12 Dúvidas comuns no pós-operatório de cirurgia cardíaca

12 Dúvidas comuns no pós-operatório de cirurgia cardíaca

Cirurgias cardíacas são eventos importantes na vida de qualquer pessoa. Exigem preparação, cuidados e recursos especializados.  No entanto, para obter sucesso, o pós-operatório é fundamental. E é nessa fase que os pacientes costumam apresentar o maior número de dúvidas – especialmente com relação aos procedimentos básicos do dia a dia.

Para ajudar você a retornar à vida normal de forma tranquila e segura, selecionamos algumas das principais dúvidas dos pacientes no pós-operatório da cirurgia cardíaca. São informações relevantes, que podem lhe orientar nessa fase crucial, mas que não substituem a orientação do seu próprio médico.     

 

1 – Por que sinto dor no meu pós-operatório?

As cirurgias cardíacas costumam ser de grande porte e longa duração. Devido à incisão da pele, abertura do osso esterno e colocação de drenos, os músculos da região torácica ficam bastante sensíveis. Por isso, no pós-operatório, é importante que o paciente relate as dores que sente, para que sejam avaliadas o quanto antes. Assim, a sua recuperação pode ser mais tranquila. A fisioterapia respiratória e motora bem executada nessa fase é fundamental, além do uso de analgésicos.

 

2 – Por que minhas pernas ficam inchadas depois da cirurgia?

Trata-se de um sintoma bastante comum. Acontece principalmente nos pacientes que se submetem à revascularização miocárdica com a utilização de veia safena. O inchaço nas pernas costuma ser provocado pela manipulação de vasos linfáticos durante o procedimento. Por isso, orientamos os pacientes para a movimentação precoce e, quando estiverem sentados, para manter as pernas elevadas. Esse edema pode perdurar por mais de um mês. Ressalta-se que o acompanhamento clínico é importante. O uso de meias elásticas também pode ajudar na diminuição do inchaço.

 

3- Por que não posso dormir de lado após a cirurgia cardíaca?

Na maior parte das vezes, a cirurgia cardíaca é feita por esternotomia (“abertura do peito”) mediana. São utilizados fios de aço para fechamento / aproximação do osso Esterno. Assim, recomenda-se que, no pós-operatório, o paciente durma “de barriga para cima” por, aproximadamente, 60 dias. Esse é o tempo necessário para que haja a formação do calo ósseo. Dormindo de lado, o paciente corre o risco de sofrer com o que chamamos de cavalgadura do osso, que poderá ocasionar dor e desconforto.

 

4 – Posso fazer as unhas e pintar o cabelo logo após a alta hospitalar?

Recomende-se que os pacientes esperem 15 dias após a cirurgia cardíaca para pintar/tonalizar os cabelos e fazer a retirada das cutículas das unhas. No entanto, é fundamental utilizar os seus próprios materiais (alicates, tesouras, lixas, etc). Vale ressaltar que eles devem estar devidamente esterilizados, para evitar infecções no pós-operatório. No caso das unhas em gel, além de utilizar material devidamente esterilizado, é imprescindível que as unhas estejam sem processo inflamatório (infeccioso) ou com fungos.

 

5- Posso usar filtro solar na cicatriz?

Os pacientes devem evitar a exposição ao sol nos primeiros 90 dias após a cirurgia. Se a cicatriz evoluir bem, sem nenhum sinal de infecção na ferida operatória (incisão), é possível usar protetor solar após 30 dias.

 

6- Quando posso voltar a subir escadas, limpar a casa ou cuidar do jardim?

As primeiras atividades físicas já começam a ser feitas no pós-operatório imediato, ainda na UTI, quando o fisioterapeuta inicia a reabilitação respiratória e motora. Após a alta da UTI, andar/caminhar é muito importante para evitar complicações, como o tromboembolismo e os problemas respiratórios. Esse tipo de atividade também auxilia na recuperação do trânsito intestinal. As caminhadas progressivas são recomendadas e o incremento de tempo deve ser individualizado.

Em geral, no retorno para casa após a cirurgia cardíaca você já pode subir escadas. Apenas cuide para não fazer demasiado esforço. Com relação às demais atividades cotidianas, como limpar a casa e cuidar do jardim, é recomendado que sejam retomadas apenas após 30 dias da sua cirurgia, sempre gradativamente.

