seria como comparar uma fotografia (resultado do eletrocardiograma) a um filme (resultado do Holter). Tais exames permitem o diagnóstico correto sobre o tipo de distúrbio de ritmo do coração. Dessa forma, é possível diagnosticar se há ou não uma arritmia mais grave.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327), cirurgião cardiovascular.
A investigação segue com a realização de exames rotineiros e de uma avaliação cardiológica aprofundada, que considere a história do paciente e seu exame físico. O tratamento final depende não só do tipo de arritmia cardíaca, mas também da sua causa e de possível doença cardíaca associada.
Tratamentos da Arritmia Cardíaca e CDI
Há vários tipos de tratamentos para a arritmia cardíaca de frequência alta. Entre eles, o mais simples é o uso de medicamentos que controlam a frequência cardíaca ou previnem o desencadeamento da arritmia.
Nos casos mais graves, pode ser necessário o mapeamento da arritmia através de estudos invasivos e do isolamento do foco da arritmia. Essa abordagem pode ser realizada por meio de cateter ou, até mesmo, de uma cirurgia cardíaca, como a revascularização do miocárdio.
Em outros casos, onde há risco de morte pela arritmia cardíaca, é implantado o chamado CDI – cardioversor e desfibrilador implantável. Este aparelho tem a finalidade de monitorar o coração continuamente, detectar as possíveis arritmias e tratá-las de forma adequada.
“Caso o coração diminua muito a frequência cardíaca, o CDI funcionará como um marcapasso. Em caso de uma arritmia cardíaca que seria fatal, o CDI aplica algumas terapias, ou mesmo um choque, para resgatar o ritmo cardíaco do paciente.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).
O CDI é indicado para pessoas que passaram pela terrível experiência de uma parada cardíaca por arritmia e foram recuperadas. Além disso, é também indicado para pacientes que não são passíveis de tratamento efetivo e controle da arritmia de base. Uma vez desencadeada esta arritmia cardíaca, a única forma de tratamento (longe do auxílio médico) é através do CDI.
O Funcionamento do CDI
Os CDIs têm uma longevidade média de 5 a 12 anos. No entanto, os portadores de CDIs devem realizar um acompanhamento médico trimestral ou semestral para avaliar a integridade do sistema e a evolução clínica da sua saúde.
Os CDIs registram o ritmo cardíaco. Assim, se houver algum tipo de arritmia cardíaca, o médico consegue identificá-la. No acompanhamento periódico, o médico também avalia o desempenho do aparelho – se aplicou alguma terapia, que não necessariamente é um choque, ou se foi necessário o choque.
Nas avaliações, o médico realiza, ainda, eventuais ajustes no CDI. A programação do aparelho é feita individualmente para cada paciente e desfecho clínico, podendo ser mudada a cada consulta.
No caso de troca de CDI, substitui-se o aparelho todo. Os eletrodos colocados na primeira vez, se estiverem em boas condições, são mantidos. Geralmente, na ocasião, aproveita-se para trocar por um aparelho mais moderno, com bateria mais durável e melhores recursos. Dessa forma, beneficiando o portador do dispositivo.
Arritmia Cardíaca e Marcapasso
O marcapasso procura ajustar o ritmo do coração. O marcapasso simples é usado para o caso das bradiarritmias (perda do ritmo com frequência cardíaca baixa). Normalmente, as manifestações mais comuns desse tipo de arritmia cardíaca são tonturas e perda de consciência, mas podem ocorrer até convulsões.
“Devido a esses sintomas, muitas pessoas passam por consultas neurológicas antes de uma avaliação cardiológica. Muitas vezes, porque relacionam problemas cardíacos à idade. No entanto, vale dizer que não há limite de idade para implante de marcapasso. Os implantes de marcapasso para tratamento de arritmias cardíacas são realizados tanto em crianças recém-nascidas quanto em pessoas bem idosas.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).
Se você sofre com arritmia cardíaca, acompanhe regularmente com o seu cardiologista. O tratamento pode ser simples, apenas com medicação, ou mesmo passar pela necessidade de implante de marcapasso cardíaco. No entanto, cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. Cuide da sua saúde!
