Válvula Mecânica ou Biológica: qual a mais adequada?

Válvula Mecânica ou Biológica: qual a mais adequada?

A opção entre válvula mecânica ou biológica é uma das principais dúvidas das pessoas que recebem a indicação de uma cirurgia cardíaca para troca de válvula do coração. Atualmente, são realizadas, aproximadamente 280 mil cirurgias para implantação de prótese valvar por ano no mundo, de acordo com a Scientific Eletronic Library Online (Scielo).

Neste post, vamos abordar alguns critérios que são analisados no momento da escolha. A decisão deve ser amplamente conversada com o Cardiologista Clínico e o Cirurgião Cardiovascular. Os médicos terão condições de avaliar cada caso em particular e de orientar o paciente sobre a melhor prótese valvar para o seu caso.

Qual é a melhor válvula cardíaca: mecânica ou biológica?

O cirurgião cardiovascular Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), chefe da equipe Seu Cardio, de Cirurgia Cardiovascular em Florianópolis/SC, explica os tipos de próteses:

“Podemos dizer que, se existem dois tipos de próteses valvares para se escolher, é porque cada tipo atende a uma necessidade em especial. Assim, não há um tipo de válvula cardíaca melhor ou pior. No entanto, há aquele que se adequa melhor ao estilo de vida e às condições clínicas de cada pessoa. Dessa forma, devemos pensar em optar pela válvula cardíaca que irá atender às características pessoais a longo prazo. E essa decisão não é exclusiva do médico. A escolha da prótese valvar depende do hábito de vida do paciente e, até mesmo, de sua disciplina.” –  Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), Cirurgião Cardiovascular. 

A grande diferença entre as próteses de válvula mecânica ou biológica está no tipo de material com a qual são feitas. As válvulas mecânicas são feitas de metal, enquanto que as biológicas, na maioria das vezes, são de tecido de porco ou de boi. Quando se fala isso, a primeira reação é se perguntar sobre o risco de rejeição da prótese. Porém, o tecido utilizado é inerte, eliminando o risco de rejeição.

Prós e Contras de Cada Tipo de Válvula Cardíaca

Durabilidade das Próteses Valvares

O impacto dessa diferença entre as válvulas mecânicas e as válvulas biológicas está centrado na necessidade de uma futura reoperação. As válvulas mecânicas tem uma durabilidade longa, normalmente a vida inteira. Por outro lado, as válvulas biológicas, de uma maneira geral, precisam ser trocadas um dia. Elas degeneram e levam o paciente a precisar de uma nova cirurgia para a troca da prótese valvar no futuro.

Aí surge outra questão: alguém escolhe prótese biológica para operar de novo? Sim, pois este não é o único critério que define a opção entre válvula mecânica ou biológica.

Medicação Anticoagulante 

A prótese mecânica, por ser de metal, requer o uso de medicação anticoagulante de uso contínuo. E isso cria uma condição que o paciente não tem: torna o seu sangue pouco coagulável.

A necessidade da anticoagulação associada às próteses mecânicas se deve ao fato de que elas tendem a formar coágulos. Caso surjam, há o risco de travamento do disco da prótese e de embolia cerebral. Por isso, a disciplina do paciente e seu comprometimento com o tratamento são fundamentais, tanto em relação à tomar a medicação anticoagulante quanto realizar o controle de TAP. Até mesmo seu estilo de vida precisa ser levado em conta, devido aos riscos desse tipo de medicação. 

Por isso, pessoas que praticam esportes radicais ou cuja profissão pode acarretar acidentes, como o caso de caminhoneiros, por exemplo, devem avaliar bem essa questão.

Idade

Antes de abordarmos qual a melhor escolha para cada pessoa, precisamos considerar, ainda, que a idade é também um critério a ser considerado. 