 

7- Em quanto tempo posso voltar a fazer atividade física?

Para os praticantes de esportes, em geral, é possível retomar gradativamente a prática esportiva a partir de 2 meses. No entanto, é fundamental perguntar ao seu Cardiologista Clínico sobre a recomendação específica para o seu caso.

 

8- Constipação após a cirurgia cardíaca é normal?

Sim, essa é uma queixa bastante comum e vários fatores podem levar à constipação intestinal. O jejum para a cirurgia, a anestesia e o fato de o paciente ficar um tempo maior deitado no pós-operatório são alguns exemplos. Para isso, recomenda-se andar/caminhar (já falamos acima), bem como uma dieta rica em fibras e líquidos. Vale salientar que o profissional nutricionista também faz parte da equipe multidisciplinar da cirurgia cardíaca e sua orientação é bem importante.

 

9- A partir de quando posso voltar a ter relações sexuais?

Geralmente, os pacientes que conseguem subir pelo menos 2 lances de escadas sem dificuldades já possuem condições de retomar a atividade sexual após a cirurgia cardíaca, mas de forma leve a moderada. Em média, são necessárias de 6 a 8 semanas para que isso aconteça. No entanto, pacientes que fazem reabilitação física tendem a ser liberados antes. Para evitar problemas com a cicatriz, o ideal é que o paciente adote uma postura mais passiva e evitar movimentos bruscos e excessivos com os braços e com o tórax. Saiba mais neste post aqui.

 

10- A ponte de safena tem validade?

A validade da “ponte de safena”, seja com uso de artéria mamária, radial ou veia safena, está diretamente relacionada aos hábitos do paciente. Afinal, a necessidade da cirurgia de revascularização do miocárdio é gerada pela doença ateromatosa, que precisa de tratamento a longo prazo. Assim, a adoção de hábitos saudáveis pode aumentar a longevidade das pontes. Entre eles, o controle adequado dos níveis de colesterol, de glicemia (principalmente nos pacientes diabéticos) e parar de fumar (para os pacientes que fumavam antes da cirurgia). Saiba mais neste post.

 

11- Depois de quantos dias da cirurgia cardíaca posso voltar a dirigir?

Na maioria das cirurgias cardiovasculares é realizada uma incisão no osso Esterno, que fica na região central do tórax. Assim, após a cirurgia, o Esterno ainda está em cicatrização e movimentos bruscos podem causar uma dor importante. Por reflexo, uma dor forte pode fazer você largar as mãos do volante e bater o carro. Além disso, seus reflexos podem estar prejudicados pela medicação. Assim, recomenda-se voltar a dirigir apenas 2 meses após a sua cirurgia cardíaca.

 

12- Depois da cirurgia cardíaca posso voltar a beber vinho, cerveja e/ou destilados?

Normalmente, recomenda-se que a ingestão de bebidas alcoólicas não seja realizada nos primeiros 15 dias após a alta hospitalar. Após este período, converse com seu Cardiologista Clínico para que ele lhe oriente sobre a frequência e quantidade de bebidas alcoólicas que você poderá ingerir sem causar impacto nas medicações que está usando.

 

Para saber mais sobre o pós-operatório da cirurgia cardíaca, acesse a cartilha gratuita aqui.

 

*Post originalmente publicado em set/2018 e atualizado em set/2021.

 

Pós-Operatório da Cirurgia Cardíaca

Cicatrização da Ferida Operatória após Cirurgia Cardíaca

Cicatrização da Ferida Operatória após Cirurgia Cardíaca

Muitos pacientes ficam preocupados diante da vermelhidão nos pontos da cirurgia cardíaca. Essa condição pode acontecer no processo de cicatrização da ferida operatória. Já falamos aqui no blog da equipe Seu Cardio sobre a importância da correta higienização da ferida. Agora, vamos explicar como é o processo de cicatrização e sinais que podem indicar atenção.

