A atividade sexual é muito importante e faz parte de uma vida plena, saudável e feliz. No entanto, muitos pacientes que precisam realizar a cirurgia cardíaca possuem medos e dúvidas a respeito. Não sabem como e quando podem praticar o sexo depois da cirurgia. A timidez, por vezes, impede que esse assunto seja tratado de forma natural e aberta com o médico responsável.
“O sexo depois da cirurgia é uma atividade física natural, que exige alguns cuidados específicos. A cicatriz no tórax, o condicionamento físico, as interações medicamentosas e os efeitos psicológicos da própria cirurgia devem ser discutidos com o médico responsável, para evitar maiores problemas.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.
Abaixo, o Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista do Hospital SOS Cárdio, responde às principais dúvidas dos pacientes sobre o sexo depois da cirurgia. Lembre-se: as informações dadas neste texto não substituem as orientações do seu médico!
Quando posso voltar a fazer sexo depois da cirurgia?
Depende. Para que o paciente seja liberado para fazer sexo depois da cirurgia, é preciso analisar o condicionamento cardiovascular de cada pessoa.
Durante a cirurgia cardíaca, o coração do paciente costuma ser bastante manipulado pela equipe médica. Por isso, é preciso respeitar um prazo para que o músculo cardíaco se recupere e possa voltar a trabalhar com maior frequência sem problemas.
“Geralmente, os pacientes que conseguem subir pelo menos 2 lances de escadas sozinhos, sem dificuldades – ou que conseguem caminhar de forma rápida em uma superfície plana – já possuem condições de realizar a atividade sexual após a cirurgia cardíaca, mas de forma leve a moderada.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.
Em média, são necessárias de 6 a 8 semanas para que isso seja possível. No entanto, pacientes que realizam trabalho de reabilitação física tendem a ser liberados para o sexo depois da cirurgia um pouco antes.
Quais os cuidados que devo ter com a cicatriz?
A cirurgia cardíaca é feita através de uma incisão no osso esterno, na região central do tórax. No fim do procedimento, esse mesmo osso é rigorosamente costurado com fios metálicos, para que fique fixo e possa se unir rapidamente.
Apesar disso, por mais que as técnicas de sutura e materiais utilizados tenham evoluído, os pacientes precisam evitar movimentos bruscos, que podem fazer o osso se deslocar. Assim, mesmo que nas primeiras semanas você já consiga subir escadas e caminhar rapidamente, o sexo depois da cirurgia deve ser feito de forma leve / moderada.
“Para evitar problemas com a cicatriz, o ideal é que o paciente adote uma postura mais passiva no sexo depois da cirurgia. Ele deve evitar posições que exijam ficar de lado ou fazer movimentos bruscos e excessivos com os braços e com tórax. Usar o apoio de travesseiros pode deixar a atividade sexual mais confortável e segura após a cirurgia cardíaca.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.
É comum perder a vontade de fazer sexo depois da cirurgia?
Sim. As doenças cardíacas têm como um dos sintomas mais precoces a dificuldade de ereção. Além disso, é comum que a realização da cirurgia cardíaca faça os pacientes perderem o desejo sexual por um tempo – e que seus parceiros tenham medo de machucá-los durante a relação sexual.
“Os pacientes podem apresentar quadro depressivo logo após o procedimento – o que interfere diretamente na vontade de fazer sexo depois da cirurgia. Nos casos mais leves, o próprio médico cardiologista pode tratar o problema. Em situações de depressão severa, o paciente deverá ser encaminhado para o acompanhamento de um profissional especializado.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.
Posso usar medicamentos como Viagra e Cialis depois da cirurgia?
Todo medicamento deve ser utilizado com supervisão e orientação médica. No caso dos estimulantes sexuais como Viagra e Cialis, existe uma contraindicação absoluta do consumo dessas drogas junto a medicamentos a base de Nitratos, como os vasodilatadores Sustrate, Isordil e Monocordil.
Os estimulantes sexuais também devem ser utilizados com cautela junto a medicamentos para hipertrofia prostática benigna, já que pode ocorrer uma redução mais expressiva da pressão arterial.
“A combinação dessas drogas pode fazer a pressão arterial do paciente diminuir acentuadamente e provocar um evento cardíaco grave. Pacientes que desejam utilizar estimulantes sexuais depois da cirurgia devem se informar junto ao médico sobre as doses e intervalos necessários para uma relação segura.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.