“No caso das válvulas biológicas, quanto mais jovem for o indivíduo, menos elas duram; quanto mais idosa, mais elas duram. Por isso, a idade é mais um fator a ser considerado na opção entre válvula mecânica ou válvula biológica.” – Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

 

A idade e a decisão entre válvula mecânica ou biológica

Em geral, pela necessidade de troca futura das válvulas biológicas, há uma tendência maior de uso das válvulas mecânicas entre os mais jovens. Logicamente, lembrando que este não é um critério a ser avaliado isoladamente, como apresentado acima.

Qual a melhor prótese valvar para jovens?

válvula mecânica ou biológica

Válvula Mecânica

Como exemplo, podemos considerar o caso de utilização de válvula biológica em posição aórtica. A sua durabilidade média é de oito a dez 8 a 10 anos, em um paciente de 35 anos de idade. Aos 65 anos, esta pessoa poderá estar indo para a sua terceira cirurgia cardíaca, para a troca de válvula. Nesses casos, o melhor é colocar uma prótese mecânica, caso não exista uma contraindicação formal à anticoagulação.

Esta tendência pode vir a mudar nos próximos anos, com o advento das válvulas implantáveis percutaneamente. Dessa forma, se consegue o implante de uma válvula dentro de outra (biológica) já previamente implantada (valve in valve).

 

Qual a melhor prótese valvar para idosos?

válvula mecânica ou biológica

Prótese Válvula Biológica

Já para as pessoas com mais de 65 anos, há uma tendência maior de colocação de prótese biológica. Em geral, a prótese biológica em posição aórtica, na faixa etária entre 65 e 70 anos, tem uma durabilidade de cerca de 20 anos. Além disso, os riscos de medicação anticoagulante nesta faixa etária estão relacionados à incidência de hemorragia cerebral, em taxas maiores do que em pessoas jovens. Por isso, também, a opção pela válvula biológica – ainda lembrando que a idade não deve ser o único critério de escolha.

E na idade adulta?

Vamos analisar a situação de pessoas na faixa entre 50 e 65 anos. Na opção pela válvula mecânica, terão um longo período de medicação anticoagulante. Se optarem pela válvula biológica, terão nova cirurgia cardíaca pela frente. Por isso, esta tem sido uma questão amplamente estudada na Medicina. Alguns estudos nos Estados Unidos mostram que o uso de anticoagulantes a longo prazo tem maior risco do que uma nova cirurgia. Assim, se considerarmos que a primeira válvula biológica dure 15 anos e a segunda 20, esta pessoa de meia idade terá apenas uma reoperação na vida.

 

Como escolher entre válvula mecânica ou biológica?

Quem necessita de uma troca de válvula do coração se vê diante de dois caminhos. O primeiro, de enfrentar o risco da anticoagulação diária, afastando o temor de uma reoperação futura (optando por válvula mecânica). O segundo, de aceitar a possibilidade de vir a ser operado novamente, mas sem conviver os riscos da anticoagulação (optando por válvula biológica).

Este assunto é bastante controverso e até mesmo polêmico no meio médico. Por isso, é fundamental que a decisão seja realizada de forma bem consciente. Além disso, a tecnologia da Medicina vem evoluindo sempre. Recentemente, foi lançada a tecnologia Resilia, recurso que retarda o processo degenerativo de calcificação das próteses biológicas.

Assim, converse com seu Cardiologista Clínico e com o seu Cirurgião Cardiovascular e esclareça todas as suas dúvidas. Eles irão lhe orientar e definir, junto com você, a melhor escolha para o seu caso. Se tiver alguma dúvida, conte conosco!

 

Sobre o autor:

Este artigo foi escrito com base em entrevista com o Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893), cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC.

 

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Problemas na Valva Mitral: quando e qual cirurgia fazer

Problemas na Valva Mitral: quando e qual cirurgia fazer

A cirurgia para o tratamento dos problemas na valva mitral consiste em dois tipos. Há as trocas valvares e a cirurgia de reparo da valva. Essa última, chamada plastia valvar, vem ganhando grande importância na área médica.