Processo de Cicatrização da Ferida Operatória

As incisões realizadas na sua cirurgia passarão por diversos estágios de cicatrização. Depois da leve dor inicial no local, a ferida poderá formigar, coçar ou ficar dormente, na medida em que a cicatrização progredir. É comum sentir dormência no lado do tórax, sobre a região mamária, se você foi submetido a uma cirurgia de revascularização do miocárdio com utilização das artérias mamárias. Esta dormência tem durabilidade e intensidade variáveis, mas costuma desaparecer logo.

As lesões operatórias devem ser mantidas sem curativo. A fim de contribuir para a cicatrização, a higiene da pele e das incisões cirúrgicas deverá ser realizada diariamente, com água e sabonete antisséptico. Não retire qualquer crosta, porque ela protege os novos e delicados tecidos em crescimento.

Em linhas gerais, o processo de cicatrização da ferida operatória pode ser divido em três fases. São elas:

1. Fase inflamatória:

É caracterizada pela presença de secreção. Esta fase pode durar de 1 a 4 dias, a depender da extensão da área a ser cicatrizada e da natureza da lesão. Neste período, a ferida pode apresentar edema (inchaço), dor e vermelhidão.

2. Fase proliferativa – regenerativa:

Esta etapa da cicatrização da ferida operatória pode durar entre 5 e 20 dias. Caracteriza-se pela proliferação de fibroblastos, sob a ação de citocinas, dando origem a um processo chamado de fibroplasia. Ao mesmo tempo, ocorre a proliferação de células endoteliais, com formação de rica vascularização (angiogênese), infiltração de macrófagos, formando o tecido de granulação.

3. Fase de reparo:

É a fase de maturação, iniciando-se no 21o dia e podendo durar meses. Nesta fase, há uma maturação das fibras colágenas e uma remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. Além disso, há um aumento da resistência do tecido, diminuindo-se a espessura da cicatriz e reduzindo-se a sua deformidade. Durante este período, a cicatriz, progressivamente, altera a sua tonalidade, passando do vermelho escuro à rosa claro.

Fatores que interferem na cicatrização

O processo de cicatrização da ferida operatória pode variar bastante de uma pessoa para outra. Em geral, essa variação decorre de fatores locais, referentes às características da própria ferida, e sistêmicos, referentes às condições de saúde de cada um. Veja abaixo:

Fatores relacionados diretamente à ferida:

  • Características: dimensão e profundidade da lesão; presença de secreção, hematomas, edemas e corpos estranhos.
  • Cuidados adotados: higienização da ferida, material e curativos utilizados.
  • Isquemia tecidual: falta de oxigenação local, que dificulta a chegada de células inflamatórias à zona lesada, diminuindo-se a proliferação dos fibroblastos e a síntese de colágeno.
  • Infecção local: quando o processo de cicatrização é retardado por conta de contaminação bacteriana.

Fatores sistêmicos:

  • Idade: a idade avançada diminui a resposta inflamatória.
  • Estado nutricional: interfere em todas as fases da cicatrização, resultando na sua demora e podendo levar a deiscência de suturas.
  • Doenças crônicas: doenças metabólicas sistêmicas, diabetes mellitus.
  • Tratamento tópico inadequado.

Como acelerar a cicatrização da ferida operatória?

Em linhas gerais, algumas ações podem contribuir para acelerar o processo de cicatrização da ferida operatória. Entre eles, podemos citar: realizar a correta higienização da ferida, manter o organismo bem hidratado e uma dieta equilibrada, com adequada quantidade de proteínas, gorduras e carboidratos. 

Por isso, recomenda-se que os pacientes que passam por uma cirurgia cardíaca sejam acompanhados por uma equipe multidisciplinar. O cuidado integrado e global auxilia na orientação e acelera a recuperação dos pacientes.

Quando o paciente apresenta secreção purulenta, febre ou outros sinais diferentes do que os apresentados acima, é importante consultar o cirurgião para orientação médica.

 

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Marcapasso e Atividade Física: há restrições?

Marcapasso e Atividade Física: há restrições?

A relação entre marcapasso e atividade física é uma dúvida bastante comum entre os pacientes. No entanto, este dispositivo cardíaco não limita a vida e, tão pouco, a realização de atividades comuns. 

