por Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca
O edema pulmonar é uma condição de falência ventilatória aguda. Ocorre quando há um espaço no pulmão, preenchido por líquido.
Existem inúmeras causas para o edema pulmonar. As principais são as cardiogênicas, ou seja, as que estão relacionadas à falência do coração e que, consequentemente, levam à falência do pulmão.
Entendendo o Fluxo
Em nosso organismo, o sangue passa pelo pulmão para ser oxigenado e, então, é bombeado pelo coração para o corpo todo. Quando há uma falência aguda na parte esquerda do coração, a tendência é o sangue se acumular dentro do pulmão, ao invés de seguir o fluxo normal.
O volume maior de sangue no pulmão provoca um aumento da pressão sanguínea em seu interior. Como o pulmão não foi feito para trabalhar com pressão alta de maneira aguda, esse aumento de pressão leva ao extravasamento de líquido para dentro dos alvéolos, ocupando o espaço aéreo.
“É muito comum que um paciente com falência aguda do lado esquerdo do coração desenvolva um quadro de insuficiência respiratória aguda. Esse quadro é traduzido por falta de ar importante, normalmente associada à tosse e à expectoração de secreção rósea. Esse é o edema agudo de pulmão clássico.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Os sintomas clássicos do edema pulmonar são: insuficiência respiratória progressiva e sensação de sufocamento, com expectoração rósea. Em geral, os pacientes não conseguem ficar deitados e a a queixa principal é a falta de ar.
Quais são as causas do edema pulmonar?
Em pacientes que têm o lado esquerdo do coração comprometido, uma crise de pressão alta pode levar a um edema pulmonar. Nesses pacientes, o coração pode não conseguir vencer uma crise hipertensiva. Diante disso, desencadeia a elevação aguda da pressão intrapulmonar, com consequente extravasamento de líquido. Ocorre, assim, o edema pulmonar.
Outras patologias que podem causar o edema pulmonar são as estenoses valvares, tanto a estenose mitral (mais comum) quanto a estenose aórtica.
“O paciente com estenose mitral tem uma barreira entre o átrio e o ventrículo esquerdos. O aumento da frequência cardíaca ou da pressão arterial impõe maior dificuldade no trânsito do sangue dentro do coração. Isso pode levar ao edema agudo de pulmão. O edema agudo está mais associado às estenoses valvares, porém também pode ocorrer nas insuficiências das valvas cardíacas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
As estenoses valvares, tanto mitral quanto aórtica, causam ao coração uma sobrecarga de pressão devido à dificuldade do sangue em fluir normalmente. Isso faz a pressão aumentar dentro coração. Tal fato não deve ser confundido com aumento de pressão arterial sistêmica, aquele que medimos normalmente com os aparelhos de pressão. Ou seja, se a pressão arterial estiver baixa ou normal, não significa que não possa estar havendo um edema pulmonar.
Outra doença clássica que leva ao edema agudo de pulmão é a coronariopatia. Significa que um paciente que tem um infarto pode evoluir o quadro para um edema agudo de pulmão em função da falência da bomba do coração, causada pelo infarto.
Já um paciente que não teve infarto, porém, passou por uma crise de isquemia no coração, também pode sofrer uma falência na bomba. Por consequência, pode vir a desenvolver um edema pulmonar.
Riscos do Edema Agudo de Pulmão
Qualquer elevação da pressão pulmonar de maneira aguda pode levar ao edema agudo de pulmão. Trata-se de um quadro de alta mortalidade, se não tratado a tempo.
“O paciente morre de insuficiência respiratória porque tem um coração que está falindo agudamente (diminuição da força contrátil) e possui uma complicação no pulmão que também está falindo agudamente. Ambas contribuem para estabelecer uma gravidade altíssima ao quadro clínico.“– Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
No tratamento do edema pulmonar, a primeira medida é eliminar líquido do corpo e baixar a pressão intrapulmonar. Para isso, geralmente, é prescrito um medicamento diurético que colabora também com a melhora da capacidade de bombeamento do coração.
Após controlada a fase aguda, deve-se buscar tratar a causa básica. Frequentemente, no caso do edema agudo de pulmão, ela está relacionada à doença valvar cardíaca. Assim, procura-se realizar a cirurgia cardíaca e corrigir o defeito valvar em fase fora da crise, pois operar o paciente na vigência de edema pulmonar aumenta o risco cirúrgico.
“A doença valvar pode levar ao edema agudo de pulmão, principalmente as estenoses. As insuficiências valvares causam essa condição mais tardiamente.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Um paciente que possui um edema agudo de pulmão e insuficiência mitral ou aórtica detém uma condição muito mais grave do que um paciente com um quadro de estenose.
Como tratar o edema pulmonar
O edema pulmonar requer tratamento imediato, pois é uma patologia de alta mortalidade, se não for tratada a tempo. Quanto maior o edema, menor é a oxigenação do sangue e, quanto menos oxigenação houver, maior é a falência da bomba cardíaca.