As doenças crônicas que acometem a valva mitral dividem-se em dois grandes grupos. Em um, estão  as doenças degenerativas da valva, cujo tratamento principal é a plastia. No outro, estão as doenças relacionadas às consequências das lesões causadas na valva pela  doença reumática.

A doença reumática, quando acomete as valvas cardíacas, costuma comprometer pacientes mais jovens. Normalmente, não é possível a realização da plastia nesses casos. Principalmente, devido à calcificação da valva, às vezes associada a severas retrações.  Por isso, para os problemas na valva mitral relacionados às doenças reumáticas, a indicação mais frequente é a troca valvar por uma prótese.

Por que a plastia mitral tem um resultado ruim nas sequelas da doença reumática? A seguir, Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893), cirurgião Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital SOS Cárdio, esclarece essa questão.

Plastia da Valva Mitral 

A plastia nada mais é do que um reparo na valva mitral que estava doente. Esse reparo pode ser feito de algumas maneiras. Uma opção é corrigir o tecido degenerado dessa valva. 

“A valva mitral tem determinadas estruturas que se assemelham às cordas de paraquedas. Elas podem ser encurtadas, alongadas ou substituídas quando o problema da valva mitral se relaciona a um defeito dessas cordas”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Normalmente, na cirurgia de plastia, após a correção dos problemas da valva mitral, é colocado um anel em torno dela. O objetivo desse procedimento é elevar a durabilidade da plastia. Esse anel não deteriora, como ocorre com as próteses biológicas. Além disso, dispensa o uso de anticoagulantes após a cirurgia.

A plastia valvar é o principal tratamento para os casos de insuficiência mitral degenerativa. As técnicas aplicadas no procedimento cirúrgico são definidas de acordo com o problema que está comprometendo o bom funcionamento da valva mitral.

Neste post com vídeo aqui, Dr. Sergio aborda os aspectos cirúrgicos da plastia da valva mitral.

Prótese Valvar Mitral

Quando não é possível fazer a plastia para a correção dos problemas na valva mitral, a alternativa é realizar a colocação de uma prótese valvar. Essa prótese pode ser tanto biológica quanto mecância

Próteses Valvares Biológicas em Posição Mitral

A grande diferença das próteses biológicas para a troca da valva mitral em relação à troca da valva aórtica é a durabilidade. As próteses biológicas duram menos na posição mitral. Isso se deve ao fato de a valva mitral trabalhar com maior pressão do que a valva aórtica, no seu regime de fechamento. Em razão disso, o processo degenerativo, comum das próteses biológicas usadas na posição mitral, é mais acelerado.

No entanto, apesar da duração menor, as próteses biológicas em posição mitral obedecem ao padrão de funcionamento da valva em posição aórtica. Assim, quanto mais idoso o paciente, mais lento é o processo degenerativo. Por essa razão, o recomendado para pacientes de maior idade é a utilização de próteses biológicas em posição mitral.

Próteses Valvares Mecânicas em Posição Mitral

Já os pacientes para os quais é orientado o uso de próteses mecânicas em posição mitral é necessário um cuidado maior com a questão do uso de anticoagulante devido ao risco de trombose. O risco de trombose em posição mitral é maior que o risco em posição aórtica.

“Essas questões relacionados à troca de valva mitral, ou seja, uma durabilidade menor das próteses biológicas em posição mitral, quando comparadas com as próteses aórticas, e a exigência de um controle maior com anticoagulação para as próteses mecânicas, quando comparadas com a prótese aórtica, fazem da doença valvar mitral uma doença que requer muito mais critério na tentativa de se buscar a plastia e conservação da valva nativa do paciente. Por isso, as técnicas de plastia vem se desenvolvendo cada vez mais. Atualmente, há uma tentativa de se retardar ou evitar ao máximo a colocação de uma prótese mitral”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Os avanços da Medicina são necessários especialmente quando o paciente é jovem. A razão disso é outra questão abordada a seguir.