Marcapassos e Ressincronizadores

Os marcapassos são indicados para o tratamento de problemas de ritmo do coração, tanto as alterações que aceleram o coração (taquiarritmias), quanto aquelas que diminuem a frequência cardíaca (bradiarritmias). Em alguns casos, tais problemas podem gerar, inclusive, uma parada cardíaca. Além disso, os marcapassos podem ser indicados para melhorar a contratilidade do coração – são os chamados ressincronizadores.

De acordo com o Registro Brasileiro de Marcapassos, Desfibriladores e Ressincronizadores Cardíacos (RBM), até 2013, quando completou 20 anos de existência, foram registradas 243.073 cirurgias para colocação ou troca de marcapasso. Destas, 173.621 foram implantes e 69.452 destinaram-se a trocas de geradores. 

Possuir um marcapasso não significa ter uma vida restrita. O marcapasso não altera muito os hábitos e o cotidiano do seu portador.

 “Dependendo do estilo de vida, da saúde e do tipo de problema cardíaco que levou à necessidade de implantar um marcapasso, é possível que uma ou outra atividade talvez mude. No entanto, muito mais por imposição da doença do que pelo dispositivo em si. Mesmo assim, as mudanças que porventura existam não costumam ser extremas.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893).

Marcapasso e Atividade física

Quem usa marcapasso pode praticar atividade física? Em linhas gerais, sim. A realização de atividade física não é limitada pelo uso do marcapasso. No entanto, pode ser limitada pela condição de saúde do seu portador. Nesses casos, deve ser analisada caso a caso.

Há pacientes que praticam esportes, como tênis, por exemplo. Nessas situações, o que se sugere é mudar o lado do implante do marcapasso. Quem é canhoto e vai praticar uma atividade manual mais intensa, pode ter seu marcapasso implantado à direita, e vice-versa. Da mesma forma, jogar bola é permitido, mas com o cuidado de não levar um impacto na região do implante de marcapasso. Assim, é possível manter uma vida ativa e os hábitos esportivos mesmo depois do implante. 

Para quem tem um CDI – Cárdio-desfibrilador Implantável, o risco de morte súbita é reduzido. Isso porque o dispositivo oferece a possibilidade de tratamento, além da função de marcapasso convencional. Os CDIs podem rever arritmias que tem o potencial de parada cardíaca, como também reverter a parada cardíaca por fibrilação ventricular. 

“Por isso, nos casos de CDIs, é importante avaliar com o Cardiologista Clínico eventuais restrições impostas pela doença em si, e não pelo aparelho. Atividades comuns, como dirigir, por exemplo, podem ter uma consequência grave se houver uma parada cardíaca – ou um choque do dispositivo para revertê-la. Porém, outras atividades corriqueiras poderão ser desempenhadas com mais segurança do que sem o CDI.” – Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM-SC 4370/RQE 5893), cirurgião cardiovascular chefe da equipe Seu Cardio, em Florianópolis/SC.

Mais Informações sobre Marcapassos

Em linhas gerais, portar um marcapasso ou um CDI não restringe a vida de ninguém. As restrições são, na verdade, impostas pela doença cardíaca, e não pelos dispositivos. Em um outro post, abordamos vários questionamentos comuns relacionados a esse tema. Acesse o post Mitos e Verdades sobre Marcapassos e leia sobre aspectos do cotidiano. Nele, abordamos dúvidas sobre relação como microondas, portas detectoras de metais, uso de aparelho celular, entre outras. 

No Brasil, de acordo com o Censo de Marcapasso e Desfibriladores, são implantados 190 marcapassos, por milhão de habitantes. Ainda que esteja abaixo de países vizinhos como Argentina, que implanta 380 marcapassos por milhão de habitantes e o Uruguai 587, o Brasil têm evoluído bastante. A criação do Dia do Portador de Marcapasso, comemorado no dia 23 de setembro, tem contribuído para a conscientização entre portadores e familiares.  

Para saber quais são as principais orientações sobre marcapassos, faça o download gratuito da nossa cartilha Marcapassos: orientações aos pacientes:

Arritmia Cardíaca: quando é necessário um CDI ou Marcapasso?

Arritmia Cardíaca: quando é necessário um CDI ou Marcapasso?

As arritmias cardíacas são bastante frequentes na população brasileira. Estima-se que um a cada 10 brasileiros sofra com algum tipo de descompasso do coração. Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a doença é responsável por 320 mil mortes súbitas no Brasil. 

