por Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia em Idoso, Válvulas
A opção entre válvula mecânica ou biológica é uma das principais dúvidas das pessoas que recebem a indicação de uma cirurgia cardíaca para troca de válvula do coração. Atualmente, são realizadas, aproximadamente 280 mil cirurgias para implantação de prótese valvar por ano no mundo, de acordo com a Scientific Eletronic Library Online (Scielo).
Neste post, vamos abordar alguns critérios que são analisados no momento da escolha. A decisão deve ser amplamente conversada com o Cardiologista Clínico e o Cirurgião Cardiovascular. Os médicos terão condições de avaliar cada caso em particular e de orientar o paciente sobre a melhor prótese valvar para o seu caso.
Qual é a melhor válvula cardíaca: mecânica ou biológica?
O cirurgião cardiovascular Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), chefe da equipe Seu Cardio, de Cirurgia Cardiovascular em Florianópolis/SC, explica os tipos de próteses:
“Podemos dizer que, se existem dois tipos de próteses valvares para se escolher, é porque cada tipo atende a uma necessidade em especial. Assim, não há um tipo de válvula cardíaca melhor ou pior. No entanto, há aquele que se adequa melhor ao estilo de vida e às condições clínicas de cada pessoa. Dessa forma, devemos pensar em optar pela válvula cardíaca que irá atender às características pessoais a longo prazo. E essa decisão não é exclusiva do médico. A escolha da prótese valvar depende do hábito de vida do paciente e, até mesmo, de sua disciplina.” – Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), Cirurgião Cardiovascular.
A grande diferença entre as próteses de válvula mecânica ou biológica está no tipo de material com a qual são feitas. As válvulas mecânicas são feitas de metal, enquanto que as biológicas, na maioria das vezes, são de tecido de porco ou de boi. Quando se fala isso, a primeira reação é se perguntar sobre o risco de rejeição da prótese. Porém, o tecido utilizado é inerte, eliminando o risco de rejeição.
Prós e Contras de Cada Tipo de Válvula Cardíaca
Durabilidade das Próteses Valvares
O impacto dessa diferença entre as válvulas mecânicas e as válvulas biológicas está centrado na necessidade de uma futura reoperação. As válvulas mecânicas tem uma durabilidade longa, normalmente a vida inteira. Por outro lado, as válvulas biológicas, de uma maneira geral, precisam ser trocadas um dia. Elas degeneram e levam o paciente a precisar de uma nova cirurgia para a troca da prótese valvar no futuro.
Aí surge outra questão: alguém escolhe prótese biológica para operar de novo? Sim, pois este não é o único critério que define a opção entre válvula mecânica ou biológica.
Medicação Anticoagulante
A prótese mecânica, por ser de metal, requer o uso de medicação anticoagulante de uso contínuo. E isso cria uma condição que o paciente não tem: torna o seu sangue pouco coagulável.
A necessidade da anticoagulação associada às próteses mecânicas se deve ao fato de que elas tendem a formar coágulos. Caso surjam, há o risco de travamento do disco da prótese e de embolia cerebral. Por isso, a disciplina do paciente e seu comprometimento com o tratamento são fundamentais, tanto em relação à tomar a medicação anticoagulante quanto realizar o controle de TAP. Até mesmo seu estilo de vida precisa ser levado em conta, devido aos riscos desse tipo de medicação.
Por isso, pessoas que praticam esportes radicais ou cuja profissão pode acarretar acidentes, como o caso de caminhoneiros, por exemplo, devem avaliar bem essa questão.
Idade
Antes de abordarmos qual a melhor escolha para cada pessoa, precisamos considerar, ainda, que a idade é também um critério a ser considerado.
“No caso das válvulas biológicas, quanto mais jovem for o indivíduo, menos elas duram; quanto mais idosa, mais elas duram. Por isso, a idade é mais um fator a ser considerado na opção entre válvula mecânica ou válvula biológica.” – Dr. Sérgio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).
A idade e a decisão entre válvula mecânica ou biológica
Em geral, pela necessidade de troca futura das válvulas biológicas, há uma tendência maior de uso das válvulas mecânicas entre os mais jovens. Logicamente, lembrando que este não é um critério a ser avaliado isoladamente, como apresentado acima.