Normalmente, o tratamento do edema pulmonar é clínico. Porém, em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. A condução do melhor tratamento é realizada caso a caso, de acordo com a avaliação clínica de cada paciente.
Cuide da sua saúde e do seu coração. Se você tem alguma condição cardíaca prévia e observar sinais como falta de ar aguda, busque orientação médica. É importante descartar a condição de edema pulmonar ou, se for o caso, tratar imediatamente.
por Equipe Seu Cardio | Aorta, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia em Idoso, Congênito, Coronária, Pré e Pós-Operatório, Válvulas
As cirurgias cardíacas são procedimentos complexos, que costumam durar cerca de 4 ou mais horas. Elas exigem o uso de anestesia geral e tratamento pós-operatório na UTI – Unidade de Terapia Intensiva. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, os cuidados na UTI fazem parte do pós-operatório e independem da condição clínica anterior do paciente. Todos os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca são admitidos na UTI. A UTI é, antes de tudo, sinônimo de atenção plena.
“Muitos familiares e pacientes de cirurgia cardíaca não têm ideia de como funciona o pós-operatório na UTI e ficam assustados. A quantidade de equipamentos e cuidados na UTI que tomamos, como o uso de tubos na traqueia, de acessos venosos e arteriais, podem causar uma falsa impressão de que o paciente está passando por algo fora do normal, o que na maior parte das vezes não é verdade” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Abaixo, o Dr. Denis Bittencourt (CRM 10560 / RQE 7658), Cardiologista do Hospital SOS Cárdio, explica como funcionam os cuidados na UTI após a cirurgia cardíaca.
Quem precisa dos cuidados na UTI?
Os pacientes da cirurgia cardíaca são encaminhados para os cuidados na UTI de forma programada. De acordo com as avaliações pré-operatórias, a equipe médica define quais as melhores práticas para cada paciente.
Há também os casos emergenciais, de pessoas que não esperavam ter esse tipo de internação. Entram aí as situações de infarto, por exemplo. Em linhas gerais, os principais problemas que levam os pacientes a realizarem uma cirurgia cardíaca são:
O que esperar na UTI?
Após o procedimento cirúrgico (eletivo ou emergencial), os pacientes chegam à UTI ainda sob o efeito da anestesia e com respiração artificial. Nessas condições, é habitual que as pessoas apresentem uma certa instabilidade hemodinâmica, pressão alterada, diurese inadequada e pulmões ainda sofrendo o efeito da cirurgia. E isso, claro, exige um cuidado mais próximo.
“Na UTI, o paciente é monitorado de perto. Para isso, são utilizados uma série de equipamentos e acessos diretos ao sistema circulatório do paciente. Estes cuidados são normais, e não indicam necessariamente uma maior gravidade do paciente” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Alguns dos principais cuidados na UTI são:
Intubação do paciente:
A intubação endotraqueal é importante para garantir a correta ventilação do paciente durante o procedimento, uma vez que ele estará inconsciente, sem condições de respirar sozinho. Já na UTI, a medida que as substâncias da anestesia perdem efeito e a pessoa volta a consciência, o tubo pode ser retirado. Isso, é claro, se não houver sinais de sangramentos ou complicações.
“Geralmente, a retirada do tubo na traquéia costuma ser feita de 4 a 8 horas após a entrada na UTI. Para que esse procedimento seja progressivo, monitorado e seguro, ele é feito com a participação de médicos, fisioterapeutas e profissionais de enfermagem. Todos estão preparados para auxiliar o paciente no que for necessário” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Caso o pulmão do paciente esteja comprometido de alguma forma, o tempo de intubação e dos cuidados na UTI pode ser maior. Nesses casos, faz-se uma sedação leve, para que o paciente volte a dormir e seja despertado, quando necessário, para o processo de retirada do tubo endotraqueal.
Acessos:
Os acessos são “portas de entrada” que a equipe da UTI utiliza para administrar medicamentos diretamente no sistema circulatório do paciente. As veias centrais, geralmente a subclávia e a jugular, são as mais utilizadas para esse fim. Estes acessos também permitem realizar exames, monitorar quanto o paciente precisa de líquidos e os demais parâmetros hemodinâmicos. Já os acessos arteriais, geralmente feitos pelas artérias radiais ou femorais, são conectados a monitores que exibem de forma contínua o valor da pressão arterial do indivíduo.
Marcapasso Provisório:
O marcapasso provisório faz parte dos cuidados na UTI para praticamente todos os pacientes. Por conta da manipulação do músculo cardíaco, algumas pessoas podem sair da cirurgia cardíaca com arritmia ou bloqueio atrioventricular. Para prevenir complicações, a equipe médica deixa implantado dois pequenos fios no coração – expostos na região do abdômen. Estes fios servem para o controle dessas intercorrências. Caso seja necessário, um marcapasso provisório é conectado a eles.