Para saber quais são as principais orientações sobre marcapassos, faça o download gratuito da nossa cartilha Marcapassos: orientações aos pacientes:
*Post publicado em agosto/2026 e atualizado em fevereiro/2020.
by Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca, Pré e Pós-Operatório, Válvulas
As doenças valvares cardíacas afetam cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que 20% das cirurgias cardíacas são para implante de prótese valvar. Os portadores de próteses valvares mecânicas precisam ter disciplina quanto à medicação anticoagulante. Afinal, a prótese mecânica possui maior risco de formação de trombos (coágulos) do que a biológica. Neste post, explicaremos mais sobre a relação entre válvula mecânica e anticoagulação.
Risco de Formação de Trombos
A prótese valvar mecânica é feita de metal e não possui nenhum componente eletrônico, tal como pilha, transistor etc. Na sua grande maioria, são apenas dois discos de metal que abrem e fecham, por diferença de pressão.
Em contato com o sangue, o metal faz com que haja uma tendência de formação de coágulos em volta da prótese. Assim, se um coágulo se formar no meio dos discos, pode causar o mau funcionamento da prótese e comprometer o seu desempenho. Nesse caso, pode haver necessidade de uma outra cirurgia, para troca da prótese mecânica. Outro problema relacionado à formação do coágulo é o seu desprendimento da prótese. Caso ele se desprenda, a circulação sanguínea pode levá-lo até o cérebro, ocasionando um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico – AVC.
A formação de coágulo é um risco relacionado à prótese mecânica. Por isso, sempre temos a associação entre válvula mecânica e anticoagulação.
Estima-se que a formação de trombos ocasionada pelas próteses mecânicas atinja de 0,1 a 5,7% pacientes por ano. No entanto, por muitas vezes ser assintomática, acredita-se que a incidência seja ainda maior, de até 9,4%.
Medicação Anticoagulante
As complicações ocasionadas pela formação de coágulos junto à prótese mecânica devem ser evitadas com o uso correto de medicação anticoagulante. Essa medicação é imprescindível para os portadores de prótese valvar mecânica.
“A medicação anticoagulante é de baixo custo, fácil de ser encontrada e simples de ser tomada, pois trata-se de uma dose única diária. Na maioria dos casos, o grande problema com o uso de anticoagulante está relacionado à disciplina do paciente e sua adesão ao tratamento. No entanto, é fundamental que o portador de uma prótese valvar mecânica não se esqueça de usar a medicação diariamente.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 RQE 5893), cirurgião cardiovascular.
Controle Adequado da Anticoagulação
Outro ponto importante e que exige disciplina do portador de uma prótese mecânica é o controle periódico da anticoagulação. Esse controle é realizado através de um exame de sangue e com o acompanhamento do Cardiologista Clínico, que define a periodicidade.
O exame de controle de anticoagulação (comumente chamado Controle de TAP) é simples, mas fundamental. O resultado é de fácil leitura e permite a interpretação pelo próprio paciente, que tem condições de saber se está ou não com o nível adequado de anticoagulação sanguínea. No entanto, esta facilidade não exclui a necessidade de acompanhamento médico periódico e é também um ponto de alerta.
“Muitas vezes, com o controle de anticoagulação apresentando resultados dentro da faixa adequada, o paciente deixa de fazer o controle periódico. Isso pode trazer sérias consequências. Entre elas, elevar os riscos decorrentes da formação de coágulos junto à prótese valvar mecânica. Assim, é totalmente contraindicado.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 RQE 5893), cirurgião cardiovascular.
Outro ponto extremamente importante é o acompanhamento do nível adequado de anticoagulação com o cardiologista clínico. Cada paciente possui peculiaridades clínicas que demandam a correta avaliação médica. Um exemplo é a interação entre medicamentos que podem interferir na ação dos anticoagulantes. Por isso, o portador de uma prótese mecânica não deve tomar qualquer remédio sem antes perguntar ao seu cardiologista clínico.
Anticoagulação e Hemorragia
Apesar de essencial para o bom funcionamento da válvula mecânica e da saúde do seu portador, o anticoagulante tem um contraponto: torna o sangue pouco coagulável. Dessa forma, pode ser um problema em algumas situações.
No caso de grandes cortes, acidentes ou em cirurgias de urgência, a possibilidade de um sangramento maior é grande. E isso pode aumentar o risco pela presença do anticoagulante. Por isso, quem usa anticoagulante deve evitar situações que envolvam riscos de acidentes graves. Esportes radicais e até mesmo andar de moto estão nesse rol. O mesmo vale para esportes de alto impacto, como futebol ou vôlei. Um trauma pode levar a uma hemorragia dentro da articulação, prejudicando-a para o resto da vida.