O que pode acontecer se eu não respeitar as recomendações médicas?
Caso o paciente pratique sexo depois da cirurgia de forma muito precoce ou inadequada, as consequências costumam variar entre:
Desconfortos e dores fortes na cicatriz: Por conta da movimentação do osso esterno, que ainda está em processo de fixação.
Manifestações de arritmias cardíacas: Por conta do excesso de estímulos sofridos pelo coração, que também não estará totalmente recuperado do procedimento cirúrgico.
Pressão baixa e eventos cardíacos graves: A combinação de medicamentos estimulantes sexuais, vasodilatadores e para a hipertrofia prostática pode provocar uma queda severa na pressão arterial dos pacientes e provocar alterações cardíacas graves.
Lembre-se: converse com o seu médico sobre a retomada do sexo depois da cirurgia cardíaca. Tire todas as suas dúvidas sobre o assunto. Diálogo é fundamental e seu Cardiologista é a pessoa mais indicada a lhe orientar sobre a atividade sexual após a cirurgia cardiovascular.
*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de experiência na especialidade, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.
Trata-se de uma das doenças mais comuns do coração. A Estenose Aórtica ocorre quando a Valva Aórtica, por um processo degenerativo, torna-se enrijecida, calcificada. Esse processo leva à uma diminuição de seu orifício efetivo e, assim, gera uma obstrução ao sangue que é ejetado pelo coração.
A doença é caracterizada pela calcificação, enrijecimento e até fusão dos folhetos que compõem a Válvula Aórtica. Os folhetos são as estruturas que determinam a competência da valva e fazem com que o sangue flua somente em um sentido, do coração para a aorta. Eles impedem que o sangue reflua para dentro do coração.No entanto, a Estenose Aórtica impede a válvula de abrir corretamente, reduzindo o espaço por onde o sangue deve passar. Isso faz com que o coração precise trabalhar com maior sobrecarga para bombear a quantidade de sangue necessária para o organismo.
“A Estenose Aórtica é uma doença que tem evolução gradativa e está diretamente associada com a hipertrofia do músculo cardíaco. No início, essas adaptações podem ajudar a bombear sangue com mais força, para vencer a resistência provocada pela estenose. Mas, com o tempo, a tendência é que o quadro evolua para a Insuficiência Cardíaca.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Causas da Estenose Aórtica
No geral, a Estenose Aórtica é provocada por:
Doenças degenerativas: Especialmente em pacientes idosos, pelo acúmulo de cálcio na válvula aórtica ao longo dos anos.
Doença reumática: Doença que costuma acometer o aparelho locomotor (ossos, cartilagens, articulações, músculos e etc), mas que também podem comprometer órgãos como rins, pulmões, intestino e coração. A doença reumática costumavam ser a principal causa de estenose aórtica em pacientes jovens. O fator causal inicial esteve muito relacionado a amigdalites de repetição, que levam ao aparecimento da doença reumática. No entanto, o número desses casos tem caído consideravelmente.
Anomalias congênitas: Tratam-se de variações anatômicas que não são, por si só, consideradas doenças. Estudos identificaram que pessoas que nascem com apenas 2 folhetos na Válvula Aórtica (o mais comum são 3), estão mais suscetíveis à doença.
Sintomas da Estenose Aórtica
Os pacientes com Estenose Aórtica podem passar por longos períodos sem perceber os sintomas da doença. Porém, isso pode ser muito perigoso, já que pode acarretar em risco de morte súbita.
Normalmente, um dos sintomas mais comuns é a tolerância cada vez menor ao exercício. Os pacientes com Estenose Aórtica passam a tolerar menos a prática de atividades físicas a que estavam habituados. No entanto, muitas pessoas atribuem essa perda de capacidade à idade ou ao sedentarismo. Por isso, as consultas médicas periódicas são tão importantes.
“O médico precisa conhecer o histórico do paciente. A primeira vista, uma pessoa com 68 anos e que caminha 2km por dia pode ser considerada assintomática. No entanto, se essa pessoa costumava, até pouco tempo atrás, caminhar 4 ou 5 km, a redução pode significar alguma irregularidade e precisa ser investigada.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Além da intolerância à exercícios habituais, a Estenose Aórtica costuma provocar os seguintes sintomas::
Dor no peito (angina);
Falta de ar (dispnéia);
Desmaios (síncopes);
Riscos da Estenose Aórtica
A ocorrência de um ou mais dos sintomas vistos acima pode indicar que a doença está em estado avançado. Como oferece risco de morte súbita, a Estenose Aórtica precisa ser investigada imediatamente.