Qual a melhor prótese valvar para jovens?
Válvula Mecânica
Como exemplo, podemos considerar o caso de utilização de válvula biológica em posição aórtica. A sua durabilidade média é de oito a dez 8 a 10 anos, em um paciente de 35 anos de idade. Aos 65 anos, esta pessoa poderá estar indo para a sua terceira cirurgia cardíaca, para a troca de válvula. Nesses casos, o melhor é colocar uma prótese mecânica, caso não exista uma contraindicação formal à anticoagulação.
Esta tendência pode vir a mudar nos próximos anos, com o advento das válvulas implantáveis percutaneamente. Dessa forma, se consegue o implante de uma válvula dentro de outra (biológica) já previamente implantada (valve in valve).
Qual a melhor prótese valvar para idosos?
Prótese Válvula Biológica
Já para as pessoas com mais de 65 anos, há uma tendência maior de colocação de prótese biológica. Em geral, a prótese biológica em posição aórtica, na faixa etária entre 65 e 70 anos, tem uma durabilidade de cerca de 20 anos. Além disso, os riscos de medicação anticoagulante nesta faixa etária estão relacionados à incidência de hemorragia cerebral, em taxas maiores do que em pessoas jovens. Por isso, também, a opção pela válvula biológica – ainda lembrando que a idade não deve ser o único critério de escolha.
E na idade adulta?
Vamos analisar a situação de pessoas na faixa entre 50 e 65 anos. Na opção pela válvula mecânica, terão um longo período de medicação anticoagulante. Se optarem pela válvula biológica, terão nova cirurgia cardíaca pela frente. Por isso, esta tem sido uma questão amplamente estudada na Medicina. Alguns estudos nos Estados Unidos mostram que o uso de anticoagulantes a longo prazo tem maior risco do que uma nova cirurgia. Assim, se considerarmos que a primeira válvula biológica dure 15 anos e a segunda 20, esta pessoa de meia idade terá apenas uma reoperação na vida.
Como escolher entre válvula mecânica ou biológica?
Quem necessita de uma troca de válvula do coração se vê diante de dois caminhos. O primeiro, de enfrentar o risco da anticoagulação diária, afastando o temor de uma reoperação futura (optando por válvula mecânica). O segundo, de aceitar a possibilidade de vir a ser operado novamente, mas sem conviver os riscos da anticoagulação (optando por válvula biológica).
Este assunto é bastante controverso e até mesmo polêmico no meio médico. Por isso, é fundamental que a decisão seja realizada de forma bem consciente. Além disso, a tecnologia da Medicina vem evoluindo sempre. Recentemente, foi lançada a tecnologia Resilia, recurso que retarda o processo degenerativo de calcificação das próteses biológicas.
Assim, converse com seu Cardiologista Clínico e com o seu Cirurgião Cardiovascular e esclareça todas as suas dúvidas. Eles irão lhe orientar e definir, junto com você, a melhor escolha para o seu caso. Se tiver alguma dúvida, conte conosco!
Sobre o autor:
Este artigo foi escrito com base em entrevista com o Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893), cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Congênito, Fatos e Mitos
As cardiopatias congênitas no adulto são cada vez mais comuns. O problema é caracterizado por toda e qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração, que surge nas primeiras oito semanas de gestação. O Ministério da Saúde estima que no Brasil nascem 30 mil crianças com problemas cardíacos por ano, sendo dez casos a cada mil bebês nascidos vivos.
Atualmente, 85% das crianças que têm cardiopatias congênitas chegam à idade adulta devido aos novos tratamentos, cirurgias e medicamentos. Isso criou um índice maior de adultos com cardiopatias congênitas. Nos Estados Unidos, estima-se que este número chegue a um milhão. Hoje, já contabiliza-se mais adultos que crianças com cardiopatias congênitas.