Neste post, vamos procurar esclarecer a relação entre taquicardia, arritmia cardíaca e a necessidade de implante de marcapasso ou CDI. Quando a taquicardia deve ser investigada? Quando a taquicardia pode ser uma arritmia cardíaca que requer tratamento? Em quais casos é indicado o implante de um marcapasso ou desfibrilador – CDI? Confira essas e outras informações a seguir.

Taquicardia é um problema cardíaco?

Taquicardia é o termo utilizado para frequência cardíaca aumentada, não necessariamente uma arritmia cardíaca. Ou seja, um corredor chega ao final de uma prova taquicárdico. Da mesma forma, uma pessoa que toma muito estimulantes pode ficar taquicárdica. Assim, não necessariamente é uma arritmia, mas apenas o aumento da frequência cardíaca.

A percepção do paciente com taquicardia pode ser a de uma pulsação rápida, palpitação ou mesmo frequência cardíaca acima do normal, aferida em rotina ambulatorial. 

Contudo, se a pessoa costuma ter taquicardia com frequência, é importante realizar uma investigação médica. Afinal, pode ser a manifestação clínica de alguma doença, tanto do coração quanto de doença sistêmica.

Como é realizada a avaliação de arritmia cardíaca?

No caso de arritmia cardíaca, é importante a investigação cardiológica. Nela, são contemplados alguns exames, a começar pelo eletrocardiograma, que mostrará o ritmo de base. Como o eletrocardiograma avalia um período curto da frequência cardíaca, outros exames podem ser necessários. Entre eles, o Holter, que avalia a frequência cardíaca durante um período 24 horas. 

“Seria como comparar uma fotografia (resultado do eletrocardiograma) a um filme (resultado do Holter). Tais exames permitem o diagnóstico correto sobre o tipo de distúrbio de ritmo do coração. Dessa forma, é possível diagnosticar se há ou não uma arritmia mais grave.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327), cirurgião cardiovascular.

A investigação segue com a realização de exames rotineiros e de uma avaliação cardiológica aprofundada, que considere a história do paciente e seu exame físico. O tratamento final depende não só do tipo de arritmia cardíaca, mas também da sua causa e de possível doença cardíaca associada.

Tratamentos da Arritmia Cardíaca e CDI

Há vários tipos de tratamentos para a arritmia cardíaca de frequência alta. Entre eles, o mais simples é o uso de medicamentos que controlam a frequência cardíaca ou previnem o desencadeamento da arritmia. 

Nos casos mais graves, pode ser necessário o mapeamento da arritmia através de estudos invasivos e do isolamento do foco da arritmia. Essa abordagem pode ser realizada por meio de cateter ou, até mesmo, de uma cirurgia cardíaca, como a revascularização do miocárdio.

Em outros casos, onde há risco de morte pela arritmia cardíaca, é implantado o chamado CDI – cardioversor e desfibrilador implantável. Este aparelho tem a finalidade de monitorar o coração continuamente, detectar as possíveis arritmias e tratá-las de forma adequada. 

“Caso o coração diminua muito a frequência cardíaca, o CDI funcionará como um marcapasso. Em caso de uma arritmia cardíaca que seria fatal, o CDI aplica algumas terapias, ou mesmo um choque, para resgatar o ritmo cardíaco do paciente.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).

O CDI é indicado para pessoas que passaram pela terrível experiência de uma parada cardíaca por arritmia e foram recuperadas. Além disso, é também indicado para pacientes que não são passíveis de tratamento efetivo e controle da arritmia de base. Uma vez desencadeada esta arritmia cardíaca, a única forma de tratamento (longe do auxílio médico) é através do CDI.

O Funcionamento do CDI

Os CDIs têm uma longevidade média de 5 a 12 anos. No entanto, os portadores de CDIs devem realizar um acompanhamento médico trimestral ou semestral para avaliar a integridade do sistema e a evolução clínica da sua saúde.

Os CDIs registram o ritmo cardíaco. Assim, se houver algum tipo de arritmia cardíaca, o médico consegue identificá-la. No acompanhamento periódico, o médico também avalia o desempenho do aparelho – se aplicou alguma terapia, que não necessariamente é um choque, ou se foi necessário o choque.