Problemas na Valva Mitral em Pacientes Jovens

Quanto mais jovem o paciente com doença valvar mitral, mais complexa é a questão. Afinal, caso necessite de uma prótese, a durabilidade não será longa se a prótese for biológica. Por outro lado, sendo a prótese mecânica, há a necessidade do uso do anticoagulante por toda a vida, que no caso específico do paciente jovem representa um longo período.

Conforme já foi mencionado anteriormente, o paciente jovem com problemas na valva mitral geralmente é o que apresenta doença reumática. Sendo assim, é o perfil de paciente em que a plastia dificilmente servirá para solucionar o problema.

Por esta razão, a indicação médica é para que seja feito o controle rigoroso das infecções de garganta nas crianças, já que essas infecções são os principais desencadeadores da doença reumática. 

“A sugestão para os pais é para que sempre discutam com os pediatras a respeito desse cuidado”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Também é importante que todo paciente que vai se submeter a uma cirurgia cardíaca receba as orientações adequadamente. Aqui em nosso site dispomos de muitos ebooks gratuitos. Especialmente no caso das cirurgias para tratamento de problemas na valva mitral e aórtica, recomendamos a leitura do ebook Valvas Cardíacas: tudo o que você precisa saber. Este e outros materiais estão disponíveis a todos os pacientes e seus familiares, gratuitamente.

 

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*Artigo produzido com base em entrevista com o cirurgião cardiovascular Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893) e publicado originalmente em https://soscardio.com.br/valva-mitral-plastia-troca/.

Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

Doenças Valvares: Mitral e Aórtica

As válvulas cardíacas funcionam como quatro portas que permitem a passagem do sangue apenas no sentido correto da circulação. No entanto, as doenças valvares podem prejudicar seu funcionamento e comprometer a função cardíaca.

Valvas Cardíacas: Mitral e Aórtica

Localizadas entre as câmaras do coração, o funcionamento adequado das valvas mitral e aórtica garante que o fluxo sanguíneo siga no sentido correto. Elas se abrem à passagem do sangue e se fecham para eventuais refluxos. 

Diante de doenças valvares, o funcionamento fica prejudicado, fazendo com que a abertura e o fechamento das valvas cardíacas fique comprometido. 

Doenças Valvares

Várias doenças podem comprometer as valvas do coração. Tanto as adquiridas, como no caso da febre reumática, como as degenerativas, que podem derivar de um condicionamento genético. Essas doenças levam a dois defeitos principais: podem obstruir as valvas (estenose valvar) ou torná-las incompetentes (insuficiência valvar). 

Tratamento das Doenças Valvares

Atualmente, existem diversas formas de tratamento para as doenças valvares. O avanço das técnicas cirúrgicas na área da Cardiologia permite que pessoas em situação de gravidade possam ser tratadas de forma eficaz e segura.

Para abordar o tema de forma detalhada, preparamos um e-book gratuito: Doenças Valvares: Mitral e Aórtica. Neste material, explicamos as doenças mais comuns das valvas cardíacas, assim como as principais indicações de tratamentos para cada tipo de doença. 

Você pode baixar o material gratuito no botão abaixo:

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Este material foi preparado pela equipe Seu Cardio, de Cirurgia Cardiovascular. As informações tem caráter educativo e não substituem as orientações do seu médico. Esperamos que as informações sejam úteis a você!

Boa leitura!

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Principais Impactos da Doença Coronariana

Principais Impactos da Doença Coronariana

Assim como acontece com todas as células do nosso organismo, as células que fazem parte do músculo cardíaco e das demais estruturas do coração também precisam receber sangue com oxigênio e nutrientes para manterem-se vivas. As artérias coronárias são os principais vasos sanguíneos responsáveis por essa função. E é por isso que a doença coronariana é tão grave.