Nas atividades domésticas, pequenos acidentes como cortar o dedo com uma faca de cozinha, por exemplo, não representarão risco à saúde. O corte irá demorar mais para parar de sangrar, pode vir a precisar de compressão e, em alguns casos, de cauterização, mas sem impacto à saúde.
Uma questão frequente entre pacientes do sexo feminino é sobre a atuação do anticoagulante na menstruação. A anticoagulação não costuma interferir sobre o ciclo menstrual. Ou seja, não causa aumento do fluxo ou qualquer outro impacto.
Caso tenha alguma dúvida sobre a relação entre válvula mecânica e anticoagulação, converse com seu cardiologista clínico. É importante que você saiba os seus níveis ideais de anticoagulação sanguínea e também como – e quando – acompanhá-los.
by Equipe Seu Cardio | Blog, Fatores de Risco e Prevenção
O sedentarismo é caracterizado pela falta ou diminuição das atividade física. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o sedentarismo é considerado o mal do século e um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Um estudo clínico, que se estende ao longo de quase meio século, mostra que o sedentarismo é o segundo maior fator de risco para a mortalidade. Nesse contexto, perde posição apenas para o tabagismo.
Sedentarismo: os perigos da inatividade física
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de exercícios físicos por, pelo menos, 150 minutos por semana. No entanto, a OMS revela que uma, a cada três pessoas, não pratica atividades físicas regularmente. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o corpo humano funciona melhor quando recebe estímulos. Dessa forma, quando o indivíduo é ativo, as funções vitais acontecem de forma regular e com menor desgaste.
Em contrapartida, o indivíduo sedentário sobrecarrega o organismo, prejudicando o seu funcionamento. Como consequência, ocorre o sobrepeso, a obesidade, além de doenças como diabetes e hipertensão.
Estudo evidencia riscos do sedentarismo
O estudo conduzido pelo Dr. Per Ladenvall, do Departamento de Biologia Molecular e Medicina Clínica, Sahlgrenska Academy da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e Publicado no European Journal of Preventive Cardiology, é considerado um dos mais longos do seu gênero.
Entitulado ”The dangers of physical inactivity revisited in 45-year study”, foi realizado com o intuito de investigar os fatores de risco do sedentarismo para doenças cardiovasculares e mortalidade. Ao longo de quase meio século, os pesquisadores investigaram a atividade física e seu efeito sobre a expectativa de vida.
A equipe de pesquisadores acompanhou um grupo de 792 homens, por 45 anos. Os participantes eram todos homens de 50 anos de idade quando foram recrutados em Gotemburgo, em 1963. Durante a realização do estudo, foram realizados testes de esforço, ergoespirometria e exames físicos.
De acordo com os índices de VO2, os homens foram divididos em três seções. São elas: 2,00 litros por minuto, 2,26 litros por minuto e 2,56 litros por minuto. No resultado, um claro padrão foi identificado: cada aumento no VO2 max reduziu em 21% o risco de morte durante o curso do estudo. Essa relação se manteve mesmo após o controle de pressão arterial, tabagismo e níveis sérios de colesterol.
O estudo concluiu que o estilo de vida sedentário é associado ao risco aumentado de Diabetes, de doença cardiovascular e de morte. A baixa capacidade aeróbica foi associada ao aumento da mortalidade. Assim, o efeito do sedentarismo sobre a mortalidade é menor apenas que o impacto do fumo.
Nos últimos anos o número de fumantes reduziu significativamente, muito em razão das campanhas antitabagismo. Agora, o próximo desafio é encorajar as pessoas a se manterem ativas.
Mudança de Hábitos no Combate ao Sedentarismo
Não só uma alimentação regrada garante uma vida saudável. A prática de atividades físicas regular, aliada à dieta, é fundamental para a manutenção da qualidade de vida ideal.
O estilo de vida atual da maioria das pessoas, com uma rotina corrida, muitas vezes é usado como empecilho para a realização de exercícios físicos. No entanto, como vimos, o sedentarismo pode trazer muitos danos à saúde. Assim, é preciso separar algum momento do dia para a prática de exercícios.
Para começar, 30 minutos de caminhada diária já são suficientes. Além disso, adotar uma alimentação saudável é capaz de proporcionar uma melhora da qualidade de vida e também a redução do peso, afastando assim, riscos para a saúde.