“A Estenose Aórtica sintomática costuma ter uma evolução muito ruim. No geral, os pacientes que têm os sintomas e não são tratados possuem uma expectativa de vida de apenas 2 a 3 anos. No entanto, dependendo do caso, mesmo na Estenose Aórtica sem sintomas o risco de morte súbita pode ser alto.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Diagnóstico
O Ecocardiograma é o exame mais adequado para o diagnóstico da Estenose Aórtica e deve fazer parte dos cuidados de rotina com o seu coração. No entanto, alguns outros métodos, como eletrocardiograma, testes ergométricos, ressonância magnética e até radiografia de tórax podem indicar a doença.
Muitos pacientes sem sintomas identificam a Estenose Aórtica em exames de rotina, como o check up cardiológico. Para identificar a doença ainda nas fases iniciais, e ter maiores possibilidades de tratamento, é importante consultar o seu cardiologista de forma periódica. Caso algum dos sintomas citados acima venha aparecer, procure ajuda imediatamente.
Tratamento da Estenose Aórtica
O tratamento da Estenose Aórtica é uma das áreas em maior desenvolvimento na Cardiologia. Através da cirurgia cardíaca, é possível realizar troca da válvula aórtica por uma prótese – mecânica ou biológica. Atualmente, existem várias técnicas cirúrgicas, inclusive com mini-incisão. Temos um post aqui sobre o tema.
“A plastia representa o reparo da válvula do paciente, sendo rarissimamente indicada nos casos de Estenose Aórtica reumática ou degenerativa. A abordagem é definida caso a caso, de acordo com as necessidades e características de cada pessoa.” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM 4370 / RQE 5893).
Priorize a sua saúde. Consulte seu cardiologista com frequência e fique atento aos sintomas da Estenose Aórtica.
As cirurgias cardíacas são procedimentos complexos, que costumam durar cerca de 4 ou mais horas. Elas exigem o uso de anestesia geral e tratamento pós-operatório na UTI – Unidade de Terapia Intensiva. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, os cuidados na UTI fazem parte do pós-operatório e independem da condição clínica anterior do paciente. Todos os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca são admitidos na UTI. A UTI é, antes de tudo, sinônimo de atenção plena.
“Muitos familiares e pacientes de cirurgia cardíaca não têm ideia de como funciona o pós-operatório na UTI e ficam assustados. A quantidade de equipamentos e cuidados na UTI que tomamos, como o uso de tubos na traqueia, de acessos venosos e arteriais, podem causar uma falsa impressão de que o paciente está passando por algo fora do normal, o que na maior parte das vezes não é verdade” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Abaixo, o Dr. Denis Bittencourt (CRM 10560 / RQE 7658), Cardiologista do Hospital SOS Cárdio, explica como funcionam os cuidados na UTI após a cirurgia cardíaca.
Quem precisa dos cuidados na UTI?
Os pacientes da cirurgia cardíaca são encaminhados para os cuidados na UTI de forma programada. De acordo com as avaliações pré-operatórias, a equipe médica define quais as melhores práticas para cada paciente.
Há também os casos emergenciais, de pessoas que não esperavam ter esse tipo de internação. Entram aí as situações de infarto, por exemplo. Em linhas gerais, os principais problemas que levam os pacientes a realizarem uma cirurgia cardíaca são:
Após o procedimento cirúrgico (eletivo ou emergencial), os pacientes chegam à UTI ainda sob o efeito da anestesia e com respiração artificial. Nessas condições, é habitual que as pessoas apresentem uma certa instabilidade hemodinâmica, pressão alterada, diurese inadequada e pulmões ainda sofrendo o efeito da cirurgia. E isso, claro, exige um cuidado mais próximo.
“Na UTI, o paciente é monitorado de perto. Para isso, são utilizados uma série de equipamentos e acessos diretos ao sistema circulatório do paciente. Estes cuidados são normais, e não indicam necessariamente uma maior gravidade do paciente” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Alguns dos principais cuidados na UTI são:
Intubação do paciente:
A intubação endotraqueal é importante para garantir a correta ventilação do paciente durante o procedimento, uma vez que ele estará inconsciente, sem condições de respirar sozinho. Já na UTI, a medida que as substâncias da anestesia perdem efeito e a pessoa volta a consciência, o tubo pode ser retirado. Isso, é claro, se não houver sinais de sangramentos ou complicações.