“Sem oxigênio, as células do coração entram em isquemia e morrem. Esse problema pode ser provocado por diversos fatores, relacionados ou não às artérias coronárias” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

O uso de drogas como a Cocaína, por exemplo, pode provocar espasmos nos vasos sanguíneos coronarianos e prejudicar a oxigenação e funcionamento do músculo cardíaco. Há casos também de formação de coágulos em outras regiões do corpo (até mesmo dentro do coração) que se desprendem e acabam por obstruir as artérias coronárias. 

A frequência cardíaca acelerada (taquicardia) é outro exemplo. Ela pode  cursar com aumento da demanda de oxigênio a um ponto em que a árvore coronariana não consegue sustentar. De forma oposta, quadros infecciosos localizados ou generalizados (Sepse) podem reduzir o aporte de oxigênio e provocar isquemias, que irão cursar com doença coronariana. 

No entanto, quando falamos de doença coronariana, não podemos deixar de falar da aterosclerose:

“A aterosclerose, doença que causa degeneração e obstrução progressiva dos vasos sanguíneos, é responsável por mais de 90% dos casos de isquemia. Ela tem avanço lento e pode demorar a dar os primeiros sintomas” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).  

A doença coronariana  – como a aterosclerose – pode levar a eventos cardíacos graves, como o surgimento de arritmias, o infarto do coração e a morte súbita

Aterosclerose

Em condições normais, o suprimento de sangue para as células do coração é contínuo. No entanto, os estudos mostram que desde a infância, tanto por características genéticas, como por hábitos de vida nocivos, como o sedentarismo e consumo de alimentos industrializados (ricos em açúcares e gorduras), as pessoas podem vir a acumular placas obstrutivas nas paredes das artérias, conhecidas popularmente por “placas de gordura”.

Tais “placas de gordura” vão aos poucos inflamando, ganhando tamanho e prejudicando o fluxo de sangue oxigenado para os músculos do coração. Além disso, em alguns casos, elas podem vir a se romper e a extravasar todo o conteúdo gorduroso na luz da artéria, obstruindo de forma aguda a passagem de sangue.

“É assim que acontece o infarto agudo do miocárdio. Isso significa que parte do músculo cardíaco (miocárdio) não está mais recebendo o sangue que traz oxigênio para as células. Isso pode acarretar morte de tecido muscular em pouco tempo. O quadro se apresenta, na maior parte das vezes, como dor no peito (angina), com irradiação para os braços e pescoço” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Infarto Agudo do Miocárdio

Quando o infarto acontece, o atendimento deve ser urgente. Com a obstrução total da artéria, a lesão do músculo cardíaco é progressivamente maior com o passar dos minutos. Se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente, instala-se a necrose do músculo daquela região não irrigada. Dependendo da extensão do músculo cardíaco afetado, o caso fica mais grave e a possibilidade de sequelas permanentes, ou mesmo de morte, fica maior.

Vale ressaltar que nem sempre a artéria do coração com a doença coronariana mais severa irá provocar o infarto. Uma lesão moderada ou mesmo pequena em uma coronária pode ser o local de formação de um trombo e provocar o infarto.

“O infarto pode acontecer de diversas formas. Há casos em que a artéria coronária não é completamente obstruída e que uma pequena quantidade de sangue ainda consegue fluir. No entanto, até mesmo as isquemias transitórias podem ter consequências graves. Entre elas, as arritmias, a morte súbita e a Insuficiência Cardíaca” –  Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Arritmias e Morte Súbita

Uma vez sem oxigênio, e caso o paciente sobreviva, a região do músculo cardíaco onde ocorreu a morte de células tenta se regenerar. Nesse processo, pequenas cicatrizes são formadas. No lugar das células saudáveis mortas, formam-se áreas de tecido fibroso.

“O grande problema é que essas novas áreas formadas pelas cicatrizes das células mortas possuem comportamento elétrico diferente das células cardíacas originais. Assim, a eletricidade que faz o coração bater passa por essas novas áreas com velocidade e forma diferentes do normal. Esse fato pode provocar arritmias graves e morte súbita” – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Insuficiência Cardíaca

Outra consequência direta dos quadros de isquemia e de infarto é a Insuficiência Cardíaca, doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para atender às demandas do organismo.