Cuide da sua saúde. Adote hábitos saudáveis, entre eles a prática de atividade física. Afinal, agora você já sabe que o sedentarismo é também um importante fator de risco para o coração.
by Equipe Seu Cardio | Blog, Congênito, Fatos e Mitos
As cardiopatias congênitas no adulto são cada vez mais comuns. O problema é caracterizado por toda e qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração, que surge nas primeiras oito semanas de gestação. O Ministério da Saúde estima que no Brasil nascem 30 mil crianças com problemas cardíacos por ano, sendo dez casos a cada mil bebês nascidos vivos.
Atualmente, 85% das crianças que têm cardiopatias congênitas chegam à idade adulta devido aos novos tratamentos, cirurgias e medicamentos. Isso criou um índice maior de adultos com cardiopatias congênitas. Nos Estados Unidos, estima-se que este número chegue a um milhão. Hoje, já contabiliza-se mais adultos que crianças com cardiopatias congênitas.
“Essa população é formada por crianças que foram tratadas e cresceram, mas também por adultos que têm problemas congênitos leves, diagnosticados com idade mais avançada”, esclarece Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas em Crianças
No caso das crianças, na maioria das vezes, o diagnóstico de uma cardiopatia congênita pode ser feito no pré-natal, através de ultrassom. Em alguns casos, é realizado no primeiro mês de vida, diante de sintomas. Entre eles, quando a criança apresenta a ponta dos dedos e lábios roxos, sudorese, cansaço excessivos durante as mamadas e dificuldade de ganhar peso. Nesta situação, o diagnóstico é feito também pelo ultrassom.
Das crianças que têm cardiopatias congênitas, 50% devem ser tratadas no primeiro ano de vida. Dependendo do caso, inclusive com algum tipo de intervenção cirúrgica logo na primeira semana de vida.
Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas no Adulto
O diagnóstico das cardiopatias congênitas no adulto começa com uma avaliação feita pelo cardiologista. Depois, pode seguir com os exames. Entre eles, eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma e teste ergométrico (conhecido como teste de esforço ou esteira).
Já exames como tomografia, ressonância magnética e o cateterismo cardíaco permitem não apenas diagnosticar, mas também apontar como deve ser a cirurgia corretiva. E isso é muito importante para planejar o tratamento da cardiopatia congênita.
Quem tratou quando criança, precisa de novas intervenções quando adulto?
Em alguns casos, sim, conforme explica o cirurgião cardiovascular Dr. Luis Portugal, da equipe Seu Cardio:
“O adulto diagnosticado com cardiopatia quando criança, na maioria das vezes foi tratado com uma cirurgia paliativa, justamente pela questão do crescimento. Mas, com o passar dos anos, as estruturas ampliadas podem ficar pequenas e as próteses valvares (geralmente biológicas) se deterioram com o tempo. Então, uma parte dessas pessoas precisa de acompanhamento. Muitas vezes, de novos procedimentos, por cirurgia aberta ou por cateterismo cardíaco”. – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389)
Adultos que recém são diagnosticados geralmente precisam ser tratados, mesmo que a lesão seja leve. Isso porque, pela quantidade de anos que ficou sem tratamento, quando começam os sintomas das cardiopatias congênitas no adulto, já pode haver uma deterioração do pulmão e de outros órgãos.
Quais são os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas?
Os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas incluem:
- alterações nas válvulas cardíacas, com estreitamentos ou vazamentos;
- alterações nas paredes entre átrios e ventrículos, provocando a mistura do sangue;
- anormalidades no músculo, como má formação dos ventrículos.
Além disso, pode haver também uma combinação destes problemas. Porém, entre as cardiopatias congênitas, a mais frequente é a Comunicação Interatrial. Trata-se de um defeito na parede que separa o átrio direito e átrio esquerdo. A CIA, como é popularmente conhecida, representa cerca de 40% dos casos tratados. Pode ser corrigida por cirurgia ou por via percutânea. Neste último, através de cateterismo e colocação de um dispositivo para corrigir o problema.
Outro tipo frequente é a comunicação interventricular, ou seja, entre os ventrículos. Representa cerca de 15% das cardiopatias congênitas. Alguns casos podem ser tratados por cateterismo, mas o mais comum é que necessitem de cirurgia.
Já o estreitamento da aorta geralmente requer tratamento quando criança e, comumente, precisa de uma nova abordagem quando adulto. Atualmente, existem dispositivos que podem ser introduzidos via percutânea (por uma artéria da perna), sem necessidade de uma cirurgia cardíaca aberta.
Os procedimentos mais realizados relacionados às cardiopatias congênitas no adulto são as trocas de valvas cardíacas. Com o passar dos anos e o crescimento do paciente, as próteses ficam pequenas ou se deterioram. Assim, demandam nova intervenção.