“Essa população é formada por crianças que foram tratadas e cresceram, mas também por adultos que têm problemas congênitos leves, diagnosticados com idade mais avançada”, esclarece Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas em Crianças
No caso das crianças, na maioria das vezes, o diagnóstico de uma cardiopatia congênita pode ser feito no pré-natal, através de ultrassom. Em alguns casos, é realizado no primeiro mês de vida, diante de sintomas. Entre eles, quando a criança apresenta a ponta dos dedos e lábios roxos, sudorese, cansaço excessivos durante as mamadas e dificuldade de ganhar peso. Nesta situação, o diagnóstico é feito também pelo ultrassom.
Das crianças que têm cardiopatias congênitas, 50% devem ser tratadas no primeiro ano de vida. Dependendo do caso, inclusive com algum tipo de intervenção cirúrgica logo na primeira semana de vida.
Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas no Adulto
O diagnóstico das cardiopatias congênitas no adulto começa com uma avaliação feita pelo cardiologista. Depois, pode seguir com os exames. Entre eles, eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma e teste ergométrico (conhecido como teste de esforço ou esteira).
Já exames como tomografia, ressonância magnética e o cateterismo cardíaco permitem não apenas diagnosticar, mas também apontar como deve ser a cirurgia corretiva. E isso é muito importante para planejar o tratamento da cardiopatia congênita.
Quem tratou quando criança, precisa de novas intervenções quando adulto?
Em alguns casos, sim, conforme explica o cirurgião cardiovascular Dr. Luis Portugal, da equipe Seu Cardio:
“O adulto diagnosticado com cardiopatia quando criança, na maioria das vezes foi tratado com uma cirurgia paliativa, justamente pela questão do crescimento. Mas, com o passar dos anos, as estruturas ampliadas podem ficar pequenas e as próteses valvares (geralmente biológicas) se deterioram com o tempo. Então, uma parte dessas pessoas precisa de acompanhamento. Muitas vezes, de novos procedimentos, por cirurgia aberta ou por cateterismo cardíaco”. – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389)
Adultos que recém são diagnosticados geralmente precisam ser tratados, mesmo que a lesão seja leve. Isso porque, pela quantidade de anos que ficou sem tratamento, quando começam os sintomas das cardiopatias congênitas no adulto, já pode haver uma deterioração do pulmão e de outros órgãos.
Quais são os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas?
Os tipos mais frequentes de cardiopatias congênitas incluem:
- alterações nas válvulas cardíacas, com estreitamentos ou vazamentos;
- alterações nas paredes entre átrios e ventrículos, provocando a mistura do sangue;
- anormalidades no músculo, como má formação dos ventrículos.
Além disso, pode haver também uma combinação destes problemas. Porém, entre as cardiopatias congênitas, a mais frequente é a Comunicação Interatrial. Trata-se de um defeito na parede que separa o átrio direito e átrio esquerdo. A CIA, como é popularmente conhecida, representa cerca de 40% dos casos tratados. Pode ser corrigida por cirurgia ou por via percutânea. Neste último, através de cateterismo e colocação de um dispositivo para corrigir o problema.
Outro tipo frequente é a comunicação interventricular, ou seja, entre os ventrículos. Representa cerca de 15% das cardiopatias congênitas. Alguns casos podem ser tratados por cateterismo, mas o mais comum é que necessitem de cirurgia.
Já o estreitamento da aorta geralmente requer tratamento quando criança e, comumente, precisa de uma nova abordagem quando adulto. Atualmente, existem dispositivos que podem ser introduzidos via percutânea (por uma artéria da perna), sem necessidade de uma cirurgia cardíaca aberta.
Os procedimentos mais realizados relacionados às cardiopatias congênitas no adulto são as trocas de valvas cardíacas. Com o passar dos anos e o crescimento do paciente, as próteses ficam pequenas ou se deterioram. Assim, demandam nova intervenção.
“Outros procedimentos comuns são o fechamento de CIA ou CIV e a correção de problemas na saída do coração para os vasos da aorta ou para a artéria pulmonar. Seguindo o crescimento do paciente, a correção realizada quando criança pode começar a calcificar e estreitar, necessitando de nova abordagem. Além disso, algumas cardiopatias congênitas precisam ser corrigidas em etapas. Por isso, podem ser necessários procedimentos quando criança e, posteriormente, na vida adulta.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
As cardiopatias congênitas no adulto limitam as atividades físicas?