“Trata-se de uma doença muito limitante. Mais de 50% dos casos de insuficiência cardíaca são causados pela isquemia”Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790). 

Pacientes com Insuficiência cardíaca costumam apresentar falta de ar, grande dificuldade para realizar esforços físicos e baixa qualidade de vida. 

Prevenção da Doença Coronariana

Para reduzir a mortalidade e as sequelas provocadas pela doença coronariana, prevenção é fundamental. A adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de exercícios físicos pode ajudar a evitar eventos graves e reduzir os seus impactos sobre a qualidade de vida das pessoas.

Além disso, é muito importante realizar o acompanhamento periódico com o médico cardiologista.

“O médico cardiologista poderá realizar uma série de exames e avaliações para determinar qual o risco que o paciente tem de desenvolver doença coronariana no futuro. E, dependendo dos resultados, traçar estratégias de prevenção, que podem envolver inclusive o uso de medicamentos para a pressão e para o controle do colesterol”  – Daniel Medeiros Moreira, Médico Cardiologista (CRM-SC 11708 RQE 7790).

Caso algum evento cardíaco aconteça, é fundamental procurar o atendimento médico o quanto antes. Lembre-se: tempo é músculo. Quanto mais tempo uma pessoa leva para ser atendida durante uma situação de infarto, mais músculo cardíaco morre e pior a situação do paciente.

Sobre o autor:

Daniel Medeiros Moreira (CRM-SC 11708 RQE 7790) é Médico Cardiologista. Concluiu graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2004, com mérito por melhor desempenho acadêmico. É especialista em Medicina Interna pelo Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani São Thiago (HU-UFSC), especialista em Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC) e em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Mestre e Doutor em Ciências da Saúde: Cardiologia, pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC). Atualmente, é Cardiologista do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), professor das disciplinas de Semiologia I, Semiologia II e Sistema Cardiorrespiratório na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Diretor de Qualidade Assistencial da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Seção Santa Catarina (SBC/SC). Atua com pesquisa em diferentes tópicos, dentre os quais, Inflamação, Síndrome Coronariana Aguda, Insuficiência Cardíaca e Música em pacientes com cardiopatias.

 

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Marcapasso e Exercícios Físicos: respostas às principais dúvidas

Marcapasso e Exercícios Físicos: respostas às principais dúvidas

A atividade física é um elemento importante tanto na prevenção quanto na reabilitação cardíaca. Porém, muitas pessoas ainda ficam inseguras em praticá-la após o implante de marcapasso cardíaco. Os pacientes costumam ter dúvidas sobre a capacidade do dispositivo, de manter uma frequência adequada, bem como sobre a sua integridade e durabilidade. Neste texto, iremos esclarecer as principais dúvidas dos pacientes sobre a relação entre marcapasso e exercícios físicos. Vamos a elas!

Quem tem marcapasso pode praticar atividades físicas?

Na grande maioria dos casos, a prática de atividades físicas pode ser iniciada ou retomada logo após o período de recuperação do implante de marcapasso. No entanto, cada caso deve ser analisado pelo médico responsável. Seguir as orientações médicas é fundamental.

Qual médico devo consultar?

Para iniciar uma rotina de exercícios físicos com segurança após o implante de marcapasso, você deve consultar seu Cardiologista Clínico. Ele avaliará o seu estado de saúde como um todo e irá lhe orientar quanto à intensidade e a frequência de exercícios indicadas para você. Esse é o primeiro passo para uma boa relação entre marcapasso e exercícios físicos.

Quais os exercícios iniciais mais indicados para portadores de marcapasso?

O objetivo inicial da atividade física, para maioria dos pacientes, é permitir a realização das tarefas do dia a dia, aumentando a força muscular, a resistência aeróbica e mantendo a saúde e mobilidade das articulações.