“Outros procedimentos comuns são o fechamento de CIA ou CIV e a correção de problemas na saída do coração para os vasos da aorta ou para a artéria pulmonar. Seguindo o crescimento do paciente, a correção realizada quando criança pode começar a calcificar e estreitar, necessitando de nova abordagem. Além disso, algumas cardiopatias congênitas precisam ser corrigidas em etapas. Por isso, podem ser necessários procedimentos quando criança e, posteriormente, na vida adulta.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
As cardiopatias congênitas no adulto limitam as atividades físicas?
Cardiopatias congênitas nos adultos, como as comunicações interatriais (CIA) e interventriculares (CIV), por exemplo, se tratadas precocemente, não trazem muitos problemas para se ter uma vida normal, com prática de exercícios físicos.
O problema com o tratamento tardio é que o coração e os pulmões podem estar tão afetados que, mesmo tratada a cardiopatia, ainda persista uma limitação. Por isso, é importante acompanhar com o cardiologista periodicamente.
Avanços da Medicina para o Tratamento da Cardiopatia Congênita
Existem muitos avanços na Medicina para o tratamento das cardiopatias congênitas, Inclusive, novos medicamentos que melhoram a função do coração. Além disso, há os procedimentos endovasculares, que permitem o implante de próteses valvares no coração e stents nas artérias em procedimentos menos invasivos do que uma cirurgia cardiovascular aberta.
“Nos últimos 10 anos, foi dado um salto muito grande nas técnicas cirúrgicas. Assim, próteses valvares que tinham uma vida útil de seis a oito anos, hoje duram de 25 a 30 anos. Além disso, existem próteses que podem ser inseridas por mini incisão e cujo tempo de colocação é mais rápido. Tudo isso colabora para uma rápida recuperação do paciente.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
Há também um grupo crescente de pacientes que precisa de uma assistência à função do coração. Nesses casos, podem ser utilizadas bombas mecânicas externas ou internas. Esses dispositivos são conhecidos como assistência ventricular ou “coração artificial”. São um importante avanço da Medicina, principalmente para aqueles pacientes não elegíveis para transplante cardíaco.
A maioria desses tratamentos pode ser realizada por cirurgiões cardiovasculares. Inclusive, a assistência ventricular, tanto para o ventrículo direito quando para o esquerdo. Tudo isso resultou numa melhoria muito grande na qualidade de vida das pessoas com cardiopatias congênitas e no tratamento das cardiopatias congênitas no adulto.
Para saber mais sobre cardiopatias congênitas, listamos abaixo outros posts aqui do blog:
Esperamos que aproveite a leitura sobre cardiopatias congênitas!
by Equipe Seu Cardio | Blog, Fatores de Risco e Prevenção, Fatos e Mitos
*Por Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746)
Os níveis elevados de colesterol no sangue têm correlação com maior chance de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral? Sim, tem. Então a “culpa” é da alimentação, porque isso é a maior causa da elevação do colesterol sanguíneo? Pode-se dizer que não, na grande maioria dos casos.
- Em 1980, não havia nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tivesse mais de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos tinham índices inferiores a isso.
- Em 2017, não há nenhum dentre os 50 estados norte-americanos que tenha menos de 20% da sua população com sobrepeso ou obesidade. Todos têm índices superiores a isso.
- De 1980 até 2017, o número de pacientes portadores de Diabetes Melito tipo II quadruplicou nos Estados Unidos (EUA). Isso mesmo, aumento de 300% no número de casos!
- Apesar de todo o desenvolvimento da Medicina, dos medicamentos e da crescente preocupação (e gastos expressivos) com cuidados preventivos, a incidência de doenças vasculares (infartos e derrames) continua crescente!
Podemos inferir sem medo de errar grosseiramente que estes números alarmantes, que traduzem uma real epidemia, não se restringem aos EUA. Boa parte dos países do ocidente, e particularmente das Américas, padece das mesmas tendências. Aí, incluído o Brasil!
Quando nos confrontamos com estes índices e esta realidade pavorosa, a maioria de nós já tem uma resposta pronta e superficial que ouvimos e repetimos durante décadas: “A culpa é da mudança de estilo de vida, do sedentarismo, dos hábitos da vida moderna…”. Esta explicação certamente traz nela algum acerto. Porém, nem de longe traduz com exatidão a extensão das causas que nos atingem violentamente nas últimas décadas.