Cardiopatias congênitas nos adultos, como as comunicações interatriais (CIA) e interventriculares (CIV), por exemplo, se tratadas precocemente, não trazem muitos problemas para se ter uma vida normal, com prática de exercícios físicos.
O problema com o tratamento tardio é que o coração e os pulmões podem estar tão afetados que, mesmo tratada a cardiopatia, ainda persista uma limitação. Por isso, é importante acompanhar com o cardiologista periodicamente.
Avanços da Medicina para o Tratamento da Cardiopatia Congênita
Existem muitos avanços na Medicina para o tratamento das cardiopatias congênitas, Inclusive, novos medicamentos que melhoram a função do coração. Além disso, há os procedimentos endovasculares, que permitem o implante de próteses valvares no coração e stents nas artérias em procedimentos menos invasivos do que uma cirurgia cardiovascular aberta.
“Nos últimos 10 anos, foi dado um salto muito grande nas técnicas cirúrgicas. Assim, próteses valvares que tinham uma vida útil de seis a oito anos, hoje duram de 25 a 30 anos. Além disso, existem próteses que podem ser inseridas por mini incisão e cujo tempo de colocação é mais rápido. Tudo isso colabora para uma rápida recuperação do paciente.” – Dr. Luis Enrique Vargas Portugal (CRM-SC 11295/RQE 5389).
Há também um grupo crescente de pacientes que precisa de uma assistência à função do coração. Nesses casos, podem ser utilizadas bombas mecânicas externas ou internas. Esses dispositivos são conhecidos como assistência ventricular ou “coração artificial”. São um importante avanço da Medicina, principalmente para aqueles pacientes não elegíveis para transplante cardíaco.
A maioria desses tratamentos pode ser realizada por cirurgiões cardiovasculares. Inclusive, a assistência ventricular, tanto para o ventrículo direito quando para o esquerdo. Tudo isso resultou numa melhoria muito grande na qualidade de vida das pessoas com cardiopatias congênitas e no tratamento das cardiopatias congênitas no adulto.
Para saber mais sobre cardiopatias congênitas, listamos abaixo outros posts aqui do blog:
Esperamos que aproveite a leitura sobre cardiopatias congênitas!
por Equipe Seu Cardio | Blog, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia em Idoso, Doenças do Coração, Válvulas
A cirurgia para o tratamento dos problemas na valva mitral consiste em dois tipos. Há as trocas valvares e a cirurgia de reparo da valva. Essa última, chamada plastia valvar, vem ganhando grande importância na área médica.
As doenças crônicas que acometem a valva mitral dividem-se em dois grandes grupos. Em um, estão as doenças degenerativas da valva, cujo tratamento principal é a plastia. No outro, estão as doenças relacionadas às consequências das lesões causadas na valva pela doença reumática.
A doença reumática, quando acomete as valvas cardíacas, costuma comprometer pacientes mais jovens. Normalmente, não é possível a realização da plastia nesses casos. Principalmente, devido à calcificação da valva, às vezes associada a severas retrações. Por isso, para os problemas na valva mitral relacionados às doenças reumáticas, a indicação mais frequente é a troca valvar por uma prótese.
Por que a plastia mitral tem um resultado ruim nas sequelas da doença reumática? A seguir, Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893), cirurgião Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital SOS Cárdio, esclarece essa questão.
Plastia da Valva Mitral
A plastia nada mais é do que um reparo na valva mitral que estava doente. Esse reparo pode ser feito de algumas maneiras. Uma opção é corrigir o tecido degenerado dessa valva.
“A valva mitral tem determinadas estruturas que se assemelham às cordas de paraquedas. Elas podem ser encurtadas, alongadas ou substituídas quando o problema da valva mitral se relaciona a um defeito dessas cordas”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Normalmente, na cirurgia de plastia, após a correção dos problemas da valva mitral, é colocado um anel em torno dela. O objetivo desse procedimento é elevar a durabilidade da plastia. Esse anel não deteriora, como ocorre com as próteses biológicas. Além disso, dispensa o uso de anticoagulantes após a cirurgia.
A plastia valvar é o principal tratamento para os casos de insuficiência mitral degenerativa. As técnicas aplicadas no procedimento cirúrgico são definidas de acordo com o problema que está comprometendo o bom funcionamento da valva mitral.