Portadores de marcapasso que não praticam atividade física regularmente, quando liberados pelo seu Cardiologista, devem iniciar com exercícios de intensidade baixa à moderada. Assim, é possível avaliar o seu condicionamento físico e a sua progressão, na medida em que o corpo se adapta às novas exigências.

Marcapasso e Exercícios: o que eu devo evitar?

Algumas atividades físicas devem ser evitadas por usuários de marcapasso, especialmente nas primeiras 6 semanas após o procedimento. Nesse período, devem ser evitadas atividades que exijam esforço muscular moderado ou severo no braço contíguo ao local do implante do marcapasso.

Depois desse período, as limitações são poucas. Aplicam-se às atividades físicas que exigem grande movimentação dos ombros e àquelas com possível impacto na região do implante. Um impacto forte sobre o gerador do marcapasso pode alterar a integridade do sistema e o seu funcionamento.

São exemplos de atividades e esportes devem ser evitados por portadores de marcapassos:

  • golfe
  • esportes de raquete (como o tênis)
  • fisiculturismo
  • natação
  • artes marciais
  • boxe

Neste outro post, abordamos mais as atividades que devem ser evitadas por portadores de marcapassos e outros dispositivos cardíacos.

O marcapasso pode trazer benefícios para o meu desempenho esportivo?

Os pacientes que tomam todos os cuidados citados acima podem desfrutar do uso de marcapasso e exercícios físicos. E, dependendo da doença cardíaca, ainda podem observar uma melhora no seu desempenho cardiovascular e esportivo. Por exemplo:

  • Paciente com Bloqueio Atrioventricular Total (BAVT):

Nesses casos, os pacientes costumam apresentar boa frequência atrial e resposta cronotrópica (aumento da frequência cardíaca com a intensidade da atividade). Contudo, devido ao bloqueio, o ventrículo se mantém em frequência fixa baixa. Nestes casos, o marcapasso conduz a frequência atrial para o ventrículo. Desta forma o paciente pode apresentar a mesma resposta de uma pessoa sem a doença.

  • Paciente com Doença do Nó Sinusal:

Nestes casos, os pacientes podem apresentar frequência atrial muito baixa (Doença do Nó Sinusal). O implante, por sua vez, possui um sensor sensível à atividade física do paciente. Ao perceber o sinal de esforço, há um aumento da frequência cardíaca, que pode levar à melhora do desempenho cardiovascular.

Não tenha medo. Converse com o seu médico sobre a retomada das atividades físicas e esportivas após o implante de marcapasso. Assim, você pode se beneficiar da boa relação entre o uso de marcapasso e exercícios físicos.

.marcapasso e exercícios e outras informações sobre marcapassos

 

Histórico Familiar e Doenças do Coração

Histórico Familiar e Doenças do Coração

Diversos fatores podem levar uma pessoa a desenvolver doenças do coração – sejam elas nas válvulas, no músculo cardíaco, no circuito elétrico do órgão ou nos vasos sanguíneos adjacentes. Entre os principais fatores de risco para doenças cardíacas, estão o histórico familiar, a idade e os aspectos relacionados com o nosso estilo de vida. 

“A idade é um fator inexorável. A medida que envelhecemos, vários processos degenerativos se manifestam, como o acúmulo de cálcio nas válvulas cardíacas que leva a doenças como a estenose aórtica”, que é cada vez mais prevalente com o aumento da expectativa de vida da população. Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Já as pessoas sedentárias, que fumam e se alimentam de forma inadequada, desencadeiam em seu organismo uma série de reações inflamatórias. Isso pode fazer com que, mesmo jovens ou sem histórico familiar, estas pessoas adquiram fatores de risco para problemas do coração. Entre os mais comuns estão:

“Estes fatores de risco adquiridos estão intimamente relacionados com a ocorrência de vários problemas como os Infartos do Coração, Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), Aneurismas da Aorta Abdominal e obstruções das artérias das pernas, por exemplo. Mesmo as pessoas sem histórico na família podem ter essas doenças” Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Já as pessoas com histórico familiar de problemas cardiovasculares são ainda mais predispostas e precisam ter cuidados redobrados – inclusive na infância. É o que veremos a seguir.