A Fibrilação Atrial é a arritmia mais comum no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Na maior parte das vezes, essa arritmia é corrigida com medicações. Caso a arritmia não seja revertida, o paciente é novamente avaliado e novas técnicas podem ser utilizadas como cardioversão elétrica. O marcapasso é retirado, conforme avaliação médica, quando paciente está livre de apresentar algum bloqueio ou bradicardia. Em alguns casos, faz-se necessário o implante de um marcapasso definitivo.
Dor após a cirurgia cardiovascular:
A equipe da UTI é especialmente treinada para prevenir, reconhecer e tratar possíveis dores no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Como vimos no post Dor depois da cirurgia cardíaca, as técnicas de incisão, sutura e os medicamentos analgésicos avançaram muito nos últimos anos. Com isso, a dor depois da cirurgia cardíaca já não tem tanto destaque na recuperação dos pacientes como tinha antigamente.
Cuidado Multidisciplinar
A equipe multidisciplinar que trabalha na UTI é extremamente treinada. Os profissionais da saúde conhecem de perto todas as reações que os pacientes podem apresentar após a cirurgia. Eles estão preparados para agir imediatamente. Não se trata só de cuidar de um paciente potencialmente grave, mas de monitorá-lo para evitar que alguma situação de gravidade possa surpreender no pós-operatório.
Além da presença constante da equipe médica, os cuidados na UTI envolvem profissionais de diversas áreas da saúde, como:
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Cada paciente de cirurgia cardíaca possui um profissional de enfermagem dedicado, que monitora e avalia o seu progresso. Os profissionais de enfermagem são treinados para se comunicar e identificar sinais importantes, mesmo quando o paciente não consegue falar. São preparados para oferecer todos os cuidados na UTI e entrar em ação caso necessário, realizando contatos importantes com a família e com a equipe médica.
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Os fisioterapeutas têm papel fundamental na recuperação após o procedimento cirúrgico. Os cuidados na UTI envolvem a mobilização precoce e os exercícios respiratórios, que previnem a formação de muco nos pulmões, evitando infecções e complicações.
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É comum que pacientes de cirurgia cardíaca tenham outras doenças e condições associadas, como diabetes, hipertensão e alergias alimentares. No pós-operatório, os nutricionistas têm como objetivo verificar o estado nutricional dos pacientes, planejar e realizar intervenções dietéticas que se adaptem às necessidades e aos cuidados na UTI.
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Fonoaudiologia
Os fonoaudiólogos são parte importante dos cuidados na UTI. Eles avaliam, entre outros fatores, as dificuldades de deglutição dos pacientes e auxiliam na adoção de estratégias para superá-las.
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Pacientes que passam por uma cirurgia cardiovascular podem apresentar sintomas de ansiedade e até depressão. Estes problemas estendem-se, inclusive, para a família. Saber lidar com a situação é fundamental para a retomada da rotina diária e também para a aderência aos cuidados na UTI.
Tempo de Internação
O tempo mínimo de internação em UTI após uma cirurgia cardíaca gira em torno de 48 horas. A associação de diferentes tratamentos no procedimento cirúrgico (coronárias, valvas ou aorta) pode requerer um período de recuperação mais longo.
O mesmo acontece com pacientes que já apresentam um risco aumentado por condições clínicas prévias (como distúrbios neurológicos, pulmonares, renais, etc). Normalmente, eles demandam um tempo maior de cuidados na UTI. Estímulos positivos, como os promovidos pela UTI humanizada, podem deixar o processo mais rápido e agradável.
Sobre o autor: Dr. Denis Bittencourt Rojas (CRM 10560 / RQE 7658), é médico especialista em Clínica Médica, Cardiologia e pós-graduado em Medicina Intensiva. Atua na UTI do Hospital SOS Cárdio há 10 anos.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Congênito, Fatores de Risco e Prevenção, Materiais Educativos
Estima-se que 1% das crianças nascidas vivas apresentam malformação cardiovascular. Em cerca de 60% dos casos, as causas são desconhecidas, segundo dados da American Heart Association. A alteração, denominada cardiopatia congênita, inclui uma variedade de malformações anatômicas e funcionais, presentes já no nascimento da criança. É considerada uma das principais causas de óbito relacionadas a defeitos congênitos. Por isso, a importância de seguir as diretrizes corretas para o tratamento de cardiopatias congênitas. (mais…)
por Equipe Seu Cardio | Aorta, Blog, Cirurgia Cardíaca, Congênito, Coronária, Insuficiência Cardíaca, Marcapasso e outros dispositivos, Válvulas
Por Dr. Evandro de Campos Albino CRM-SC 5478 RQE 3297 e Dr. Guilherme M. Monteiro CRM-SC 15796 RQE 11808*
A Ressonância Magnética (RM) é um exame de imagem não invasivo e sem a utilização de radiação ionizante. Através dela, é possível realizar avaliação de Doenças Cardíacas com alta acurácia diagnóstica. Essa precisão vem colaborando cada vez mais com a Cardiologia, no diagnóstico e na condução de pacientes com cardiopatias. E o mais importante é que o método tem demonstrado excelente valor prognóstico, ou seja, as informações adquiridas permitem determinar o risco futuro do paciente em estudo. (mais…)