Neste post com vídeo aqui, Dr. Sergio aborda os aspectos cirúrgicos da plastia da valva mitral.
Prótese Valvar Mitral
Quando não é possível fazer a plastia para a correção dos problemas na valva mitral, a alternativa é realizar a colocação de uma prótese valvar. Essa prótese pode ser tanto biológica quanto mecância.
Próteses Valvares Biológicas em Posição Mitral
A grande diferença das próteses biológicas para a troca da valva mitral em relação à troca da valva aórtica é a durabilidade. As próteses biológicas duram menos na posição mitral. Isso se deve ao fato de a valva mitral trabalhar com maior pressão do que a valva aórtica, no seu regime de fechamento. Em razão disso, o processo degenerativo, comum das próteses biológicas usadas na posição mitral, é mais acelerado.
No entanto, apesar da duração menor, as próteses biológicas em posição mitral obedecem ao padrão de funcionamento da valva em posição aórtica. Assim, quanto mais idoso o paciente, mais lento é o processo degenerativo. Por essa razão, o recomendado para pacientes de maior idade é a utilização de próteses biológicas em posição mitral.
Próteses Valvares Mecânicas em Posição Mitral
Já os pacientes para os quais é orientado o uso de próteses mecânicas em posição mitral é necessário um cuidado maior com a questão do uso de anticoagulante devido ao risco de trombose. O risco de trombose em posição mitral é maior que o risco em posição aórtica.
“Essas questões relacionados à troca de valva mitral, ou seja, uma durabilidade menor das próteses biológicas em posição mitral, quando comparadas com as próteses aórticas, e a exigência de um controle maior com anticoagulação para as próteses mecânicas, quando comparadas com a prótese aórtica, fazem da doença valvar mitral uma doença que requer muito mais critério na tentativa de se buscar a plastia e conservação da valva nativa do paciente. Por isso, as técnicas de plastia vem se desenvolvendo cada vez mais. Atualmente, há uma tentativa de se retardar ou evitar ao máximo a colocação de uma prótese mitral”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Os avanços da Medicina são necessários especialmente quando o paciente é jovem. A razão disso é outra questão abordada a seguir.
Problemas na Valva Mitral em Pacientes Jovens
Quanto mais jovem o paciente com doença valvar mitral, mais complexa é a questão. Afinal, caso necessite de uma prótese, a durabilidade não será longa se a prótese for biológica. Por outro lado, sendo a prótese mecânica, há a necessidade do uso do anticoagulante por toda a vida, que no caso específico do paciente jovem representa um longo período.
Conforme já foi mencionado anteriormente, o paciente jovem com problemas na valva mitral geralmente é o que apresenta doença reumática. Sendo assim, é o perfil de paciente em que a plastia dificilmente servirá para solucionar o problema.
Por esta razão, a indicação médica é para que seja feito o controle rigoroso das infecções de garganta nas crianças, já que essas infecções são os principais desencadeadores da doença reumática.
“A sugestão para os pais é para que sempre discutam com os pediatras a respeito desse cuidado”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)
Também é importante que todo paciente que vai se submeter a uma cirurgia cardíaca receba as orientações adequadamente. Aqui em nosso site dispomos de muitos ebooks gratuitos. Especialmente no caso das cirurgias para tratamento de problemas na valva mitral e aórtica, recomendamos a leitura do ebook Valvas Cardíacas: tudo o que você precisa saber. Este e outros materiais estão disponíveis a todos os pacientes e seus familiares, gratuitamente.
*Artigo produzido com base em entrevista com o cirurgião cardiovascular Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370 RQE 5893) e publicado originalmente em https://soscardio.com.br/valva-mitral-plastia-troca/.
por Equipe Seu Cardio | Blog, Coronária, Doenças do Coração, Fatores de Risco e Prevenção
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres de 30 a 69 anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, sendo responsável por maior número de mortes do que o câncer. O infarto é segunda doença responsável por essas mortes e o acidente vascular cerebral é a primeira. Estima-se que o risco de morte por infarto em mulheres é 50% maior do que nos homens.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres adultas estão propensas a desenvolver doenças cardiovasculares. A combinação cigarro e uso da pílula é um dos fatores de risco que contribuem para esse dado alarmante.