Histórico Familiar

O fator genético pode contribuir significativamente para a ocorrência de problemas do coração. Em decorrência deste fato, mesmo as pessoas que se exercitam, se alimentam bem e não possuem vícios como o tabagismo, podem apresentar naturalmente risco elevado para hipertensão, diabetes e colesterol alto.

“Muitos destes indivíduos com histórico familiar para doenças do coração terão a manifestação de doença cardiovascular em idades mais precoces. Isso contribui para uma maior mortalidade e diminuição da capacidade laboral em fases mais precoces da vida” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

Por isso, mesmo que não tenha sintomas, consultar um médico cardiologista é fundamental. Assim, é possível conhecer o seu perfil e os riscos de desenvolver algum problema do coração. Conhecer os riscos é essencial para adotar as devidas medidas de prevenção o quanto antes.

Grau de Parentesco

De forma geral, para compreendermos os riscos do histórico familiar, é importante ter em mente o grau de parentesco dos familiares que tiveram manifestações de doença cardiovascular, tal como o infarto do miocárdio, e a idade com que eles adoeceram.

  • Histórico de Doenças do Coração em Pais e Filhos:

    Pais e filhos são considerados parentes de primeiro grau. Caso o pai ou a mãe tenha algum problema do coração, as chances dos filhos nascerem com essa característica é bastante alta. Se a disfunção estiver presente nos dois lados da família, as chances são ainda maiores.

  • Histórico de Doenças do Coração em Avós e Irmãos:

    Avós e irmãos são considerados parentes de segundo grau. Nesses casos, as chances de herdar uma característica genética é menor, mas ainda muito presente. Se você possui avós com histórico de doença cardíaca precoce ou irmãos diagnosticados precocemente, a atenção precisa ser redobrada.

Idade da Manifestação do Problema Cardíaco

Como vimos, o processo de envelhecimento pode levar à problemas do coração. Isso pode ser algo natural e não estar necessariamente ligado à fatores genéticos. Contudo, se os seus parentes adoecem cedo, isso pode indicar um forte traço genético.

  • Familiares com Doença Cardíaca aos 55 / 65 anos:

    Caso o pai do paciente tenha sofrido com problemas do coração antes dos 55 anos de idade, ou a mãe tenha sofrido antes dos 65 anos, as chances de que a família possui um histórico familiar forte são bastante altas. Esse critério de idade vale também para irmãos, tios e avós. Pacientes que possuem familiares nestas condições devem procurar o médico cardiologista o quanto antes para avaliação.

Histórico Familiar de Doenças do Coração e Prevenção

Conhecer o histórico familiar é importante não só para cuidar da própria saúde, mas também da saúde dos filhos. Uma vez que o histórico familiar de doenças do coração é reconhecido, a prevenção contra os fatores de risco pode ser adotada já na infância.  

“Os traços genéticos podem fazer com que a hipertensão, o diabetes e o colesterol alto se manifestem desde cedo, ainda na fase infantil. Quanto antes a prevenção for iniciada, com a realização de exames e a adoção de hábitos saudáveis, maiores as chances de uma vida longa e feliz.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), Cardiologista.

A medicina ainda não conhece todos os fatores envolvidos no surgimento das doenças do coração. Mesmo as pessoas que não possuem histórico familiar podem nascer com traços genéticos que levam ao problema.

Por isso, indivíduos aparentemente saudáveis, sem histórico familiar, também  devem procurar o médico cardiologista para uma avaliação. Já as pessoas com histórico familiar devem procurar o médico ainda mais cedo.

Os pais que identificam esse tipo de problema na família também podem procurar o cardiologista com os filhos ainda pequenos. A medida é importante para a adoção de ações preventivas que auxiliem os jovens a terem uma vida mais saudável.

*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.

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