“Geralmente, a retirada do tubo na traquéia costuma ser feita de 4 a 8 horas após a entrada na UTI. Para que esse procedimento seja progressivo, monitorado e seguro, ele é feito com a participação de médicos, fisioterapeutas e profissionais de enfermagem. Todos estão preparados para auxiliar o paciente no que for necessário” – Dr. Denis Bittencourt, Cardiologista e Intensivista (CRM 10560 / RQE 7658).
Caso o pulmão do paciente esteja comprometido de alguma forma, o tempo de intubação e dos cuidados na UTI pode ser maior. Nesses casos, faz-se uma sedação leve, para que o paciente volte a dormir e seja despertado, quando necessário, para o processo de retirada do tubo endotraqueal.
Acessos:
Os acessos são “portas de entrada” que a equipe da UTI utiliza para administrar medicamentos diretamente no sistema circulatório do paciente. As veias centrais, geralmente a subclávia e a jugular, são as mais utilizadas para esse fim. Estes acessos também permitem realizar exames, monitorar quanto o paciente precisa de líquidos e os demais parâmetros hemodinâmicos. Já os acessos arteriais, geralmente feitos pelas artérias radiais ou femorais, são conectados a monitores que exibem de forma contínua o valor da pressão arterial do indivíduo.
Marcapasso Provisório:
O marcapasso provisório faz parte dos cuidados na UTI para praticamente todos os pacientes. Por conta da manipulação do músculo cardíaco, algumas pessoas podem sair da cirurgia cardíaca com arritmia ou bloqueio atrioventricular. Para prevenir complicações, a equipe médica deixa implantado dois pequenos fios no coração – expostos na região do abdômen. Estes fios servem para o controle dessas intercorrências. Caso seja necessário, um marcapasso provisório é conectado a eles.
A Fibrilação Atrial é a arritmia mais comum no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Na maior parte das vezes, essa arritmia é corrigida com medicações. Caso a arritmia não seja revertida, o paciente é novamente avaliado e novas técnicas podem ser utilizadas como cardioversão elétrica. O marcapasso é retirado, conforme avaliação médica, quando paciente está livre de apresentar algum bloqueio ou bradicardia. Em alguns casos, faz-se necessário o implante de um marcapasso definitivo.
Dor após a cirurgia cardiovascular:
A equipe da UTI é especialmente treinada para prevenir, reconhecer e tratar possíveis dores no pós-operatório da cirurgia cardíaca. Como vimos no post Dor depois da cirurgia cardíaca, as técnicas de incisão, sutura e os medicamentos analgésicos avançaram muito nos últimos anos. Com isso, a dor depois da cirurgia cardíaca já não tem tanto destaque na recuperação dos pacientes como tinha antigamente.
Cuidado Multidisciplinar
A equipe multidisciplinar que trabalha na UTI é extremamente treinada. Os profissionais da saúde conhecem de perto todas as reações que os pacientes podem apresentar após a cirurgia. Eles estão preparados para agir imediatamente. Não se trata só de cuidar de um paciente potencialmente grave, mas de monitorá-lo para evitar que alguma situação de gravidade possa surpreender no pós-operatório.
Além da presença constante da equipe médica, os cuidados na UTI envolvem profissionais de diversas áreas da saúde, como:
Cada paciente de cirurgia cardíaca possui um profissional de enfermagem dedicado, que monitora e avalia o seu progresso. Os profissionais de enfermagem são treinados para se comunicar e identificar sinais importantes, mesmo quando o paciente não consegue falar. São preparados para oferecer todos os cuidados na UTI e entrar em ação caso necessário, realizando contatos importantes com a família e com a equipe médica.
Os fisioterapeutas têm papel fundamental na recuperação após o procedimento cirúrgico. Os cuidados na UTI envolvem a mobilização precoce e os exercícios respiratórios, que previnem a formação de muco nos pulmões, evitando infecções e complicações.
É comum que pacientes de cirurgia cardíaca tenham outras doenças e condições associadas, como diabetes, hipertensão e alergias alimentares. No pós-operatório, os nutricionistas têm como objetivo verificar o estado nutricional dos pacientes, planejar e realizar intervenções dietéticas que se adaptem às necessidades e aos cuidados na UTI.