Risco maior de infarto em mulheres fumantes e que usam pílula
O infarto do miocárdio ocorre quando há obstrução das artérias coronárias, impedindo que o sangue chegue até o músculo cardíaco. Os fatores de risco que podem levar à formação de placas e obstrução das artérias são:
Nas mulheres, o risco de infarto é duas vezes maior quando a mulher é fumante e usa pílula anticoncepcional. A combinação cigarros e pílula aumenta significativamente o risco de formar coágulos no interior das artérias e veias. Da mesma forma, é importante lembrar que a fumante passiva também apresenta maior risco cardiovascular.
O cardiologista Jamil Schneider alerta que essa combinação é muito perigosa, principalmente nas mulheres que já possuem um risco cardíaco pré-existente.
“Mulheres hipertensas e diabéticas, por exemplo, já possuem condições que por si só já aumentam o risco de infarto. Esses dois fatores, quando associados ao cigarro e à pílula anticoncepcional. acabam aumentando ainda mais esse risco” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista em Florianópolis/SC.
De acordo com a OMS, o infarto do miocárdio é mais fatal nas mulheres do que nos homens. Além disso, os sintomas também são diferentes nas mulheres. Enquanto que nos homens prevalece uma forte dor no peito que irradia para os braços, elas costumam sentir náusea, fraqueza, dores gástricas e falta de ar. Sintomas que podem facilmente ser confundidos com outras doenças.
Trombose, Embolia Pulmonar e AVC
Além do risco de infarto em mulheres fumantes que usam anticoncepcional ser maior, são maiores também os riscos de outros graves problemas de saúde.
A trombose venosa é um deles, que ocorre quando há formação de coágulos nas veias das pernas e do abdômen. Esse quadro pode evoluir para embolia pulmonar, quando o coágulo de desloca até os pulmões. Trata-se de uma condição de saúde que requer atendimento imediato.
“A mulher fumante tem um risco maior de doenças nas artérias das pernas, que ficam mais propensas à formação de placas de gordura. Em última análise, levarão à obstrução dessas artérias, dificultando a chegada de sangue para os membros inferiores. Além disso, aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC).” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista em Florianópolis/SC.
Prevenção é o melhor remédio
De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Cultivar hábitos de vida saudáveis, com alimentação adequada, prática de atividades físicas regulares e, também, visitar o médico cardiologista regularmente, são atitudes que podem minimizar os riscos.
Já para as mulheres em idade fértil que fazem uso da pílula como método contraceptivo – e ainda são fumantes – fica o alerta. Afinal, o risco de infarto em mulheres nessa situação é maior. Assim, uma conversa franca com o médico de confiança pode ser útil para decidir por qual caminho seguir. A recomendação é especialmente importante para as mulheres que já têm outros fatores de risco associados. Além disso, parar de fumar é sempre uma boa opção para a saúde.
*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.
por Equipe Seu Cardio | Aorta, Blog, Cirurgia Cardíaca, Congênito, Doenças do Coração, Válvulas
A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária rara do tecido conjuntivo. Ela atinge uma em cada 3 a 5 mil indivíduos. Os dados são da Associação Marfan Brasil, fundação criada para conscientização e estudos sobre a doença. No Brasil, estima-se cerca de 150 mil casos por ano.
O coração, os olhos, os ossos e os vasos sanguíneos são os órgãos que podem ser acometidos pela síndrome. Também pode ocorrer envolvimento dos pulmões, pele e sistema nervoso central. Uma característica comum entre os portadores da doença é que todos são altos, magros, com braços, pernas e dedos dos pés e das mãos longos.
O tecido conjuntivo é uma estrutura resistente e normalmente fibrosa, que une as estruturas e oferece sustentação e elasticidade ao corpo. Na Síndrome de Marfan, ocorre uma mutação na fibrilina, proteína que auxilia o tecido conjuntivo a manter a sua força. Origina-se, assim, o enfraquecimento do tecido conjuntivo.