Comecemos por um tópico sobre o qual não vou me estender muito por não ser o foco principal deste texto (embora não se possa negar sua importância): o sedentarismo e os exercícios. Embora saibamos e tenhamos evidências de inúmeros benefícios dos exercícios físicos (desde que realizados dentro das recomendações cabíveis de profissionais das áreas de Educação Física e Medicina), nunca se fez tanto exercício! Quem tem mais de 40, 45 anos, não precisa fazer muito esforço de memória para lembrar que outrora não havia esta multidão a correr diariamente nas beira-mares e nas esteiras das academias! A preocupação com os exercícios físicos e sua prática é notadamente maior progressivamente.
Os exercícios melhoram a capacidade física, tonificam os músculos, têm uma série de efeitos benéficos no metabolismo e até mesmo sobre a autoestima. Isso é inegável. Mas não se pode afirmar que representam uma arma poderosa se usados isoladamente contra a obesidade e o Diabetes Tipo II, assim como contra as consequências destes problemas.
Somos então obrigados a voltar nossas atenções novamente para a alimentação… O que está “dando errado”? Por que, mesmo com todas as inúmeras recomendações alimentares, continuamos engordando, virando diabéticos e infartando?
Desde as décadas de 1960 e 1970, nos Estados Unidos da América têm sido recomendados determinados tipos de dieta oficialmente pelo governo e pelas sociedades médicas. Em 1977, foi publicada uma recomendação dietética para o americano, restringindo as gorduras e privilegiando a ingestão dos carboidratos na alimentação.
Em 1992, foi publicada a clássica pirâmide alimentar, que a maioria das pessoas conhece, com a generosa base composta por carboidratos. Os americanos mudaram a dieta radicalmente desde então… e aí só precisamos olhar os primeiros parágrafos deste texto e ver o que aconteceu.
E de onde surgiu isso?
No início da segunda metade do século passado, começaram a surgir evidências científicas sólidas de que os níveis elevados de colesterol no sangue guardavam relação com a ocorrência futura de infarto e derrame (os chamados eventos cardiovasculares).
De forma simplista, podemos inferir que isso levou à conclusão (talvez precipitada ou pouco embasada) de que a dieta (alimentação) que possuísse colesterol e gordura seria obviamente a principal suspeita. A partir daí, foram iniciados vários esforços para montar dietas ricas em carboidratos e pobres em gorduras, inclusive de forma oficial pelo governo americano. Tais dietas se tornaram o padrão recomendado, quase que no mundo todo, por leigos, nutricionistas e médicos. A ingestão proporcional dos carboidratos, particularmente dos ditos “refinados” cresceu muito!
O resultado foi desastroso… As evidências do desastre se acumulam de forma desconcertante e progressivamente vão se tornando conhecidas por pacientes e profissionais de saúde. Há cerca de 2 anos inclusive, houve uma mudança de postura do governo americano, retirando da lista de “proibidos” ou “malditos” vários alimentos e grupos alimentares.
Este assunto será uma das grandes tendências alimentares dos próximos anos, embora já seja fruto de estudos consistentes há quase cem anos, mesmo antes da II Grande Guerra, na Europa e na América do Norte.
Finalmente, gostaria de concluir esta primeira parte do texto fazendo uma recomendação enfática: não tome nenhuma atitude radical em relação a sua alimentação sem a orientação de um profissional habilitado e atualizado. É de capital importância que este tipo de ação seja individualizada, pois cada pessoa tem metabolismo e saúde diferente. Cada um, portanto, responderá de forma singular a qualquer alteração. É muito importante que haja um acompanhamento estreito!
Se você for portador de doença cardíaca, Diabetes, tiver mais de 40 anos ou outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (história familiar rica em doenças cardíacas ou derrame, tabagismo, colesterol elevado, obesidade), este cuidado se faz ainda mais fundamental.
Procure seu médico de confiança para que ele avalie ou encaminhe adequadamente o seu caso. E, para saber mais sobre a influência da alimentação sobre a Obesidade e Diabetes Tipo 2, leia a segunda parte deste artigo: Gordura e Carboidrato: tudo o que você precisa saber.
*Dr. Fernando Graça Aranha (CRM-SC 12033 | RQE 5746) é Cardiologista e Intensivista. Atua no Hospital SOS Cárdio, como Coordenador Geral da UTI e Diretor Técnico, e atende em consultório na clínica Prevencordis. Contato: prevencordis.fernando@gmail.com
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