Fonoaudiologia
Os fonoaudiólogos são parte importante dos cuidados na UTI. Eles avaliam, entre outros fatores, as dificuldades de deglutição dos pacientes e auxiliam na adoção de estratégias para superá-las.
Pacientes que passam por uma cirurgia cardiovascular podem apresentar sintomas de ansiedade e até depressão. Estes problemas estendem-se, inclusive, para a família. Saber lidar com a situação é fundamental para a retomada da rotina diária e também para a aderência aos cuidados na UTI.
Tempo de Internação
O tempo mínimo de internação em UTI após uma cirurgia cardíaca gira em torno de 48 horas. A associação de diferentes tratamentos no procedimento cirúrgico (coronárias, valvas ou aorta) pode requerer um período de recuperação mais longo.
O mesmo acontece com pacientes que já apresentam um risco aumentado por condições clínicas prévias (como distúrbios neurológicos, pulmonares, renais, etc). Normalmente, eles demandam um tempo maior de cuidados na UTI. Estímulos positivos, como os promovidos pela UTI humanizada, podem deixar o processo mais rápido e agradável.
Sobre o autor:Dr. Denis Bittencourt Rojas (CRM 10560 / RQE 7658), é médico especialista em Clínica Médica, Cardiologia e pós-graduado em Medicina Intensiva. Atua na UTI do Hospital SOS Cárdio há 10 anos.
As técnicas de incisão, sutura e os medicamentos analgésicos avançaram muito nos últimos anos. Com isso, a dor depois da cirurgia cardíaca já não tem tanto destaque na recuperação dos pacientes como tinha antigamente.
Nesse texto, nós explicaremos a você como a dor é controlada no pós-cirúrgico e por que você não deve ter medo dela.
Cuidados na cirurgia
As cirurgias cardíacas são realizadas com anestesia geral. Assim, o paciente fica totalmente confortável e não sente nenhum tipo de dor durante o procedimento.
Enquanto você dorme, para ter amplo acesso ao coração e poder executar o tratamento necessário, os cirurgiões cardíacos precisam fazer a incisão do osso esterno, localizado na região central do tórax. E, ao contrário do que muitos pensam, essa técnica tende a provocar menos dor depois da cirurgia.
A incisão do osso esterno faz com que a caixa torácica seja aberta no sentido natural das costelas (do centro para fora), causando menos trauma às estruturas da região.
Cirurgias realizadas pela região lateral do tórax, como as pulmonares, costumam exigir o afastamento das costelas no sentido longitudinal. Esse movimento não natural pode provocar maior dor depois da cirurgia.
“A dor no pós-cirúrgico também está muito relacionada à agressão muscular. Quanto mais músculo atingido, maior a dor. No entanto, sobre o osso esterno, quase não há músculo. As inserções das musculaturas peitorais não são feitas exatamente no centro dele” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardíaco (CRM 4370 / RQE 5893).
Fixação do osso esterno
Além de quase não atingir músculos, após a cirurgia cardíaca, o osso esterno é firmemente fixado. Isso faz com que a caixa torácica permaneça rígida e que os tecidos moles sobre ela possam realizar os movimentos de inspiração e expiração sem problemas.
Nesse sentido, a cirurgia cardíaca provoca muito menos dor do que as cirurgias abdominais, como as cesarianas ou as cirurgias feitas nos rins. Nelas, uma grande quantidade de músculo é atingida e as incisões não possuem suporte ósseo para permanecerem firmes, trabalhando e provocando sensibilidade a cada movimento da respiração.
Quando posso sentir dor depois da cirurgia?
Geralmente, a intensidade da dor é maior entre as primeiras 48 a 72 horas após o procedimento cirúrgico cardíaco.
Durante todo o período em que estiver internado, o paciente será acompanhado de perto pela equipe médica e de enfermagem, que administrará substâncias analgésicas e antiinflamatórias necessárias para conter ao máximo a dor depois da cirurgia.
No entanto, por mais mais firme que seja fixado, e por melhores que sejam os medicamentos, o osso externo ainda pode sofrer pequenos movimentos caso a caixa torácica seja forçada. Situações como tosse e espirros fortes podem provocar dor depois da cirurgia.
“Tossir é muito importante após a cirurgia, pois evita o acúmulo de secreção dentro dos pulmões. Por isso, quando necessário, os pacientes são orientados a abraçar um travesseiro. Assim, eles realizam uma certa contenção durante a tosse e sentem muito menos dor” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardíaco (CRM 4370 / RQE 5893).