É comum que as pessoas com Síndrome de Marfan só venham a apresentar sintomas na vida adulta. Muitas delas, nunca percebem os sintomas, que podem variar de leves a graves.
Problemas Cardiovasculares da Síndrome de Marfan
A dilatação da raiz da aorta (início da aorta), levando à formação de aneurisma, dissecção e insuficiência da valva aórtica, é a principal causa de morbidade e mortalidade nesta síndrome.
“Uma complicação muito grave é a dissecção aórtica. Se não for tratada de forma adequada, pode levar à morte em poucas horas.” – esclarece o cardiologista Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874).
Aproximadamente 60-80% dos adultos com Síndrome de Marfan apresentam dilatação da raiz da aorta.
Além disso, pode ocorrer também uma insuficiência da valva aórtica, que fica localizada na saída do coração. Ela se abre para o sangue sair do coração e se fecha para evitar que o sangue retorne. Com a aorta dilatada, o anel da válvula aórtica também se dilata. Assim,a válvula não consegue se fechar adequadamente. Isso pode levar a um refluxo de sangue da aorta para dentro do coração.
“O tipo de tratamento depende da gravidade do problema que o portador da Síndrome de Marfan apresenta. Em geral, se o paciente tem uma dilatação da aorta que ainda não atingiu um limite importante, segue apenas acompanhando com seu cardiologista. Quando o aneurisma já passou de um determinado tamanho, precisa ser corrigido, porque o risco de romper é maior. Ou, se tem uma insuficiência da válvula aórtica e está voltando sangue em grande quantidade para o coração, também é necessária uma intervenção para a correção do problema.” – Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874), cardiologista.
Olhos, Pulmões e Ossos
A Síndrome de Marfan também provoca uma alteração no cristalino do globo ocular. O deslocamento do cristalino causa uma miopia muito forte. Além disso, a retina também pode se deslocar. Essas duas situações, quando associadas, podem causar a perda da visão.
Nos pulmões, pode surgir o aparecimento de cistos. Essas estruturas podem se romper e encher de ar os espaços em volta do pulmão, causando dor e falta de ar.
No entanto, as alterações musculoesqueléticas da Síndrome de Marfan são as mais visíveis. São pessoas muito altas e magras, com os braços, pernas e dedos das mãos e dos pés longos. O esterno, osso do tórax, geralmente afunda ou se sobressai. Como as articulações são muito flexíveis, pode ocorrer uma curvatura na coluna vertebral (cifoescoliose), bem como o surgimento de hérnias.
Convivendo com a Síndrome de Marfan
A Síndrome de Marfan não tem cura, pois não existe ainda uma maneira de reparar as anomalias do tecido conjuntivo. Dessa forma, o principal objetivo do tratamento das doenças decorrentes da síndrome é prevenir e tratar o surgimento de complicações mais graves. Entre elas, estão os problemas cardiovasculares. Por isso, é importante estar atento aos sintomas e procurar ajuda médica. Em alguns pacientes há necessidade de cirurgia para corrigir os problemas que acometem a aorta.
Informação de qualidade é de grande valia para os portadores da Síndrome de Marfan e seus familiares. Por se tratar de uma doença hereditária, buscar aconselhamento genético pode ajudar a esclarecer sobre sintomas, complicações e tratamentos. É importante avaliar se os demais parentes de primeiro grau são portadores desta síndrome para avaliar possíveis alterações que possam trazer complicações futuras.
É muito importante manter a pressão arterial dentro de níveis da normalidade para tentar prevenir uma maior dilatação da aorta. Quanto às atividades físicas, é importante o aconselhamento médico para avaliar o tipo e intensidade indicados.
Para as mulheres portadoras da Síndrome de Marfan que desejam engravidar, em algumas ocasiões, a cirurgia para correção dos problemas que envolvem a aorta é necessária. A medida visa evitar futuras complicações que podem ocorrer durante o período gestacional.
*Dr. Jamil Cherem Schneider (CRM-SC 3151 / RQE 2874) é Cardiologista Clínico e Professor de Cardiologia da UNISUL. Com mais de 30 anos de atuação em Cardiologia, atua nas clínicas Hemocordis e Prevencordis e no Hospital SOS Cárdio, todos em Florianópolis/SC.