Nas avaliações, o médico realiza, ainda, eventuais ajustes no CDI. A programação do aparelho é feita individualmente para cada paciente e desfecho clínico, podendo ser mudada a cada consulta.

No caso de troca de CDI, substitui-se o aparelho todo. Os eletrodos colocados na primeira vez, se estiverem em boas condições, são mantidos. Geralmente, na ocasião, aproveita-se para trocar por um aparelho mais moderno, com bateria mais durável e melhores recursos. Dessa forma, beneficiando o portador do dispositivo.

Arritmia Cardíaca e Marcapasso

O marcapasso procura ajustar o ritmo do coração. O marcapasso simples é usado para o caso das bradiarritmias (perda do ritmo com frequência cardíaca baixa). Normalmente, as manifestações mais comuns desse tipo de arritmia cardíaca são tonturas e perda de consciência, mas podem ocorrer até convulsões. 

“Devido a esses sintomas, muitas pessoas passam por consultas neurológicas antes de uma avaliação cardiológica. Muitas vezes, porque relacionam problemas cardíacos à idade. No entanto, vale dizer que não há limite de idade para implante de marcapasso. Os implantes de marcapasso para tratamento de arritmias cardíacas são realizados tanto em crianças recém-nascidas quanto em pessoas bem idosas.” – Dr. Portiuncola Gorini (CRM-SC 8296/RQE 5327).

Se você sofre com arritmia cardíaca, acompanhe regularmente com o seu cardiologista. O tratamento pode ser simples, apenas com medicação, ou mesmo passar pela necessidade de implante de marcapasso cardíaco. No entanto, cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. Cuide da sua saúde!

Para saber quais são as principais orientações sobre marcapassos, faça o download gratuito da nossa cartilha Marcapassos: orientações aos pacientes:

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*Post publicado em agosto/2026 e atualizado em fevereiro/2020.

Mitos e Verdades sobre Marcapassos

Mitos e Verdades sobre Marcapassos

O uso do marcapasso ainda gera muitas dúvidas. Para esclarecer esse assunto, vamos abordar alguns mitos e verdades sobre marcapassos neste post.

Inicialmente, é importante saber que o marcapasso cardíaco é um aparelho implantável que tem como objetivo tratar os distúrbios de ritmo do coração. Dessa forma, tratam tanto as alterações de ritmo que aceleram o coração (taquiarritmias), quanto aquelas que diminuem a frequência cardíaca (bradiarritmias).  

Além disso, existe um grupo de marcapassos chamados de ressincronizadores cardíacos, que atuam para corrigir a falta de sincronismo da contratilidade cardíaca. E, ainda, existem os ressincronizadores. Além das funções dos marcapassos convencionais, detectam e tratam arritmias potencialmente fatais, prevenindo a morte súbita.

Os marcapassos, por si só, não limitam a vida de ninguém. Não trazem restrições e os pacientes podem ter uma vida normal. Quando existem restrições, elas estão relacionadas à doença que demandou o implante de marcapasso, e não ao dispositivo em si. 

A seguir, os mitos e verdades sobre marcapassos mais comuns entre os pacientes: 

Detectores de metal detectam o marcapasso

VERDADE

Portas de bancos ou de aeroportos podem detectar o metal da caixa do gerador do marcapasso. No entanto, não causam qualquer prejuízo ao aparelho ou ao seu desempenho. 

Portadores de marcapasso não podem usar celular

MITO

Portadores de marcapasso podem utilizar celular normalmente. No entanto, há a indicação de que o uso seja realizado o lado oposto ao do marcapasso.

Quem tem marcapasso pode usar o forno microondas 

VERDADE

O forno de microondas pode ser utilizado por portadores de marcapassos sem problemas. Indica-se, no entanto, que o portador de marcapasso não fique encostado no microondas durante seu uso. Outros aparelhos que fazem uso de microondas, como controle remoto, por exemplo, podem ser utilizados, sem restrições.

Aparelhos que geram vibração não podem ser usados por portadores de marcapasso

MITO

A vibração gerada por certos aparelhos, como cortadores de grama, banheiras de hidromassagem, barbeadores, massageadores, etc, é inofensiva aos marcapassos e desfibriladores (CDIs).

Portadores de marcapasso não podem viajar

MITO

As viagens são permitidas aos portadores de marcapasso. Contudo, é importante levar a carteirinha do Marcapasso ou Desfibrilador (CDI) e se informar sobre o sistema de atendimento de emergência do local de destino. Além disso, aconselhar-se com seu médico e solicitar a indicação de um especialista no local da viagem é prudente, principalmente no caso de viagens longas. 

Quem tem marcapasso não pode realizar alguns exames

VERDADE

Alguns exames como Raio X, tomografia ou ultrassom podem ser realizados sem restrições. PORÉM, nem todos os tipos de marcapasso permitem a realização de ressonância magnética. Atualmente, a maioria dos marcapassos permite a realização deste exame, mas os dispositivos mais antigos não. Assim, é fundamental consultar seu Cirurgião Cardiovascular. Se o seu marcapasso não for compatível com a ressonância magnética, este procedimento é totalmente contraindicado.

Colchões magnéticos devem ser evitados

VERDADE

Os colchões magnéticos devem ser evitados, pois podem acelerar o desgaste da bateria do marcapasso. Assim, acabam por antecipar a necessidade de sua troca.

Portadores de marcapasso não podem dirigir

MITO

Os marcapassos em geral não restringem a possibilidade de dirigir. Porém, no caso dos desfibriladores (cuja função é a de evitar uma parada cardíaca), é importante discutir com o Cardiologista Clínico. A questão de dirigir ou não está relacionada ao potencial risco de parada cardíaca.

Muitos mitos e verdades sobre marcapassos foram desvendados. Porém, recomenda-se que todas as dúvidas sejam discutidas com o seu Cardiologista. Assim, aproveite a periodicidade das revisões de marcapasso e esclareça com seu médico quaisquer dúvidas que venham a surgir. 

Vale lembrar que o implante de marcapasso é  um procedimento cirúrgico. Apesar do baixo risco, deve ser realizado por um Cirurgião Cardiovascular. Afinal, este é o profissional habilitado para corrigir e tratar, de imediato, todas as possíveis complicações que advêm deste tipo de procedimento. 

 

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Endocardite: o que é e como prevenir

Endocardite: o que é e como prevenir

As bactérias e os fungos estão presentes em qualquer lugar do nosso planeta. A superfície da nossa pele e as mucosas não são exceção. Algumas vezes, quando alguns tipos específicos de microrganismos entram em nossa corrente sanguínea, podem ser levados até ao coração, lá se fixar e começar a se reproduzir. Assim, geram uma doença chamada de endocardite.

“A endocardite acontece quando os microrganismos entram na nossa corrente sanguínea e se instalam no nosso coração, trazendo uma série de prejuízos. Trata-se de uma das poucas infecções que, se não forem tratadas, são 100% fatais.” –  Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Abaixo, o cardiologista Rodrigo Carlo Saorin (CRM 8835 / RQE 8508), do Hospital SOS Cárdio, explica o que é a endocardite e a importância da profilaxia para os pacientes que apresentam riscos de desenvolverem essa doença.

Como acontece a endocardite?

A endocardite é uma doença grave. Para que ela venha a acontecer é preciso a associação de vários elementos ao mesmo tempo.

As bactérias e os fungos estão continuamente em contato com diversos tecidos humanos. Algumas vezes, as nossas defesas naturais falham ou somos expostos a uma quantidade muito grande deles. Assim, eles acabam invadindo a nossa corrente sanguínea. Quando isso acontece com alguns tipos específicos de microrganismos, em pessoas que já possuam alguma predisposição, como alterações nas valvas do coração, por exemplo, esses microorganismos podem se fixar neste local e começar a se reproduzir. Ocorre, assim, a endocardite.

Então, para que a endocardite ocorra, é necessário:

  • O contato do sangue com determinados tipos de bactérias ou fungos e em uma quantidade suficiente;
  • Lesões preexistentes nas valvas cardíacas ou presença de materiais sintéticos no coração (próteses valvares);

Os Riscos da Endocardite

Uma vez instaladas nas valvas do coração (sejam elas naturais ou próteses), as bactérias formam uma espécie de tecido, com múltiplas camadas. O crescimento desse tecido pode causar deformações progressivas, provocando a perda da função original da válvula cardíaca, atrapalhando o funcionamento do coração.

Além disso, em certos casos, uma parte da colônia de bactérias pode se desprender da região onde está fixada e circular junto ao sangue por todo corpo. À medida em que os vasos sanguíneos vão ficando menores, este aglomerado de células, bactérias e coágulos acaba impedindo a passagem do sangue. Dessa forma, acaba provocando a morte dos tecidos desta região por falta de oxigênio e nutrientes. Como este material é rico em bactérias, muitas vezes esta necrose pode estar associada com a formação de abcessos. Este fenômeno pode ocorrer em qualquer região do corpo, sendo muitas vezes encontrado nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés.

Sintomas da Endocardite

Esta doença costuma ser insidiosa e de diagnóstico complexo. Os sinais e sintomas da endocardite podem aparecer aos poucos e serem confundidos com outras doenças. Entre eles, podemos citar:

  • Febre noturna persistente;
  • Emagrecimento;
  • Cansaço e falta de ar aos pequenos esforços;
  • Manchas nos olhos e na ponta dos dedos;
  • Novo sopro presente no coração.

Além disso, a Endocardite pode ter como primeira manifestação uma lesão de algum órgão distante, como:

Algumas pessoas são particularmente mais suscetíveis ao desenvolvimento de endocardite. Entre elas, pessoas que possuam qualquer doença que produza disfunção das valvas cardíacas, como: estenose ou insuficiência, ou alguma deformação ou turbilhonamento excessivo do sangue nestes locais, como febre reumática, doenças congênitas do coração, próteses cardíacas, marcapasso, calcificação, etc. São também mais suscetíveis pessoas que são expostas continuamente a uma alta carga de bactérias na corrente sanguínea. São casos como: viciados em drogas injetáveis, imunodeprimidas, alguns tipos de tumores de intestino, má higiene bucal, procedimentos invasivos contaminados, dentre outros.

Diagnóstico

O diagnóstico da endocardite costuma ser realizado através da correlação dos sinais, sintomas e exames clínicos. Entre os exames, colaboram com o diagnóstico os achados no Ecocardiograma e na Hemocultura. Este último é o exame que mostra o crescimento da bactéria no sangue.

“Algumas vezes, o uso indiscriminado de antibióticos sem um diagnóstico adequado pode atrapalhar, atrasar o tratamento e induzir a um diagnóstico equivocado. No caso de uma endocardite, isso pode ser fatal.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Tratamento da Endocardite

O paciente diagnosticado com endocardite deverá ser submetido a um período de internação hospitalar relativamente longo, que costuma durar várias semanas. Os cuidados médicos envolvem a administração de medicamentos antibióticos específicos e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos.

O tratamento com antibióticos visa eliminar a infecção bacteriana. Já a cirurgia é indicada para pacientes que tiveram suas válvulas naturais ou próteses valvares comprometidas pelo crescimento dos microorganismos. Nesses casos, a válvula natural ou prótese valvar deve ser substituída. Quando aparelhos de marcapasso são contaminados pela endocardite, eles também precisam ser trocados.

“O tratamento com antibióticos específicos é muito importante. A cirurgia só pode ser indicada quando os exames mostrarem que as bactérias foram eliminadas completamente do organismo.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista (CRM 8835 / RQE 8508).

Profilaxia

Pessoas que possuam fatores de risco para o desenvolvimento de endocardite precisam ser identificadas e receber a profilaxia adequada.  

“A profilaxia consiste na administração preventiva de antibióticos antes de alguns procedimentos que possam provocar uma exposição do sangue a uma grande quantidade de bactérias.” – Dr. Rodrigo Carlo Saorin, Médico Cardiologista  (CRM 8835 / RQE 8508).

Converse com o seu cardiologista para saber se você faz parte de algum grupo de risco para a endocardite. O médico também poderá lhe orientar sobre os cuidados que você precisa tomar para evitar esta doença tão perigosa.

Colaborou nesta matéria: Dr. Rodrigo Carlo Saorin (CRM 8835 / RQE 8508), Médico Cardiologista e Intensivista do Hospital SOS Cárdio, Florianópolis/SC.

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