Cirurgia minimamente invasiva
As cirurgias minimamente invasivas têm como objetivo central preservar a anatomia do paciente. Com uma incisão menor, elas oferecem benefícios estéticos no que diz respeito à cicatrizes e uma recuperação mais rápida, menos dolorosa.
“Nas trocas valvares aórticas isoladas, as cirurgias minimamente invasivas são realizadas através de uma incisão de aproximadamente 7 centímetros na região central do tórax. Hoje, utilizamos esta técnica como rotina em todas as trocas valvares aórticas isoladas. Na cirurgia cardíaca convencional, as incisões podem ter até 25 centímetros” – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardíaco (CRM 4370 / RQE 5893).
Contudo, apesar de reduzirem a dor depois da cirurgia, nem todo procedimento cardíaco pode ser realizado com técnicas minimamente invasivas.
Não tenha medo. Converse com o seu médico sobre a dor depois da cirurgia cardíaca e priorize a sua saúde. A Equipe Seu Cardio está a sua disposição.
A grosso modo, a plastia assemelha-se a uma cirurgia plástica da valva mitral. Nela, procura-se conservar ao máximo a estrutura e os tecidos originais da valva, atuando apenas sobre o que for necessário. A evolução das técnicas cirúrgicas e dos materiais utilizados no procedimento (anéis e cordoalhas), fazem da plastia o tratamento de primeira escolha para diversas situações de deterioração e insuficiência da valva mitral. Constitui-se hoje no chamado tratamento ouro para insuficiência mitral degenerativa.
Técnicas de Plastia da Valva Mitral
A degeneração, a retração ou o alongamento dos folhetos, assim como a ruptura ou retração das cordoalhas, podem levar à insuficiência da valva mitral. Pode haver também insuficiência mitral decorrente da disfunção isquêmica dos músculos papilares.
Para cada tipo de alteração existe uma técnica de plastia da valva mitral específica. Dependendo do caso, pode ser necessário fazer a ressecção de parte do folhetos, encurtamento ou alongamento de cordoalhas. A colocação de cordoalhas novas com fios específicos, de alta resistência e durabilidade, também é possível.
Porém, as técnicas de plastia valvar mitral possuem um ponto em comum. Trata-se da colocação de uma anel que se fixa em torno da valva nativa. Este anel contribui para longevidade da plastia e para a eficiência de valva mitral.
Existem vários tipos de anéis, com diferentes conformações anatômicas. Eles costumam ter grande durabilidade e não têm relação com a falência valvar mitral. A falência está associada à progressão da doença reumática ou degenerativa.
Aspectos Cirúrgicos
A plastia do folheto posterior da valva mitral é mais simples de ser realizada. Quando o procedimento envolve o folheto anterior, o desafio é um pouco maior. Nesses casos, normalmente é preciso fazer um implante de cordoalhas.
Hoje, a evolução dos materiais em termos de qualidade e durabilidade faz com que o implante de cordoalhas seja cada vez mais frequente. Em vários serviços do mundo, os médicos já contam com cordoalhas prontas e de diferentes tamanhos.
“Existem medidores específicos para calcular a distância que a cordoalha deve ter para a valva fechar adequadamente. A partir dessa medição, o implante é realizado com maior segurança.” Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular Chefe da Equipe Seu Cardio (CRM-SC 4370 / RQE 5893).
O anel utilizado na plastia da valva mitral respeita a configuração anatômica da valva e do seu anel nativo. Assim, não é plano. Normalmente, possui a configuração tridimensional em cela.
Plastia da Valva Mitral x Prótese
De forma geral, a durabilidade das próteses biológicas em posição mitral costuma ser menor do que na posição aórtica. A anticoagulação da próteses mecânicas em posição mitral oferece mais riscos a longo prazo do que em posição aórtica.
Assim, a plastia da valva mitral é o tratamento de escolha, sempre que possível. Mesmo com ótimos resultados a longo prazo, é importante salientar que a plastia pode não ser um tratamento definitivo. A doença valvar pode continuar a progredir.
No vídeo abaixo, o Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular (CRM-SC 4370 / RQE 5893) e Chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis/SC, fala sobre os principais aspectos da plastia da valva mitral. A aula foi proferida no 8º Congresso do Departamento de Imagem Cardiovascular.
Para saber mais sobre cirurgia de valvas cardíacas, próteses mecânicas e biológicas, acesse nosso material gratuito: